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Jonathan Edwards
Jonathan Edwards
Resenha do Livro:
As Firmes Resoluções de Jonathan Edwards
Por:
David Cecilio
Steven Lawson declara que o objetivo deste livro é chamar a " nova geração de cristão
a buscar a santidade em seu cotidiano", isto é, para que "fixemos nossa atenção na
forma como devemos nos disciplinar nesta busca" 1 . Este chamado é para a nossa
época onde o evangelho flácido de muitos critãos professos apenas os faz mimarem-
s e "até a morte", de forma a que s eus " músculos espirituais estão destreinados e
inadequados" 2 . E m suma, são almas irresolutas. C o m vista nesta situação, Lawson
enfatizará neste livro " a apaixonada busca de Edwards por santidade pessoal, por
meio de suas 'Resoluções'" 3 .
D e sua história pode-s e ver que Deus soberamente em todos os momentos na vida de
Edwards mostrou a sua sabedoria em guiar absolutamente tudo para que em Edwards
fosse forjado um cristão completo. Desde a sua infância e adolescência, onde recebeu
educação centrada na Bíblia e exemplos de uma vida dedicada ao ministério cristão
por seu pai, até a sua inesperada morte, Deus mostrou-s e gracioso.
N o s eg undo ca pítulo - " Uma Bússola Espiritual para a Alma" -, S teven L aws on
aponta e examina alg umas caracterís ticas das " Resoluções", para que s e
pos s a ter uma vis ão delas como um todo. E le examina o contexto his tórico,
precedência cultural, propós ito es piritual e raíz es teológ icas das " Resoluções".
A s principais categ orias das "Resoluções", as quais s erã o os temas centrais de
cada capítulo, s ão também des critas nes te capítulo.
O capítulo três - " O Pré-Requisito da Fé" - trata da cons ciência plena que
E dwards tivera como a única pos s ibilidade de s uces s o nas s uas determinações ,
" somente Deus é o agente da santificação" 5 . L aws on, analis ando o preâmbulo das
" Resoluções" que, ao invés de tratar s obre o que s e fa z er, trata de como s e
faz er, nos mos tra que
a incapacidade humana e o poder divino estiveram presente como fundamentais na
teologia por trás das " Resoluções".
O capítulo quatro - " A Glória de Deus Como Prioridade" - é onde o autor mostra
a proeminência da Glória de Deus como o que absolutamente regula a vida do
cristão e, neste caso, todas as " Resoluções" de Edwards em seu conteúdo e
abrangência. O centro das convicções de Edwards, desde a sua conversão, era a
crença de que a Escritura nos revela a Glória de Deus como o mais alto valor e
tesouro de toda a realidade e portanto também da vida do crente.
Na análise das "Resoluções" relacionadas a este ponto, Steven Lawson nos mostra
como na vida de Edwards a glória de Deus direcionava todas as diversas áreas da
vida humana, como a alegria do homem, o bem da humanidade e os sofrimentos e
provações da nossa vida. A atitude de Edwards para com a proeminência da Glóra de
Deus em todas as partes do que somos era de total entrega apaixonada e confiante, o
que pode ser visto em sua quarta resolução - " Resolvi nunca fazer qualquer coisa,
[...] nada mais, nada menos, que não glorifique a Deus [...]" 6.
O autor também afirma: " Todo grande líder cristão tem um paixão principal,
uma aspiração dominante que governa sua vida e dirige sua alma. É em tal
paixão que ele mais acredita é ela que prende mais a sua mente e estimula seu
coração. Esse objetivo superior controla-o e define a sua própria razão de existir
[...]. Para Jonathan Edwards, essa paixão era [...] a glória de Deus." 7 .
Esta descrição da vida cristã mostra-se confusa e ambígua. E isto é devido ao fato
que Lawson parece estar falando de uma característica particular e de certa forma
sob a escolha preferencial de cada "líder cristão", quando na verdade a característica
expressa como a de Edwards deve ser a de todos os cristãos, visto ser esta a razão
destes existirem - a glória de Deus revelada em Cristo - 2 Co 4:7.
Cremos que a "paixão principal, [e] aspiração dominante que governa" e dirige a vida
cristã pode tomar expressões diferentes em cada cristão. Temos este exemplo na
distinção entre homens e mulheres na expressão de sua devoção a Deus. Contudo,
antes de falar sobre este assunto, Paulo ao se dirigir a igreja com estas diferenças, os
exorta para que cresçam em Cristo - cujo corpo "bem ajustado, e ligado pelo
auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento
do corpo, para sua edificação em amor." - Ef 4:15, 16. Portanto, mesmo que cada
membro tenha a sua caraterística peculiar, a razão de existir e o norte que os dirige é " a
edificação em amor".
A busca pela glória de Deus era certamente uma característica de Edwards, mas isto
em algum grau é desta forma em todos os cristãos - não algo que Edwards manteve
para sua vida, mas já que cada líder cristão tem a sua, todos nós comos cristãos
podemos arrangar novos propósitos e razões de existir. Contudo, fica claro na própria
conclusão deste capítulo que Lawson preza pela glória de Deus como o prumo e alvo
de todo cristão verdadeiro 8.
Outra ocorência de uma falta de clareza está em uma citação do diário de Edwards
neste mesmo capítulo.
"Quanto mais Edwards procurava a glória de Deus, mais ele encontrava sua profunda
alegria. Quando ele perguntava a si mesmo "se alguma alegria ou satisfação deveria
ser permitida... além das alegrias e satisfações religiosas" 9, sua resposta era afirmativa
[...]:
Nas citações seguintes deste capítulo é claramente perceptível que a visão de Edwards
era que a busca pela glória de Deus era a suprema alegria do cristão. Portanto, aqui o
erro encontrado é falta de clareza.
A ajuda de Deus para lutar contra o pecado era única esperança de Edwards para
reconhecer o pecado, se entristecer por ele e andar em direção contrária aos seus
erros, mesmo depois de muitos fracassos. E por isso Edwards clamou: " Oh, que Deus
[...] me conceda tamanha medida do cristianismo vital, de modo que a base de todas
aquelas irregularidades desagradáveis sejam destruídas" 12.
Porém, esta divisão feita pelo autor entre a mente como responsável pelo intelecto e
o coração responsável pelos sentimentos (razão - emoção) é anti-bíblica. Podemos
constatar isto no exemplo de Faraó, quando Deus endureceu seu coração. Este ato
de Deus foi oposto ao que seria o compadecer-s e do Faraó - v. Rm 9:18 1 4 - e
levá- lo ao arrependimento, pois Deus o confinou a uma condição obstinada diante
do apelo de Moisés - Ex 10:3. Co mo pode-s e ver claramente em Romanos, é a
ação de Deus que difere os endurecidos " vasos de ira, preparados para a perdição"
- Rm 9:22 - dos "vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou" - Rm
9:23. Esta é a ação, como já fora dito, de gerar o arrependimento nestes que são
alvo do amor de D eus - Ap 3:19. Vemos então que endurecimento de coração é o
oposto ao arrependimento.
Steven Lawson destaca que apesar de que na época em que Edwards escreveu
s u as "Resoluções" sua escatologia não estava totalmente desenvolvida, este assunto
s e tornou objeto do amor e atenção de Edwards, que usou o conhecimento que tinha
sobre escatologia para crescer em santidade. John Gerstner nos diz que o retorno de
Cristo era um "conceito controlador no pensamento de Edwards" 17 .
O capítulo sete - " A Paixão da Disciplina" - analiza como Jonathan Edwards organizou
a s ua vida de forma a exigir de si mesmo um comportamento cristão diante dos
padrões divinos de santidade. O autor mostra que Edwards, que já tinha declarado
que não havia em si nada seu, concretizou esta atitude de entrega quando tornou-
s e resoluto sobre viver sempre com todas a s forças para Glóra de D eus 1 8 . Isso não
apenas por que esta tarefa tinha proporções gigantescas que requeririam todas as
s u as forças, mas principalmente porque Edwards era cônscio de que Deus merecia
todas a s forças de s ua existência.
Lawson demonstra, com a divisão que faz das " Resoluções" relacionadas
com disciplina, que tudo que Edwards fazia, desde a preparação para um sermão até o
tipo de comida que comia, teve de ser feito submisso ao glorioso objetivo de glorificar
a Deus. Jonathan Edwards nunca permitiria alguma reserva em s ua devoção a Deus,
ele s e "empenharia inteiramente em tudo o que empreendesse para Cristo" 19 .
O oitavo capítulo - " A Prática do Amor" - é concentrado na relação que Edwards
em suas " Resoluções" traçou entre o amar a Deus a o amar os outros. Edwards sabia
que mesmo que seu temperamento " tímido e anti-social" 20 era geralmente não
maleável a isto, esta relação era puramente bíblica. Lawson nos mostra como
Edwards enfrentou a suas próprias más disposições com resoluções diretas contra
certos pecados, como vingança.
Mesmo em meio aos abundantes trabalhos sobre Jonathan Edwards que geralmente
são publicados, a forma com a qual Steven Lawson neste livro aborda este aspecto
da vida de Edwards se destaca. E, apesar de que Lawson cometeu alguns erros por
falta de clareza e que até mesmo asseverou um conceito anti-bíblico, podemos usufruir
deste proveitoso assunto que o livro aborda de forma clara e direta. Por ser ao mesmo
tempo simples e muito edificante, o livro é de grande utilidade ao leitor cristão.
Notas
_
1.L A W S O N , Steven. A s Firmes Res oluções de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão
Evangélica Literária, 2010. p. 12.
2. Ibid. p. 10.
3. Ibid. p. 12.
4. Ibid. p. 18.
5. Ibid. p. 49.
6. Ibid. p.71.
7.L A W S O N , Steven. A s Firmes Res oluções de Jonathan Edwards. Editora Fiel da Missão
Evangélica, 2010. p, 63, 64.
8."Viver para a honra de D e u s deve ser o objetivo principal na vida de cada pessoa. [...] Que
você busque o que é M E L H O R - a glória de D e u s e m todas a s coisas." Ibid. p, 74, 75.
9.E D W A R D S , Jonathan. "Diary" in T h e Works of Jonathan Edwards. V. 16. Lett ers and
Personal Writings apud Lawson, Steven. A s Firmes Resoluções de Jonathan Edwards. Editora
Fiel da Missão Evangélica Literária, 2010. p. 67.
10. Ibid.
12.E D W A R D S , Jonathan. "Diary" in T h e Works of Jonathan Edwards. V. 16. Lett ers and
Personal Writings apud Lawson, Steven. A s Firmes Resoluções de Jonathan Edwards. Editora
Fiel da Missão Evangélica Literária, 2010. p. 80.