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SOMOS
MUITAS.
SOMOS
UMA SÓ.
RESISTÊNCIA É A
PALAVRA DE ORDEM.
AGORA E SEMPRE
32019
1 198014 899441
igualdade racial e os
retrocessos gerados
por um governo
SOMOS
MUITAS.
SOMOS
igualdade racial
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VIOLÊNCIA
DO LUTO À LUTA . . ................................................................................. 40
SRTVS, Q. 701, Conjunto L, No 38, Bloco 1, Salas 622 e 624
Ed. Assis Chateaubriand, Brasília-DF, CEP: 70340-906
Fone: (61) 3964-8104 | www.frisson.com.br | atendimento@frisson.com.br RESISTÊNCIA
NÃO É MIMIMI ........................................................................................ 48
MÁTRIA: a emancipação da mulher / Confederação Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE) – ano 17 (mar. 2019/mar. 2020– Brasília: CNTE, 2003- DIVERSIDADE
Anual
ISSN 1980-8984
UM DIA PARA TODO O TIPO DE FAMÍLIA . . ................................... ......... 56
1. Direitos da mulher. 2. Gênero. 3. Feminismo. I. Título. II. Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
CDD 305.42
CDU 396(05) 58 59 60
Bibliotecária: Cristina S. de Almeida CRB 1/1817
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Governadora Fátima A sua formação como professora para melhor, o futuro de milhares de
Bezerra (RN) colaborou de alguma maneira para outras crianças nordestinas. Partici-
Nascida em Nova Palmeira ocupar esses espaços de poder? pei da fundação da Associação dos
(PB), Fátima Bezerra é professora A minha formação com cer- Orientadores Educacionais, integrei a
e pedagoga. Na discussão da Pro- teza colaborou, na medida em que diretoria da Associação dos Professo-
posta de Emenda à Constituição não se tratou de uma formação res e ajudei a fundar o Sindicato dos
(PEC) do Fundo de Manutenção meramente acadêmica, mas de Trabalhadores em Educação Pública
e Desenvolvimento da Educação uma formação para o exercício da (Sinte/RN), que tive a honra de presi-
Básica e de Valorização dos Pro- cidadania, de uma cidadania ativa, dir por duas gestões.
fissionais da Educação (Fundeb), baseada na livre associação dos tra- No sindicato, percebemos que
propôs a criação do Piso Salarial balhadores por meio dos sindicatos nossas lutas e reivindicações encon-
do Magistério, que deu origem à Lei e partidos políticos. travam pouco eco nos parlamentos
11.738/08. Fátima foi a única mulher Migrante nordestina, nasci e municipais, estaduais e no Congresso
eleita governadora, no país, em cresci em uma família pobre, sentindo Nacional, justamente pela ausência
2018, recebendo mais de 1 milhão de na pele as marcas da exclusão no meu de representantes dos trabalhadores
votos, ou 57,60% dos votos válidos. dia a dia. Por isso, quando professora, nos espaços institucionais. Sentimos,
A sua trajetória política é rara: pro- aliei-me à luta orgânica da categoria, então, a necessidade de disputar
fessora, exerceu cargos políticos em defesa da educação pública e esses espaços e muitos de nós deci-
em sindicatos, no legislativo do Rio da valorização dos profissionais da dimos participar da construção do
Grande do Norte, foi deputada fede- educação, por entender que a educa- Partido dos Trabalhadores (PT) no
ral, senadora e agora governadora. ção é instrumento capaz de mudar, Rio Grande do Norte.
Sendo assim, para que possa- econômico, reduzir as desigualda- arrumar a casa, organizar as contas,
mos recuperar o tempo perdido e des e preservar, através de políticas pagar o funcionalismo em dia.
perseguir as metas do PNE, faz-se de Estado, os direitos sociais. É desesperador para um
necessário revogar a emenda Quais são os principais planos para professor ou uma professora da
do teto de gastos e abandonar o a educação no Rio Grande do Norte? rede pública, responsável pelo
paradigma econômico neolibe- O Rio Grande do Norte vivencia sustento de sua família, sair para
ral em benefício de uma política uma grave crise fiscal, com parte trabalhar sem saber quando
econômica de caráter desenvolvi- significativa de sua receita compro- vai receber seu salário, quando
mentista, vinculada a um projeto metida com a folha de pagamento poderá pagar suas contas, quando
de desenvolvimento nacional que dos servidores. Então nosso pri- poderá fazer a feira do mês. Não
busque ampliar o crescimento meiro desafio não pode deixar de ser podemos deixar de enfrentar
esse legado negativo e de buscar Governadores, como já falei, pois sem será interrompido com a transição
incessantemente superá-lo o mais educação de qualidade não chegare- governamental. Ao contrário, esse
rapidamente possível. mos a lugar algum. projeto tende a ser aprofundado,
Mas temos muitos outros Como resguardar os direitos dos uma vez que o próximo governo,
desafios na área da educação que trabalhadores em educação diante diferentemente do governo Temer,
vão além da questão da valori- dessa conjuntura? foi legitimado pelas urnas.
zação profissional. As reformas Eu diria que a principal ameaça Se levarmos em considera-
educacionais em curso – refiro-me aos trabalhadores em educação ção que as políticas públicas são
à reforma do ensino médio, à Base neste momento é a tentativa de fundamentais para reduzir as desi-
Nacional Comum Curricular do interdição da liberdade de ensino gualdades de gênero, enfrentar
Ensino Médio em debate no CNE, e aprendizagem, da pluralidade de a violência contra as mulheres e
à atualização das Diretrizes Cur- concepções pedagógicas, da liber- fomentar trajetórias de emancipa-
riculares Nacionais para o Ensino dade de expressão, sob o pretexto de ção, chegaremos à conclusão de que
Médio – trazem desafios imensos se combater um suposto processo de os desafios serão ainda maiores no
para os sistemas de ensino. doutrinação ideológica nas escolas. próximo período.
Teremos de explorar os limites da Portanto, será necessário mais do No ranking da violência, o Rio
autonomia dos sistemas de ensino e que nunca combinar a luta institucio- Grande do Norte se apresenta como
das unidades escolares para impedir nal com a mobilização da sociedade. o estado mais violento do país,
que haja ainda mais precarização. Estão tentando transformar os pro- segundo os dados do Fórum Brasi-
Mas, principalmente, nosso foco fessores em inimigos internos que leiro de Segurança Pública. O número
será realizar as metas do Plano Esta- devem ser patrulhados e punidos de agressões contra a mulher é alto
dual de Educação. Para isso, faremos pelo simples fato de manifestarem também. De 149 homicídios em 2017,
a ponte entre o governo federal e as sua opinião sobre determinados 23 foram caracterizados como femini-
prefeituras, no sentido de apoiá-las temas suscitados em sala de aula, sus- cídio. Nós só temos quatro delegacias
na ampliação da oferta de creches. citados muitas vezes pelos próprios de atendimento à mulher (Deam),
De nosso lado, ampliaremos também estudantes. E querem tirar do aluno que ainda assim funcionam precaria-
o ensino em tempo integral; faremos o direito a formar um pensamento mente. Da mesma forma, a Patrulha
a reestruturação do ensino médio crítico, a debater sobre a diversidade Maria da Penha. O estado, pasmem,
associada ao ensino técnico e pro- e aprender a respeitar as diferenças. não tem sequer uma casa abrigo
fissionalizante; promoveremos a Isso cria uma cortina de fumaça para acolher as mulheres vítimas
valorização dos profissionais de edu- que oculta os verdadeiros problemas de violência. É uma realidade muito
cação, com o cumprimento do piso da educação e torna as escolas ainda dura que teremos que enfrentar. Por
salarial e as políticas de formação e menos atrativas para os estudantes, essa razão, já anunciei a criação da
trabalharemos pelo fortalecimento uma vez que elas deixam de ser espa- Secretaria das Mulheres, Cidadania e
da Universidade Estadual do Rio ços do livre pensar e da construção Direitos Humanos, que vai desenvol-
Grande do Norte. dialógica do conhecimento para ver, de forma integrada com outras
Nesse sentido, volto a lembrar, é se tornarem espaços de censura e secretarias, ações para garantir o
essencial fortalecer o Fundeb e torná-lo interdição. funcionamento da rede de proteção e
permanente, para que estados e muni- Quais são os principais desafios em promoção dos direitos das mulheres.
cípios, principalmente os do Nordeste, relação aos direitos das mulheres Para tanto, é necessário fortalecer
possam cumprir as metas municipais como um todo (saúde, segurança, o processo de organização política das
e estaduais do Plano Nacional da Edu- trabalho e previdência)? mulheres, a fim de avançar na agenda
cação. E é isso que colocamos entre as Estamos diante de um pro- que diz respeito à promoção e defesa
principais prioridades do Fórum de jeto de Estado mínimo que não dos direitos das mulheres.
também é construído nas relações entre alunos desigualdades. Foi professora da rede pública
e professores. A gente não pode criar dois de ensino da educação básica, trabalhou por
conjuntos de pessoas — uma que tem direi- 35 anos, desde a alfabetização de crianças até
tos, escola presencial, e outra que tem menos o ensino superior.
direitos, com condições diferentes. Temos que Cumprir a lei - “O maior desafio é manter
tentar brecar essa proposta de ensino funda- a educação nos patamares que conseguiu
mental à distância, porque a gente sabe que vai chegar. Participarei nas comissões com foco
afetar a qualidade de ensino”. em educação, e do Plano Nacional de Educa-
Diálogo - “Precisamos dialogar com a ção, que foi fruto de discussão e negociação em
sociedade, sensibilizar as pessoas para entra- muitos municípios do Brasil. A gente deve fazer
rem nessa luta conosco. Espero que a gente cumprir o que a Lei estabelece, principalmente,
possa conquistar mais gente para lutar pela para os profissionais. A educação brasileira
educação pública de qualidade. Todos os países prevista em Lei é laica, ensino público obri-
que querem desenvolvimento investem em gatório dos quatro aos 17 anos, presencial, no
educação, ciência e tecnologia. Nosso desa- qual os alunos vão pra escola e os professores
fio mais amplo é lutar, resistir e não permitir têm liberdade de cátedra. E nós como parla-
retrocessos”. mentares devemos ficar atentos ao ensino,
avançando em todas as discussões que possam
Deputada Federal preservar a educação pública brasileira”.
Rosa Neide (MT) Carreira e formação - “No estado do Mato
Única mulher eleita deputada federal pelo Grosso, os profissionais da educação têm car-
Mato Grosso. Candidata ao cargo pela primeira reira única, têm direitos assegurados, com
vez, a professora Rosa Neide Sandes tem uma crescimento e direito a formação profissional.
longa história de luta pela educação e contra as O exemplo de Mato Grosso pode ser referên-
cia para todo país. O principal é manter o piso
nacional que os professores conquistaram e
não podemos perder. Já me coloquei à dispo-
sição da CNTE, já participei de reuniões e serei
guardiã dos direitos tanto no ensino básico
como no superior. As nossas conquistas foram
importantes e só faremos isso se todos estive-
rem juntos”.
Foto: Divulgação
Vanja Santos
Presidente nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), formada em Filosofia, acadêmica do curso
de direito, membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), membro do Conselho Nacional
de Saúde (CNS), presidente da Câmara Técnica de Monitoramento de Políticas Públicas do CNDM
Poucas mulheres,
muitas demandas
As mulheres representam
52,5% do eleitorado do
país, mas continuam com
pouca representatividade
em cargos públicos
47 homens
2010 e 2018
7 mulheres 2014 Assembleias 2018
homens homens
mulheres mulheres
89% 87%
Os movimentos de mulheres
foram ponta de lança nas
questões humanitárias.
As presidentas do PT e do PCdoB
analisam a conjuntura
Como é a presença de mulheres dentro dos respectivos partidos? Quais são os principais desafios aos direitos
das mulheres para os próximos quatro anos? Como defender os direitos das mulheres em meio à conjuntura con-
servadora de extrema direita? Com a palavra, Gleisi Hoffmann, presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), e
Luciana Santos, presidenta do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), vice-governadora de Pernambuco.
Precisamos
Luciana Santos
“A presença das mulheres no
fazer a resistência presidente que, de certa maneira,
autoriza a violência. E assim, pessoa
PCdoB é irrefutável. É um partido
que já teve várias mulheres presi-
com o bom se vê no direito de fazer justiça com
as próprias mãos. Imagino que isso
dentes de partidos estaduais. No
Parlamento, na legislatura passada,
combate, disputar subjetivamente vai aflorar como vio-
lência contra a mulher.
éramos a bancada mais feminina
na Câmara dos Deputados. Se olhar
as narrativas. Primeiro, precisamos fazer a
resistência com o bom combate, dis-
pelo desempenho no Congresso, as putar as narrativas. Por mais que
deputadas mais influentes estão tenha existido fake news e manipu-
concentradas no PCdoB, porque os lação, Bolsonaro foi eleito, perdemos
cabeças dos deputados, que a gente isso foi tudo para o ralo, o que dirá a narrativa. Não é uma batalha
tinha, eram as nossas deputadas agora que o presidente eleito expli- qualquer. Em segundo, vamos ter
mulheres. Nessa legislatura, temos citamente se autodenomina um de associar essa resistência à muita
uma presença muito forte de mulhe- machista convicto. Então, as políti- amplitude, no sentido de nos unir às
res: quatro de nove. Isso revela que cas transversais para a emancipação pessoas que pensam muito diferente
há uma determinação para que o da mulher ficam ameaçadas. Temos da gente em muitos assuntos. Vamos
papel das mulheres seja valorizado. muitos programas específicos, por fazer como aconteceu um pouco na
Sou muito cética. Vamos ter um exemplo, o de saúde da mulher. Em reta final do Haddad: personalidades
governo de extrema direita e as pri- que hierarquia isso vai ser colocado de diferentes pensamentos passa-
meiras vítimas são as mulheres. Se no Ministério da Saúde? Outro é ram a se posicionar. Vamos contar
você olha a PEC dos gastos, significa a Lei da Mordaça, que quer uma com todos aqueles que se contra-
mais cortes, menos equipamentos escola sem debates críticos, entre põem a essa agenda. E em terceiro,
sociais para mulheres, menos inves- eles não quer discutir a violência precisamos de muita capacidade
timentos em creches. No Brasil, praticada contra a mulher, nem política para explorar as contradi-
nós tivemos pela primeira vez na sobre os diversos fenômenos que ções que essa base política, que dá
história um ministério para cuidar nos cercam. Temos um alto índice sustentação ao presidente eleito,
das mulheres. Com o impeachment, de violência contra a mulher e um tem. Vamos ter jogo de cintura”.
Marielle
presente!
O s assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSol/RJ) e de
seu motorista, Anderson Pedro Gomes, ainda não foram
elucidados. As suspeitas recaem sobre o grupo miliciano
"Escritório do Crime", cujos membros têm ligação com o senador
Flávio Bolsonaro, filho do presidente. Quando deputado estadual,
Flávio contratou a mãe e a esposa do capitão Adriano Maga-
lhães da Nóbrega, vulgo Gordinho, um dos líderes desse grupo.
O crime ocorreu no dia 14 de março de 2018 e chocou movimentos
ativistas dos direitos humanos. Marielle criticava a intervenção
federal no Rio de Janeiro e a Polícia Militar, denunciava abusos de
autoridade, por parte de policiais, contra moradores de comunidades
e prestava assistência às vítimas. Por tudo isso, há fortes suspeitas
de que o crime tenha sido motivado por questões políticas.
O legado de Marielle, porém, continua vivo: diversas mulheres
negras ativistas dos direitos humanos seguiram o exemplo dela e
estão ocupando os espaços de poder. As ex-assessoras da vereadora
Renata Souza, Mônica Francisco e Daniela Monteiro (PSol), vêm da
militância em periferias e favelas, foram eleitas como deputadas
estaduais no Rio de Janeiro. No âmbito federal, Benedita da Silva
(PT/RJ) foi reeleita para a Câmara dos Deputados. A ex-governadora
do Rio de Janeiro continuará reforçando a representatividade de
mulheres negras no Parlamento com as deputadas Talíria Petrone
(PSol/RJ), militante dos direitos LGBT e nona deputada federal mais
votada no Rio, e Áurea Carolina (PSol/MG), eleita a mulher com o
maior número de votos entre candidatos mineiros.
Quando a
brincadeira
de boneca vira
obrigação
A estudante Renata Silva* (18) descobriu que estava grávida
durante um tratamento para fazer uma cirurgia no seio, aos
15 anos, e conta que foi uma sensação muito estranha: “No
começo assusta, porque a adolescência acaba e a gente vira mãe.
Eu penso que agora não sou mais só eu. Agora somos nós; eu e a
minha filha contra o mundo”, reflete.
Ela não está sozinha. De acordo com o relatório da Orga-
nização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 2018, o
Brasil tem 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a
cada mil meninas de 15 a 19 anos. O índice brasileiro
está acima da média latino-americana, estimada em
65,5. No mundo, a média é de 46 nascimentos a cada
mil. Ainda de acordo com o estudo, a mortalidade
materna é uma das principais causas da morte
entre adolescentes e jovens de 15 a 24 anos
No Brasil, ainda é alto o número na região das Américas.
de mulheres que engravidam na Segundo a pesquisa Nascer
delicada passagem da infância para Brasil (2016), do Ministério da
a vida adulta. Reduzir esse índice Saúde (MS), 66% dos casos de
passa por uma mudança cultural que gravidez em adolescentes são
envolve educação sexual, segurança indesejados. O MS informa
da mulher e muito diálogo que, entre os anos 2000 a 2016, o
número de casos de gravidez na
adolescência (10 a 19 anos) teve
queda de 33% no Brasil, segundo
dados do Sistema de Informação
sobre Nascidos Vivos (Sinasc).
violência em 56,5%
mulheres entre Violência sexual
10 e 19 anos
Fonte: A publicação Viva:
34,1%
Vigilância de Violência
e Acidentes 2013-2014. Violência
psicológica/moral
27,9%
MARÇO DE 2019 | MÁTRIA | 27
ADOLESCÊNCIA
ONG Semente do
Amanhã dá apoio a
adolescentes em situação
de vunerabilidade
no Rio de Janeiro
SOU QUILOMBOLA
refere às mulheres, o peso do verbete fica
ainda mais forte. No Brasil, as mulheres
quilombolas são exemplos de luta, supera-
E TENHO O PODER!
ção e determinação. Contra tudo e contra
todos, elas foram à luta e muitas buscaram
seu empoderamento para, cada vez mais,
defender e garantir os direitos do seu povo.
“O nosso povo construiu esse país e levan- Próximo a Brasília, outro Quilombo rende
tou o império e a riqueza do Brasil. Não vejo o exemplos de mulheres da comunidade que tra-
país sem o nosso sangue, a nossa exploração. balham pela valorização e empoderamento da
O império brasileiro não foi feito pelos euro- sua cultura. O Quilombo Mesquita, a 60 quilô-
peus, pelo homem branco; o nosso sangue metros da Capital Federal é a casa de Sandra
é a nossa marca”, comenta Sirlene Barbosa Pereira Braga.
Correa Passold, 37 anos, do Quilombo Puris, “Filha de João Antônio Pereira e Ovídia, nasci
uma comunidade a 35 quilômetros da cidade aqui. Um quilombo com 272 anos de história, no
de Manga, em Minas Gerais. qual meus avós, bisavós e meus pais já moravam”.
No Brasil, há 3,1 mil quilombos certificados É assim que Sandra se apresenta. Formada em
pela Fundação Cultural Palmares; o de Puris é turismo, também fez teologia, e sempre teve seu
um deles. Com 80 famílias, Sirlene acredita que foco voltado para o trabalho dos quilombolas.
a sua comunidade tenha aproximadamente Atualmente, ela é coordenadora executiva da
250 anos. “O meu avô é de 1913 e ele já nasceu Coordenação Nacional de Articulação das Comu-
na comunidade”, recorda. nidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
Quilombola, Sirlene conta que, embora O Quilombo Mesquita tem 4,2 mil hectares
sua mãe tenha se casado com alguém fora e 780 famílias. O reconhecimento da comuni-
da comunidade, ela nunca perdeu o vinculo e dade veio por meio de um trabalho incansável
sempre esteve presente no quilombo. Em 2012, de Sandra que, em 2003, deu entrada no pro-
Sirlene se graduou em Serviço Social e retor- cesso de reconhecimento, que veio três anos
nou para a comunidade. “Foi quando percebi depois, e teve o Relatório Técnico de Iden-
que o quilombo passava por dificuldades, tificação e Delimitação (RTID) do território
com muita falta de informação, sobre direitos publicado em 2011.
sociais”, conta. O pai de Sandra conta que ela sempre foi
Sirlene ainda concluiu mestrado, em 2015, incansável e que, por isso, recebeu do avô a
pela Universidade de Brasília (UnB), com o incumbência de lutar pelas terras quilombo-
tema: A valorização da cultura afro-brasileira las. “Antes de falecer, meu pai procurou Sandra
e da beleza negra. “A gente vinha desenvol- para ser a representante da comunidade e
vendo este trabalho na comunidade e trabalhei
justamente a autoestima das mulheres quilom-
bolas, que se viam como pretas remanescentes
Quantos são?
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo recenseamento da população brasileira e or-
ganização de dados estatísticos socioeconômicos e demográficos oficiais do país, realizará em 2020 o primeiro censo da
população quilombola do Brasil.
O Censo Demográfico do Brasil incluirá o perfil de comunidades quilombolas de todo território nacional. A iniciati-
va é fruto de uma parceria entre o Ministério dos Direitos Humanos, por meio da Secretaria Nacional de Políticas de Pro-
moção da Igualdade Racial (Seppir), com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Qui-
lombolas, a Fundação Cultural Palmares, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e o Fundo de Popula-
ção das Nações Unidas.
A RELEVÂNCIA
DAS POLÍTICAS
DE PROMOÇÃO DA
IGUALDADE RACIAL
E OS RETROCESSOS
GERADOS POR UM
GOVERNO SEM
DIREITOS E SEM
IGUALDADE RACIAL
No ano de 2004 foi criada a Secretaria de Edu- Então, cabe aqui uma reflexão sobre quão
cação Continuada, Alfabetização e Diversidade importante é o papel da educação no debate das
(Secadi), no âmbito do Ministério da Educação, questões relacionadas à raça, etnia, preconceito e
responsável pela execução de programas como discriminação racial. Os marcos legais citados são
“Educação inclusiva: direito à diversidade”, vol- extremamente positivos, desde que sejam imple-
tado à valorização das diferenças e da diversidade, mentados verdadeiramente no chão das escolas,
à promoção da educação inclusiva, dos direitos ações pontuais são pertinentes, mas infelizmente,
humanos e da sustentabilidade socioambiental, não conseguem atender as demandas advindas de
visando à efetivação de políticas públicas trans- um processo histórico deformado e silenciado por
versais e intersetoriais. Outro marco importante longas datas.
no âmbito da educação das relações étnico raciais No Ensino Superior destaca-se a “Lei das Cotas”,
foi a efetivação do projeto “A Cor da Cultura”. Ini- que dispõe sobre a reserva de vagas com critérios
ciado em 2008, o qual tem como objetivos elaborar, para estudantes da escola pública, negros e indíge-
ofertar e revisar materiais didáticos audiovisuais nas, definindo em no mínimo 50% o acesso destes
sobre a cultura afro-brasileira, além de capacitar às universidades federais e às instituições federais
professores para o uso em sala de aula. de ensino técnico de nível médio. É também de
Munanga (2001, p.17) adverte: grande relevância a criação do Programa de Exten-
são Universitária (Proext) em 2011 e do Programa
Não existem leis no mundo que sejam Institucional de Bolsas de Iniciação Científica nas
capazes de erradicar as atitudes preconcei- Ações Afirmativas (Pibic-AF) em 2009, numa ação
tuosas existentes nas cabeças das pessoas, conjunta da Seppir e da CNPQ que oferece cerca de
atitudes essas provenientes dos sistemas 800 bolsas por ano para estudantes cotistas de ins-
culturais de todas as sociedades huma- tituições federais de ensino.
nas. No entanto, cremos que a educação No âmbito das políticas públicas para juven-
é capaz de oferecer tanto aos jovens como tude foi elaborado em 2012, o Plano Juventude Viva,
aos adultos a possibilidade de questionar com um conjunto de iniciativas que envolvem oito
e desconstruir os mitos de superioridade e ministérios, visando reverter as altas taxas de
inferioridade entre grupos humanos que homicídios entre jovens negros.
foram introjetados neles pela cultura racista Uma outra referência significativa dentro do
na qual foram socializados. Apesar da com- panorama apresentado é Decreto Presidencial nº
plexidade da luta contra o racismo, que 4.887/2003, que estabeleceu os procedimentos para
consequentemente exige várias frentes de regularização das comunidades de remanescen-
batalhas, não temos dúvida de que a trans- tes de quilombos. Considerando-se Quilombolas
formação de nossas cabeças de professores os grupos étnico-raciais segundo critérios de auto
é uma tarefa preliminar importantíssima. atribuição, com trajetória histórica própria, dotados
Essa transformação fará de nós os verda- de relações territoriais específicas, com presunção
deiros educadores, capazes de contribuir de ancestralidade negra relacionada com a
no processo de construção da democracia resistência à opressão histórica sofrida. Fruto do
brasileira, que não poderá ser plenamente decreto supracitado, a Seppir lançou em março de
cumprida enquanto perdurar a destruição 2004 o “Programa Brasil Quilombola”, que objetiva
das individualidades históricas e culturais consolidar os marcos da política de Estado para as
das populações que formaram a matriz áreas quilombolas. Estudos estimam a existência
plural do povo e da sociedade brasileira. de mais de 3 mil comunidades quilombolas no
Apesar do panorama positivo que evidenciam nas universidades. O cenário apontaria para um
conquistas na luta contra o racismo, os dados ofi- ataque radical à democracia, no qual a população
ciais reafirmam a necessidade de mais e melhores negra seria atingida diretamente.
ações afirmativas de caráter amplo na busca por A extinção do Ministério das Mulheres,
igualdade racial no Brasil, e apesar dos feitos serem Igualdade Social e Direitos Humanos, órgão
significativos, ainda há falta de sensibilidade por vocacionado para o desenvolvimento de políti-
parte do Estado com a pauta da igualdade racial. cas afirmativas da identidade histórica e social de
milhões de brasileiras e brasileiros que ficaram
Retrocessos de um governo sem silenciados e invisibilizados ao longo de séculos
direitos e sem igualdade racial de opressão e dominação capitalista, demons-
Um “presidente” não eleito democratica- trava que direitos sociais adquiridos com muita
mente e um plano de governo com uma proposta luta seriam afetados diretamente por essa pro-
extrema de ataque à democracia e aos direitos pensão ao equipamento neoliberal, assumida
humanos, estampam os retrocessos incomensu- ilegitimamente pelo governo Temer.
ráveis da gestão de Michel Temer no decorrer do Fernandes (2007, p.52) chama atenção para os
segundo semestre de 2016 em nosso país. O des- problemas materiais e morais que envolvem a
monte foi abertamente anunciado no processo “população de cor”:
de nomeação da equipe de governo, o qual evi-
denciava a ausência de mulheres e negros, fato Cabe aos próprios “brancos” um esforço
que ganhou repercussão internacional e sofreu de reeducação para que deixem de falar
críticas severas de organismos internacionais em “democracia racial” sem nada fazer
como a Comissão Interamericana de Direitos de concreto a seu favor e fazendo muito
Humanos (CIDH), ligada à Organização dos Esta- no sentido contrário. Será difícil que o
dos Americanos (OEA), que em nota divulgada governo ou os próprios componentes da
pela entidade, afirmou que “a redução, sem jus- “população de cor” consigam êxito diante
tificativa, de recursos destinados a programas da indiferença do “branco” nesse assunto.
sociais representa violação do princípio da pro- É preciso que se compreenda que uma
gressividade, previsto em tratado internacional sociedade nacional não pode ser homo-
ratificado pelo Brasil em 1996”. gênea e funcionar equilibradamente sob
Como afirma Ferraro (2000, p.28) estamos a permanência persistente de fatores de
diante de uma “redefenição do Estado em termos desigualdade que solapam a solidariedade
classistas, no sentido marxiano, com redução de nacional. Além disso, tem de evoluir para
suas funções de cunho social universalista, e noções menos toscas e egoísticas do que
da ampliação do espaço e do poder dos interes- vem a ser uma democracia.
ses privados, particularistas de acumulação”. A
conjuntura já nos remetia a um profundo pro- No entanto, a derrocada imposta por um
cesso de exclusão social, ratificado por meio de grupo usurpador dá sinais explícitos do retro-
medidas como cortes em diversos programas cesso a um Estado oligárquico preparado para
como Minha Casa minha Vida, Universidade atender aos interesses de uma minoria patrimo-
Para Todos (Prouni), Financiamento Estudantil nialista, formada por representantes exclusivos
(Fies), além da nomeação para o Ministério da da burguesia industrial, agrária, comercial, imo-
Educação o deputado Mendonça Filho, o qual biliária e financeira, que preza pela exclusão da
sempre se colocou contra as cotas para negros maioria da população.
30.918 7.036
Violência física Tentativa de feminicídio
15.803 23.937
Violência doméstica e familiar Violência psicológica
4.491 3.960
Violência sexual Violência moral
+ +
73.669 25,3% 46%
2749
3 mulheres
são assassinadas
por dia no Brasil
Fonte: ONU Mulheres
443
Total de delegacias especializadas
no atendimento às mulheres em
situação de violência, menos de 10%
dos 5570 municípios do país
Não é de Deus
O caso do médium João de Espírito Santo, Rio Grande do Sul, gente, não é possível que isso não
Deus, denunciado no fim de 2018 Mato Grosso do Sul, Pará e Santa vá ter fim”, disse.
por mais de 500 mulheres, que Catarina, além de outros países, “Há mulheres que tiveram a
declararam ter sofrido violência como Holanda (a primeira mulher vida destruída, que tiveram dificul-
sexual, revela o silêncio e o receio a denunciar) e Estados Unidos (a dades de se relacionar, de maridos
que acometem as mulheres quando segunda). que deixaram essas mulheres
vitimas de algum tipo de violência. Uma mulher relatou que foi porque não acreditaram nos rela-
Em apenas quatro dias, mais de 300 abusada por João de Deus cerca tos delas”, explicou Silvia Chakian,
vítimas denunciaram o médium, de 20 vezes, durante atendimentos promotora do Ministério Público
até então conhecido internacio- “espirituais” na Casa Dom Inácio de de São Paulo (MPSP) e coordena-
nalmente pelo seu dom de cura. As Loyola, em Abadiânia (GO), entre dora do grupo de enfrentamento
denúncias que chegaram ao Minis- 2009 e 2010. Ela tinha tudo regis- à violência domestica e familiar
tério Público traziam relatos de trado em um diário da época. A contra a mulher. Ela faz parte da
vítimas de Goiás, Distrito Federal, vítima contou que tinha 20 anos equipe que ouviu os depoimentos
Minas Gerais, São Paulo, Paraná, e que ficou deprimida e chegou a das mulheres que se declararam
Rio de Janeiro, Pernambuco, pensar em suicídio.“Eu pensava: vitimas de assedio sexual pelo
Novas
julgamento que se faz dessas
mulheres, quando sofrem a vio-
armas contra
lência e continuam nos ambientes
em que são vitimas. “Nesse ponto,
as mulheres
é uma ilusão dizer que elas ficam.
Muitas vezes elas nãos saem
porque sabem que a ameaça
aumenta se deixarem seus com- Enquanto isso, o Governo Federal carrega com mais
panheiros. Então, existem muitos munição os índices de violência contra a mulher. No último
mitos que culpam as mulheres pelo dia 15 de janeiro, o Presidente Jair Bolsonaro assinou o
fato de serem assassinadas”, afirma. decreto 9.685, que altera as regras para a posse de armas
Ela avalia que o momento atual de fogo no país, tornando mais flexíveis os critérios para
tem seu lado bom, porque a lei do a sua aquisição.
Feminicídio, se não conseguiu Segundo especialistas em segurança pública, a litera-
ainda diminuir os assassinatos tura internacional mostra uma relação entre o aumento
nem a violência contra as mulhe- da circulação de armas de fogo e o crescimento do índice
res, já mudou um pouco a opinião de homicídios por armas de fogo. E como o Brasil é um dos
publica e terá efeitos positivos. A cinco países com maior número de feminicídios no mundo,
má noticia é o cenário que o Brasil o resultado dessa matemática aponta para uma estatística
atravessa de retrocesso no que ainda mais alarmante.
se refere á tolerância em relação
a uma sociedade mais justa. “O
momento de hoje é de apreensão e
expectativa porque, basicamente, a
sociedade que queremos é de plura-
lidade e ética”, ressalta.
De acordo com Lia, a educação
tem papel fundamental para que
se possa trazer a moralidade e o
respeito à pluralidade, à ética e ao
outro dentro da família e da socie-
dade. “Mexemos na opinião publica
e nas leis do país, mas falta mexer
mais fortemente na educação, e
digo familiar e escolar. As duas tem
que vir juntas”, conclui.
Não é
mimimi!
Aliás, na avaliação de quem avalia Marjorie Nogueira Chaves, Na avaliação do Centro Femi-
faz parte de movimentos de ativista pelos direitos das mulhe- nista de Assessoria e Estudos
resistência, antifascista, e pelos res, pesquisadora, doutoranda em (Cfemea), a diversidade da mobiliza-
direitos democráticos a derrota Política Social pela Universidade de ção nas eleições trouxe importantes
nas eleições, para o candidato da Brasília (UnB) e mestre em História conclusões: “Deixou evidente, apesar
direita, não foi suficiente para pela mesma instituição. das diferenças entre as mulheres
desfazer o sentimento de luta e presentes nos atos, a certeza de que
de união que levou milhares de Na rede juntas somos mais capazes de trans-
mulheres, de todo Brasil, às ruas, Entre dois mundos – o real e formar o poder. É isso que queremos,
unidas por um só sentimento. Por o virtual – o movimento #EleNão mais mulheres juntas, para trans-
isso, agora, depois da eleição, nin- ocupou espaços de grandes propor- formar a política e construir outras
guém solta a mão. ções, ao longo do segundo semestre formas de exercício do Poder”, con-
“Murchar agora é impossível. de 2018, e em 29 de setembro atin- clui o estudo.
O ano de 2018, apesar de ter havido giu seu ápice, quando centenas de Na ocasião, o atual Presidente era
um enorme retrocesso e uma dis- milhares de mulheres, em todo o apenas um candidato e a luta estava
cussão política extremamente Brasil e em outros países, saíram em plena efervescência. O resultado
violenta, a gente teve, enquanto às ruas para fazer frente à candi- das urnas, no entanto, revelou o
mulheres e movimento, muito datura do então deputado federal contrário e venceu o discurso ultra-
sucesso em mobilização política”, de direita, Jair Bolsonaro. conservador de direita. Mas, como
Yamile Socolovsky
Secretária de Relações Internacionais - CONADU
MADALENA, ALICE (Editora Nós, 2018) » Alice é a filha que cuida da mãe Madalena com
doença de Alzheimer. Madalena é a mãe até então ativa e independente que se vê nas mãos da filha
e idealiza um filho que foi cuidar da própria vida e não a incluiu. A autora Bia Barros retrata esse
relacionamento entre mãe e filha que convivem com essa doença.
Séries
A AMIGA GENIAL (EUA/Itália, 2018) » A primeira temporada da série inspirada no livro “A
amiga genial”, da Elena Ferrante, estreou no Brasil. O principal tema é a amizade entre duas meninas
na Itália da segunda metade do século XX e o poder da educação para a emancipação das mulheres.
O CONTO DE AIA (EUA, 2017) » Série baseada no livro homônimo da escritora canadense
Margaret Atwood. Offred é uma criada na casa do líder da República de Gilead, uma das últimas
mulheres férteis, o que a leva ser utilizada como escrava sexual que irá repopular o planeta devastado.
Documentários
EXTERIORES - MULHERES BRASILEIRAS NA DIPLOMACIA (Brasil, 2018) -
Documentário marca o centenário da presença de mulheres na carreira diplomática e resgata, entre
outras histórias, a da jovem baiana que, em 1918, se tornou a primeira mulher diplomata brasileira.
Direção: Ivana Diniz.
AS HIPER MULHERES (Brasil, 2012) » Registro sobre o Jamurikumalu, o maior ritual feminino
do Alto Xingu, no Mato Grosso. Direção: Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro.
MISS REPRESENTATION (EUA, 2011) » “Falta de representação” é uma reflexão sobre como
as mulheres são retratadas nos meios de comunicação e o poder da mídia para a construção das
identidades de meninos e meninas. Direção: Jennifer Siebel Newson.
Filmes
ROMA (EUA/México, 2018, 135 minutos) » Inspirado na autobiografia do diretor Alfonso Cuarón,
Roma se passa na Cidade do México, durante a década de 1970, e acompanha a rotina de uma família
de classe média pelo olhar da babá e empregada doméstica. O filme retrata as contradições de classe e
a história de trabalhadoras domésticas da América Latina.
NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA (Brasil, 2015, 108 minutos) » Filme trata da biografia da
doutora Nise da Silveira, médica de um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro que se recusa a empregar
o eletrochoque e a lobotomia no tratamento dos esquizofrênicos. Direção: Roberto Berliner.
O SONHO DE WADJDA (Alemanha/Arábia Saudita, 2012, 100 minutos) » Wadja é uma menina
de 12 anos que mora no subúrbio da capital da Arábia Saudita. Apesar de viver em uma cultura
conservadora, Wadjda deseja disputar uma corrida de bicicleta com seu melhor amigo Abdallah e
enfrenta dificuldades para realizar seu sonho. Direção Haifaa Al Mansour.
PRESIDENTE
Heleno Araújo Filho (SINTEPE/PE)
VICE-PRESIDENTE
Marlei Fernandes (APP/PR)
SECRETÁRIA DE FINANÇAS
Rosilene Corrêa Lima (SINPRO/DF)
SECRETÁRIA GERAL
Fátima Aparecida da Silva (FETEMS/MS)
SECRETÁRIO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Roberto Leão (APEOESP/SP)
SECRETÁRIO DE ASSUNTOS EDUCACIONAIS
Gilmar Soares (SINTEP/MT)
SECRETÁRIO DE IMPRENSA E DIVULGAÇÃO
Luiz Carlos Vieira (SINTE/SC)
SECRETÁRIO DE POLÍTICA SINDICAL
Rui Oliveira (APLB/BA)
SECRETÁRIA DE FORMAÇÃO
Marta Vanelli (SINTE/SC)
SECRETÁRIA DE ORGANIZAÇÃO
Beatriz Cerqueira (SIND-UTE/MG)
SECRETÁRIA DE POLÍTICAS SOCIAIS
Ivonete Almeida (SINTESE/SE)
SECRETÁRIA DE RELAÇÕES DE GÊNERO
Isis Tavares (SINTEAM/AM)
SECRETÁRIA DE APOSENTADOS E ASSUNTOS PREVIDENCIÁRIOS
Selene Michielin (CPERS/RS)
SECRETÁRIO DE ASSUNTOS JURÍDICOS E LEGISLATIVOS
Gabriel Pereira Cruz (SINPRO/DF)
SECRETÁRIA DE SAÚDE DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO
Francisca da Rocha (APEOESP/SP)
SECRETÁRIO DE ASSUNTOS MUNICIPAIS
Cleiton da Silva (SINPEEM/SP)
SECRETÁRIO DE DIREITOS HUMANOS
José Christovam Filho (SINDIUPES/ES)
SECRETÁRIO DE FUNCIONÁRIOS DA EDUCAÇÃO
José Carlos do Prado (AFUSE/SP)
SECRETÁRIA DE COMBATE AO RACISMO
Iêda Leal (SINTEGO/GO)
SECRETARIA EXECUTIVA
Ana Cristina Guilherme (SINDIUTE/CE)
Berenice D’Arc Jacinto (SINPRO/DF)
Cândida Beatriz Rossetto (CPERS/RS)
Edmilson Camargos (SAE/DF)
Girlene Lázaro da Silva (SINTEAL/AL)
Joaquim Juscelino Linhares (APEOC/CE)
José Valdivino de Moraes (APP/PR)
Luíz Carlos Paixão (APP/PR)
Manoel Rodrigues (SINTERO/RO)
Odeni de Jesus da Silva (SINTE/PI)
Raimundo Oliveira (SINPROESEMMA/MA)
Rosana Souza do Nascimento (SINTEAC/AC)
COORDENADOR DO DESPE
Mario Sergio Ferreira de Souza (PR)
A lei maria da penha Pro brasil desenvolver Violência sexual: Você pode me explicar?
Está em pleno vigor E tantos outros direitos Dá-se pela coação Tudo pode acontecer
Não veio pra prender homem Que não dá tempo dizer. Ou uso da força física No âmbito familiar!
Mas pra punir agressor Causando intimidação
Pois em “mulher não se bate E a lei maria da penha E obrigando a mulher Nesse caso é diferente;
Nem mesmo com uma flor”. Cobre todos esses planos? Ao ato da relação... A lei é bastante clara:
Ah, já estão assegurados Por ser uma questão de
A violência doméstica Pelos direitos humanos. Qualquer ação que impeça gênero
Tem sido uma grande vilã A lei é mais um recurso Esta mulher de usar Somente à mulher, ampara.
E por ser contra a violência Pra corrigir outros danos. Método contraceptivo Se a mulher for valente
Desta lei me tornei fã Ou para engravidar O homem que livre a cara.
Pra que a mulher de hoje Por exemplo: a mulher Seu direito está na lei
Não seja uma vítima amanhã. Antes da lei existir, Basta só reivindicar. E procure seus direitos
Apanhava e a justiça Da forma que lhe convenha
Toda mulher tem direito Não tinha como punir A quarta categoria Se o sujeito aprontou
A viver sem violência Ele voltava pra casa É a patrimonial: E a mulher desceu-lhe a
É verdade, está na lei. E tornava a agredir. Retenção, subtração, lenha
Que tem muita eficiência Destruição parcial Recorra ao código penal
Pra punir o agressor Com a lei é diferente Ou total de seus pertences Não à lei maria da penha.
E à vítima, dar assistência. É crime inaceitável Culmina em ação penal...
Se bater, vai pra cadeia. Agora, num caso lésbico;
Tá no artigo primeiro Agressão é intolerável. Instrumentos de trabalho Se no qual a companheira
Que a lei visa coibir; O estado protege a vítima Documentos pessoais Oferecer qualquer risco
A violência doméstica Depois pune o responsável. Ou recursos econômicos À vida de sua parceira
Como também, prevenir; Além de outras coisas mais A agressora é punida;
Com medidas protetivas Segundo o artigo sétimo Tudo isso configura Pois a lei não dá bobeira.
E ao agressor, punir. Os tipos de violência Em danos materiais.
Doméstica e familiar Para que os seus direitos
Já o artigo segundo Têm na sua abrangência A quinta categoria Estejam assegurados
Desta lei especial As cinco categorias É violência moral A lei maria da penha
Independente de classe Que descrevo na sequência. São os crimes contra a honra Também cria os juizados
Nível educacional Está no código penal De violência doméstica
De raça, de etnia; A primeira é a física Injúria, difamação; Para todos os estados.
E opção sexual... Entendendo como tal: Calúnia, etc. e tal.
Qualquer conduta ofensiva Aí, cabe aos governantes
De cultura e de idade De modo irracional Segundo o artigo quinto De cada federação
De renda e religião Que fira a integridade Esses tipos de violência Destinarem os recursos
Todas gozam dos direitos E a saúde corporal... Dão-se em diversos âmbitos Para implementação
Sim, todas! sem exceção Porém é na residência Da lei maria da penha
Que estão assegurados Tapas, socos, empurrões; Que a violência doméstica Em prol da população.
Pela constituição. Beliscões e pontapés Tem sua maior incidência.
Arranhões, puxões de orelha; Espero ter sido útil
E que direitos são esses? Seja um, ou sejam dez E quem pode ser enquadrado Neste cordel que criei
Eis aqui a relação: Tudo é violência física Como agente/agressor? Para informar o povo
À vida, à segurança. E causam dores cruéis. Marido ou companheiro Sobre a importância da lei
Também à alimentação Namorado ou ex-amor Pois quem agride uma
À cultura e à justiça Vamos ao segundo tipo No caso de uma doméstica rainha
À saúde e à educação. Que é a psicológica Pode ser o empregador. Não merece ser um rei.
Esta merece atenção
Além da cidadania Mais didática e pedagógica Se por acaso o irmão Dizia o velho ditado
Também à dignidade Com a autoestima baixa Agredir a sua irmã Que “ninguém mete a colher”.
Ainda tem moradia Toda a vida perde a lógica... O filho, agredir a mãe; Em briga de namorado
E o direito à liberdade. Seja nova ou anciã Ou de “marido e mulher”
Só tem direitos nos “as”, Chantagem, humilhação; É violência doméstica Não metia... agora, mete!
E nos “os”, não tem novidade? Insultos; constrangimento; São membros do mesmo clã. Pois isso agora reflete
São danos que interferem No mundo que a gente quer.
Tem! Tem direito ao esporte No seu desenvolvimento E se acaso for o homem
Ao trabalho e ao lazer Baixando a autoestima Que da mulher apanhar?
E o acesso à política E aumentando o sofrimento. É violência doméstica?