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Tema – Apresentação do livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

Bruna Cristina Fernandes Morais Nº4 12ºB

Olá, bom dia a todos! Hoje estou aqui com o objetivo de vos apresentar um livro juntamente com a
minha opinião acerca do mesmo e, quem sabe, despertar em vós interesse na sua leitura.

Comecemos então.
“Era um prazer pôr fogo às coisas. Era um prazer especial vê-las a serem devoradas, enegrecidas e transformadas.”

É com este pensamento que inicia o livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. O título faz uma alusão à
temperatura necessária para se queimar papel, pois, nesta sociedade, os livros são proibidos. Toda a
tentativa de os ler ou, até mesmo, de os possuir é aniquilada pelos bombeiros. Mas vocês
perguntam-se como assim pelos bombeiros? Bom, nesta distopia a função dos bombeiros ainda
continua a passar por zelar pela paz e ordem pública, embora de maneira pouco convencional: Nesta
sociedade os bombeiros não protegem as pessoas do fogo, mas sim com fogo, queimando com este
todos os livros encontrados.

Esta obra foi publicada em 1953, não muito tempo após um dos acontecimentos mais marcantes da
nossa história. Em 6 de abril de 1933, a Associação Nazista Estudantil Alemã divulgou nacionalmente
um "Ato contra o Espírito Não Germânico", o qual culminou numa “limpeza” literária pelo fogo a 10
de maio do mesmo ano. Isto é, os estudantes universitários atearam fogo a mais de 25.000 livros por
eles considerados "não alemães", antevendo, assim, uma era de censura política e de controle
cultural nazista sobre toda a população. No entanto, ao contrário da sociedade de 1933, que se
mostrou revoltada perante este ato de censura do governo, na sociedade de Fahrenheit 451 foi, de
certa forma, a própria população que incentivou este regime radical. Mas como é que a sociedade
poderia propor tal regime em plena consciência? Em Fahrenheit 451 sugere-se que foi uma
combinação de diversos fatores que impulsionou esta intervenção do governo, podendo estes ser
divididos em dois grupos:

O primeiro conjunto de fatores inclui a crescente popularidade de meios alternativos de


entretenimento mais atrativos, como a televisão e a rádio. Isto, juntamente com o estilo de vida
excessivamente estimulante desta sociedade, deixa os indivíduos demasiado cansados
psicologicamente para que tenham vontade de ler um livro. Como consequência, os poucos que
conseguem algum tempo livre optam por ler versões condensadas ou resumos em detrimento da
obra em si.

Já o segundo grupo de fatores, e o que mais incentivou a revolta contra os livros, engloba
sentimentos como a inveja. Isto é, diversas pessoas não gostavam de se sentir inferiores àqueles que
liam mais ou que possuíam mais conhecimentos. Também as minorias étnicas, religiosas ou de
qualquer outro tipo, não gostavam de se ver retratadas de determinado modo e contestaram a sua
inclusão nas obras literárias, passando a maioria destas pessoas a exigir a destruição dos livros. Este
ódio e desprezo pode ver-se refletido no seguinte excerto:
“Todas as minorias, as mais pequenas e menores minorias, têm de ter o umbigo bem lavado e limpo. […] não foi uma
decisão governamental. Não houve uma ordem, uma declaração, um ato de censura, nada disso! A tecnologia, a
exploração massificada e a pressão das minorias fizeram tudo sem qualquer ajuda. […] Lembre-se de que os bombeiros
raramente são necessários. O público há muito que perdeu o hábito de ler. O que os bombeiros fornecem agora […] não
passa de uma atração de feira secundária, quase desnecessária para manter o estado das coisas.”

Assim, como podem concluir, não foi o governo que impos esta censura. Na verdade, este apenas
aproveitou a crescente obsessão por programas insignificantes e o, também crescente, desinteresse
pela cultura dos livros para uniformizar e padronizar a mentalidade de todas as pessoas, pois se
pensarmos todos o mesmo não existirão intrigas, nem desigualdades, nem dúvidas, nem tristeza e
seremos todos felizes, não é? Talvez não seja bem assim, no entanto esta é a mentalidade da grande
maioria nesta sociedade.

Esta foi a primeira característica que gostei logo desde o início, a atualidade da obra. Escrita há já 70
anos, Fahrenheit 451, passa da ficção à realidade. Penso que, tal como na sociedade deste livro,
também alguns de nós se estão a deixar seduzir pela interpretação simplista das novas tecnologias e,
consequentemente, a esquecerem-se da importância que os livros carregam. Embora, Ray Bradbury
apresente uma perspetiva perturbadora e exagerada de uma sociedade futura, na qual as pessoas
raramente saem de casa e na qual se foi perdendo a comunicação entre os seres humanos, parece-
me que, infelizmente, caminhamos para algo semelhante.

Outro fator que tornou esta leitura interessante foram os simbolismos. O meu favorito é o da quarta
parede. Contextualizando um pouco, Mildred, a esposa do protagonista, é frequentemente descrita
usando elementos que remetem à sua “morte mental”, como pele demasiado branca e olhos sem
brilho. Isto, pois Millie vive uma vida de “faz-de-conta" constantemente agarrada aos monitores,
sendo a sua maior ambição instalar uma quarta parede televisiva. No teatro, este termo é usado
para descrever a parede imaginária que separa o público dos atores que interpretam a peça, ou seja,
que separa a realidade da ficção. Assim, se Millie alcançasse o seu desejo, esta separação seria
erradicada, passando ela própria a fazer parte da ficção. A quarta parede permitir-lhe-ia eliminar
quase por completo a realidade e anular todo e qualquer fragmento restante de personalidade
individual.

Para concluir, termino com a mensagem que retirei desta obra: mais do que a importância dos livros
e o perigo das tecnologias, Ray Bradbury sublinha a importância dos intelectuais na sociedade. Sem
pensadores, filósofos, historiadores, críticos, poucos restam para questionar a moralidade, a ética ou
a finalidade das coisas. Não é necessária uma formação superior para saber pensar e questionar,
qualquer um pode fazê-lo.

Espero que tenham achado este livro tão interessante e cativante quanto eu e torço para que tenha
conseguido convencer pelo menos um de vós a lê-lo.
Projeto Pessoal de Leitura

Agrupamento de Escolas de Ponte de Lima - Escola Secundária de Ponte de Lima

Bruna Cristina Fernandes Morais nº4 12ºB

Disciplina: Português

Livro: Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

Suportes adicionais à apresentação: Livro físico (Fahrenheit 451)

Tempo previsto: 8 minutos

 Exposição do objetivo da apresentação: convencer os ouvintes a ler o livro


apresentado;
 Leitura do excerto que dá início ao livro;
 Apresentação do livro e do autor;
 Contextualização resumida do enredo da obra: relato de uma sociedade na qual os
livros são proibidos;
 Contextualização histórica do autor e da obra: Segunda guerra mundial/Nazismo;
 Contraste entre a mentalidade da sociedade do período histórico mencionado e a
mentalidade da sociedade descrita no livro;
 Exposição dos dois principais grupos de fatores que geraram o ódio/desinteresse
pelos livros na sociedade de Fahrenheit 451: estilo de vida demasiado estimulante e
sentimentos como a inveja;
 Leitura de um excerto que comprova os fatores expostos anteriormente;
 Breve explicação do excerto;
 Relação de todos estes fatores expostos com a atualidade da obra (aspeto que se
destacou e tornou a leitura mais interessante);
 Exposição do simbolismo favorito (a quarta parede) como segundo aspeto de
destaque;
 Conclusão com referência ao ensinamento retirado da leitura da obra;

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