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Disciplina:

Literatura norte-americana

Professor
Richard Venceslau

RAY BRADBURY
Dados Biográficos:
• Nascido em 1920, no estado de Illinois nos Estados Unidos, Ray
Bradbury foi um dos romancistas e contistas mais importantes e
prolíficos da história da literatura fantástica. Desde pequeno, já
amava literatura – paixão que perduraria até o fim de sua vida, em
2012. Quando criança, se encantou com contos de fadas, histórias
de aventura e dinossauros! Ray via os livros não como uma forma
de escape, mas sim como uma forma de autoconhecimento.
Começou a escrever suas histórias aos onze anos de idade.
• Após sua graduação do segundo grau, em 1938, Ray encerra sua
educação formal, mas continua a estudar por conta própria. Seu
primeiro emprego foi como jornaleiro, trabalho que ficou de 1938
até 1942. Trabalhava durante o dia e frequentava a biblioteca
pública à noite.
William Shakespeare, Julio Verne, Edgar Alan Poe, John Steinbeck e Edgar Rice Burroughs são algumas das principais influências do autor.

• Foi em 1939 que publicou seu primeiro conto,


chamado Hollerbochen’s Dilemma, em um fanzine de ficção-
científica. Todavia, sua primeira publicação paga foi somente
em 1941, com o conto Pendulum (escrito em parceria com
Henry Hasse), que saiu na revista pulp Super Science Stories.
Mas o estilo característico da obra de Bradbury, mesclando
fantasia e ficção-científica com pitadas generosas de terror e
suspense, tudo ricamente banhado por metáforas, surgiu com o
conto The Lake, em 1942.
• No ano seguinte, começa a trabalhar em um jornal para o qual
contribuiu com vários contos. Em 1945, ganha o prêmio de
melhor conto de ficção da América pela história The Big Black
and White Game. Foi no início da década de 50 que Ray
Bradbury publicou suas obras mais famosas, como As Crônicas
Marcianas (The Martian Chronicles), de 1950, Uma Sombra
Passou Por Aqui (The Illustrated Man), de 1951, e Fahrenheit
451 (idem), de 1953. Pelo último, ganhou o Prêmio Hugo de
Ficção-científica.
• A inventividade, enredo intrigante e temas contundentes fizeram
com que as histórias de Bradbury fossem adaptadas para
inúmeras mídias, desde séries televisivas e filmes até
programas de rádio e quadrinhos! Ao todo, o autor publicou,
além de poemas e ensaios, mais de 30 livros e 600 contos,
colaborando também em roteiros para o cinema e televisão!
Mais de 27 histórias de Bradbury foram adaptadas pelas mãos de Al
Feldstein, nos quadrinhos da EC Comics.
• Um dos aspectos mais incisivos e contundentes da escrita de
Bradbury está em seus enredos distópicos, que possuem uma
dose de realidade que torna sua leitura um tanto quanto cáustica
para aqueles que projetam o que há de ser da sociedade. Sua
descrição do futuro da humanidade é perturbadora, talvez até mais
nos dias de hoje do que na época de seus escritos.
• Tomemos como exemplo a distopia do já citado Fahrenheit 451. O
mundo retratado na obra não é um um regime totalitário como
em 1984, de George Orwell, ou um caos cibernético e informativo
como em Neuromancer, de William Gibson. Ray Bradbury
apresenta uma sociedade funcional, onde o totalitarismo é
disseminado sutilmente através da indústria cultural, que “alimenta”
a população com produtos de entendimento imediato e sem a
menor possibilidade interpretativa, tornando os cérebros
preguiçosos. Qualquer semelhança com a realidade, não somente
a da época em questão, não é mera coincidência.
• O totalitarismo apresentado ali é um dos mais
assustadores, pois não estamos falando de um
pequeno grupo que oprime a população. Estamos
falando de uma ditadura da maioria, onde a própria
sociedade condena aqueles que fogem do senso
comum. Quando os bombeiros queimam livros no meio
das ruas, são aplaudidos e apoiados pela população,
que está pronta e eufórica para punir aqueles que são
diferentes, mesmo parentes ou amigos.
Queimar propriedade intelectual era realidade antes de aparecer na ficção de Bradbury. Em 10
de maio de 1933, vários livros foram queimados em praça pública por serem considerados
inconvenientes ao regime. Esse dia marcou o auge da perseguição dos nazistas aos
intelectuais, principalmente aos escritores.
• A popularização da televisão no ambiente doméstico
norte americano, nos anos 1950, foi uma preocupação
latente para o autor, que acreditou que as pessoas
abandonariam os livros e iriam atrás de conteúdos
menos relevantes intelectualmente. Felizmente, ainda
temos livros e material cultural de qualidade – mesmo
que haja necessidade de um certo garimpo.
• Tal comportamento da sociedade, negando qualquer tipo
de arte que abra margens para interpretação, também é
maravilhosamente trabalhado no conto Usher II, de As
Crônicas Marcianas Nele, um homem rico dialoga com
outro, contando que, no passado, tudo que não era
imediatista deveria ser queimado. A população deveria
pensar no aqui e no agora, nada mais. Com o avanço da
narrativa, o personagem endinheirado apresenta sua
casa, chamada Usher – sim, referência direta ao conto A
Queda da Casa de Usher, de Edgar Allan Poe – e todos
seus moradores, dentre eles vampiros, lobisomens,
elfos, entre outras criaturas fantásticas. Uma espécie de
refúgio para esses frutos da imaginação humana. 
• Este receio em relação às escolhas culturais era latente na
mente do autor de tal forma que, em diversas de suas
histórias, temos não apenas referências, mas verdadeiras
homenagens a outros autores e à literatura em geral. E elas
não se restringem a simples citações, mas surgem como
elemento funcional dentro da trama. A forma como isso é
realizado eleva o nível da obra, sem cair no pedantismo.
• A impressão que fica é que o autor usa sua escrita também de
forma a proteger o legado dessa arte e disseminá-la ao
mesmo tempo, pois, a cada autor mencionado, direta ou
indiretamente, nós leitores sentimos vontade de conhecer ou
revisitar suas obras.
• Curiosamente, Bradbury escreveu Fahrenheit 451 no porão de
uma biblioteca.
Algumas considerações...
• Distopia, cacotopia ou antiutopia é qualquer representação ou
descrição, organizacional ou social, cujo valor representa
a antítese da utopia ou promove a vivência em uma "utopia
negativa".O termo também se refere a um lugar, época
ou estado imaginário em que se vive sob condições de
extrema opressão, desespero ou privação. As distopias são
geralmente caracterizadas
por totalitarismo ou autoritarismo (controle opressivo de toda
uma sociedade), por anarquia (desagregação social), ou por
condições econômicas, populacionais ou ambientais
degradadas ou levadas a um extremo ou outro. A tecnologia se
insere nesse contexto como ferramenta de controle, por parte
do estado ou de instituições ou corporações, ou ainda, como
ferramenta de opressão, por ter escapado ao controle humano.
• ‘Fahrenheit 451’ é um livro de ficção científica publicado
em 1953 pelo escritor norte-americano Ray Bradbury.
• O romance conta sobre uma realidade ‘distópica’ em que o
trabalho dos bombeiros é basicamente queimar livros, isso
porque foi instaurada uma ‘cultura de combate ao
pensamento crítico e autônomo dos indivíduos’.
• Essa é uma obra que carrega forte crítica social ao que se
refere ao ‘autoritarismo’ e à ‘repulsa ao conhecimento’,
intensamente presentes durante o ‘nazismo’ e que
contextualizaram a década de 50 no pós-guerra.
• A história ficou bastante conhecida também com a
adaptação para o cinema do diretor ‘François Truffaut’, em
1966.
• Essa é uma narrativa que usa da metalinguagem como
ferramenta, ou seja, é uma obra literária que gira em torno do
próprio universo da literatura.
• É um livro que conta sobre a paixão pelos livros e a importância
que o conhecimento tem em uma sociedade, podendo ser visto
como ferramenta de transformação social.
• A obra traça um paralelo com a censura que foi instaurada na
Alemanha nazista e outros regimes totalitários, ao mesmo tempo
que cria uma ponte para os acontecimentos que ainda estavam
por vir em várias partes do mundo.
• O governo brasileiro, por exemplo, durante a ditadura militar (1964-
1985) censurou livros, músicas, filmes e outras linguagens da arte.
• Assim, Fahrenheit 451 é um clássico que permanece provocando
questionamentos e instigando o senso crítico.
Personagens principais
• Guy Montag: é o protagonista. Um bombeiro que tem a missão de destruir livros,
mas que acaba percebendo a importância da leitura.
• Clarisse McClellan: jovem que instiga Montag a questionar-se sobre sua vida e
seu trabalho.
• Mildred Montag: esposa de Montag. Uma mulher fútil e manipulada pelo sistema.
• Senhor Faber: professor que apresenta a Montag uma nova maneira de
enxergar a realidade e valorizar a literatura.
• Capitão Beatty: chefe do corpo de bombeiros. Representa o retrocesso e o
desprezo pelo conhecimento.
• Granger: intelectual que lidera os professores fugitivos que leem os livros para
guardá-los na memória.
• Sabujo: cachorro mecânico programado para perseguir e matar intelectuais que
possuem livros. Esse personagem existe apenas na obra literária.
Estrutura do livro:

O livro é dividido em três partes:


• Parte 1: A lareira e a salamandra;
• Parte 2: A peneira e a areia;
• Parte 3: O brilho incendiário
Adaptações para o cinema:
https://youtu.be/mPfbnkbVkD0 (1966)

https://youtu.be/UIqEdGSP9Sg (2018)

https://youtu.be/_az0PblAqpw (Filme de 1966 completo)


Fuck me, Ray Bradbury.
Rachel Bloom

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