COMO FAZER UM DESENVOLVIMENTO PARA A REDAÇÃO • Estamos entrando na parte que mais precisa de estudo na redação, o desenvolvimento. Sem dúvidas, ele é o centro das atenções, o fragmento que mais possui critérios de avaliação. Por isso, é fundamental que você saiba como fazer um desenvolvimento para garantir uma excelente nota. O que um desenvolvimento não deve conter • O desenvolvimento não pode ser uma continuidade da introdução. Esses dois têm uma relação íntima, mas independente. Como assim? • Isso significa que, ao começar o desenvolvimento, é como se estivéssemos começando o texto novamente. Nunca devemos iniciá-lo com os termos: • Por causa disso… Com isso… Baseado nisso… Dessa maneira…etc. Podemos fazer um teste simples para ver se o desenvolvimento está sendo uma continuidade da introdução. É o seguinte: se cortássemos a introdução fora, o texto ficaria sem sentido? Se a resposta for sim, fizemos uma dependência entre eles. Vamos ver isso com um exemplo. Digamos que a introdução do capítulo anterior continuasse com um desenvolvimento: TEMA: O Chocolate no Mundo Moderno • “Chocolate faz bem à humanidade. Porém, apesar de trazer benefícios, o seu consumo em excesso pode trazer prejuízos. (introdução - Tese ) • Considerando isso, é importante estar atento às quantidades consumidas de chocolate. A dose diária recomendada é alvo de discussões entre nutricionistas, dado que os benefícios do cacau são contrabalançados com os malefícios do açúcar.” (desenvolvimento)
• Vamos retirar o termo em questão e ver como ficaria nosso texto:
• É importante estar atento às quantidades consumidas de chocolate. A dose diária recomendada é alvo de discussões entre nutricionistas, dado que os benefícios do cacau são contrabalançados com os malefícios do açúcar”. • Criando um texto bem conectado • Agora que já aprendemos que o desenvolvimento precisa “sobreviver sozinho”, precisamos ter uma atenção especial em uma coisa: a chamada “ligação entre as frases”. • Você sabe qual é a diferença entre um texto e uma receita de bolo? Uma receita é cheia de frases soltas, enquanto que um texto apresenta uma conexão entre elas. E o que precisamos fazer para evitar que nossa redação pareça uma receita? Utilizar os chamados os conectivos ( nexos oracionais). Exemplos disso são as conjunções (mas, porém, portanto, etc.). • Estava frio. Levantei cedo. Precisava ir para a aula. Foi um esforço. Valeu a pena. Finalmente aprendi a matéria. • Vamos estabelecer uma conexão entre essas frases utilizando os conectivos a seguir (mas, afinal, apesar de, pois, por isso etc) • Cuide para nunca deixar uma frase solta, dando a impressão de ter surgido do nada. • Esse aspecto parece bem básico, mas é essencial. Nosso objetivo aqui é nunca esquecer essas coisas “básicas”, pois elas são uma espécie de fundamento em que temos que nos apoiar. • Qual a função do desenvolvimento • Chegou a hora de entender a missão do desenvolvimento. • A missão do desenvolvimento é provar ao leitor o nosso ponto de vista. Fazemos isso com argumentos. Um bom texto dissertativo deve apoiar-se principalmente em uma boa argumentação (por isso o nome: dissertativo argumentativo). Para que isso ocorra, é preciso que se organizem as ideias que serão expostas. Seguem abaixo os tipos mais comuns de argumentos que podem ser utilizados em uma redação: Tipos de argumentos
• – Argumento de Autoridade: É aquele que se
apoia no conhecimento de um especialista da área. É um modo de trazer para o texto o peso e a credibilidade da autoridade citada. Por exemplo: “Conforme afirma Bertrand Russel, não é a posse de bens materiais o que mais seduz os homens, mas o prestígio decorrente dela”. • – Argumento de consenso: Alguns enunciados não exigem a demonstração de um especialista para que se prove o conteúdo argumentado. Nesse caso, não precisamos citar uma fonte de confiança. Por exemplo: “O investimento na Educação é indispensável para o desenvolvimento econômico do país”. Repare que essa afirmação não precisa de embasamento teórico, pois é um consenso global. • – A Comprovação pela Experiência ou Observação: Esse tipo de argumentação é fundamentada na documentação com dados que comprovam ou confirmam sua veracidade. Por exemplo: “O acaso pode dar origem a grandes descobertas científicas. Alexander Flemming, que cultivava bactérias, por acaso percebeu que os fungos surgidos no frasco matavam as bactérias que ali estavam. Da pesquisa com esses fungos, ele chegou à penicilina”. Observe que, nesse caso, o argumento que validou a afirmação “O acaso pode dar origem a grandes descobertas” foi a documentação da experiência de Flemming. • – A Fundamentação Lógica: A argumentação nesse caso se baseia em operações de raciocínio lógico, tais como as implicações de causa e efeito, consequência e causa, etc. Por exemplo: “Ao se admitir que a vida humana é o bem mais precioso do homem, não se pode aceitar a pena de morte, uma vez que existe sempre a possibilidade de um erro jurídico que, no caso, seria irreparável”. Note que a ideia que o leitor tentou passar era: Não se pode aceitar a pena de morte. Para isso, foi mencionado o caso de falha humana na sentença, o que permitiu que se chegasse a tal conclusão. • -- Argumento por comparação (analogia): No argumento por comparação, o argumentador pretende levar o auditório a aderir à tese ou conclusão com base em fatores de semelhança ou analogia evidenciados pelos dados apresentados. Ex: “Numa lista de 82 países pesquisados pela International Center for Alcohol Policies, instituição com sede em Washington (EUA), a nova lei seca brasileira com limite de 2 decigramas de álcool por litro de sangue é mais rígida que 63 nações, iguala-se em rigidez a cinco e é mais tolerante que outras 13, onde o limite legal varia de zero a 1 decigrama.” • -- Argumentos com provas concretas: Nesse tipo, autor recorre a dados já comprovados, como dados de pesquisas, estatísticas, etc. Exemplo:“São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que questionar... No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes.” Argumentos de alusão histórica: Por sua vez, alusão histórica trata-se de fazer referência a um fato ou personagem histórico para comparar e aprofundar a argumentação no decorrer do texto. Exemplo: Há exatos 122 anos, era declarada ilegal a propriedade de um ser humano sobre outro no Brasil. Contudo, a Lei Áurea – curta, grossa e lacônica – não previu nenhuma forma de inserir milhões de recém-libertos como cidadãos do país, muitos menos alguma compensação pelos anos de cárcere para que pudessem começar uma vida independente. Para substituir os escravos, veio a imigração de mão-de-obra estrangeira, agora assalariada. Os fazendeiros não precisavam mais comprar trabalhadores, podiam apenas pagar-lhes o mínimo necessário à subsistência. Ou nem isso.