Você está na página 1de 44

ABSORÇÃO GASOSA: Colunas de recheio

Introdução
 
As colunas de recheio ou empacotadas são usadas com freqüência para
remover os contaminantes presentes num fluxo gasoso (por absorção,
operação em que a transferência de massa ocorre da fase gasosa para a
fase líquida). As colunas de recheio também são aplicadas na remoção de
componentes voláteis de um fluxo líquido, por contato com um gás inerte
com escoamento contracorrente (por dessorção ou esgotamento, ou seja,
a operação inversa da anterior, onde a transferência de matéria é da fase
líquida para a gasosa). Além disso, as torres recheadas, também são
utilizadas na destilação e resfriamento de um líquido. Neste capítulo
estudaremos a operação de transferência de massa denominada de
ABSORÇÃO GASOSA.
Projeto de uma coluna de recheio
Um equipamento muito utilizado par a absorção gasosa é a coluna de
recheio, como mostra esquematicamente a figura a seguir. Para a limpeza
de um gás “sujo” pode-se empregar também uma coluna de estágios (visto
no Capítulo 1).
1
Esquemas de colunas
recheadas para absorção

Tipos de recheios
 
Os recheios para a coluna podem ser randômicos (aleatórios) ou
estruturados (ordenado). Aí começa a “arte” de projetar colunas
empacotadas. Não existem regras claras que orientem a escolha entre o
empacotamento ao acaso ou randômico e o estruturado. A experiência,
adquirida na prática (empirismo), certamente é o melhor guia na escolha. 2
Algumas características dos recheios randômicos:
Faixa de tamanho mais usual: entre 6 e 75 mm ou (1/4 a 3 in)
Os recheios são fabricados com materiais mais baratos e inertes tais
como: plásticos, cerâmicos e em alguns casos os recheios são feitos de
com chapas finas de alumínio, aço e outras ligas especiais.

Alguns tipos de recheios randômicos ou aleatórios: (a) Anéis de


Raschig; (b) Anel de Pall metálico; (c) Anel de Pall plástico; (d) Selas de
Berl; (e) Selas Intalox cerâmica; (f) sela Super Intalox plástico; (g)
sela Intalox metálica. 3
Alguns tipos de recheios randômicos ou aleatórios (continuação)

4
Alguns tipos de recheio randômico de alto desempenho (High performance
Random Packing) podem se fabricados em aço carbono, aço inoxidável,
cobre, alumínio, titânio, zircônio e outras ligas sob consulta. Oferecem
elevadas áreas específicas (m2/m3) para a transferência de massa e baixa
perda de carga.
IMTP e Hy-Pak fabricado pela NORTON (Colunas com recheio de alto
desempenho são mais eficientes que as colunas de estágios)

IMTP Hy-Pak

5
Recheios estruturados

6
Colunas de recheio p/ absorção: principais componentes

Aspectos operacionais
importantes:

a) Distribuição do
líquido no topo
b) Distribuição do
gás no fundo

7
Principais componentes (continuação) e outros tipos de recheio

8
T a m a n h o D e n s id a d e Á re a F a tor d e
T ip o M a t e r ia l n o m in a l, B u lk , e s p e c íf ic a , P o r o s id a d e e p a c o t a m e n t o
in lb / f t 3
ft2/ft3 F P f P
½ 5 5 112 0 ,6 4 5 8 0 1 ,5 2
A n é is C e r â m ic o 1 4 2 5 8 0 ,7 4 15 5 1 ,3 6
R a s c h ig 1 ½ 4 3 3 7 0 ,7 3 9 5 1 ,0
2 4 1 2 8 0 ,7 4 6 5 0 ,9 2
1 3 0 6 3 0 ,9 4 5 6 1 ,5 4
M etal 1 ½ 2 4 3 9 0 ,9 5 4 0 1 ,3 6
A n é is 2 2 2 3 1 0 ,9 6 2 7 1 ,0 9
Características de P a ll P lá s t ic o 1 5 ,5 6 3 0 ,9 0 5 5 1 ,3 6
alguns tipos de 1 ½ 4 ,8 3 9 0 ,9 1 4 0 1 ,1 8

recheios randômicos S e la s ½ 5 4 14 2 0 ,6 2 2 4 0 1 ,5 8
B erl C e r â m ic a 1 4 5 7 6 0 ,6 8 110 1 ,3 6
1 ½ 4 0 4 6 0 ,7 1 6 5 1 ,0 7
½ 4 6 19 0 0 ,7 1 2 0 0 2 ,2 7
1 4 2 7 8 0 ,7 3 9 2 1 ,5 4
FP : fator para a perda S e la s C e r â m ic a 1 ½ 3 9 5 9 0 ,7 6 5 2 1 ,1 8
I n t a lo x  2 3 8 3 6 0 ,7 6 4 0 1 ,0
de carga e fP 3 3 6 2 8 0 ,7 9 2 2 0 ,6 4
coeficiente relacionado S uper
C e r â m ic a
1    6 0 1 ,5 4
I n t a lo x  2    3 0 1 ,0
à transferência de  
1 0 ,9 7 4 1 1 ,7 4
massa (sistema NH3- IM T P M etal 1 ½   0 ,9 8 2 4 1 ,3 7
2   0 ,9 8 18 1 ,1 9
água)
1 19 5 4 0 ,9 6 4 5 1 ,5 4
H y-Pak M etal 1 ½    2 9 1 ,3 6
2 14 2 9 0 ,9 7 2 6 1 , 0 99
FP

10
Contato entre o gás e o líquido na coluna de recheio:
Definições preliminares:
Gx = fluxo mássico de líquido na coluna (lb/ft2 h)
Gy = fluxo mássico de gás na coluna (lb/ft2 h)
A figura a seguir mostra dados experimentais típicos de queda de
pressão em função do fluxo de ar numa coluna de recheio.
log
P
L
 
versus log Gy para valores de Gx para um tipo de recheio

Queda de pressão na
coluna de recheio (selas
Intalox de 1 in) para o
sistema ar-água.

11
Considerações sobre a figura anterior
 
a) Recheio seco (Dry) ou: 2
linha reta:
P 150   0
1  
2
 u 1, 75 1     
y 0u 
 2
Eq. de ERGUN (OP1): L 22 dp  3dp
Para: u0  velocidade superficial do gás e  y  densidade média do gás
b) Recheio irrigado:
i) A queda de pressão aumenta em relação ao recheio seco, para um
mesmo valor de Gy , porque o líquido no interior da torre ocupa um
determinado espaço destinado ao fluxo de gás;
ii) Para um certo fluxo de líquido Gx e valores moderados de Gy não se
P
observa retenção de líquido na coluna, e a relação log
L
 
vs. log Gy é
LINEAR e paralela a linha de recheio seco;
iii) Para um certo fluxo de líquido e valores maiores de Gy começa a se
observar a certa retenção de líquido na coluna, nesse caso a relação
P
log
L
 
vs. log Gy deixa de ser LINEAR. Exatamente no ponto do
diagrama onde a relação deixa de ser linear é denominado de PONTO
DE CARGA (loading point) ponto C (condição operacional desejável);
iv)  Para incrementos de fluxo de gás Gy (após o loading point) a queda
P
de pressão aumenta rapidamente e as linhas de log
L
 
vs. log Gy
são praticamente verticais (queda de pressão do gás; maior ou igual a 2
in de H20/ft de recheio); 12
v) Aumentando um pouco mais Gy ,a quantidade de líquido acumulada no
interior da coluna e tal que impede a passagem de gás e essa condição
limite INDESEJÁVEL é denominada de velocidade de INUNDAÇÃO
(flooding point), ponto I da figura;

Considerações gerais sobre o contato gás-líquido em colunas de recheio:


P
Não é FÁCIL a identificação do diagrama log
L
 
vs. log Gy os pontos de
carga (C) e de inundação (I). Mais o engenheiro tem que saber prever, a
partir de diagramas ou correlações empíricas, as condições de
INUNDAÇÃO da coluna.
A figura a seguir mostra um digrama experimental para a determinação do
fluxo de inundação da coluna.
Um diagrama largamente utilizado para determinar a queda e pressão em
coluna recheada para absorção é mostrada na próxima figura. Nessa
figura os adimensionais característicos da absorção gasosa são:
Gx y As variáveis dos adimensionais devem
Abscissa: (necessariamente) serem expressas em:
Gy x  y Gx e Gy : fluxos de líquido e gás em lb/ft2s
2 x : viscosidade do líquido em centiPoise
Ordenada:
 
Gy FP x 
0,1
x e y : densidades do líquido e gás em lb/ft3
 
gc x   y y
gc  32,174
lbf ft
13
lb s2
Para quedas de pressão (P / L) maiores 1,5 in e H20/ft de recheio a coluna
DEVE estar da iminência ou muito próxima da condição de inundação.
Pode-se utilizar também uma correlação empírica para calcular a queda de
pressão na condição de inundação: 0,7  in H2O 
Pflood.  0,115 FP   
 ft recheio 
p / 10  FP  60

Para FP  60 :
P in H2O
 2, 0
L ft recheio
coluna inundada

Fluxo de gás de inundação para selas Intalox cerâmicas ( sistema ar-água).


14
Diagrama genérico para o cálculo da queda de pressão em colunas recheadas.

2
 
Gy
0,1
FP x 
gc x   y  y

Gx y
Gy x   y 15
Diagrama genérico para o cálculo da queda de pressão em colunas recheadas.

water

x
Gx e Gy : fluxos de líquido e gás em lb/ft2s lbf  ft
x : viscosidade do líquido em centiPoise gc  32,174
lb  s2
x e y : densidades do líquido e gás em lb/ft3 16
Diagrama alternativo para o cálculo da queda de pressão em colunas
recheadas (proposto por Strigle)

y
Factor Capacity : Cs  u0 u0  velocidade superficial
 x   y  do gás em ft/seg. 17
Velocidade de inundação para coluna com recheio estruturado

u0,f  velocidade de inundação em m/s Mellapak SULZER


Montz B1 MONTZ
Gempak KOCK-GLITSCH

18
Cálculo do diâmetro da coluna de recheio para Absorção (DT)
O diagrama da Figura 7 também pode ser utilizado para calcular o diâmetro da
coluna ( DT ) de recheio da seguinte forma: 2
 DT 
Área da secção transversal da coluna: AT 
'
4
Gx' Gy Gx  y Gx' y
Gx  e Gy  assim, 
AT AT Gy x   y G'y x  y
2
Gx' y P   FP x 0,1
Gy
com e a queda de pressão obtém-se a ordenada
G'yx   y L gc x   y   y
 
com as condições operacionais FP , x , x e  y pode-se calcular Gy e depois:
G'y  DT 2 4G'y
AT   então: (diâmetro da coluna de recheio) DT 
Gy 4 Gy
Exemplo 1: Cálculo do diâmetro e queda de pressão para a coluna de absorção.
Uma torre de absorção com recheio constituído de selas Intalox de 1 polegada
(25,4 mm) é empregada para “limpar” 25000 ft 3 (708 m3) de gás por hora. O gás à
entrada da coluna, à temperatura e 68°F (20ºC) e a 1,0 atm, contém 2,0% (volume)
de amônia. Água pura é utilizada como solvente absorvedor. A razão entre as taxas
de gás e água é de 1,0 lb de gás para 1,0 lb de líquido. Calcular:
(a) O diâmetro da coluna, para um fluxo de gás igual à metade da condição de
inundação,
(b)  Qual a queda de pressão na coluna se o recheio tem 20 ft (6,1m) de altura. 19
Solução:
Cálculo do peso molecular médio do gás à entrada da coluna (98% de ar e 2% de
lb
NH3): PMy  29  0, 98  17  0, 02  28, 76
lb mol
ft3  atm
Constante dos gases ideais: R  0, 7302
lbmol  R
então, a densidade media do gás é R  T(F)  460  68  460  528 R :
lb
28, 76  1, 0 atm
PMy  P lb mol lb
y    0, 0746
RT ft3  atm ft3
0, 7302 528  R
lb mol  R
Gx Gx'
(a) Utilizando a Figura 6 (selas Intalox de 1 in), para   1 temos:
Gy Gy '
lb
 
Gy
flood
 1700 2
ft h
inundação  ou Gy  flood
 0, 472 2
lb
ft s
Gy  0, 472 lb
A coluna deve operar com: G y 
op
 flood
2

2
 0,236
ft2 s
' ft 3 1 h lb lb
A taxa mássica total de gás é: Gy  25000   0, 0746 3  0, 518
h 3600 s ft s
lb
G'y 0,518 2
Área   s   D T   2,19 ft2 DT  1, 67 ft (509 mm)
Gy lb 4
0,236 2 20
ft s
(b) Cálculo de P , sabe-se que:
L
 
Gy 1700 lb
 
Gy
op
 flood
2

2
 850 2  Gx
ft h
Propriedades físicas adicionais (água):
Gx ft  lb
 1, 0 gc  32,174
Gy lbf  s2
lb
x  62,3 3 x  1 cPoise
ft

Gx y 0, 07465
Abscissa:  1  0, 0346
Gy x   y 62,3  0, 0746
2
Ordenada:
  FP x 0,1 
Gy 0,2362  92  10,1  0, 0343
gc x   y   y 32,174  62,3  0, 0746   0, 0746
P in H2O
Intersecção do gráfico da Figura 7:  0,23 int erpolação 
L ft de recheio
in H2O
Queda pressão coluna: P  0,23  20 ft de recheio  4, 6 in H2O
ft de recheio 21
Q(m3 / s)P mm H2O 
(valor utilizado para o cálculo da potência do soprador) P(CV) 
75 
onde   eficiência do conjunto motor-soprador
 m3 1h   25, 4 mm 
 708    4, 6 in  
h 3600 s  in 
para   70% e P  4, 6 in H2O então: P(CV)   
75  0, 70
ou P(CV) = 0,43 CV ou soprador de ½ CV.

22
Esquema típico com colunas de absorção-dessorção

23
Princípios da Absorção
Definições preliminares:
V e L: taxas molares de gás e líquido num determinado ponto (mesma posição) no
interior da coluna, respectivamente.
y e x: frações molares de soluto (A) no gás e líquido no mesmo ponto citado
anteriormente. Balanço material global no volume de controle:
La  V  L  Va (1)
Balanço material global para o componente A (soluto) no
volume de controle:
La xa  V y  L x  Va ya (2)
Explicitando y na Eq. (2), temos a Linha de Operação para
absorção em coluna de recheio:
L V y L x
y x a a a a (3)
V V
Na Eq. (3) x e y representar a composição bulk das fases
em contato. Naturalmente, em problemas reais tem-se que
rigorosamente: V, L, x e y depende da posição no interior da
coluna.
Condição limite para razão gás-líquido na coluna de recheio: Lmin .
Para a determinada taxa de gás à entrada ( Vb ), qual a menor
taxa molar de líquido à entrada da coluna ( La ).
24
A figura mostra a representação da LO para absorção gasosa ou a Equação 3

L
Para sistema diluídos:  cons tan te , ou Linha
de Operação LINEAR V
L yb  ya
   (4)
 V op. xb  xa
L yb  ya  yb  ya 
   * ou Lmin .  V  *  (5)
 V min . xb  xa  
 xb  xa 
Na condição de taxa MÍNIMA de líquido na coluna
de absorção, o líquido absorvedor encontra-se
saturado (equilíbrio com o gás) na base da coluna.

Taxa de Absorção
Princípios da transferência de massa entre as fases na interface gás-líquido (teoria
do duplo filme) para a destilação e absorção gasosa é representada nas figuras a
seguir:

A = componente mais volátil A = soluto muito solúvel 25


Soluto muito solúvel ????
Inclinação “local” da relação de equilíbrio m ou H assume um valor muito PEQUENO
o que vale dizer mesmo para um gás diluído que:

A taxa molar de ABSORÇÃO na coluna por unidade de volume, da teoria de duplo


filme, é dada pelas seguintes relações:
r  ky a  yA  yAi  (6)
r  kx a  xAi  xA  (7)
  
r  Ky a yA  yA*  Kx a xA*  xA  (8)
xA e xAi = fração molar do soluto no líquido bulk e na interface, respectivamente
yA e yAi = fração molar do soluto no gás bulk e na interface, respectivamente
a = área interfacial específica (por unidade de volume), que é uma característica do
tipo
*
de recheio
* [ft2/ft3 de recheio];
xA e yA fração molar do soluto em equilíbrio nas fases
ky e kx : coeficientes individuais ou peliculares molares de transferência de massa,
lb mol   kg mol 
nas fases gasosa e líquida, respectivamente  2  ou
  ;
2
 h ft   s m 
Ky e Kx : coeficientes globais molares de transferência de massa, nas fases gasosa
lb mol   kg mol 
e líquida, respectivamente  2
ou  2
.
26
 h ft   s m 
 2

 lb mol ft lb mol 
Unidades de r (taxa molar de r   a dim ensional  
absorção por unidade de volume) h ft2 ft3        h ft3 
 fração molar 
A composição do soluto na interface  xi, yi  pode ser obtida, a partir da Linha do
Operação, e das Eqs. (6) e (7): y  yi kx a
 (9)
xi  x ky a
Obs: para calcular as composições na interface precisamos do conhecimento dos
coeficientes peliculares na fase líquida e gasosa, como mostra a figura a seguir.
x e y  coordenadas da Linha de Operação

inclinação “local” da linha de equilíbrio (y*=mx+b) para o ponto com


coordenadas (x, y) e (xi, yi):

yi  y *
m
x  xi  x * xi  x
y  yi y  yi k a
tan g      x
x  xi xi  x ky a

Resistência à TM (predominantemente) na fase líquida ou


solubilidade do soluto no solvente é baixa:
y  yi
kx a  ky a  0 tan g    0  ou y  yi
xi  x 27
Para facilitar o entendimento (alguns exemplos):
y  yi
Caso 1: kx a  ky a  1    45
xi  x

Caso 2: 5
kx a  10 k a   soluto muito solúvel
y
y  yi
xi  x
 105     0 e yi  y *

Gás saturado na interface  yi  y *  ou negligenciável


a resistência à TM na fase líquida  x  xi 

O caso 2 (situação desejável): máxima força motriz na fase gasosa  y  y *

28
O força motriz na Absorção Gasosa é: y  y * (linhas verticais no diagrama y vs. x).
Os Coeficientes Globais molares de transferência de massa são determinados
conhecendo-se os coeficientes locais ou individuais e a inclinação local da curva de
equilíbrio (m) (Incursão em FT):
Reescrevendo a Eq. (8), teremos:
1

 y  y *   y  yi    yi  y *
(10)
Ky a r r r
Substituindo as Eqs. (6) e (7) na Eq. (10), teremos:
1

 y  yi    yi  y * 
Ky a ky a  y  yi  kx a  xi  x  (11)
Observar que a inclinação local da Linha e Equilíbrio é dada por (ver figura anterior)
y y*
m i (12)
xi  x
Dessa forma teremos:
1 1 m
  (13)
Ky a ky a kx a
Similarmente:
1 1 1
 
Kx a kx a mky a (14)
Obs: Sistemas de absorção de elevada solubilidade: kx a elevado ou m pequeno
1 1

Ky a ky a
29
Cálculo da altura da torre ou coluna de absorção (ZT)
 
No projeto de uma coluna para a absorção gasosa pode-se empregar qualquer uma
das quatro (4) equações para o cálculo da taxa molar de absorção, entretanto é
 
bastante usual a utilização do coeficiente global gasoso volumétrico Ky a . Efetuando
o balanço material diferencial na coluna da figura a seguir, de secção transversal S,
altura diferencial dZ e volume diferencial SdZ , negligenciando a variação da taxa
molar de gás V ao longo da secção (sistemas diluídos), teremos:
Vdy  Ky a  y  y *  SdZ (15)
       
taxa molar de soluto taxa molar de soluto do seio do gás
removida do gás para a int erface gás líquido em equilibrio

A Eq. (16) pode ser rearranjada, para Ky a , V e S constantes:


yb
Ky a S ZT Ky a S ZT dy
V  dZ 
V
  y  y * (16)
0 ya
A integral da Eq. (16) pode ser calculada diretamente
(analiticamente) ou determinada numericamente.

30
Unidades de Transferência
  HTU NTU
A Eq. (16) pode ser reescrita: V /S
b
dy
Ky a   y  y * 
ZT  (17)
a b
dy
Número de unidades de transferência (NTU):NOy    y  y * , a integral da Eq. (17);
a
que fisicamente representa a mudança da composição do gás na coluna (dy) dividido
pela força motriz média na coluna ou seja: NOy   yb  ya  /  y  y * média. O subscrito
Oy denota que a força motriz é global (O) e na fase gasosa (y).
V /S
Altura da unidade de transferência (HTU): OyH  , a outra parte da Eq. (17)
Ky a
que tem a dimensão de comprimento.
ZT  NOy  HOY (18)
Como determinar NOy e HOy ???
NOy  Diagrama y* vs. x, Linha Operação e Recuperação desejada.
HOy  Condições operacionais + correlações para transferência de massa ou
diagramas/figuras, usualmente disponíveis para recheio e sistemas mais comuns
Relação entre o Número de Unidades de Transferência (NTU) e Número Teórico
de Pratos (NTPN) 31
NTU = NTP, quando as Linhas de Operação e Equilíbrio forem lineares e
paralelas, nesse caso:
yb  ya
N  NOY  [Figura 13 (a)] (19)
yy*
NTU > NTP, quando as Linhas de Operação e Equilíbrio forem lineares e
divergentes [Figura 13(b)] ou seja, a inclinação da LO for maior que da LE.

Figura 13 Relação entre NTU e NTP.

ln   
 y  y* 
b 
b 

NTU  NOy 
yb  ya

yb  ya
 NTP 
 ay  y 
* 
a 
(20)
y

 ML yb  yb  ya  ya
*
 *
 
ln  b
 y  y a


ln 
b 
 y  y* 
b    b y*
 y 
* 
a 

 ay y * 
a   Kremser 32
Obs: Substituir alguns valores para fazer a verificação:
*
Exemplo: xa  0  ya  0 recuperação : yb  0, 03  ya  0, 001
*
Relação de equilíbrio: y  0, 9 x e xb  0, 01 , o que vale dizer yb*  0, 009
0, 03  0, 001
Assim, NTU  NOy   4, 41
 0, 03  0, 009  
 0, 001  0 
  0, 03  0, 009  
ln  
  0, 001  0  
  0, 03  0, 009    NTU > NTP
ln  
 0, 001  0 
NTP     2, 60
  0, 03  0, 001  
ln  
  0, 009  0  
Quando as Linhas de Operação e Equilíbrio forem LINEARES, o Número de Unidades
de Transferência é o quociente entre a variação de composição do gás e a diferença
média logarítmica na fase gasosa:
yb  ya
NOy  (21)
 y ML

 y ML 
 yb  yb*    ya  ya* 
(22)

ln  
 y  y* 
b b

  a a  
 y  y* 
33
A equação correspondente a Eq. (21), para a fase líquida é:
x  xa
NOx  b (23)
 x ML
Quando o líquido absorvedor estiver isento de soluto, i.e. xa  0 e ya*  0, expressão
alternativa que utiliza o fator de absorção A  L pode ser utilizada:
mV
A   yb ya  (A  1)  1  (24)
NOy  ln  
A1  A 
A equação correspondente a Eq. (24) para o caso de STRIPPING (limpeza do
mV
líquido) para o gás livre de soluto que utiliza o fator de stripping S  , teremos:
L
S   xa xb  (S  1)  1 
NOx  ln   (25)
S 1  S 
A altura da coluna de recheio para pode ser calculada empregando 4 equações:
LS dx
“Filme” líquido ZT  Hx Nx para Hx 
kx a
e Nx   xi  x  (26)

VS dy
“Filme” gasoso ZT  Hy Ny para Hy 
ky a
e Ny    y  yi  (27)

V S dy
Gás global ZT  HOy NOy para HOy 
Ky a
e NOy    y  y * (28)
LS dx
Líquido global ZT  HOx NOx para HOx  e NOx   (29)
Kx a  x * x  34
Formas alternativas para os coeficientes de transferência de massa:
Os coeficientes de transferência de massa no filme gasoso reportado na literatura
podem ser expressos utilizando como força motriz a diferença de pressão parcial
do soluto no lugar da fração molar de soluto no gás. Reescrevendo os coeficientes no
gás, teremos: ky a Ky a r  NA  kga pA  pAi 

kg a  e Kga  (30)  e pA  yA P
P P r  NA  ky a  yA  yAi  
lbmol 
onde P = pressão operação coluna. Unidades usuais para kga e Kga   3

 h ft atm 
Similarmente para o filme líquido pode-se expressar os coeficientes de TM,
empregando a diferença de concentração volumétrica do soluto no lugar da fração
molar de soluto no líquido. Reescrevendo os coeficientes na fase líquida, teremos:
kx a Kx a (31)r  NA  kL a cAi  cA 
kL a  e KL a   e cA  xA Mx
Mx Mx r  NA  kx a  xAi  xA 
onde Mx = densidade molar do líquido (kmol/m 3 ou lbmol/ft3 ). Unidades usuais:
 
 
lbmol
kL a e KL a   ou h-1 
 
3  lb mol 
 h ft  
3 
  ft  
Gy
Substituindo V/S (fluxo molar de gás) por GM  , nas Eqs. (26) e (28) e L/S
Gx M
(fluxo molar de líquido) por M L  , nas Eqs. (27) e (29), Podemos reescrever as
M
alturas de unidade de transferência, considerando M M  x 35
Cuidado com a nomenclatura:
V  taxa molar de gás G'y  taxa mássica de gás Gy  fluxo mássico de gás
GM  fluxo molar de gás
VS G VS G
Hy   M e HOy   M (32)
ky a kg a P Ky a Kg a P
LS LM G M Gx x L / S Gx x
Hx    x  e HOx   (33)
kx a kL a M kL a M kL a Kx a KL a

Gy  fluxo mássico de gás Gx  fluxo mássico de líquido kg / m2 h ou lb / ft2 h 


 
GM  fluxo molar de gás na coluna kgmol / m2 h ou lb mol / ft2 h 
 
LM  fluxo molar de líquido na coluna kgmol / m2 h ou lb mol / ft2 h 
3
 3


x  densidade do líquido kg / m ou lb / ft 

Reescrevendo a Eq. (14), considerando as Eqs. (32) e (33), teremos:


GM GM m GM LM
1

1

m
ou    ou ainda HOy  Hy  m GM Hx (34)
Ky a ky a kx a Ky a ky a k a L LM
   x   M
HOy Hy GM
m Hx
LM
Importante: em muito problemas de OP2, conhecemos H y e Hx ou essas alturas
podem estimadas por correlações. Assim a altura da coluna de recheio Z T pode ser
calculada por: ZT  HOy NOy e precisamos das variáveis: m, GM, LM, e NOy 36
Exemplo (Provão 1998): Uma coluna de absorção (ver figura) com área de secção
transversal de 0,29 m2, contendo anéis de Raschig de ½ in é utilizada na
recuperação de amônia de uma corrente de ar. A coluna, que opera a 25 °C e 1, 0
atm, recebe uma mistura ar-amônia (massa molar de 29 g/mol) com fração molar de
0,005 de amônia a uma vazão de 20 mol/h. O gás estabelece contato com uma
corrente de água cuja vazão é de 20 mol/h. Nas condições praticadas, considerando
o recheio e o sistema ar-amônia sob pressão atmosférica, a altura de uma unidade
de transferência (HTU) é dada por:
 kg 
HOy  0,35 G 0,1 L0,39 para HOy [metros] e G e L  2 
m h
A relação de equilíbrio é dada por: p = 1,12 x , sendo p a pressão parcial de amônia
no ar e x é fração molar de amônia na fase líquida. Considerar L e G constantes ao
longo da coluna. Supondo o processo controlado pela etapa de transferência de
massa no filme gasoso e desejando um percentual de recuperação de 75%, calcule a
altura da coluna para uma operação com fluxos contracorrentes.
Lembre-se que o número de unidades de transferência (NTU) é calculado pela
yb
expressão: NOy  dy
  y  y *
ya
em que y é fração molar de amônia na fase gasosa e y* é a fração molar de amônia
em equilíbrio com a fase líquida.

37
Solução:
Altura da coluna: ZT  NOy  HOy
Cálculos dos fluxos mássicos de gás (G) e de líquido (L) na coluna de recheio:
mol kg mol kg
20  18 10 3 20  29 10 3
L h mol  1,24 kg G h mol  2 kg
0,29 m2 h m2 0,29 m2 h m2
Obs: Nomenclatura do Provão
Cálculo da Altura de Unidade de Transferência : HOy  
HOy  0,35 G 0,1 L0,39  0,35 2 
0,1
1,24 0,39  0,345 m
L V y  La xa
Linha de Operação para Absorção: y x a a
V V
ou para sistema diluído (Va  V e La  L) e para L=V, teremos:
L V ya  L xa
y x  x  ya  xa (1)
V V
xa  0 (água pura)

Cálculo de ya?? yb  ya
Recuperação de 75% :  0, 75 ou ya  yb  0, 75yb  0, 005  0, 75  0, 005
yb
ya  1,25 10 3 Substituindo ya na Eq. (1), teremos: x  y  1,25 10 3 (2) 38
*
Relação de equilíbrio: p  1,12 x e p  y P (gás IDEAL), como P = 1,0 atm então:
p  y*  1,12 x (3) Substituindo (2) em (3) teremos: i 
y*  1,12 y  1,2510 3 
Força motriz global: y  y*   
y  1,12y  1, 410 3  0, 0014  0,12y
N
Cálculo do Número de Unidades de Transferência Oy  
yb yb  0,005
dy dy
NOy   ou NOy   0, 0014  0,12y
 y  y *
ya ya  0,00125
Mudança de variável: w = 0,0014 – 0,12y então: dw  0,12dy
w
1 b dw 1 1 0,005
 
0,12  w
NOy    ln w   ln 0, 0014  0,12y 
0,12 0,12   0,00125
wa
1   0, 0014  0,12 0, 005   
NOy   ln     3, 72
0,12   0, 0014  0,12  0, 00125   

ZT  NOy  HOy  3, 72  0,345 m  1,28 metros

39
Packed versus Plate Columns

Vantagens: Packed Column (coluna recheada) 

 Pequenas colunas recheadas (D < 2,0 m) são mais baratas;


 Vários tipos de recheios: materiais inertes com boa resistência química
e compatíveis com líquidos corrosivos;
 Boa eficiência (recuperações elevadas) com baixa queda de pressão e
adequadas para operar com vácuo;
 Podem operam com fluidos que formam espumas;
 Holdup ou retenção de líquido é menor.
Vantagens: Plate Column (coluna de pratos) 

 A etapa de limpeza dos pratos é mais simples;


 Alguns tipos de recheio (mais baratos: plásticos), entretanto têm baixa
resistência mecânica (podem danificar ou quebrar);
 Podem operar com taxas/fluxos de líquidos maiores, como conseqüência
uma operação mais econômica;
 Operação com valores baixos de taxas/fluxos de líquido e menos
problemática que coluna recheada (parte do recheio não “molhado”).

40
Os equipamentos mais usuais para absorção são as torres de pratos e torres
recheadas. A escolha deve ser feita em função de vários critérios. A literatura
mais específica apresenta algumas características que nos auxiliam a escolher a
torre mais conveniente.
De uma maneira geral as torres recheadas são recomendadas quando o sistema
é corrosivo, viscoso e com tendência a formação de espuma, e o projeto exige
baixo P, pequenos diâmetros (DT < 4ft) e elevados números de estágios.

As torres de prato por sua vez são recomendadas quando o sistema exige
limpezas constantes, e o projeto exige diâmetros maiores (D T > 4ft),
consideráveis taxas transferência de calor e maior flexibilidade de vazões ou
taxas de líquido e gás.
TORRES RECHEADAS

O projeto destas torres é semelhante ao das torres de pratos


ou outras, envolvendo considerações ligadas à operação
mecânica e eficiência do equipamento.

As considerações mecânicas de interesse nas torres são:


- P
- Capacidade
- Distribuidores e suportes
41
Os fatores relacionados com a eficiência do equipamento são:
- Distribuição e redistribuição de líquido;
- Área de contato gás-líquido.

Alguns princípios que devem ser lembrados no projeto:

·    A
torre deve ser projetada para operar na região de carga
loading (40 a 80% do flooding). Isto determina uma área
considerada ótima para uma eficiência máxima.
 
· A dimensão do recheio não deve ser maior do que 1/8 do
diâmetro da torre.
 
· A altura de cada secção de recheio é limitada a
aproximadamente 3DT para anéis de Raschig e 5DT para anéis de
Pall. Não é recomendado utilizar-se secção recheada maior que
20ft.
 
· Para sistema em que a resistência localiza-se
predominantemente na fase gasosa, recomenda-se utilizar
recheio com distribuição aleatória na coluna. Caso contrário usar 42
Alguns princípios que devem ser lembrados no projeto:
Para diâmetros de recheio maiores de 2” não é econômico utilizar
recheio distribuído aleatoriamente. A distribuição e
redistribuição do líquido na coluna é importante para corrigir a
migração do líquido para as paredes (porosidade maior).

A seqüência de projeto de uma torre recheada é a seguinte:

- Escolha do recheio
- Determinação do diâmetro
- Determinação da altura
- Avaliação da perda de carga
Altura de recheio equivalente a um prato teórico/equilíbrio
Height Equivalent to a Theorethical (equilibrium) Plate (HETP) ou
Height Equivalent to a Theorethical (equilibrium) Stage HETS)
Z
HETP  HETS  T
N
Altura de recheio equivalente a um prato teórico/equilíbrio
N = Número Ideal ou teórico de Estágios
ZT = Altura da coluna de recheio 43
Questão 46 (Engenheiro Processamento Junior 2011).
Uma torre absorvedora com 2 metros de altura de leito recheado realiza uma
separação correspondente a 5 estágios de equilíbrio. Nessa condição, o HETP
desse leito recheado será:
(A) 0,4 m
(B) 2,0 m Z 2
HETP  HETS  T   0, 4
(C) 2,5 m N 5
(D) 5,0 m
(E) 10,0 m
Questão 47 (Engenheiro Processamento Junior 2011). Pratos e recheios são
internos de torres, sendo empregados para promover o íntimo contato entre as fases
líquido e vapor numa torre de destilação. Para que os mesmos operem com uma
eficiência adequada de transferência de massa, é preciso que as condições
hidrodinâmicas da operação destes internos sejam adequadas. Comparando-se os
diferentes tipos de pratos e recheios, sabe-se que
(A) os recheios estruturados apresentam pior desempenho (eficiência de transferência
de massa e capacidade) do que os recheios randômicos. Errado
(B) os pratos valvulados são menos sujeitos aos problemas de gotejamento
(weeping) e arraste (jet flooding) do que os pratos perfurados. Certo
(C) entre os tipos usuais de pratos, aqueles dotados de borbulhadores são os que
apresentam menor flexibilidade operacional. Errado
(D) entre os tipos usuais de pratos os perfurados são os menos sujeitos aos problemas
de gotejamento (weeping) e arraste (jet flooding). Errado
(E) nos recheios randômicos o HETP é uma função diretamente proporcional ao tamanho
44
nominal do recheio, não importando a sua dimensão. Errado

Você também pode gostar