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Capítulo 7

Condições de Cristalização
Petrologia do magmatismo no MSJC (RN-PB), com ênfase no plúton alcalino Caxexa Nascimento, M.A.L. (2000) 79

CAPÍTULO 7

CONDIÇÕES DE CRISTALIZAÇÃO
7.1 - Introdução.

A utilização de geobarômetros, geotermômetros e tampões tem como objetivo estimar


as condições de pressão, temperatura e fugacidade de oxigênio atuantes nos magmas. O
emprego correto destes parâmetros envolve duas premissas igualmente importantes: c que a
assembléia mineral de interesse tenha alcançado o equilíbrio geoquímico; e d que o sistema
não tenha se reequilibrado durante os estágios finais de cristalização/resfriamento magmático,
de subsolidus ou devido a ação de eventos termotectônicos posteriores. Diversos são os
geobarômetros, geotermômetros e tampões encontrados na literatura, onde a utilização dos
mesmos depende da natureza do magma e das associações minerais presentes. A qualidade
dos geobarômetros, geotermômetros e tampões para rochas graníticas permite a obtenção
parâmetros físicos que servem de vínculos para interpretação do nível de alojamento/intrusão
e condições de cristalização (P-T-fO2).

7.1.1 - Geobarometria.

Um dos geobarômetros mais utilizados no estudo de rochas granitóides refere-se a


quantidade de AlT na hornblenda. Este geobarômetro foi inicialmente sugerido por
Hammarstrom & Zen (1986) e Hollister et al. (1987) de maneira empírica, sendo a seguir
demonstrado experimentalmente por Johnson & Rutherford (1989) e Schmidt (1992). Os
primeiros realizaram análises em rochas vulcânicas, enquanto que o segundo utilizou tonalitos
com paragênese mineral formada por hornblenda, biotita, plagioclásio, ortoclásio, quartzo,
titanita e óxidos de Fe e Ti. Schmidt (1992) sugere a aplicação do geobarômetro em lide para
os casos onde o anfibólio contem Si com valores entre 5,9 e 7,5 pfu e Ca entre 1,0 e 1,9 pfu, os
resultados sendo confiáveis para um intervalo de pressões entre 2,5 e 13 kbar. A correlação
linear entre o AlT na hornblenda e a pressão, deduzida por Schmidt (1992) e Hollister et al.
(1987), obedecem à respectivas equações:

P (r0,6 kbar) = - 3,01 + 4,76 AlTHb e


P (r1 kbar) = - 4,76 + 5,64 AlTHb

O geobarômetro do AlT em anfibólio foi aplicado em amostras do anfibólio-biotita


granito (Plúton Cabeçudo), biotita microgranito e monzonito da suíte básica a intermediária.
Os resultados segundo Hollister et al. (1987) e Schmidt (1992) estão na tabela 7.1. As pressões
obtidas para o Plúton Cabeçudo (7,2 kbar) são comparativamente maiores do que as
calculadas para as outras suítes, com valores médios entre 5,3 kbar e 5,6 kbar. Todavia,
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considerando-se os erros de aproximadamente 1,0 kbar e 0,6 kbar para os valores obtidos das
equações de Hollister et al. (1987) e Schmidt (1992), pode-se admitir que as pressões médias da
tabela 7.1 para as suítes analisadas se superpõem, embora o Plúton Cabeçudo mostre uma
tendência a ter pressões ligeiramente maiores. Pelo exposto, interpreta-se uma pressão de
cerca de 5-7 kbar para o reequilíbrio do AlT em anfibólio nesta porção do Maciço São José de
Campestre.

Tabela 7.1 - Valores de pressões calculadas para anfibólio-biotita granito (Plúton Cabeçudo),
biotita microgranito, suíte básica a intermediária e ortognaisses, considerando o
geobarômetro de AlT em hornblenda, segundo Schmidt (1992) e Hollister et al. (1987).
Pressão (r1 kbar) Pressão (r0,6 kbar)
Litologia Análise AlT
Hollister et al. (1987) Schmidt (1992)
1 2,134 7,3 7,2
2 2,177 7,5 7,4
Plúton 3 2,088 7,0 6,9
Cabeçudo 4 2,178 7,5 7,4
(MA-161A) 5 2,183 7,6 7,4
média 2,152 7,4 7,2
V 0,037 0,2 0,2
1 1,828 5,6 5,7
Biotita 2 1,810 5,5 5,6
microgranito 3 1,751 5,1 5,3
(MA-59) 4 1,835 5,6 5,7
média 1,806 5,4 5,6
V 0,033 0,2 0,2
1 1,697 4,8 5,1
2 1,735 5,0 5,3
Monzonito 3 1,746 5,1 5,3
(Básica a 4 1,726 5,0 5,2
intermediária) 5 1,780 5,3 5,5
(MA-197A) média 1,737 5,0 5,3
V 0,027 0,2 0,1
1 1,825 5,5 5,7
2 1,877 5,8 5,9
3 1,776 5,3 5,4
Ortognaisse 4 1,860 5,7 5,8
(substrato) 5 1,897 5,9 6,0
(MA-20) 6 1,880 5,9 5,9
média 1,853 5,7 5,8
V 0,040 0,2 0,2

A ausência da associação mineral adequada impossibilita a aplicação do


geobarômetro em foco para o Plúton Caxexa. Contudo, o fato de o álcali-feldspato granito ser
intrudido por soleiras e diques de biotita microgranito serve indiretamente para interpretar
pressões semelhantes às obtidas para estes corpos.

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7.1.2 - Geotermometria.

Diversos geotermômetros são utilizados na literatura com o objetivo de obter


temperaturas a partir de diferentes associações minerais, destacando-se os pares anfibólio-
plagioclásio (Blundy & Holland 1990), clinopiroxênio-ortopiroxênio (Kretz 1982), ortopiroxênio-
granada (Deer et al. 1996) e a saturação em Zr (Watson & Harrison 1983; Watson 1987).
O par anfibólio-plagioclásio utiliza a quantidade de AlIV existente no anfibólio
coexistente com plagioclásio em rochas saturadas em sílica. Blundy & Holland (1990)
mostraram que o principal vetor de mudança no anfibólio em função da temperatura reside
na molécula de tschermaquita [(Na -1)A(AlSi-1)T1], sendo baseada nas reações

edenita + 4quartzo Ù tremolita + albita e


pargasita + 4quartzo Ù hornblenda + albita,

sugerindo-se a equação

Na equação acima, Si representa número de átomos por fórmula (pfu), com P in kbar e
T em K. Para XAb >0,5, o valor de Y = 0; já para X Ab d 0,5, Y = - 8,06 + 25,5 (1-XAb)2. A temperatura
obtida corresponde à situação de equilíbrio geoquímico do par plagioclásio-anfibólio, com
precisão no intervalo de 35qC a 75qC. Este geotermômetro deve ser utilizado para
temperaturas entre 500q-1100qC, e assembléias com anfibólios contendo Si < 7,8 pfu e
plagioclásio com teor de anortita inferior a 92%. Como a maioria das rochas estudadas contêm
anfibólio em equilíbrio com plagioclásio e atendem às restrições propostas por Blundy &
Holland (1990), foram obtidas as temperaturas para o Plúton Cabeçudo, biotita microgranito,
suíte básica a intermediária e ortognaisses tonalíticos do substrato. Observa-se, então, que os
valores médios são muito semelhantes (743-759qC) para todas as suítes (tabela 7.2), tendo em
vista que os erros envolvidos nos cálculos são da ordem de 35qC a 75qC.
Um outro geotermômetro muito utilizado refere-se à saturação em Zr. O
comportamento do zircão no decorrer da geração e evolução de magmas crustais é
importante na compreensão de determinados aspectos geoquímicos dos magmas, já que ele
controla a distribuição de elementos traços (Y e os terras raras pesadas), e tem um papel
importante no estudo geocronológico (método U-Pb). O teor em Zr nas rochas pode ser usado
para estimar a temperatura de cristalização do zircão em líquidos saturados em Zr (Watson &
Harrison 1983). Partindo do princípio de que o coeficiente de partição do Zr entre cristal e
líquido é função da temperatura, esses autores estabeleceram diversas isotermas relacionando
a razão catiônica [M = (Na+K+2Ca)/(Al.Si)] vs. a concentração de Zr (em ppm) na rocha (fig.
7.1).

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Tabela 7.2 - Valores de temperaturas calculadas para anfibólio-biotita granito


(Plúton Cabeçudo), biotita microgranito, suíte básica a intermediária e
ortognaisses, considerando o geotermômetro plagioclásio-anfibólio de Blundy &
Holland (1990).
Temperatura
Litologia Análise P (Kb) Si (Anf) XAb r(35-75qC)
1 7,2 6,239 - 763
2 7,4 6,258 - 756
Plúton 3 6,9 6,274 - 759
Cabeçudo 4 7,4 6,246 0,76 758
(MA-161A) 5 7,4 6,244 - 758
média 7,2 6,252 - 759
V 0,2 0,013 2
1 5,7 6,439 - 733
Biotita 2 5,6 6,460 - 730
microgranito 3 5,3 6,526 0,81 721
(MA-59) 4 5,7 6,457 - 729
média 5,6 6,471 - 728
V 0,2 0,033 4
1 5,1 6,536 - 740
2 5,3 6,524 - 740
Monzonito 3 5,3 6,463 - 751
(Básica a 4 5,2 6,543 0,74 737
intermediária) 5 5,5 6,464 - 749
(MA-197A) média 5,3 6,506 - 743
V 0,1 0,035 5
1 5,7 6,547 - 742
2 5,9 6,509 - 746
3 5,4 6,583 - 738
Ortognaisse 4 5,8 6,528 - 743
(substrato) 5 6,0 6,512 0,69 744
(MA-20) 6 5,9 6,500 - 748
média 5,8 6,530 - 743
V 0,2 0,030 3

Figura 7.1 - Diagrama Zr vs. M com as isotermas


definidas por Watson & Harrison (1983). Em virtude das
rochas básicas a intermediárias possuírem valores de
M superiores a 2,5, as mesmas não foram plotadas
neste diagrama.

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Considerando que o zircão formou-se precocemente nas suítes estudadas, é possível,


estimar a suas temperaturas mínimas de liquidus. Watson (1987) propôs o cálculo da
temperatura pela equação

onde Zr é a concentração de Zr (em ppm) na rocha.


A aplicação desta equação nas diversas amostras analisadas resultou nos dados da
tabela 7.3. Considerando os desvios relativos às médias de temperatura das suítes estudadas,
pode-se admitir que o Plúton Caxexa e o biotita microgranito possuem temperaturas de
saturação em Zr bastante semelhantes, da ordem de 800qC. Já o Plúton Cabeçudo e a suíte
básica a intermediária revelam claramente temperaturas mais elevadas, de cerca de 850qC e
960qC, respectivamente. Os valores citados são tomados como estimativas mínimas das
respectivas temperaturas de liquidus, haja vista ser o zircão um mineral acessório precoce em
todas as suítes pesquisadas.

Tabela 7.3 - Temperatura de saturação em Zr, de acordo com cálculos sugeridos por Watson (1987).

Plúton Zr T (qC)
Caxexa (ppm) Watson (1987) Zr T (qC)
Microgranito
(ppm) Watson (1987)
MA-01 91,10 745
MA-08 123,20 770 MA-14A 135,60 778
MA-08A 120,00 768 MA-50 160,00 793
MA-12A 122,20 769 MA-59 191,00 809
MA-18 139,60 781 MA-61 186,00 806
MA-18A 139,90 781 MA-165 370,00 872
MA-21 83,10 738 MA-172 200,00 813
MA-23A 152,00 788 Média 207,10 812
MA-66 153,00 789 V (desvio) 75,96 29
MA-98 71,60 726
MA-99 93,50 747
MA-100 81,20 736 Básica a Zr T (qC)
MA-102 138,00 780 Intermediária (ppm) Watson (1987)
MA-112 42,20 687 MA-164A 598,00 923
Média 109,57 757 MA-164B 1039,00 988
V (desvio) 31,76 27 MA-186A 999,00 983
MA-197A 944,00 976
Plúton Zr T (qC) MA-198 569,00 917
Cabeçudo (ppm) Watson (1987) Média 829,80 957
MA-25 285,00 846 V (desvio) 203,56 31
MA-161A 317,00 856
MA-238A 335,00 862
Média 312,00 855
V (desvio) 20,68 7

Os dados termobarométricos das tabelas 7.1, 7.2 e 7.3 encontram-se em parte


representados na figura 7.2. Uma ressalva é que a ausência de anfibólio no Plúton Caxexa
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impediu a determinação da pressão. No conjunto, nota-se que as temperaturas deduzidas a


partir do par plagioclásio-anfibólio em biotita microgranito (MA-59), anfibólio-biotita granito
(Plúton Cabeçudo - MA-161A) e monzonito da suíte básica a intermediária (MA-197A) são
similares entre si, com valores médios entre 728qC e 759qC. O ortognaisse tonalítico do substrato
gnáissico-migmatítico (MA-20) também possui temperaturas no mesmo intervalo
supramencionado.

Figura 7.2 - Mapa ilustrando a distribuição espacial dos resultados termobarométricos.

Nas referidas unidades, têm-se pressões igualmente semelhantes, com valores entre 5,3
kbar e 7,2 kbar, este no Plúton Cabeçudo, apesar de os erros envolvidos nos cálculos
permitirem considerar que não há diferenças barométricas significativas. Portanto, infere-se
que ao final da orogênese brasiliana todas as unidades precambrianas da região foram
efetadas por um importante evento de cristalização magmática (suítes plutônicas) ou
reequilíbrio metamórfico (ortognaisse tonalítico do substrato). Este evento teria P e T da ordem
de 5,3-7,2 kbar e 728-759qC, respectivamente. Tais valores são corroborados por cálculos
termobarométricos obtidos em rochas granulíticas tardi-brasilianas (Z.S. Souza, em preparação)

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e granitóides sintectônicos (R.S.C. Nascimento 1998), ambos associados à Zona de


Cisalhamento Remígio-Pocinhos, a sul da área em lide.

7.1.3 - Fugacidade de Oxigênio (fO2).

A determinação da fO2 em rochas granitóides é freqüentemente dificultada em função


do reequilíbrio termodinâmico que ocorre no estágio de subsolidus e/ou durante os processos
de alteração posteriores. Nestas situações, comumente se modificam as composições de
magnetita e ilmenita primárias. Todavia, Wones (1989) sugeriu que a assembléia hedenbergita
+ ilmenita + oxigênio Ù titanita + magnetita + quartzo pode ser usada com relativa
confiabilidade na determinação do grau de oxidação de rochas granitóides. Este autor propôs
a equação:

onde P e T são dados em bar e qK, respectivamente.


A paragênese titanita + magnetita + quartzo, que define o tampão para a fórmula
acima, está presente no anfibólio-biotita granito (Plúton Cabeçudo) e no biotita microgranito.
Para tais unidades, a equação de Wones (1989) permitiu determinar os valores de fO2
representados na tabela 7.4 e na figura 7.3. Observa-se que o Plúton Cabeçudo tem
fugacidades relativamente maiores (fO2 | -14,1) do que o microgranito (fO2 | -15,2), ambos,
porém, situados no campo definido pelos tampões fayalita + magnetita + quartzo e
magnetita/hematita (fig. 7.3).

Tabela 7.4 - Cálculos da fO2 para o Plúton Cabeçudo e biotita microgranito,


segundo Wones (1989).
Log fO2
Litologia Análise P (bars) T (K)
Wones (1989)
1 7148 1036 -14,0
2 7353 1029 -14,1
Plúton 3 6929 1032 -14,1
Cabeçudo 4 7357 1031 -14,1
(MA-161A) 5 7381 1031 -14,1
média 7234 1032 -14,1
V 174 2 0,0
1 5691 1006 -15,0
Biotita 2 5606 1003 -15,1
microgranito 3 5325 994 -15,4
(MA-59) 4 5725 1002 -15,1
média 5587 1001 -15,2
V 157 4 -0,2

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Figura 7.3 - Diagrama fugacidade de oxigênio (log fO2) vs.


temperatura (TqC), mostrando a estabilidade de várias
paragêneses minerais (Wones 1989). Legenda semelhante a
da figura 7.1.

As rochas alcalinas possuem uma paragênese relevante para a caracterização da fO2


que é a coexistência de andradita+hedenbergita. Estes minerais são estáveis, e coexistem
numa faixa bem definida de fO2 e T (fig. 7.4), conforme determinado experimentalmente por
Liou (1974) e Gustafson (1974). Infelizmente, não é possível aplicar diretamente o resultado
gráfico da figura 7.4 ao álcali-feldspato granito (Plúton Caxexa) por ter o experimento sido feito
a 2 kbar, que é uma pressão bem inferior àquela interpretada para este plúton (vide 7.1.1).
Para aquela paragênese, Burton et al. (1983) propôs a equação:

sendo P e T dados em kbar e qC, respectivamente.


Considerando uma pressão média de aproximadamente 6 kbar e a temperatura
encontrada pelo geotermômetro de Zr (| 757qC), a equação de Burton et al. (1983) fornece
uma fO2 em torno de -12,1 (tabela 7.5). Esse valor é condizente com a presença de cristais
precoces de magnetita, indicando alta fO2 já no início da cristalização dessas rochas.

Figura 7.4 - Campo de estabilidade da associação


hedenbergita + andradita a 2 kbar de pressão conforme
predito por Gustafson (1974).

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Tabela 7.5 - Cálculos da fO2 para o álcali-feldspato granito, utilizando


a equação proposta por Burton et al. (1983).
Plúton T (qC) P Log fO2
Caxexa Watson (1987) (kbar) Burton et al. (1983)
MA-01 745 6 -12,1
MA-08 770 6 -12,1
MA-08A 768 6 -12,1
MA-12A 769 6 -12,1
MA-18 781 6 -12,1
MA-18A 781 6 -12,1
MA-21 738 6 -12,1
MA-23A 788 6 -12,1
MA-66 789 6 -12,1
MA-98 726 6 -12,1
MA-99 747 6 -12,1
MA-100 736 6 -12,1
MA-102 780 6 -12,1
MA-112 687 6 -12,1
Média 757 6 -12,1
V 27 0 0,0

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Capítulo 8
Caracterização Geoquímica
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CAPÍTULO 8

Caracterização Geoquímica
8.1 - Introdução.

Este capítulo tem como objetivo principal apresentar as características geoquímicas


das suítes magmáticas distinguidas com base em aspectos de campo (cap. 4) e petrográficos
(cap. 5). Deste modo, foram efetuadas 51 análises litogeoquímicas, sendo 21 do álcali-
feldspato granito (Plúton Caxexa), 8 do anfibólio-biotita granito (Plúton Cabeçudo), 10 do
biotita microgranito, 9 da básica a intermediária e 3 do granitóide aluminoso. As composições
químicas completas das suítes estudadas encontram-se nas tabelas 8.1 a 8.5. A tabela 8.6
ilustra as composições médias de cada uma, a partir dos dados daquelas tabelas. Os
elementos maiores e menores foram determinados por fluorescência de raios-X no Laboratoire
de Pétrologie et Tectonique da Universidade Claude Bernard I (Lyon), no Laboratório de
Fluorescência de Raios-X do Departamento de Geologia da UFRN (Natal) e no Centre de
Recherches Pétrographiques et Géochimiques - CRPG/CNRS (Vandœuvre). Os elementos
traços, incluindo os terras raras, foram obtidos por espectrometria de plasma de fonte gasosa
(ICP-MS) no CRPG/CNRS. O ferro total é reportado como Fe2O3t. A precisão analítica para os
elementos maiores é inferior a 2%, podendo alcançar 10% para aqueles de baixas
abundâncias (MnO, MgO, P2O5). Para os elementos traços, a precisão é superior a 5%,
chegando a 10% para os elementos com concentrações menores que 30 ppm.
O tratamento dos dados, como também a construção de diferentes diagramas
geoquímicos, foram feitos com os programas Excel, em ambiente Windows-95, e Newpet no
sistema MS-DOS (D. Clarke, versão 1994 - Mem. Univ. Newfoundland).

8.2 - Caracterização Química.

8.2.1 - Elementos Maiores e Menores.

Diagramas de Harker, considerando SiO2 como índice de diferenciação, para as cinco


suítes magmáticas podem ser vistos na figura 8.1. Esta figura e a tabela 8.6 servem para
caracterizar as particularidades geoquímicas das mesmas. Em todos os diagramas, as rochas
básicas a intermediárias se destacam por seus menores teores em SiO2 e K2O, e maiores Fe2O3t,
MgO, CaO, TiO2 e P2O5. Por outro lado, o álcali-feldspato granito (Plúton Caxexa) distingue-se
nitidamente por ter as mais elevadas quantidades de Na2O, Na2O+K2O e #Fe, e as mais baixas
de Fe2O3t, MgO, TiO2 e CaO. O anfibólio-biotita granito e o microgranito possuem composições
usualmente superpostas, porém o primeiro com tendência a ser enriquecido em

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Fe2O3t, MgO, CaO, TiO2 e P2O5, e mais pobre em Al2O3, ao se comparar rochas com o mesmo
valor de sílica. Apesar do pequeno número de amostras analisadas, o granitóide aluminoso
parece ter os menores SiO2, K2O, Na2O+K2O e #Fe, e maiores TiO2, Fe2O3t, MgO e CaO,
comparado com o anfibólio-biotita granito, álcali-feldspato granito e biotita microgranito.

Tabela 8.5 - Composição química em elementos maiores e traços e alguns


parâmetros geoquímicos representativos para o granitóide aluminoso.
Granitóide Aluminoso
Elementos MA-1873 MA-2141 MA-214A3 média V
SiO2 (% peso) 62,82 65,24 63,57 63,88 1,01
TiO2 0,95 0,53 1,03 0,84 0,22
Al2O3 15,75 16,13 15,86 15,91 0,16
Fe2O3t 7,99 4,77 7,18 6,65 1,37
MnO 0,17 0,05 0,13 0,12 0,05
MgO 3,43 1,52 1,67 2,21 0,87
CaO 1,60 3,07 2,77 2,48 0,63
Na2O 2,82 3,65 3,85 3,44 0,45
K 2O 2,78 4,29 3,40 3,49 0,62
P 2O 5 0,15 0,17 0,34 0,22 0,09
PF 1,40 0,59 0,93 0,97 0,33
Total 99,86 100,01 100,73 100,20 0,38
Ba (ppm) NA 1159 NA - -
Ga NA 20 NA - -
Nb 5 9 22 12 7
Ni NA 7 NA - -
Rb 92 189 96 126 45
Sr 172 459 275 302 119
V NA 50 NA - -
Y 36 25 20 27 7
Zr NA 205 NA - -
Na2O+K2O 5,60 7,94 7,25 6,93 0,98
Na2O/K2O 1,01 0,85 1,13 1,00 0,11
Rb/Sr 0,53 0,41 0,30 0,41 0,09
A/CNK 1,49 0,99 1,05 1,18 0,22
A/NK 2,06 1,51 1,58 1,72 0,24
IAG 0,53 0,73 0,68 0,65 0,08
#Fe 0,68 0,74 0,79 0,74 0,04
CoríndonN 2,06 0,16 1,59 1,27 0,80
Segue a mesma legenda da tabela 8.1.

Pelo exposto acima, é possível admitir que, dentre as suítes investigadas, a básica a
intermediária e o granitóide aluminoso não estão geneticamente relacionados às outras três. O
comportamento da primeira com respeito a Al2O3, MgO, CaO, Na2O e K2O reforça tal hipótese.
Já no que se refere ao granitóide aluminoso, os critérios de campo e petrográficos confirmam
sua gênese a partir de fusão parcial de metapelitos.
O comportamento geoquímico aparentemente semelhante de anfibólio-biotita granito
e biotita microgranito em vários gráficos poderia sugerir a existência de cogeneticidade entre
ambos, neste caso com o biotita microgranito representando os termos mais evoluídos.
Contudo, tal alternativa é enfraquecido pela presença de amostras de biotita microgranito
inclusive menos diferenciadas do que as menos evoluídas de anfibólio-biotita granito. Além do

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mais, a cogeneticidade deveria se refletir em trajetórias de diferenciação bem mais contínuas


nos diagramas em discussão (observar separação nos gráficos com Al2O3, Fe2O3t e TiO2,
principalmente).

Tabela 8.6 - Comparação de médias de composições químicas das suítes magmáticas em estudo, com
base nos dados das tabelas 8.1 a 8.5.
Plúton Plúton Biotita Básica a Granitóide
Caxexa Cabeçudo microgranito Intermediária aluminoso
Elementos média V média V média V média V média V
SiO2 (% peso) 72,70 1,28 67,59 1,18 70,75 3,30 55,80 1,78 63,88 1,01
TiO2 0,07 0,03 0,53 0,05 0,24 0,11 1,60 0,27 0,84 0,22
Al2O3 14,62 0,66 14,65 0,31 14,65 1,05 16,09 0,42 15,91 0,16
Fe2O3t 1,12 0,25 4,29 0,49 2,52 0,73 11,21 0,83 6,65 1,37
MnO 0,02 0,01 0,06 0,01 0,03 0,02 0,19 0,03 0,12 0,05
MgO 0,09 0,06 0,97 0,39 0,49 0,39 2,33 0,58 2,21 0,87
CaO 0,69 0,30 2,42 0,52 1,51 0,55 4,29 0,71 2,48 0,63
Na2O 5,01 0,81 3,25 0,18 3,30 0,28 4,27 0,12 3,44 0,45
K 2O 5,02 0,53 5,38 0,54 5,82 0,55 3,46 0,50 3,49 0,62
P 2O 5 0,04 0,02 0,20 0,04 0,11 0,04 0,50 0,11 0,22 0,09
PF 0,33 0,22 0,51 0,17 0,44 0,10 0,39 0,22 0,97 0,33
Total 99,73 0,50 99,85 0,77 99,86 0,40 100,12 0,26 100,20 0,38
Ba (ppm) 1997 591 1280 97 749 222 1389 314 - -
Ga 18 1 20 0 20 1 26 2 - -
Nb 11 4 16 3 10 5 42 6 12 7
Ni 3 1 9 5 4 1 18 4 - -
Rb 137 14 185 4 247 31 50 11 126 45
Sr 890 245 339 24 223 48 393 88 302 119
V 18 9 41 3 18 7 90 19 - -
Y 12 2 42 13 18 8 33 4 27 7
Zr 111 33 312 21 207 76 830 204 - -
Na2O+K2O 10,03 0,61 8,63 0,40 9,12 0,58 7,73 0,50 6,93 0,98
Na2O/K2O 1,02 0,23 0,62 0,10 0,57 0,08 1,26 0,17 1,00 0,11
Rb/Sr 0,18 0,09 0,55 0,03 1,22 0,29 0,14 0,05 0,41 0,09
A/CNK 0,99 0,03 0,94 0,04 1,01 0,04 0,87 0,05 1,18 0,22
A/NK 1,07 0,04 1,31 0,06 1,25 0,06 1,50 0,10 1,72 0,24
IAG 1,01 0,03 0,89 0,05 0,94 0,05 0,71 0,06 0,65 0,08
#Fe 0,94 0,02 0,81 0,04 0,84 0,05 0,82 0,03 0,74 0,04
DiopsídioN 0,95 0,82 1,87 1,32 0,95 0,25 2,86 2,02 - -
CoríndonN 0,64 0,21 0,24 0,17 0,84 0,40 - - 2,50 2,73

8.2.2 - Elementos Traços, Terras Raras e Diagramas Multielementares.

8.2.2.1 - Elementos Traços.

A figura 8.2 mostra as composições em alguns elementos traços das suítes em questão,
com base nos dados das tabelas 8.1 a 8.5. Esta figura fornece subsídios adicionais que
confirmam a discussão precedente no item 8.2.1. Assim, tem-se uma clara separação das
rochas básicas a intermediárias e do álcali-feldspato granito em praticamente todos os
diagramas (em especial, Rb, Ba, Sr, Zr e V). O granitóide aluminoso também mostra-se bem
individualizado com respeito a Rb, Sr, Nb e Y. Uma discussão mais precisa de anfibólio-biotita

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17 Al2O3 14 Fe2O3t
12
16
10
15 8

14 6
Álcali feldspato granito
Anfibólio biotita granito 4
13 Biotita microgranito
Básica a Intermediária 2
Granitóide aluminoso SiO2 SiO2
12 0
50 60 70 80 50 60 70 80

3,5 MgO 6 CaO


3,0 5
2,5
4
2,0
3
1,5
1,0 2

0,5 1
0 SiO2 0 SiO2
50 60 70 80 50 60 70 80

6,0 7,0
Na2O KO
5,5 6,5 2
5,0 6,0
4,5 5,5
5,0
4,0
4,5
3,5 4,0
3,0 3,5
2,5 3,0
2,0 SiO2 SiO2
2,5
50 60 70 80 50 60 70 80

2,5 0,8
TiO2 P2O5
0,7
2,0
0,6

1,5 0,5
0,4
1,0 0,3
0,2
0,5
0,1
SiO2 SiO2
0 0
50 60 70 80 50 60 70 80

Figura 8.1 - Diagramas do tipo Harker para óxidos, utilizando SiO 2 como índice de diferenciação. Os
dados estão nas tabelas 8.1 a 8.5.

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300 3000
Rb Ba
250 2500

200 2000

150 1500

100 1000

50 500

0 SiO2 0 SiO2
50 60 70 80 50 60 70 80

1400 1200
Sr Zr
1200 1000 Álcali feldspato granito
Anfibólio biotita granito
1000 Biotita microgranito
800
Básica a Intermediária
800 Granitóide aluminoso
600
600
400
400
200 200

0 SiO2 0 SiO2
50 60 70 80 50 60 70 80

30 120
Ni V
25 100

20 80

15 60

10 40

5 20
SiO2 SiO2
0 0
50 60 70 80 50 60 70 80

50 60
45 Nb Y
40 50
35
40
30
25 30
20
15 20
10
10
5
SiO2 SiO2
0 0
50 60 70 80 50 60 70 80

Figura 8.2 - Diagramas do tipo Harker para elementos traços, utilizando SiO 2 como índice de
diferenciação. Os dados estão nas tabelas 8.1 a 8.5.

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granito e biotita microgranito é dificultada pelo pequeno número de amostra do primeiro. Em


todo caso, o biotita microgranito revela-se mais enriquecido em Rb, enquanto o anfibólio-
biotita granito tem maiores teores em Ba, V e Y.

8.2.2.2 - Elementos Terras Raras (ETR).

Análises de elementos terras raras (ETR) das cinco suítes estudadas encontram-se nas
tabelas 8.7 a 8.10, e os respectivos espectros, plotados na figura 8.3. Uma característica
comum a todos os espectros é o enriquecimento nos terras raras leves (TRL), com LaN entre 200
e 500, exceto no álcali-feldspato granito (LaN=35-150), com razões (La/Sm)N entre 4,2 (suíte
básica a intermediária) e 6,6 (microgranito). Melhores distinções entre as unidades em lide são
reveladas pelo fracionamento dos elementos terras pesados (TRP), dada pela razão (Gd/Yb)N,
e pela anomalia de európio (Eu/Eu*), conforme se discute a seguir.
Os espectros de TRP são subhorizontais ou ligeiramente côncavos para cima no álcali-
feldspato granito [(Gd/Yb)N=1,1] e progressivamente mais fracionados em anfibólio-biotita
granito, granitóide aluminoso e rochas básicas a intermediárias, com razões (Gd/Yb)N de 1,73,
1,88 e 2,62, respectivamente. O biotita microgranito apresenta um comportamento mais
complexo (fig. 8.3c), com uma subdivisão em dois grupos: i) um com TRP pouco fracionados,
com YbN=10 e (Gd/Yb)N=2,73 (amostras MA-61, 165, e 172); ii) e outro com mais forte
fracionamento dos TRP, tendo YbN=2,5-5,0 e (Gd/Yb)N=6,76 (amostras MA-50 e 59).
Por fim, todas as suítes mencionadas, à exceção do álcali-feldspato granito, mostram
anomalias negativas de európio, com valores médios crescentes na seqüência biotita
microgranito (Eu/Eu*=0,54), anfibólio-biotita granito (Eu/Eu*=0,56), rochas básicas a
intermediárias (Eu/Eu*=0,73) e granitóide aluminoso (Eu/Eu*=0,78), sendo marcante a forte
anomalia negativa das duas primeiras. Um fracionamento importante de feldspatos,
combinado a variadas proporções de anfibólio, pode explicar os espectros discutidos (Hanson
1980).
O álcali-feldspato granito diferencia-se das demais unidades pela sua forte anomalia
positiva de európio, que varia de 1,46 a 2,04, com média de 1,74 (tabela 8.7). Isto fortalece a
suposição de prevalência de condições oxidantes, onde o Eu+3 seria a forma estável,
incompatível com a estrutura cristaloquímica de feldspato (Ragland 1989). A grande
quantidade de feldspatos, bem como a presença de titanita e apatita como fases acessórias,
justificam a anomalia positiva de európio, como também o ligeiro enriquecimento no TRL (vide
discussão anterior). Um maior volume de zircão no cumulado pode ser a causa do maior
fracionamento dos TRP no biotita microgranito, especialmente o grupo (ii).

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Tabela 8.7 - Análises de elementos terras raras para o álcali-feldspato granito (Plúton Caxexa).

Álcali-feldspato granito (Plúton Caxexa)


Elementos MA-08A MA-66 MA-112 MA-102 MA-98 MA-100 MA-99 média V
SiO2 (%peso) 70,84 70,90 71,81 72,27 72,60 73,02 73,23 72,10 0,89
La (ppm) 9,62 33,90 8,84 21,20 10,10 28,70 11,20 17,65 9,56
Ce 16,71 45,70 16,26 32,90 17,70 40,60 19,00 26,98 11,60
Pr 1,87 6,45 1,65 3,07 1,85 4,92 1,98 3,11 1,73
Nd 6,63 20,50 6,23 9,00 6,74 15,10 6,58 10,11 5,14
Sm 1,28 3,22 1,35 1,69 1,50 2,52 1,26 1,83 0,70
Eu 0,78 1,49 0,72 0,89 0,99 1,17 0,86 0,99 0,25
Gd 1,14 2,90 1,43 1,52 1,52 1,95 1,28 1,68 0,55
Tb 0,21 0,44 0,23 0,26 0,25 0,32 0,19 0,27 0,08
Dy 1,23 2,50 1,56 1,81 1,50 1,97 1,30 1,70 0,41
Ho 0,28 0,50 0,36 0,46 0,36 0,40 0,27 0,38 0,08
Er 0,74 1,32 1,08 1,31 1,03 1,14 0,75 1,05 0,22
Tm 0,14 0,22 0,20 0,24 0,17 0,18 0,14 0,18 0,04
Yb 1,02 1,32 1,34 1,67 1,16 1,26 0,95 1,25 0,22
Lu 0,17 0,19 0,23 0,25 0,19 0,17 0,14 0,19 0,03
6ETR 41,82 120,65 41,48 76,27 45,06 100,40 45,90 67,37 29,98
(La/Yb)N 6,40 17,13 4,44 8,57 5,88 15,37 7,96 9,39 4,53
(La/Sm)N 4,73 6,63 4,12 7,90 4,24 7,17 5,60 5,77 1,38
(Gd/Yb)N 0,91 1,78 0,88 0,74 1,06 1,25 1,09 1,10 0,32
Eu/Eu* 1,93 1,46 1,56 1,66 1,98 1,56 2,04 1,74 0,22
Eu/Eu* = EuN/[(SmN+GdN)/2].

Tabela 8.8 - Análises de elementos terras raras para o anfibólio-biotita


granito (Plúton Cabeçudo).
Anfibólio-biotita granito (Plúton Cabeçudo)
Elementos MA-161B MA-238B MA-25A média V
SiO2 (%peso) 67,50 67,86 69,08 68,15 0,68
La (ppm) 80,00 101,00 55,50 78,83 18,59
Ce 155,00 150,00 108,00 137,67 21,08
Pr 16,50 20,60 11,90 16,33 3,55
Nd 57,80 73,30 42,70 57,93 12,49
Sm 9,13 12,90 7,43 9,82 2,29
Eu 1,50 1,93 1,36 1,60 0,24
Gd 6,77 9,72 6,01 7,50 1,60
Tb 1,06 1,64 0,94 1,21 0,31
Dy 5,58 9,70 5,45 6,91 1,97
Ho 1,01 1,90 0,98 1,30 0,43
Er 2,93 4,83 2,77 3,51 0,94
Tm 0,48 0,81 0,44 0,58 0,17
Yb 2,84 5,20 2,77 3,60 1,13
Lu 0,44 0,78 0,44 0,55 0,16
6ETR 341,04 394,31 246,69 327,35 61,04
(La/Yb)N 19,01 13,11 13,52 15,21 2,69
(La/Sm)N 5,52 4,93 4,70 5,05 0,35
(Gd/Yb)N 1,93 1,51 1,75 1,73 0,17
Eu/Eu* 0,56 0,51 0,60 0,56 0,04
Eu/Eu* = EuN/[(SmN+GdN)/2].

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Tabela 8.9 - Análises de elementos terras raras para o biotita microgranito e granitóide aluminoso.

Biotita Granitóide
microgranito aluminoso
Elementos MA-165 MA-59 MA-61 MA-172 MA-50 média V MA-214
SiO2 (%peso) 68,03 71,46 71,65 72,22 72,70 71,21 1,65 65,24
La (ppm) 54,80 87,00 78,40 74,30 98,30 78,56 14,45 49,60
Ce 108,00 152,00 142,00 135,00 153,00 138,00 16,41 99,50
Pr 11,60 14,90 14,80 12,90 16,30 14,10 1,65 11,70
Nd 40,50 48,50 51,30 40,90 49,80 46,20 4,58 42,80
Sm 7,09 6,82 9,90 7,15 7,43 7,68 1,13 6,75
Eu 1,19 1,18 1,20 1,07 1,26 1,18 0,06 1,53
Gd 5,29 5,03 7,94 5,11 4,91 5,66 1,15 4,78
Tb 0,77 0,55 1,00 0,78 0,50 0,72 0,18 0,79
Dy 4,57 2,40 5,24 4,02 1,95 3,64 1,26 4,21
Ho 0,85 0,34 0,86 0,67 0,23 0,59 0,26 0,83
Er 2,26 0,98 2,02 1,77 0,66 1,54 0,61 2,14
Tm 0,36 0,11 0,26 0,25 0,07 0,21 0,11 0,32
Yb 2,19 0,77 1,83 1,52 0,48 1,36 0,64 2,06
Lu 0,26 0,12 0,25 0,26 0,06 0,19 0,08 0,32
6ETR 239,74 320,69 317,01 285,70 334,96 299,62 33,98 227,34
(La/Yb)N 16,89 76,46 28,92 32,99 137,66 58,58 44,38 16,25
(La/Sm)N 4,87 8,03 4,99 6,54 8,33 6,55 1,46 4,63
(Gd/Yb)N 1,95 5,29 3,51 2,72 8,23 4,34 2,24 1,88
Eu/Eu* 0,57 0,59 0,40 0,52 0,60 0,54 0,07 0,78
Eu/Eu* = EuN/[(SmN+GdN)/2].

Tabela 8.10 - Análises de elementos terras raras para a suíte básica a intermediária.
Gabronorito a monzonito (Suíte Básica a Intermediária)
Elementos MA-198A MA-164C MA-186A MA-164B MA-197B média V
SiO2 (%peso) 53,00 55,08 56,38 56,43 58,04 55,79 1,68
La (ppm) 64,20 97,00 105,00 87,90 81,10 87,04 14,00
Ce 128,00 198,00 208,00 181,00 161,00 175,20 28,49
Pr 14,70 23,20 22,90 21,80 18,80 20,28 3,19
Nd 55,80 91,00 86,40 82,10 72,90 77,64 12,45
Sm 9,50 15,00 13,90 13,40 12,80 12,92 1,86
Eu 2,33 3,13 1,99 2,94 3,18 2,71 0,47
Gd 6,65 10,50 9,50 10,90 9,84 9,48 1,50
Tb 0,93 1,42 1,24 1,38 1,34 1,26 0,18
Dy 5,23 7,53 6,57 6,81 7,39 6,71 0,82
Ho 0,90 1,33 1,11 1,28 1,35 1,19 0,17
Er 2,31 3,46 3,08 3,50 3,61 3,19 0,48
Tm 0,33 0,44 0,47 0,49 0,52 0,45 0,07
Yb 1,93 3,09 3,00 3,36 3,36 2,95 0,53
Lu 0,30 0,50 0,51 0,54 0,59 0,49 0,10
6ETR 293,11 455,60 463,68 417,39 377,78 401,51 62,22
(La/Yb)N 22,45 21,19 23,62 17,66 16,29 20,21 2,81
(La/Sm)N 4,25 4,07 4,76 4,13 3,99 4,24 0,27
(Gd/Yb)N 2,78 2,75 2,56 2,62 2,37 2,62 0,15
Eu/Eu* 0,85 0,73 0,50 0,72 0,83 0,73 0,12
Eu/Eu* = EuN/[(SmN+GdN)/2].

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1000 1000
[4,4<(La/Yb)N<17,1] MA-08A (SiO2=70,84) [13,1<(La/Yb)N<19,0]
a MA-66 (SiO=70,9 3) b
[4,1<(La/Sm)N<7,9] 2 [4,7<(La/Sm)N<5,5]
MA-112 (SiO2=71,81)
[0,7<(Gd/Yb)N<1,8] MA-102 (SiO2=72,27) [1,5<(Gd/Yb)N<1,9]
Rocha/Condrito

Rocha/Condrito
Eu/Eu* = 1,46 - 2,04 MA-98 (SiO=72,6
2 0) Eu/Eu* = 0,51 - 0,60
100 MA-100 (SiO2=73,02) 100
MA-99 (SiO=73,2
2 0)

10 10

álcali-feldspato granito MA-161B (SiO=67,50


2 ) anfibólio-biotita granito
(Plúton Caxexa) MA-238B (SiO=67,86
2 ) (Plúton Cabeçudo)
MA-25A (SiO2=69,08)
1 1
La Ce Pr Nd PmSm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu

1000 1000
[16,9<(La/Yb)N<137,7] [16,3<(La/Yb)N<23,6]
c [4,9<(La/Sm)N<8,3] d [4,0<(La/Sm)N<4,8]
[2,0<(Gd/Yb)N<8,2] [2,4<(Gd/Yb)N<2,8]
Rocha/Condrito

Rocha/Condrito

Eu/Eu* = 0,40 - 0,60 Eu/Eu* = 0,50 - 0,85


100 100
biotita microgranito

10 10
MA-165 (SiO2=68,03) MA-198A - 53,00
MA-59 (SiO=71,4
2 6) MA-164C - 55,08
MA-61 (SiO=71,6
2 5) MA-186A - 56,38 gabronorito a monzonito
MA-172 (SiO2=72,22) MA-164B - 56,43 (Suíte Básica a Intermediária)
MA-50 (SiO=72,7
2 0) MA-197B - 58,04
1 1
La Ce Pr Nd PmSm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu La Ce Pr Nd PmSm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu

1000
(La/Yb)N=16,3
e (La/Sm)N=4,6
(Gd/Yb)N=1,9 Figura 8.3 - Espectros de elementos terras raras (ETR) para
Rocha/Condrito

Eu/Eu* = 0,78 as suítes pesquisadas (dados nas tabelas 8.7 a 8.10). (a)
100 álcali-feldspato granito (Plúton Caxexa), (b) anfibólio-
biotita granito (Plúton Cabeçudo), (c) biotita
microgranito, (d) rochas básicas a intermediárias, (e)
10 granitóide aluminoso. Em todos os casos, usaram-se os
valores de normalização segundo Evensen et al. (1978).
granitóide aluminoso
MA-214 (SiO2=65,24)
1
La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu

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8.2.2.3 - Diagramas Multielementares.

A figura 8.4 apresenta diagramas multielementares para as cinco suítes magmáticas


pesquisadas, com base nos dados das tabelas 8.1 a 8.5 e 8.7 a 8.10. Desconsiderando as
anomalias, os padrões de álcali-feldspato granito, anfibólio-biotita granito, biotita microgranito
e granitóide aluminoso mostram uma inclinação global negativa (figs. 8.4a, b, c, e) entre Ba e
Yb, mais pronunciada para o biotita microgranito e o granitóide aluminoso, com
empobrecimento nos termos mais compatíveis. Isto pode significar que não houve mudanças
bruscas durante a evolução magmática. Os espectros da suíte básica a intermediária têm
uma trajetória média aproximadamente convexa para cima, com região de inflexão entre K e
Ce (fig. 8.4d). Neste caso, é possível ter havido uma mudança de comportamento compatível
vs. incompatível de determinados elementos durante a evolução daquele magma.

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Afora essas feições gerais, algumas particularidades também devem ser ressaltadas.
Anomalias negativas em Sr e P aparecem nas rochas básicas a intermediárias, no anfibólio-
biotita granito, no biotita microgranito e no granitóide aluminoso. Anomalias negativas em Ti e
Nb também ocorrem nas três últimas unidades. Anomalias positivas significativas de Zr e Sr
caracterizam as básicas a intermediárias e o álcali-feldspato granito, respectivamente. Estes
padrões podem ser explicados seja pelo fracionamento de fases acessórias do tipo apatita (Sr),
titanita (Ti, V) e magnetita (Ti, Nb), seja o reflexo da composição química da própria fonte que
originou os magmas em discussão.
A análise dos valores normalizados dos elementos mais compatíveis (na faixa Y o Yb),
permite visualizar alguns outros aspectos importantes para a compreensão de tais magmas. A
este respeito, destaca-se a inclinação nula a ligeiramente positiva para o álcali-feldspato
granito, bem distinto das rochas básicas a intermediárias, e do anfibólio-biotita granito. O
fracionamento de zircão pode explicar o comportamento das duas últimas suítes. O biotita
microgranito também mostra inclinação negativa entre Y e Yb, porém registra um
comportamento similar ao verificado anteriormente com respeito aos espectros de terras raras.
Ou seja, definem-se dois grupos: i) aqueles com YN e YbN em torno de 10 (amostras MA-61, 165,
172); ii) outro com YN e YbN em torno de 3 (amostras MA-50, 59). Apenas o subgrupo (i)
apresenta similaridades com o anfibólio-biotita granito, embora aquele tenha valores de YN a
YbN um pouco menores.

8.3 - Saturação em Alumina e Definição de Séries Magmáticas.

8.3.1 - Saturação em Alumina.

O índice de saturação em alumina, também conhecido por índice de Shand, considera


as razões molares A/CNK = Al2O3/(CaO+Na2O+K2O) vs. A/NK = Al2O3/(Na2O+K2O). Isto permite
classificar as rochas como metaluminosas, peraluminosas ou peralcalinas (fig. 8.5).
A utilização do índice de Shand em sua forma modificada por Maniar & Piccoli (1989)
mostra que o álcali-feldspato granito e o biotita microgranito são transicionais de
metaluminosos a ligeiramente peraluminosos e ambos possuem coríndon normativo inferior a
1,0 (tabela 8.6). Este caráter peraluminoso é creditado à pequena quantidade de CaO, e não,
necessariamente, ao excesso de Al2O3. O anfibólio-biotita granito e a suíte básica a
intermediária são caracteristicamente metaluminosos, ao passo que o granitóide aluminoso
plota no campo peraluminoso (fig. 8.5).

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Figura 8.5 - Representação das rochas plutônicas


estudadas, segundo o índice de Shand (Maniar &
Piccoli 1989).

8.3.2 - Definição de Séries Magmáticas.

Após a caracterização inter-elemental das suítes magmáticas da região pesquisada,


pretende-se, agora, definir a suas filiações magmáticas. Todavia, a utilização dessas rochas
graníticas bastante evoluídas, tem-se revelado algo problemática, haja vista que os diagramas
originais foram aplicados inicialmente à seqüências vulcânicas preservadas e só depois
extendidas a rochas plutônicas.
A figura 8.6 mostra as proporções catiônicas em termos de K, Na e Ca, originalmente
usado por Barker & Arth (1976) para diferenciar as séries evolutivas trondhjemíticas
(enriquecimento em Na) das cálcio-alcalinas potássicas (enriquecimento em K). O plote das
amostras analisadas neste diagrama clássico revela a clara separação do álcali-feldspato
granito (pontos próximos à arestra Na-K), enquanto que as demais suítes plotam ao longo da
linhagem de diferenciação cálcio-alcalina, com as rochas básicas a intermediárias na porção
menos evoluídas e o biotita microgranito na parte mais evoluída da mesma.

Figura 8.6 - Classificação das suítes plutônicas


estudadas de acordo com o diagrama
catiônico K-Na-Ca (Barker & Arth 1976).
Segue-se a mesma legenda da figura 8.5.

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Outro conjunto de diagramas classificatórios foram reunidos na figura 8.7. No primeiro


caso (fig. 8.7a), aplicado a rochas com SiO2 maior que 68%, as razões
(Al2O3+CaO)/(FeO+Na2O+K2O) e 100(MgO+FeOt+TiO2)/SiO2 indicam que os álcali-feldspato
granito e grande parte dos biotita microgranitos distribuem-se no campo de rochas alcalinas e
cálcio-alcalina fortemente fracionadas (fig. 8.7a). O diagrama catiônico R1-R2 (fig. 8.7b),
definido por De La Roche et al. (1980), demonstra a nítida afinidade alcalina do Plúton Caxexa.
No mesmo gráfico R1-R2, o Plúton Cabeçudo, os microgranitos e as rochas básicas a
intermediárias são transicionais de subalcalinas a alcalinas, sendo que as últimas se posicionam
na porção menos diferenciada das tendências enunciadas.
O índice de alcalinidade (Wright 1969) também serve para separar rochas cálcio-
alcalinas, alcalinas e peralcalinas. O referido autor propôs que para rochas com razão
K2O/Na2O de 1 a 2,5, emprega-se 2Na2O ao invés do total de álcalis na equação original
[Al2O3+CaO+(K2O+Na2O)]/[Al2O3+CaO-(K2O+Na2O)]. Caso isso não seja feito, rochas cálcio-
alcalinas de alto-K e sienitos cálcio-alcalinos deslocam-se para o campo alcalino (Wright 1969).
As amostras do Plúton Caxexa confirmam sua afinidade, plotando no centro do campo
reservado às séries alcalinas, não importando o índice de alcalinidade utilizado (figs. 8.7c, d).
Já o anfibólio-biotita granito e o biotita microgranito são classificados como cálcio-alcalinos
(Plúton Cabeçudo) ou transicionais a alcalinos (microgranitos) (fig. 8.7c), que é a mesma
tendência da suíte básica a intermediária (fig. 8.7d).
No tradicional diagrama TAS (total álcalis vs. sílica) (fig. 8.7e), onde são plotados
campos e tendências de séries granitóides (Lameyre 1987), as observações anteriores são
reforçadas. Praticamente todas as suítes posicionam-se acima da divisória alcalino vs.
subalcalino (Myashiro 1978), sendo que a básica a intermediária, o anfibólio-biotita granito e o
biotita microgranito alinham-se na tendência monzonítica, e o álcali-feldspato granito na parte
mais evoluída da linhagem alcalina saturada em sílica. Na figura 8.7f, relacionando a sílica
com a razão K2O/MgO (Rogers & Greenberg 1981), novamente tem-se a natureza transicional
cálcio-alcalina a alcalina do Plúton Cabeçudo e do biotita microgranito, com amostras do
Plúton Caxexa no campo alcalino e as básicas intermediárias não muito bem definidas.
Em resumo, os diversos diagramas geoquímicos disponíveis comprovam que as séries
magmáticas em lide são normalmente ricas em álcalis, mas distintas entre si. As rochas básicas
a intermediárias (menos diferenciadas), o Plúton Cabeçudo e o biotita microgranito mostram
características transicionais subalcalinas (cálcio-alcalinas) a alcalinas. As rochas do Plúton
Caxexa são as mais evoluídas e claramente plotando como alcalinas em todos os gráficos.

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Capítulo 9
Petrogênese e Ambiente
Tectônico
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CAPÍTULO 9

PETROGÊNESE E AMBIENTE TECTÔNICO


9.1 - Introdução.

O mecanismo essencial para a geração dos magmas é a fusão parcial de rochas


provenientes do manto, da crosta ou uma mistura complexa de ambos. Durante a ascensão, o
magma é submetido a uma série de processos físico-químicos (variação de P, T, fO2;
cristalização fracionada; mistura de magmas; contaminação), que ocasionam a modificação
parcial ou mesmo completa de suas propriedades físicas e constituição química original (Wilson
1989).
Um dos mecanismos clássicos de evolução dos magmas é a cristalização fracionada
(CF). Neste caso, critérios de campo (variações faciológicas gradacionais, presença de
enclaves cogenéticos ou cumulados) e petrográficos (cristais zonados de plagioclásio, olivina,
piroxênios; seqüência de cristalização) fornecem informações valiosas. Porém, tais observações
nem sempre são fáceis, ou definitivas, haja vista problemas do tipo falta de exposições
adequadas, dificuldade de acesso à regiões de contato, deformação e reequilíbrio
metamórfico. Em tais situações, faz-se uso de diagramas geoquímicos do tipo Harker, onde se
define um índice de diferenciação adequado (SiO2, #Mg) e se estuda o comportamento de
óxidos e elementos traços com respeito àquele índice (ex. figs. 8.1 e 8.2). Também é bastante
usado um diagrama bi-logarítmico, constituído de um elemento traço incompatível na abcissa
e outro compatível na ordenada (Hanson 1978).
No diagrama bi-log conforme acima descrito, Cocherie (1986) mostrou que curvas com
forte inclinação negativa representam processos de cristalização fracionada, enquanto que
curvas de fraca inclinação negativa, subhorizontais, refletem um mecanismo evolutivo por
fusão parcial. Os dois processos, ou seja, a cristalização fracionada (CF) e a fusão parcial (FP1 e
FP2) são descritos pelas equações

(CF) CL = C0 F(D-1) Rayleigh (1896) (1),


(FP1) CL = (C0 / D)(1-F)(1/D-1) Shaw (1970) (2), e
(FP2) CL = C0 / [D+F(1-D)] Shaw (1970) (3),
sendo CL = concentração do elemento traço no líquido diferenciado ou anatéxico, C0 =
concentração do elemento traço na fonte, D = coeficiente de partição global e F = grau de
fusão (= 1 - grau de cristalização).
A equação (1) (CF) refere-se aos processos de cristalização fracionada clássica
(Rayleigh 1896). A equação (2) (FP1) aplica-se à fusão parcial fracionada, onde o líquido
imediatamente após gerado se separa da fonte, instalando-se em uma câmara magmática. A

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equação (3) (FP2) concerne à fusão parcial em equilíbrio, que, embora fisicamente menos
comum, é mais fácil de modelar matematicamente (Wilson 1989).
A obtenção de dados geoquímicos, isotópicos e geocronológicos com maior facilidade
e de melhor precisão nos últimos anos tem levado diversos autores a proporem uma variedade
de modelos petrogenéticos para as suítes magmáticas em todo o mundo. O emprego de
parâmetro isotópicos e de determinados elementos traços, em conjunto com análises
litogeoquímicas e de química mineral, proporcionam a construção de vínculos precisos para a
tipologia de magmas, mecanismos evolutivos e a interligação com o ambiente tectônico.
O objetivo deste capítulo é a determinação dos mecanismos que atuaram na gênese e
evolução do magmatismo tardi-brasiliano na porção mais oriental do Domínio Seridó (o
Maciço São José de Campestre). Uma maior ênfase será dada ao Plúton Caxexa, com
tentativas de modelamento geoquímico da cristalização fracionada. Ao final, faz-se a
integração das informações obtidas no capítulo em lide, visando definir o ambiente tectônico
relativo a esses magmas.

9.2 - Anfibólio-Biotita Granito (Plúton Cabeçudo) e Biotita Microgranito.

Em virtude de mostrarem composição modal e padrões geoquímicos semelhantes, o


anfibólio-biotita granito e o microgranito são aqui tratados conjuntamente. Observações
petrográficas e texturais (cap. 5) sugerem uma seqüência de cristalização com plagioclásio,
anfibólio, titanita, magnetita, zircão e apatita, com biotita ligeiramente tardia em relação a
fenocristais de anfibólio e plagioclásio. Em linhas gerais, esta interpretação é corroborada pela
correlação negativa de Al2O3, Fe2O3t, MgO, CaO, Na2O, TiO2, P2O5, Sr, Zr, Ni, V e, apesar de
certa dispersão, de K2O, Rb e Ba (figs. 8.1 e 8.2).
O anfibólio-biotita granito e o biotita microgranito podem ser distinguidos entre si
apenas através de alguns elementos compatíveis, especificamente Y a Yb nas figuras 8.4b e
8.4c e Gd a Yb nas figuras 8.3b e 8.3c. Os teores relativamente mais baixos de Y e Yb no biotita
microgranito, discutido anteriormente, sugere ou forte fracionamento de zircão ou uma fonte
com retenção de granada. Uma informação adicional se obtém a partir de gráficos bi-logs (fig.
9.1). Usando Ba como elemento incompatível, em função de Sr, conclui-se que ambos
anfibólio-biotita granito e biotita microgranito seguem trajetórias evolutivas por cristalização
fracionada, contudo bem diferentes. As duas suítes podem ter se originado de uma mesma
fonte, a partir de graus de fusão distintos (menor para o biotita microgranito), ou, então, de
fontes diferentes. A hipótese de os biotitas microgranitos constituírem os termos mais evoluídos
do anfibólio-biotita granito, conforme admitido por Antunes (1999) no granito de Monte das
Gameleiras, não pode ser extrapolada para as duas suítes em lide, devido a: i) presença de
amostras menos diferenciadas de biotita microgranito (tabelas 8.2 e 8.3); ii) diferenças nos

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teores em Y e Yb (figs. 8.3b, 8.3c, 8.4b e 8.4c); iii) anfibólio e biotita mais ricas em MgO e TiO2 no
biotita microgranito, quando deveria se esperar o inverso.

Figura 9.1 - Diagrama confrontando elemento incompatível


(Ba) vs. compatível (Sr) para o anfibólio-biotita granito (em
vermelho) e o biotita microgranito (em amarelo). FP = Fusão
Parcial, CF = Cristalização Fracionada.

Dados isotópicos Sm/Nd e Rb/Sr de anfibólio-biotita granito e biotita microgranito


encontram-se nas tabelas 9.1 e 9.2. Os valores de HNd (600 Ma) são altos e negativos (-26,9 a -
20,0), os maiores no biotita microgranito, com idades modelo TDM Meso e Neoarqueanas (3,0 a
2,5 Ga) e idades TCHUR Neoarqueanas a Paleoproterozóicas (2,8 a 2,3). As razões iniciais ISr
(87Sr/86Sr), calculadas para 600 Ma (tabela 9.2), são relativamente elevadas, variando de 0,726
a 0,766 em biotita microgranito e 0,732 a 0,743 em anfibólio-biotita granito. Ambas as suítes são
bem mais enriquecidas em Sr radiogênico que rochas similares do Domínio Seridó Central (fig.
9.2). Vistos em conjunto, os valores de HNd (600 Ma) e ISr são coerentes com a hipótese de fontes
relacionadas ao manto litosférico, metassomatisado e ou contaminado com material crustal,
conforme sugerido para o Domínio Seridó Central (Jardim de Sá 1994) e parte do Maciço São
José de Campestre (Hollanda 1998, Hollanda et al. 1999a). A componente crustal
provavelmente foi a crosta arqueana aflorante alguns quilômetros a norte da área estudada
(vide fig. 1.2), conforme sugerem as idades modelo. Portanto, os ortognaisses tipo Complexo
Caicó, ca. 2.15 Ga (Dantas 1997), não devem ter participado ativamente na gênese do
magmatismo tardi-brasiliano.

Tabela 9.1 - Dados analíticos Sm/Nd para anfibólio-biotita granito, biotita microgranito, suíte básica a
intermediária, granitóide aluminoso e álcali-feldspato granito.
Rochas Amostras Sm Nd 147Sm/144Nd 143Nd/144Nd TDM TCHUR HNd
(ppm) (ppm) (Ga) (Ga) (600 Ma)

Álcali-feldsp. granito MA-01 1,19 6,05 0,119600 0,511271 2,88 2,68 -20,78
Anfibólio-biot. MA-238A 13,53 77,06 0,106349 0,511260 2,53 2,31 -19,98
granito
Biotita microgranito MA-156B 6,40 42,95 0,090500 0,511002 2,52 2,34 -23,80
Biotita microgranito MA-172A 5,03 31,03 0,103800 0,510896 2,98 2,84 -26,90
MA-164A 11,61 71,03 0,099400 0,511706 1,77 1,46 -10,73
Suíte básica a MA-186A 11,57 75,09 0,095600 0,511749 1,66 1,34 -9,60
Intermediária MA-197A 9,30 54,28 0,104100 0,511811 1,70 1,36 -9,04
MA-198 9,39 48,55 0,117500 0,511793 1,97 1,62 -10,42
Granitóide aluminoso MA-212 5,73 27,24 0,116952 0,512308 1,23 0,63 -0,50

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Petrologia do magmatismo no MSJC (RN-PB), com ênfase no plúton alcalino Caxexa Nascimento, M.A.L. (2000) 112

Tabela 9.2 - Dados analíticos Rb/Sr, (rocha total), para anfibólio-biotita granito, biotita microgranito
e álcali-feldspato granito.
Litologias Amostra Rb Sr Rb/Sr 87Sr/86Sr 87Rb/86Sr 87Sr/86Sr (600 Ma)

MA25A 181 314 0,576 0,75383 1,6754 0,73950


Anfibólio-biotita MA160A 159 406 0,392 0,75315 1,1381 0,74341
granito MA161A 190 372 0,511 0,74725 1,4835 0,73456
MA175 150 254 0,591 0,75483 1,7166 0,74014
MA238A 183 330 0,555 0,74599 1,6105 0,73221
MA156B 191 266 0,718 0,75874 2,0879 0,74087
Biotita MA160C 145 360 0,403 0,73561 1,1685 0,72561
microgranito MA165 225 320 0,703 0,76022 2,0449 0,74272
MA172A 279 222 1,257 0,79701 3,6681 0,76562
MA-01 147 1002 0,146 0,71326 0,7594 0,70676
MA-12 76 143 0,531 0,71725 1,5391 0,70408
Álcali-feldspato MA-12A 121 970 0,124 0,71002 0,3392 0,70712
granito MA-21 136 919 0,148 0,71014 0,3502 0,70714
MA-23A 149 345 0,432 0,71701 1,2507 0,70631
MA-166 126 1407 0,090 0,70944 0,2512 0,70729

Figura 9.2 - Comparação entre as razões iniciais de Sr de anfibólio-biotita granito (a) e biotita microgranito
(b), e as obtidas para rochas similares no Domínio Seridó Central (área cinza) segundo Jardim de Sá
(1994).

9.3 - Gabronorito a Monzonito (Suíte Básica a Intermediária).

A constituição petrográfica e textural desta unidade sugere uma seqüência de


cristalização com formação precoce de plagioclásio, anfibólio, orto e clinopiroxênios, com
biotita tardia (cap. 5). Diagramas de Harker para óxidos (fig. 8.1) mostram o decréscimo de
Al2O3, Fe2O3t, MgO, CaO, TiO2 e P2O5 com a diferenciação, o que é coerente com a suposição
de fracionamento daqueles minerais referidos acima, além de titanita, ilmenita e apatita. Por
outro lado, o aumento de K2O deve refletir a cristalização tardia de biotita. A trajetória curva
do Na2O pode ser explicada pela variação nas proporções relativas, no cumulado, de minerais
sódicos, com fracionamento mais significativo a partir de SiO2 | 55% (fig. 8.1).

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Embora o reequilíbrio metamórfico tenha causado a rehomogeneização química dos


minerais, ainda é possível reconhecer cristais de plagioclásio e piroxênios com relíquias de
zonação química. Além disto, tem-se uma variação petrográfica que sugere a existência de
mecanismos de cristalização fracionada na suíte em questão. Um outro critério usado na
dedução desse mecanismo são os diagramas bi-log da figura 9.3. Conforme referido na
introdução (item 9.1), a disposição das amostras segundo uma curva fortemente negativa
caracteriza o mecanismo petrogenético predominante como sendo a cristalização
fracionada.

Figura 9.3 - Diagramas relacionando um


elemento incompatível (Y) com outro
compatível (Ni e V) para a suíte básica a
intermediária. FP = Fusão Parcial, CF =
Cristalização Fracionada.

A origem das rochas básicas a intermediárias aparenta envolver uma fonte de


características geoquímicas particulares. Um dos aspectos que mais ressaltam nessas rochas é
o enriquecimento em elementos incompatíveis, especialmente os álcalis e os TRL. O
fracionamento de plagioclásio, anfibólio e piroxênio não explica adequadamente o forte
fracionamento dos ETR. Por outro lado, ao se considerar os termos menos evoluídos
(gabronoritos), cuja origem mais provável é o manto superior, a manutenção daquelas feições
geoquímicas requer um manto metassomatisado.
A análise isotópica de quatro amostras indica HNd (600 Ma) negativo, variando de -10,7
a -9,0 e idades modelo TDM entre 1,97 Ga e 1,66 Ga, e TCHUR de 1,62 a 1,34 (tabela 9.1). HNd (600
Ma) e TDM similares também são reportados para rochas básicas a intermediárias da região de
Japi (Hollanda et al. 1999a), e para o gabronorito Poço Verde (Dantas 1997; Z.S. Souza, em
preparação), situados a norte e nordeste, respectivamente da área em estudo. Portanto, a
suíte básica a intermediária em foco é interpretada como derivada de um manto litosférico
metassomatisado. Embora a presença de xenólitos de metapelitos em gabronoritos deixe em
aberto a possibilidade de interação e contaminação com material crustal, este não deve ter
sido o fator principal capaz de provocar um enriquecimento tão homogêneo por todo o
plúton. Logo, o manto litosférico, metassomatisado, deve ter contribuído como importante
fonte de magmas no final do Neoproterozóico.

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9.4 - Granitóide Aluminoso.

A pequena quantidade de análises química para esta unidade dificulta interpretações


com maior detalhe. No entanto, é possível verificar através de estudos petrográficos e texturais
(cap. 5) que a ordem de cristalização é dada por zircão, apatita, opacos, plagioclásio, biotita,
andaluzita e granada. O comportamento de Fe2O3t e MgO auxilia nesta interpretação. A
inclinação positiva de K2O em relação à sílica corrobora a cristalização mais tardia de biotita e
K-feldspato (fig. 8.1). De todo modo, as relações de campo demonstram que sua origem é
puramente crustal, sendo os protólitos os micaxistos granadíferos da unidade metassedimentar.
Uma análise isotópica Sm/Nd (amostra MA-212, localizada no extremo sul da área
pesquisada), resultou em uma idade modelo TDM de 1,23 Ga, com HNd (600 Ma) de -0,50 (tabela
9.1). Quando comparada com as demais suítes da área, essas rochas são as que apresentam
idade modelo e HNd (600 Ma) mais baixos.

9.5 - Álcali-Feldspato Granito (Plúton Caxexa).

9.5.1 - Mecanismo petrogenético.

O álcali-feldspato granito apresenta uma variação petrográfica e faciológica bastante


restrita, sendo caracteristicamente rochas hololeucocráticas e sem minerais hidratados
primários em sua mineralogia (cap. 5). Descontando os efeitos produzidos por possível
recristalização metamórfica, as relações texturais permitem interpretar uma seqüência de
cristalização com clinopiroxênio, titanita, feldspatos, apatita, zircão e magnetita compondo
fases precoces, e andradita tardia.
A grande quantidade de quartzo modal e a pouca variação petrográfica se reflete em
altas porcentagens de sílica, bem como em estreita faixa de variação da mesma (figs. 8.1, 8.2
e 9.4). Nesta última figura, algumas amostras destoam do grupo principal, conforme se nota
nos casos de Fe2O3t, CaO, Na2O e Ni. A amostra mais rica em sílica (MA-23A, 76,27% SiO2) tem
algumas características texturais ligeiramente diferentes em relação ao conjunto de álcali-
feldspato granitos, a saber: textura mais fina e fenocristais de quartzo globular com tonalidade
azulada. Tais feições sugerem que a MA-23A pode não ser cogenética ao Plúton Caxexa. As
demais amostras destoantes podem ter suas composições diferentes em alguns óxidos em
virtude de problemas analíticos, já que todas as outras feições macroscópicas, microscópicas e
texturais são similares ao conjunto de amostras que compõem o Plúton Caxexa.
Em linhas gerais, observa-se uma correlação negativa dos óxidos Al2O3, Fe2O3t, CaO e
Na2O, bem como dos elementos traços Sr, Ba e Ni, tendo SiO2 como índice de diferenciação
(fig. 9.4). O K2O não mostra uma tendência bem definida, ao passo que Rb aproxima-se do
comportamento incompatível. Estas características são coerentes com a seqüência de

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cristalização descrita acima. A correlação entre elementos compatíveis e incompatíveis


comprova que a seqüência mineral mencionada se desenvolveu por meio de mecanismos de
cristalização fracionada (fig. 9.5).

Figura 9.4 - Diagramas de Harker para o álcali-feldspato granito (Plúton Caxexa).

Figura 9.5 - Diagramas bi-log relacionando alguns elementos compatíveis (Sr, Ba e Ni) com um elemento
incompatível (Rb) para o álcali-feldspato granito (Plúton Caxexa). CF = Cristalização Fracionada, FP =
Fusão Parcial.

Com esta interpretação passou-se ao modelamento quantitativo da cristalização


fracionada. Inicialmente, fêz-se o balanço de massa considerando-se os óxidos e utilizando-se
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o programa XLFRAC (Stormer Jr. & Nicholls 1978). Para a execução do XLFRAC, foram usadas as
composições químicas dos minerais analisados na presente dissertação (clinopiroxênio,
andradita, titanita e magnetita) e outros encontrados na literatura (Deer et al. 1996), o
conjunto de dados representados na tabela 9.3. Dentre as amostras do Plúton Caxexa,
selecionaram-se aquelas mais representativas do líquido menos diferenciado, chamada de L0
(MA-08A), e a mais evoluída, ou L1 (MA-99), as duas recalculadas a 100% em base anidra
(tabela 9.4). Com base nas informações petrográficas, foram feitas várias combinações de
minerais fracionados, aplicando sucessivamente o programa XLFRAC. A cada ensaio, este
programa faz o balanço de massa, calculando as proporções relativas dos minerais no
cumulado, a taxa de cristalização fracionada e o erro estatístico total (¦r2). No caso ideal, a
hipótese mais adequada é aquela em que ¦r2 é próximo de zero.
Satisfeitas as regras acima, determinou-se um cumulado formado por plagioclásio (An20-
30; 88,1%), clinopiroxênio (9,3%) e magnetita (2,6%), para uma taxa de cristalização de 10% e um
erro ¦r2 de 0,89. Testes feitos com granada, biotita, hornblenda e ortoclásio, juntos, separados
ou em combinações diversas, resultaram em erros muito elevados (> 30) ou taxas de
cristalização negativa, sem significado. Portanto, o resultado aqui obtido é o mais coerente
com a composição petrográfica particular e a pequena variação faciológica do Plúton
Caxexa, implicando baixo grau de fracionamento.
Partindo do pressuposto de que qualquer modelo petrogenético de balanço de massa
relativo aos óxidos também deve valer para os elementos traços, o cumulado obtido foi
testado com relação aos elementos terras raras. Neste caso, aplicou-se a equação (1) para a
cristalização fracionada (vide item 9.1), sendo empregados os coeficientes de partição
mineral/líquido sugeridos por Martin (1987, 1990) (tabela 9.5). Considerando o cumulado tal
como obtido na tabela 9.4, obteve-se um excelente ajuste entre o espectro do líquido mais
evoluído (L1 = MA-99) e o espectro teórico (L1’), calculado com base na equação (1). Todavia,
o YbN calculado sempre se manteve bem abaixo do YbN de L1. O acréscimo de uma certa
quantidade de zircão (0,6%) ao cumulado teórico permitiu, porém, um ajuste quase perfeito
dos espectros L1 (amostra MA-99) e L1’ para taxas de cristalização entre 5% e 15% (fig. 9.6).
Resumindo, o álcali-feldspato granito teve sua evolução petrológica controlada,
provavelmente, por cristalização a partir de um líquido granítico originalmente saturado em
sílica e rico em álcalis. A sua mineralogia ímpar (K-feldspato, albita, andradita, magnetita,
hedenbergita ou aegirina-augita) e o cumulado previsto (oligoclásio, clinopiroxênio, magnetita,
zircão) caracterizam aquela evolução por meio de fracionamento de minerais anidros. Isto
poderia, a primeira vista implicar, a inexistência ou extrema escassez em água do magma
inicial. Porém, a quantidade de perda ao fogo da amostra menos evoluída (MA-08A)

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Tabela 9.3 - Composições químicas dos minerais utilizados no modelamento de cristalização fracionada
do álcali-feldspato granito (Plúton Caxexa).
Pl (An30) Pl (An20) Kf Cpx* Biot Hb Gran* Tit* Mgt*

SiO2 60,43 63,36 64,90 48,70 38,37 42,23 35,73 31,13 0,04
Al2O3 24,90 22,89 19,59 0,92 14,02 13,60 2,95 1,39 0,02
Fe2O3t 0,07 0,09 0,34 25,19 26,29 17,42 28,85 2,31 99,72
MgO 0,03 0,00 0,00 3,71 7,98 9,95 0,03 0,00 0,01
CaO 6,32 4,09 0,48 19,65 0,90 12,29 31,93 27,82 0,11
Na2O 8,13 8,90 2,77 1,80 0,50 2,02 0,04 0,08 0,05
K2O 0,12 0,65 11,91 0,00 8,33 0,55 0,00 0,01 0,01
TiO2 0,01 0,01 0,00 0,03 3,61 1,64 0,47 37,26 0,04
P 2O 3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,10 0,30 0,00 0,00 0,00
Total 100,01 99,99 99,99 100,00 100,10 100,001 100,00 100,00 100,00
(*) = média das composições químicas dos minerais analisado neste trabalho. A composição dos
demais minerais baseia-se em Deer et al. (1996). Pl = plagioclásio; Kf = K-feldspato; Cpx = clinopiroxênio;
Biot = biotita; Hb = hornblenda; Gran = granada; Tit = titanita; Mgt = magnetita.

Tabela 9.4 - Resultados obtidos no modelamento de cristalização fracionada do


Plúton Caxexa.
L0 (MA-08A) L1 (MA-99) L1’(*) '(L1-L1’) cumulado

SiO2 71,72 73,51 73,12 0,39 60,34


Al2O3 15,39 14,93 14,82 0,11 20,26
Fe2O3t 1,06 0,88 0,62 0,26 5,04
MgO 0,05 0,04 0,02 0,02 0,34
CaO 0,75 0,23 0,20 0,03 5,43
Na2O 5,88 5,58 5,62 -0,04 8,01
K2O 5,08 4,71 5,52 -0,81 0,57
TiO2 0,04 0,05 0,04 0,01 0,01
P2O 3 0,03 0,07 0,04 0,03 0,00
Total 100,00 100,00 100,00 - 100,00
L0 = líquido inicial; L1 = líquido final; L1’(*) = líquido produzido a partir da extração
do cumulado formado por Pl(An20) 88,11%; Cpx 9,26% e Mgt 2,63%. Grau de
cristalização fracionada de 10% e erro estatístico (¦r2) de 0,89.

Tabela 9.5 - Coeficientes de partição mineral/líquido para elementos terras raras em rochas
graníticas, utilizados no modelamento do Plúton Caxexa de acordo com valores compilados por
Martin (1987, 1990). Seguem-se os mesmos símbolos da tabela 9.3; Zir = zircão.
Pl Kf Cpx Biot Hb Gran Tit Mgt Zir

La 0,4000 0,0540 0,30 0,034 0,74 0,30 36 0,12 2,00


Ce 0,2700 0,0430 0,50 0,037 1,52 0,35 53 0,15 2,64
Nd 0,2100 0,0270 1,10 0,045 4,26 0,53 88 0,22 2,20
Sm 0,1300 0,0180 1,67 0,058 7,77 2,66 102 0,27 3,14
Eu 2,1500 1,1300 1,56 0,140 5,14 1,50 101 0,17 3,14
Gd 0,0097 0,0110 1,85 0,090 10,00 10,50 102 0,34 12,00
Tb 0,0900 0,0100 1,89 0,085 11,00 20,00 90 0,39 29,00
Dy 0,0640 0,0094 1,93 0,080 13,00 28,60 80 0,46 55,00
Er 0,0550 0,0078 1,66 0,074 12,00 42,80 59 0,65 140,00
Yb 0,0490 0,0065 1,58 0,065 8,40 39,90 37 0,86 280,00
Lu 0,0460 0,0060 1,50 0,062 6,00 30,00 27 0,95 345,00

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é de 0,68%, sendo, portanto, superior à média do anfibólio-biotita granito (0,51%), do biotita


microgranito (0,44%) e da suíte básica a intermediária (0,39%) (tabelas 8.1 a 8.5). Observa-se,
daí, que havia uma fase fluida importante no magma alcalino, mas que não deve ter
proporcionado pressões suficientes para formar minerais hidratados, tal como ocorreu nas
demais suítes plutônicas. A fO2 parece ter sido o fator físico primordial no controle do
fracionamento magmático, refletido na quantidade de magnetita primária, na transformação
de hedenbergita em andradita e na anomalia positiva de európio (vide discussão anterior nos
itens 6.1.5 e 8.2.2.2).

Figura 9.6 - Modelamento de


cristalização fracionada para o Plúton
Caxexa. Valores de normalização
segundo Evensen et al. (1978).

9.5.2 - Discussão sobre a gênese do magma alcalino.

A gênese de magmas granitóides alcalinos tem sido encarada, de modo geral, de duas
maneiras, a saber: i) origem primordial mantélica a partir do fracionamento de um magma
basáltico alcalino (Loiselle & Wones 1979; Turner et al. 1992); ii) fusão parcial de fontes crustais
(Collins et al. 1982; Anderson 1983; Creaser et al. 1991; Frost & Frost 1997). Alguns autores, ao
distinguirem dentre os “magmas alcalinos”, os tipos peralcalinos e os metaluminosos, propõem
uma gênese mantélica para os primeiros, mas essencialmente crustal (fusão parcial a baixas
pressões de rochas cálcio-alcalinas) para os últimos (Nardi 1991; King et al. 1997; Patiño Douce
1997).
A hipótese de origem do magma alcalino a partir do manto superior admite que o
manto já estava previamente enriquecido em álcalis e elementos incompatíveis antes da
fusão parcial (Loiselle & Wones 1979; Eby 1990, 1992; Turner et al. 1992). Em tese, a fusão
experimental de lherzolito pode produzir líquidos que variam em composição de basalto a
dacito. Alguns autores consideram que os líquidos silicosos resultantes dos experimentos
representam magmas primários (Kushiro et al. 1972; Mysen & Boettcher 1975), enquanto outros
(Green 1973; Nicholls & Ringwood 1973) sugerem que magmas andesíticos a dacíticos não
podem ser gerados diretamente da fusão de peridotito. Eles consideram como hipótese mais
provável que aqueles magmas derivam de um líquido parental basáltico por fracionamento
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de olivina a grandes profundidades. A não observação, até o momento, de enclaves básicos


ou xenólitos peridotíticos no álcali-feldspato granito, e o caráter bastante evoluído do mesmo,
não são condizentes com uma origem puramente mantélica. Por outro lado, o extremo
enriquecimento em Sr (média 890 ppm) dessas rochas também não pode ser produzido
apenas pela crosta continental. Convém ressaltar, por outro lado, que são conhecidos
exemplos de peridotitos metassomatisados com teores de Sr na mesma ordem de grandeza
daqueles do álcali-feldspato granito (Menzies et al. 1987).
A hipótese de origem crustal dos magmas graníticos alcalinos apresenta algumas
variantes. Em alguns complexos, admite-se underplating de magmas basálticos na base da
crosta continental como fonte de calor para a fusão desta, havendo estágios variados de
contaminação do magma básico com o material crustal (Barker et al. 1975; Collins et al. 1982;
Clemens et al. 1986; Whalen et al. 1987; Martin et al. 1994). Harris & Marriner (1980) propõem
que a interação de fluidos altamente aquecidos provenientes do manto, enriquecidos em
halogêneos (F, Cl), álcalis e elementos de alto potencial iônico (Y, Th, Zr, Nb, Ta, U), seria
responsável pelas particularidades geoquímicas dos magmas alcalinos. Diversos trabalhos
experimentais (Clemens et al. 1986; Patiño Douce 1997) e teóricos (Collins et al. 1982; White &
Chappell 1983; Whalen et al. 1987; Creaser et al. 1991) sugerem a fusão parcial de rochas
metaígneas (tonalitos e granodioritos) da base da crosta continental para a origem dos
magmas alcalinos.
Uma tentativa de investigar as possíveis fontes crustais do álcali-feldspato granito está
representada na figura 9.7. Nesta figura plotaram-se as razões isotópicas do estrôncio (ISr)
calculadas para 600 Ma dos granitóides alcalinos do Maciço São José de Campestre e do
Plúton Umarizal, além dos campos delimitados para metapelitos do Grupo Seridó, ortognaisses
do Complexo Caicó (2,15 Ga) e ortognaisses do núcleo Arqueano Presidente Juscelino (3,3-2,7
Ga). Em ambas as figuras 9.7a e 9.7b, os valores de ISr para as rochas alcalinas coincidem ou
são ligeiramente superiores aos admitidos para o manto enriquecido (Faure 1986).
Desconsiderando as amostras mais evoluídas, logo mais pobres em Sr (MA-12 e MA-23A), nota-
se que o conjunto formado por Plúton Caxexa e granitóides alcalinos da Zona de
Cisalhamento Remígio-Pocinho (ZCRP) e Japi são claramente distintos do Plúton Umarizal com
respeito ao teor de Sr (menor neste) e na razão isotópica ISr (maior no Plúton Umarizal). Os
plútons alcalinos plotados na figura 9.7 mostram razões ISr afins aos termos menos radiogênicos
de metapelitos do Grupo Seridó, ortognaisses do Complexo Caicó e ortognaisses arqueanos do
tipo encontrado em Presidente Juscelino. Todavia, os valores elevados de Sr (figura 9.7a)
separam essas rochas alcalinas dos campos definidos por aquelas rochas crustais. A maneira
de acomodar o Sr, o Rb e o ISr, seria assumir a interação de fontes mantélicas (Sr) e crustais (Rb)
na gênese daqueles magmas.

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Figura 9.7 - Razão isotópica inicial de Sr (ISr) vs. quantidade de Sr (a) e Rb (b) para o Plúton Caxexa (dados
na tabela 9.2). Os campos das rochas alcalinas da Zona de Cisalhamento Remígio-Pocinhos (ZCRP) e do
Plúton Japi são definidos por R.S.C. Nascimento (1998) e Hollanda (1998), respectivamente, os metapelitos
do Grupo Seridó, por Jardim de Sá (1994) e os ortognaisses do Complexo Caicó no Maciço São José de
Campestre e do núcleo arqueano Presidente Juscelino, por Z.S. Souza (artigo em preparação). As faixas
de valores ISr do manto enriquecido são de Faure (1986). *Dados geocronológicos U/Pb (zircão) de Dantas
et al. (1998); **ídem Dantas (1997).
Por fim, destaca-se a análise isotópica Sm/Nd de uma amostra do álcali-feldspato
granito (MA-01), que forneceu HNd (600 Ma) de -20,78, TDM de 2,88 e TCHUR de 2,68 (tabela 9.1).

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Este resultado é semelhante aos obtidos para a fácies alcalina do Plúton Japi por Hollanda et
al. (1999b), com HNd (600 Ma) de -22,3 a -19,5 e TDM de 3,2 a 2,6 Ga. Com base apenas na
idades TDM e TCHUR do Plúton Caxexa, os ortognaisses do tipo Complexo Caicó não devem ter
servido como fonte principal, haja vista suas idades de cristalização U/Pb de 2,15 Ga (Dantas
1997). Os ortognaisses arqueanos tipo Presidente Juscelino possuem idade U/Pb e HNd (600 Ma)
bem superiores, respectivamente, 3,3 Ga e -30 a -40 (Dantas et al. 1998), sendo também
descartados. Por último, os sienogranitos São José Campestre, datados a 2,7 Ga e com HNd (600
Ma) de -26,7 a -28 (Dantas et al. 1998), possuem razões ISr extremamente elevadas (fig. 9.7a, b).
A figura 9.8 permite tecer considerações genéticas com base na correlação Rb/Sr vs. Sr.
Nesta figura, foram plotadas as amostras dos plútons Caxexa e Cabeçudo, do biotita
microgranito, da suíte básica a intermediária e do granitóide aluminoso. As composições
médias do manto empobrecido, da crosta continental inferior e da crosta continental superior
basearam-se em Taylor & McLennan (1985). Os pontos representativos do manto
metassomatisado correspondem a amostras analisadas por Menzies et al. (1987). As curvas de
fusão parcial foram calculadas usando a equação (3), discutida no item 9.1. Conforme
apresentados, os dados da figura 9.8 sugerem que as amostras menos evoluídas do álcali-
feldspato granito não podem ser geradas pela fusão unicamente da crosta continental, o
mesmo raciocínio sendo aplicado ao anfibólio-biotita granito e o biotita microgranito. O álcali-
feldspato granito e a suíte básica a intermediária podem ser explicados por fusão parcial do
manto ligeiramente metassomatisado ou, alternativamente, deste misturado com pequeno
volume de crosta continental inferior. Já o anfibólio-biotita granito e o biotita microgranito
necessitam de uma fonte ainda mais enriquecida ou contaminada com uma fração da crosta
continental superior. A proximidade das curvas de fusão parcial de peridotito com 5% e 10% de
plagioclásio, ou seja, um plagioclásio lherzolito (manto raso), metassomatisado, poderiam, em
tese, corresponder à fonte primordial destes dois magmas. O granitóide aluminoso confirma sua
fonte, sendo gerado por fusão parcial da crosta superior.

9.6 - Ambiente Tectônico.

Magmas granitóides alcalinos têm sido objeto de numerosas pesquisas, principalmente


após o trabalho de Loiselle & Wones (1979). Seguiram-se outros artigos enfocando granitos
alcalinos associados a ambientes intracratônicos anorogênicos, os chamados granitos tipo-A
(Loiselle & Wones 1979; Collins et al. 1982; White & Chappell 1983; Whalen et al. 1987), ou em
etapas finais de estabilização de faixas orogênicas (Maniar & Piccoli 1989; Bonin 1990; Rogers &
Greenberg 1990).

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Figura 9.8 - Diagrama Rb/Sr vs. Sr com considerações genéticas para as suítes estudadas. DM = manto
empobrecido, CCS = crosta continental superior, CCI = crosta continental inferior; valores segundo Taylor
& McLennan (1985). EM1,2 = manto enriquecido, de acordo com Menzies et al. (1987). Curvas de fusão
baseadas na equação (3) do ítem 9.1.

Para o caso em foco, diversas relações de campo e dados geocronológicos fornecem


argumentos para posicionar o magmatismo da região pesquisada. As fábricas magmáticas
relativamente bem preservadas, inclusive com porções internas de alguns plútons (caso do
maciço de rochas básicas a intermediárias no sudeste da área - vide anexo 3) praticamente
isotrópicas, são condizentes com episódios de alojamento em uma região já tectonicamente
estabilizada. A íntima associação desse magmatismo com eventos deformacionais de
características extensionais (Jardim de Sá et al. 1993, 1999; Trindade et al. 1995), metamorfismo
de alta temperatura (Souza & Jardim de Sá 1993) e coexistência de vários tipos de magmas
compõem um quadro próprio de episódios pós-colisionais, conforme discutidos por alguns
autores (Sylvester 1989, 1998; Liegeois 1998; Liegeois et al. 1998). Apesar de exigir um maior
detalhamento por outras metodologias, a obtenção de idades Sm/Nd em granada com cerca
de 570 Ma permite posicionar o último evento termo-tectônico no final da orogênese
brasiliana, sendo, por isto, coerente com as características enunciadas de magmatismo tardi-
ou pós-colisional.
Alguns diagramas geoquímicos discriminantes de ambiente tectônico foram
empregados visando aperfeiçoar as interpretações prévias. No diagrama (Y+Nb) vs. Rb
(Pearce et al. 1984), o álcali-feldspato granito, o anfibólio-biotita granito e o biotita
microgranito plotam na transição dos campos de arco magmático e sin-colisional, enquanto
as rochas básicas a intermediárias situam-se no campo intraplaca (fig. 9.9a). Já a relação Zr vs.
(Nb/Zr)N, empregada por Thiéblemont & Tégyey (1994), indica que todas as rochas plotam na
transição arco-magmático/margem continental ativa a colisional continente-continente, a

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exceção da suíte básica a intermediária e uma amostra do álcali-feldspato granito (fig. 9.9b).
O diagrama triangular Y/44-Rb/100-Nb/16 (Thiéblemont & Cabanis 1990) posiciona a suíte
básica a intermediária (fig. 9.9c) como anorogênica hiperalcalina, enquanto as demais são
pós-colisionais ou transicionais a sin-colisionais (Plúton Caxexa) ou anorogênicas alcalinas
(Plúton Cabeçudo, biotita microgranito). Finalmente, a comparação de multielementos,
normalizados com respeito a granitos de cadeia oceânica (ORG), mostra que o anfibólio-
biotita granito e o microgranito possuem espectros semelhantes na forma e anomalias com a
média de granitos de ambiente intraplaca (fig. 9.10a). Já o álcali-feldspato granito
praticamente coincide com a média de granitos de arco magmático, sendo mais enriquecido
em K2O, Rb e Ba (fig. 9.10b). A suíte básica a intermediária tem o espectro semelhante ao de
granitóides de arco magmático, porém mais enriquecido em todos os elementos, à exceção
de K2O e Rb (fig. 9.10b).

Figura 9.9 - Diagramas discriminantes de ambientes tectônicos aplicados as suítes plutônicas estudadas,
de acordo com (a) Pearce et al. (1984); (b) Thiéblemont & Tégyey (1994); e (c) Thiéblemont & Cabanis
(1990).

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Figura 9.10 - Diagrama multielementar discriminante, comparando as médias das suítes estudadas com
ambientes tectônicos compilados por Pearce et al. (1984). ORG = granito de cadeia oceânica definido
por Pearce et al. (1984).

Em síntese, as informações de campo, geocronológicas e geoquímicas sugerem que as


suítes magmáticas presentes nesta região estão relacionadas às etapas tardias ou pós-
colisionais da orogênese brasiliana. A gênese e o alojamento dos granitóides teria sido
controlada pela reativação e/ou criação de zonas de cisalhamento transcorrentes,
tangenciais, de cinemática extensional, com raízes profundas, podendo atingir o manto
superior. Esta seria uma característica marcante desta porção do Maciço São José de
Campestre, em contraste ao interpretado para a Faixa Seridó clássica, onde episódios
colisionais compressivos registram o magmatismo essencialmente cálcio-alcalino potássico,
sem evidências de plutonismo alcalino (Jardim de Sá 1994).

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Parte 3
Integração dos Dados e
Conclusões Finais

Capítulo 10
Integração de Dados e
Conclusões Finais
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CAPÍTULO 10

INTEGRAÇÃO DE DADOS E
CONCLUSÕES FINAIS

O final da orogênese brasiliana foi palco de um volumoso e variado magmatismo bem


caracterizado nos Maciços Rio Piranhas e São José de Campestre (fig. 2.1). No caso específico
da região estudada, chama a atenção a ocorrência de várias suítes plutônicas distintas numa
superfície relativamente pequena de aproximadamente 230 km2 (anexo 3). Estas rochas
afloram em estreita associação com zonas de cisalhamento tangenciais e transcorrentes, de
cinemática extensional. Em particular, a interface substrato gnáissico-micaxistos parece
controlar o posicionamento dos plútons Caxexa e Cabeçudo. Isto é relevante por estes
lineamentos poderem representar estruturas com raízes profundas (na crosta inferior ou no
manto superior) e terem servido como canais para a colocação de corpos básicos, a exemplo
daquele do sudeste da área.
O plúton Caxexa se caracteriza por sua grande proporção de minerais félsicos (> 90%),
destacando-se pela ausência de minerais hidratados e pela presença ora da associação
aegirina-augita + albita, ora de hedenbergita + andradita + albita. Em termos de seus
conteúdos em álcalis, pode ser classificado na série alcalina tradicional. Porém, estes granitos
alcalinos stricto sensu (tipo-A) contêm biotita (rica em moléculas de anita), anfibólio e/ou
piroxênios sódico, possuem baixo conteúdo em Sr, altos Nb, Ga e ¦ETR, e anomalia fortemente
negativa em európio (Loiselle & Wones 1979; Collins et al. 1982; White & Chappell 1983; Whalen
et al. 1987). Estas são feições opostas às encontradas no Plúton Caxexa, além deste ser
metaluminoso a ligeiramente peraluminoso. Dados petrográficos e texturais, juntamente com
relações geoquímicas entre elementos compatíveis e incompatíveis e determinações de fO2
sugerem o fracionamento sob condições oxidantes de um cumulado com oligoclásio (87,5%),
clinopiroxênio (9,3%), magnetita, (2,6%) e zircão (0,6%), e taxa de cristalização de 10% para a
evolução do magma relativo ao Plúton Caxexa. Condições de fO2 provavelmente
semelhantes também parecem ter atuado no Plúton Cabeçudo, no biotita microgranito e na
suíte básica a intermediária, conforme deduzido pela presença de magnetita precoce. O
efeito combinado de fracionamento de plagioclásio, hornblenda e piroxênios impediram a
formação significativa de anomalia em európio nestas últimas.
A suíte básica a intermediária tem afinidade monzonítica, transicional subalcalina-
alcalina, e enriquecida em TRL, Ba e Zr. Distingue-se das demais suítes em todos os diagramas
geoquímicos. Caracteriza-se pela presença de dois piroxênios e biotita. Os granitóides
aluminosos, por sua vez, contêm maior quantidade de coríndon normativo, sendo

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peraluminoso na classificação de Maniar & Piccolli (1989). O controle de campo bem definido
comprova a origem desse granitóide a partir da fusão parcial de micaxistos.
O Plúton Cabeçudo e o biotita microgranito mostram algumas similaridades em vários
diagramas. São rochas de afinidade subalcalina a alcalina, seguindo a porção moderada a
altamente evoluída da tendência monzonítica. Apresentam espectros de ETR com
enriquecimento em TRL e fraca anomalia de európio. Eles se distinguem, todavia, através dos
elementos de alto potencial iônico, particularmente Y e Yb, que são menores no biotita
microgranito. Estas diferenças sutis podem ser provocadas por fontes distintas com pequenas
diferenças em termos de determinados elementos químicos ou, então, uma mesma fonte que
sofreu taxas de fusão diferentes.
Um modelo integrado com base nos vínculos de campo, petrográficos e geoquímicos
discutidos acima pode ser imaginado em um contexto tectônico tardi- ou pós-colisional. Na
área em foco, onde relações de campo demonstram o caráter intrusivo dos granitóides em
uma crosta continental (substrato gnáissico, micaxistos) já relativamente estabilizada (os
contatos com os granitóides são bruscos) e pico do metamorfismo (e deformação ?) a cerca
de 574 Ma (cap. 4), interpreta-se a geração e posicionamento das suítes granitóides durante os
eventos tardios da orogênese brasiliana. Em tal sentido, pode-se esperar intrusões localmente
sintectônica (caso dos plútons Caxexa e Cabeçudo) relacionados a processos globais
regionais tardi-tectônicos. Esta interpretação se adequa à situação típica de regiões
orogênicas recém estabilizadas ou em processo de afinamento crustal, com magmatismo
alcalino supersaturado em sílica (Black et al. 1985). O intervalo de tempo relativamente longo
(40 Ma) entre o evento metamórfico de alta temperatura (574-578 Ma) e o reequilíbrio do
sistema isotópico Rb/Sr no Plúton Caxexa (536 Ma) revela a prevalência de resfriamento lento
ao final da orogênese brasiliana. Finalmente, a variabilidade do magmatismo e o seu controle
por estruturas extensionais associadas com eventos de alta temperatura não fogem do
contexto regional de colocação de plútons alcalinos no Maciço São José de Campestre -
MSJC (Souza & Jardim de Sá 1993; Jardim de Sá 1994; Trindade et al. 1995; Jardim de Sá et al.
1999).
O último ponto de discussão refere-se às fontes envolvidas na gênese do magmatismo
tardi-brasiliano. O confronte de HNd (600 Ma), TDM e razões isotópicas iniciais de estrôncio (ISr) não
permitem definir a(s) fonte(s) adequada(s) dentre as unidades crustais do substrato gnáissico
atualmente aflorante no MSJC. Ensaios preliminares levando em conta a relação Rb/Sr vs. Sr
deixam em aberto a possibilidade do manto metassomatisado (enriquecido em TRL, Ba, Sr, Zr)
ter sido uma das fontes principais, contaminada em diferentes proporções (menor na suíte
básica a intermediária) por material da crosta continental, do magmatismo em estudo. Assim,
um manto enriquecido não seria uma particularidade da litosfera neoproterozóica (Jardim de
Sá 1994, Hollanda et al. 1999a,b), mas uma característica marcante da porção nordeste da

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Província Borborema desde o Arqueano (Souza et al. 1999) e o Paleoproterozóico (Souza et al.
1996).

Finalmente, a integração de dados de campo, petrográficos, texturais, geoquímicos e


isotópicos para as rochas plutônicas, fornecem subsídios para se chegar as conclusões abaixo.

c Numa área restrita, ocorre uma gama variada de suítes magmáticas geoquimicamente
distintas, denominadas: álcali-feldspato granito (Plúton Caxexa), anfibólio-biotita granito (Plúton
Cabeçudo), biotita microgranito, básica a intermediária e granitóide aluminoso.

d O biotita microgranito e o granitóide aluminoso são as unidades mais jovens, o primeiro


ocorrendo normalmente como enxames de diques e soleiras, e o último compondo uma faixa
nos contatos da suíte básica a intermediária com os micaxistos. Os plútons Caxexa e
Cabeçudo e a suíte básica a intermediária não apresentam relações estratigráficas definida
entre si, sendo considerados cronocorrelatos.

e Isócronas internas Sm/Nd no Plúton Caxexa e no granitóide aluminoso forneceram idade de


578 Ma e 574 Ma, respectivamente, sendo interpretadas como as melhores estimativas da
idade de intrusão e de um evento térmico de alta temperatura associado. Por outro lado, uma
isócrona Rb/Sr do Plúton Caxexa 536 Ma (MSWD = 0,48) demonstra que o reequilíbrio isotópico
do sistema Rb/Sr se deu no início do Cambriano, cerca de 40 Ma após o pico do evento
termal.

f As rochas estudadas possuem afinidade com séries alcalinas meta a peraluminosas


altamente fracionadas (Plúton Caxexa), transicionais subalcalinas a alcalinas (básica a
intermediária, Plúton Cabeçudo, biotita microgranito) e peraluminosa (granitóide aluminoso).

g Estas séries evoluíram por mecanismos de cristalização fracionada, sendo calculada uma
taxa de cristalização de 10% e um cumulado anidro para o Plúton Caxexa. Cálculos de fO2 e
presença de magnetita precoce, anomalia positiva de európio e associação hedenbergita +
andradita sugerem condições oxidantes na evolução deste plúton.

h Dados termobarométricos apontam para condições P-T da ordem de 5,3-7,2 kbar e 730-
760qC para estas rochas. Temperaturas mais elevadas foram determinadas pelo
geotermômetro de Zr no Plúton Cabeçudo (855qC), no biotita microgranito (812qC) e na suíte
básica a intermediária (957qC).

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i As características geoquímicas das suítes estudadas (exceto granitóide aluminoso), com


enriquecimento em elementos incompatíveis, além de Sr no Plúton Caxexa, sugerem a
influência de fontes mantélicas variavelmente contaminadas com material crustal na gênese
das mesmas.

j A distribuição de multielementos, os tipos de fontes prováveis e os aspectos tectônicos das


unidades estudadas permitem interpretar que houve um forte controle de estruturas
extensionais (tangenciais e transcorrentes) enraizadas no manto, relacionadas a episódios
tardi- a pós-colisionais ao final da orogênese brasiliana.

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