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2° fase do Modernismo

1930 – 1945
Poesia
• Convivência harmoniosa entre o poema de forma livre e o de forma
fixa.
• Utilização de linguagem coloquial e das variantes regionais e sociais.
• Poemas metalinguístico.
• Questionamento da realidade psíquica e social.
• Dupla vertente: existencialista x politizada.
Cecília Meireles
• Passagem do tempo.
• Saudade, melancolia.
• Desencanto.
Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,


Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Vinícius de Moraes

Poemas longos
Amor físico
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto 
Silencioso e branco como a bruma 
E das bocas unidas fez-se a espuma 
E das mãos espalmadas fez-se o espanto. 

De repente da calma fez-se o vento 


Que dos olhos desfez a última chama 
E da paixão fez-se o pressentimento 
E do momento imóvel fez-se o drama. 

De repente, não mais que de repente 


Fez-se de triste o que se fez amante 
E de sozinho o que se fez contente. 

Fez-se do amigo próximo o distante 


Fez-se da vida uma aventura errante 
De repente, não mais que de repente
Carlos Drummond de
Andrade
Visão Crítica
Desencanto
Cronista
Poema de sete faces

Quando nasci, um anjo torto O homem atrás do bigode


É sério, simples e forte
Desses que vivem na sombra Quase não conversa
Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida Tem poucos, raros amigos
As casas espiam os homens O homem atrás dos óculos e do bigode
Meu Deus, por que me abandonaste
Que correm atrás de mulheres Se sabias que eu não era Deus
A tarde talvez fosse azul Se sabias que eu era fraco
Não houvesse tantos desejos Mundo mundo vasto mundo
O bonde passa cheio de pernas Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução
Pernas brancas pretas amarelas Mundo mundo vasto mundo
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta Mais vasto é meu coração
meu coração Eu não devia te dizer
Porém meus olhos Mas essa lua
Mas esse conhaque
Não perguntam nada Botam a gente comovido como o diabo
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

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