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desarmamento, parte
5: controle de armas
na Alemanha Nazista
Com boa parte dos inimigos internos sob controle, em 1938, a “Lei Nazista sobre as
Armas” (Nazi Weapon Law), flexibilizava em alguns pontos a antiga lei alemã sobre o
tema. Apenas a compra de revólveres e pistolas requeria permissão, enquanto rifles de
caça, espingardas e munições não precisavam mais de autorização policial. A idade
mínima permitida para a compra de armas caiu: de 21 para 18 anos. A nova lei também
facilitou a posse de armas. Funcionários de ferrovias, caçadores amadores e
profissionais, praticantes de tiro esportivo, trabalhadores do ramo de segurança
particular, empresários, comerciantes e membros do partido Nazista agora tinham mais
facilidades para comprar e portar armas de fogo. O período do porte de armas também
foi estendido. Passou a durar três anos, ao invés de apenas um.
Mas o “pacote de bondades” dos nazistas não valia para uma parcela importante da
sociedade: os judeus. Ao mesmo tempo em que abrandavam as leis para os alemães
“puros”, os nazistas lançaram também a “Regulação Contra a Posse de Armas por
Judeus” (Regulations againts Jews’ possession of weapons). Assinada no dia 11 de
novembro de 1938, essa nova lei previa que judeus estavam proibidos de possuir, portar
ou comprar armas de fogo, munições e armas brancas; armas encontradas com judeus
seriam confiscadas e eles não seriam ressarcidos; quem violasse a lei estaria sujeito à
multa e até cinco anos de prisão.
A data da entrada em vigor da nova legislação não poderia ter sido mais propícia para a
tragédia. Entre os dias 9 e 10 de novembro de 1938, houve na Alemanha o que ficou
conhecido como Noite dos Cristais (Kristallnacht), devido às vidraças das lojas,
oficinas, escolas, casas, sinagogas e empresas de propriedade de judeus, que foram
quebradas e destruídas, numa série de ataques coordenados entre as milícias nazistas
(SA) e populares alemães contra judeus. Cerca de 90 judeus foram mortos nos ataques e
perto de 30 mil foram presos e enviados para campos de concentração. O registro de
armas, de 1928 só facilitou o trabalho das tropas da SS. Com os nomes dos judeus que
eram proprietários de armas de fogo em mãos, bastava aparecer na casa do indivíduo e
requisitar a entrega da arma. Em alguns casos, não só a arma era levada pelos nazistas.
O proprietário ia junto. Para nunca mais ser encontrado.
Segundo o JPFO (Jews for the Preservation of Firearms Ownership), organização
judaica defensora da posse de armas, a medida contra a compra e posse de armas por
judeus foi uma das primeiras e mais importantes iniciativas dos nazistas com relação à
“questão judaica”. Iniciativas essas que levariam ao posterior holocausto de mais de 6
milhões de judeus europeus nos anos seguintes.
A diferença entre nazistas e comunistas no tema armas
Com o inicio da Segunda Guerra e as subsequentes conquistas e a expansão do território
alemão, a lei sobre armas foi colocada em prática nos territórios ocupados. Franceses,
belgas, holandeses, tchecos, noruegueses, dinamarqueses, gregos, iugoslavos e
poloneses tiveram suas armas e seu direito ao porte confiscados, ao contrário do alemão
comum. O historiador Bernard Harcourt aponta essa característica como marcante na
diferença entre nazistas e comunistas.
Os comunistas viam todos como inimigos em potencial, numa eterna luta de classes
misturada à paranoia revolucionária e inimigos imaginários até debaixo da cama.
Portanto, o desarmamento deveria ser amplo, geral e irrestrito, como demonstrado nos
textos anteriores sobre o tema, em que tratamos da situação da antiga União Soviética,
da China, do leste europeu e de Cuba. Já os nazistas viam nos judeus a ameaça a ser
combatida e o mal a ser extirpado da face da terra, enquanto os povos conquistados
eram vistos com desconfiança. Por isso, o cidadão alemão comum tinha razoável
liberdade para compra e posse de armas de fogo, comparando-se com outros povos que
viveram sobre um regime autoritário.
No final da guerra, com a situação se deteriorando rapidamente, após as derrotas
catastróficas em Stalingrado, Kursk e na grande ofensiva soviética de 1944, civis
alemães foram estimulados a pegar em armas e combater, especialmente os invasores
russos na batalha de Berlim. Organizadas em outubro de 1944, e tendo o então ministro
da propaganda e ardoroso defensor da “Guerra Total”, Joseph Goebbels, como seu
comandante, as Volksturms (milícias populares), deveriam ajudar o que restava do
exército alemão a conter o avanço vermelho. Armados com o que tivessem, desde armas
civis até o que sobrara do armamento militar, essas tropas populares não foram páreo
para as tropas soviéticas, calejadas após quatro anos de conflitos e em número muito
maior. Tanto Goebbels quanto Hitler se suicidaram a tiros, no bunker de Berlim, entre
30 de abril e 1° de maio de 1945.
Situação atual
Após 1945, na antiga Alemanha Ocidental, as leis restringindo armas de fogo eram
bastante rígidas. Num primeiro momento, nem policiais eram autorizados a andar
armados. A venda de armas aos civis só foi liberada após 1956, com regras bastante
semelhantes à antiga lei de 1928. Nos anos 70, com a ameaça e os ataques terroristas
praticados pelos comunistas do Grupo Baader-Meinhof, a lei foi revista e ampliada
ainda mais.
Em 2002, após uma série de ataques com armas de fogo a escolas, avaliações
psicológicas tornaram-se obrigatórias para quem pretende possuir uma arma de fogo,
além de aumentar para 25 anos a idade mínima para a compra de uma arma. Emendas
em 2008 e 2009 proibiram armas de pressão e tasers, além de estabelecer vistorias
frequentes nas residências dos proprietários de armas de fogo. Militares e policiais tem
o direito de andar armados, mas a liberação de armas e munição é severamente
controlada em ambos os casos.
Para os civis, existe um sistema de licenças, que varia conforme a necessidade, o
interesse e a capacidade do individuo, baseado em diversas cores. Basicamente aqueles
que estão no nível verde podem ter até duas armas, sendo o mais fácil de conseguir. No
nível amarelo, até cinco armas de fogo. O nível vermelho é para colecionadores
registrados e aprovados. Quem já foi condenado por algum crime, possui histórico de
doenças mentais, vício em drogas, álcool ou histórico de comportamento agressivo é
automaticamente impedido de obter uma licença para comprar ou portar armas de fogo.
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26 comentários
Matheusdisse:
10 de junho de 2014 às 21:06
Matéria errada e muito subjetiva. Uma das coisas que os nazistas fizeram foi acabar
com as leis restritivas de porte de armas de Weimar. Porte de armas era até incentivado.
Claro, depois judeus não puderam portar armas, mas isso foi feito como um simbolo de
que eles não eram cidadãos. É indiferente para o poder do Estado o cidadão estar ou não
armado, rebeliões acontecem por meio de política. As armas aparecem sempre se essa
condição existir. Aliais, seria um sonho nazista os judeus resistirem armados. Imaginem
que na Noite dos Cristais (ela própria iniciada porque um judeu matou um alemão em
outro país) um judeu chega e metralha uns alemães que estão vandalizando sua
propriedade e ameaçando sua família.
Na Rússia czarista não tinha o menor, mas o menor controle de armas para ninguém.
Todo o camponês da Rússia tinha uma arma. Você acha que os agentes soviéticos
davam uma foda para que o camponês tinha uma arma ao avisar que sua terra seria
coletivizada.
Por que um regime militar seria mais proibitivo no porte de armas? Isso não foi verdade
nem na nossa revolução de 64.
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Luiz Giaconidisse:
Cara, se vai dar ctrl c + ctrl v no comentário que fez no face, que mudasse algumas
coisas… Segue a mesma resposta para a mesma crítica equivocada.
Sobre controle de armas na antiga URSS, basta ler os textos anteriores. Tem um
inteirinho sobre o assunto. Só uma dica: os comunistas davam uma baita de uma
foda pelas armas dos camponeses. O motivo está no texto, junto aos motivo de eles
não terem conseguido todas.
Já no nosso caso, isso só mostra que o nosso regime militar esteve longe de ser o
monstro que certas pessoas pintam, afinal, donos de armas praticamente não foram
incomodados…
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cascaodisse:
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ALDO MEDEIROSdisse:
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o Massimo Tagliavinidisse:
Nada errado.
Apenas muito, mas muito, mal apresentado muitos não leem com
atenção a matéria inteira. A “Chamada” é claramente indicativa de
que os nazistas promoveram o desarmamento.
Honestidade intelectual… SE os nazis não proibiram as armas
PORQUE falar deles numa matéria que trata “dos que promoveram o
controle de armas”?
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Andrédisse:
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Andrédisse:
Massimo Tagliavinidisse:
o Valdirdisse:
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Patricia Schaumdisse:
Um dos textos mais tendenciosos que já li. Se quiserem defender porte de armas,
pelo menos não o façam através de uma mentira!
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Gabriel C.disse:
Maior parte da população nem sequer suspeita? Conte-me mais sobre isso…
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Pedro Soaresdisse:
8 de julho de 2014 às 0:26
Excelente. Parabéns !
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Abraço.
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Felipedisse:
Meu caro tens email para se falarmos com mais detalhes sobre esse assunto?
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Caledoniandisse:
18 de agosto de 2015 às 0:53
É um grande erro considerar que a Alemanha nazista retirou as armas dos seus cidadãos,
só quem não conhece a história para dizer isso. Pelo contrário, em relação à República
de Weimar, que existiu antes dos nazistas assumirem, estes até afrouxaram as leis anti-
armas que já existiam na década de 1920.
Se querem dar credibilidade a essa matéria aconselho citar os países comunistas, esses
sim restringiram as armas aos seus cidadãos.
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Andrédisse:
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Andrédisse:
Além dos cidadãos de outras nacionalidades nos territórios ocupados pelos alemães.
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Zózimodisse:
21 de novembro de 2016 às 13:57
A série de textos é deveras interessante. No entanto, gostaria de saber em quais obras e
autores você conseguiu as informações compiladas, pois pretendo utilizá-las na minha
monografia e preciso citar a bibliografia.
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FALCON XENIXdisse:
13 de junho de 2017 às 2:51
Acredito que todos tem o direito de contar qualquer estória que lhe foi contata ou
exposta, porém nunca será igual a História passada por pessoas que relatam com fatos.
Leia – se : Por Stephen P. O Halbrook, PhD., J.D.
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FALCON XENIXdisse:
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Elisete Brandãodisse:
23 de fevereiro de 2018 às 19:33
Adorei todas as colocações, quero a segurança de um Povo armado de volta. Depois que
os Militares sairam do Poder, só vi meu País dar para trás em todas as áreas. Sou
gaúcha, tenho 60 anos, e na minha pequinês tento fazer algo para acordar o Brasil do
perigo do Foro de São Paulo.
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Fred Ignaciodisse:
20 de janeiro de 2019 às 19:20
Gostei do texto.