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O FIM DA LITERATURA

publicado em literatura por Julio Toledo


Há quem acredite estar a extinção do conhecimento se estabelecendo
gradativamente em nossa sociedade. A obra "Farenheit 451" mostra esse
processo por meio da destruição de cada livro existente. Porém, estaria o
mundo realmente pronto para abdicar das teorias e viver somente com a
prática?

Não seria completamente inconcebível a ideia de ter, o escritor Ray Bradbury,


uma bola de cristal. Muito do que ele, ainda no fim da primeira metade do
século XX, colocou em suas obras, se tornaram realidades quase que
palpáveis, mencionando, apenas, as gigantes telas que possuímos em nossas
salas de estar e com as quais interagimos diariamente.

Em seu livro “Farenheit 451” – temperatura de combustão do papel, sendo


assim, também do livro –, Bradbury trata de temas futuristas (vide a época em
que foi escrito) e aborda problemas sociais hoje muito comentados, mas que
outrora foram uma grande novidade.

O principal desses problemas é a evidente regressão nos hábitos de leitura das


pessoas em todo o mundo causada, principalmente, pela chegada da televisão
em um número cada vez maior de lares. Pelo menos, é isso que alega o autor,
apesar de todas as outras teorias e hipóteses levantadas a respeito do real
objetivo da obra.

“Farenheit 451”, tendo sido publicado, pela primeira vez, em 1953, período pós-
Segunda Guerra Mundial, conta a história do bombeiro Guy Montag, cuja real
função é a de queimar todos os livros existentes, sendo estes estritamente
proibidos pelo governo, a fim de propiciar uma manipulação massiva.

Com isso, surgiram especulações sobre o conteúdo da história ser uma crítica
à censura instaurada nos anos 50, ou mesmo, à opressão anti-intelectual
nazista, ocorrida durante décadas na Alemanha. Sobre isso, Ray Bradbury
alegou: “Eu quis dizer qualquer espécie de tirania, em qualquer parte do
mundo, a qualquer hora, na direita, na esquerda ou no centro”.

Montag, porém, após conhecer sua nova vizinha, uma menina de nome
Clarisse McClellan, começa a ver a vida de uma maneira diferente e a
questionar os estamentos da sociedade em que vive. Clarisse possui
pensamentos modernos, liberais e esperançosos, representando o desejo de
liberdade, de se livrar das regras de uma realidade que aprisiona e diminui
seus integrantes.
A obra de Bradbury, que morreu recentemente, em 2012, juntamente com
“Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e “1984”, de George Orwell,
formam a mais famosa tríade de distopias do século XX. O livro foi, ainda,
adaptado para o cinema pelo diretor francês François Truffaut e lançado no ano
de 1966.

“Farenheit 451” é perfeito para aqueles que buscam por uma narrativa incrível
e criativa, mas que, ao mesmo tempo, querem uma leitura rápida, pois suas
atuais edições contam com pouco mais de duzentas páginas. Com uma
linguagem simples e fluida, a história nos faz viver uma época que nunca
existiu, mas que poderia ser qualquer época, dado seu teor atemporal.

JULIO TOLEDO
Estudante de Cinema e Audiovisual, Fotógrafo (@juliotoledofotografia) e louco
dos idiomas!.
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