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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO
ORIENTADOR
Dedico este trabalho a todos que me apoiaram durante a minha formação no curso
de Engenharia Química da Universidade Federal Fluminense. O dedico
principalmente à minha irmã, Carla Araújo de Oliveira Siqueira e aos meus pais,
Sandra Araújo de Oliveira Siqueira e Carlos Eduardo de Azevedo Siqueira que
apesar de todas as discordâncias, me impulsionaram a viver essa graduação.
AGRADECIMENTOS
Família, amigos, time, colegas de quarto, conhecidos, pouco conhecidos, agradeço
a toda vida que encontrou a minha durante o período de graduação e
inevitavelmente contribuiu para a formação da pessoa e profissional que sou hoje.
Agradeço à minha família pela confiança e amor para comigo, por aguentarem a
distância e me ensinarem a buscar meus objetivos, por me buscarem sempre e por
estarem presentes mesmo contra tempos e espaços.
Agradeço aos amigos, de longe e de perto, por aguentarem o tempo e por serem
carinho, riso, furada, abrigo, ouvido, estrada, basquete, dança, graça e por vezes
aflição também. Em especial, agradeço aos que foram e são casa, por todos os
bandejões, orlas, praias, sorvetões, calouradas, por todo “bem”.
Agradeço à família LOOP, em especial, a profᵃ Rut Amélia Diaz por toda amizade e
aprendizado ao longo da graduação.
Agradeço a todos os professores e professoras do departamento de Engenharia
Química e de Petróleo da Escola de Engenharia da UFF pelos valiosos
ensinamentos, em especial, ao professor João Felipe Mitre de Araujo por me
apresentar a arte e ciência da fluidodinâmica computacional e por aceitar orientar
este trabalho.
Agradeço, por fim, à Universidade Federal Fluminense por abrir tantas
oportunidades, apresentar tanta diversidade, cor, vida e conhecimento. Agradeço
por aguçar ainda mais minha curiosidade e, assim como em casa, por me motivar a
ser sempre mais.
“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.”
Fernando Pessoa
RESUMO
One of the most critical aspect of the gas dispersion phenomena is related to the
consequences of the pollutant concentration on human health, well-being and on the
environment. Based on this, the aim of this assessment is to simulate the release of
a mix formed by atmospheric air and carbon dioxide through a chimney in an open
atmosphere throughout CFD methodology and to compare the results provided by
the numerical approach to the ones provided by the analytical gaussian plume
model. The simulation of the scenario proposed was developed in ANSYS CFX®
19.5 software, in which the continuous release of the effluents was modelled
considering the leak temperature as the ambient temperature and a 3D and
transiente flow analysis. The results of the simulation showed the deflection of gas
plume donwind towards the ground direction and the occurrence of recirculation
zones in the atmosphere which highlights the influence of the buoyant and
gravitational forces in the fluid flow. The results of the comparison between the
numerical and analytical model also showed the applicability limitations of the second
one and confirmed the efficiency of the CFD methodology for modeling the dense
gas plumes dispersion phenomena.
KEY WORDS: Gas Dispersion, CFD, Dense gas plume, gaussian plume model.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
CFD. .......................................................................................................................... 26
solo. ........................................................................................................................... 52
Momentum e Entalpia................................................................................................ 53
matemático ................................................................................................................ 61
convergência. ............................................................................................................ 45
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17
1.1 PROBLEMÁTICA DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ..................................................... 17
1.1.1 Definição da poluição ................................................................................ 17
1.1.2 O dióxido de carbono e seus efeitos no meio ambiente e na saúde
humana ............................................................................................................... 17
1.1.3 Aplicação da metodologia CFD ................................................................. 19
1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 19
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA ....................... 21
2.1 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO DIÓXIDO DE CARBONO ............................... 21
2.2 DEFINIÇÃO DO FENÔMENO DE DISPERSÃO DE GASES .......................................... 21
2.2.1 Variáveis no cenário da dispersão de gases............................................. 22
2.3 TIPOS DE MODELOS PARA O ESTUDO DE DISPERSÃO ATMOSFÉRICA DE GASES ...... 23
2.4 METODOLOGIA DE CFD................................................................................... 25
2.5 EQUAÇÕES DE CONSERVAÇÃO ......................................................................... 27
2.6 CONCEITO DE MALHA ...................................................................................... 29
2.7 MÉTODOS NUMÉRICOS DE DISCRETIZAÇÃO ........................................................ 31
2.8 NÚMERO DE COURANT .................................................................................... 32
2.9 CARACTERIZAÇÃO DO CENÁRIO ESPERADO ....................................................... 32
2.10 FENÔMENO DE TURBULÊNCIA ........................................................................... 34
2.11 TRABALHOS NA ÁREA ...................................................................................... 36
3 METODOLOGIA ................................................................................................. 44
3.1 DOMÍNIO FÍSICO .............................................................................................. 44
3.2 DOMÍNIO COMPUTACIONAL ............................................................................... 44
3.3 MODELO FÍSICO.............................................................................................. 45
3.3.1 Condições de contorno ............................................................................. 45
3.4 ANÁLISES DESENVOLVIDAS .............................................................................. 48
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 49
4.1 CONVERGÊNCIA DE MALHA .............................................................................. 49
4.2 RESÍDUO DA SIMULAÇÃO UTILIZANDO A MALHA M3 ............................................. 52
4.3 ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DA PLUMA NO TEMPO........................................ 53
4.4 RESULTADOS NUMÉRICO VERSUS ANALÍTICO ..................................................... 59
5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 63
5.1 PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS .............................................................. 64
17
1 INTRODUÇÃO
1.2 Objetivos
Motivado pelo que foi exposto, o objetivo geral deste trabalho foi analisar o
fenômeno de dispersão de poluentes de uma chaminé cujo efluente vazado consiste
em uma mistura de CO2 e ar atmosférico como gases ideais à temperatura ambiente
sob a configuração de uma liberação contínua caracterizada como transiente e
tridimensional.
Dentre os objetivos específicos do trabalho, tem-se:
20
pode ser descrito como uma liberação de determinado volume gasoso seguido do
carreamento do mesmo pelo movimento do ar, fenômeno caracterizado como
advecção, ou, espalhamento do mesmo no espaço de modo tridimensional,
fenômeno caracterizado como difusão turbulenta (BOLOGNESI e MONTELATO,
2011).
1
𝜎𝑦 (𝑥 ) = 0,22𝑥(1 + 0.0001𝑥)−2 (2.2)
𝜎𝑧 (𝑥 ) = 0,20𝑥 (2.3)
Onde (〈𝐶 〉(𝑥, 𝑦, 𝑧)) é a concentração do poluente na posição (x, y, z), (𝑄𝑚 ) é
a vazão mássica, (𝜎𝑦 ) e (𝜎𝑧 ) são os coeficientes de dispersão lateral e vertical de
Pasquill-Gifford para plumas definidos a partir das classes de estabilidade de
Pasquill-Gifford atmosférica e da distância do ponto de vazamento em x e (𝐻) é a
altura do ponto de vazamento (CROWL, 2011).
25
𝜕𝜌𝑈𝑖 𝜕𝜌 𝜕𝜌 𝜕𝜌
+ (𝜌𝑈𝑖 𝑈𝑗 ) = − + (𝜏 − 𝜌𝑢𝑖 𝑢𝑗 ) + 𝑆𝑀 (2.5)
𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑖 𝜕𝑥𝑗 𝑖𝑗
𝜕𝜌ℎ𝑡𝑜𝑡 𝜕𝑝 𝜕𝑝 𝜕 𝜕𝑇 𝜕
− + (𝜌𝑈𝑗 ℎ𝑡𝑜𝑡 ) = (𝜆 − 𝜌𝑢𝑗 ℎ) + [𝑈 (𝜏 − 𝜌𝑢𝑖 𝑢𝑗 )] + 𝑆𝐸 (2.6)
𝜕𝑡 𝜕𝑡 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝜕𝑥𝑗 𝑖 𝑖𝑗
fluido que incluem tanto as tensões normais quanto as cisalhantes, (𝑆𝑚 ) se remete
ao termo fonte do momentum (ℎ𝑡𝑜𝑡 ) se remete à entalpia total por unidade de massa
do fluido, (𝑝) se remete à pressão, (𝑇) se remete à temperatura, (𝜆) se remete ao
coeficiente de difusão e (𝑆𝑒 ) ao termo fonte da energia.
Na equação de conservação de massa (2.4), o primeiro termo se refere a taxa
de acúmulo de massa no elemento de fluido no tempo e o segundo termo se refere
ao fluxo de massa através da face do elemento de fluido também denominado termo
convectivo.
Na equação de conservação da quantidade de movimento (2.5), o somatório
das forças atuando sobre o fluido é representado pelos termos a direita da
igualdade, sendo eles o gradiente de pressão, as tensões internas no fluido e o
termo fonte.
Na equação de conservação da energia térmica (2.6), tem-se a representação
𝜕 𝜕𝑇
da entalpia total (ℎ𝑡𝑜𝑡 ). Onde o termo (𝜆 𝜕𝑥 − 𝜌𝑢𝑗 ℎ) representa o fluxo de calor
𝜕𝑥𝑗 𝑗
𝜕
por meio da Lei de Fourier (contribuição difusiva) e o termo [𝑈𝑖 (𝜏𝑖𝑗 − 𝜌𝑢𝑖 𝑢𝑗 )]
𝜕𝑥𝑗
(2.7)
havendo reação química, além das fontes de energia como contribuição da radiação,
em se tratando das equações de conservação de energia (BOLOGNESI e
MONTELATO, 2011)
Com base no detalhamento das equações de conservação resolvidas pelo
software, pode-se compreender quais parâmetros são avaliados sobre cada
elemento de malha do domínio computacional após aplicado o método de
discretização.
𝜕(𝜌ε) 𝜇𝑡 ε ε2
+ 𝛻. (𝜌ε𝑼) = 𝛻. [ 𝛻ε] + 𝐶1ε 2𝜇𝑡 𝑆𝑖𝑗 . 𝑆𝑖𝑗 − 𝐶2ε 𝜌 (2.10)
𝜕𝑡 𝜎ε 𝜅 𝜅
escoamento de um gás mais denso que o ar. O modelo de turbulência utilizado foi o
RANS e o empuxo foi abordado segundo a aproximação Boussinesq. Ao final os
resultados da simulação foram comparados à dados experimentais para distintos
comportamentos de pluma quanto ao empuxo e eles concluíram que a utilização do
modelo RANS juntamente com a aproximação Boussinesq reproduziu bem os
efeitos do empuxo sobre a pluma de gás vazada de acordo com os dados
experimentais disponíveis. Concluíram também que as predições das concentrações
segundo os modelos de pluma menos densa e mais densa que o ar foram menos
assertivas que as predições do modelo neutro, mas, ainda assim, dentre as duas
primeiras predições, aquela referente à pluma mais densa que o ar apresentou
melhores resultados em relação à primeira e, por fim, que a predição da pluma leve
teve as concentrações na região de vigília superestimadas o que indica que o
fenômeno de difusão turbulenta foi subestimado, enquanto as predições de pluma
densa mostraram comportamento oposto.
Deve-se evidenciar que uma das maiores problemáticas acerca do fenômeno
de dispersão de gases está nos casos em que o gás vazado é tóxico ou inflamável.
Em vista de estimar os potenciais riscos que este fenômeno pode trazer a
comunidades e planejar e otimizar o uso dos terrenos próximos a ele, Gant e Tucker
(2017) discutiram os desafios da implementação desta nova metodologia de CFD
em detrimento de um modelo integral de dispersão, que tradicionalmente é mais
utilizado juntamente aos modelos empíricos por fornecer resultados rápidos e
confiáveis para cenários simples. Ao final do estudo eles levantaram diversas
problemáticas com respeito a quantitativo e tempo de simulações ou validação da
mesma, porém, passíveis de serem ainda solucionadas de modo a aumentar a
confiança sobre os seus resultados reconhecendo, assim, o grande potencial da
metodologia de CFD para atuar em ainda mais diversas áreas.
Como visto anteriormente, as ferramentas de CFD exigem do usuário a
determinação de uma grande gama de variáveis como modelo de turbulência,
domínio computacional, malha computacional, condições de contorno, critérios de
convergência, método de discretização, entre outras o que justifica a possibilidade
de obtenção de diferentes resultados para uma mesma simulação executada por
meio de softwares diferentes. Com base nisso e com o intuito de fornecer mais
dados experimentais acerca do fenômeno de dispersão de gases tóxicos e
inflamáveis para a validação e avaliação da performance dessas diferentes
41
3 METODOLOGIA
ux = 1 m.s-1
uy = 0 m.s-1
Grupamento
em x = 0 m uz = 0 m.s-1
Entrada de vento
Cm = 100% Ar atmosférico
Tm = 298,15 K
Grupamentos em
un,superfície = 0 m.s-1
Lateral direita y=0m
𝜏superfície = 0 Pa
Lateral esquerda y = 250 m
Adiabático
Topo z = 175 m
Onde un,superfície é a velocidade normal ás superfícies e 𝜏superfície é a
tensão cisalhante às superfícies.
𝑚̇𝑚 = 20 𝑘𝑔. 𝑠 −1
Grupamento Cm = 95% CO2, 5% Ar
Saída chaminé atmosférico
Tm = 298,15 K
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
por ela. Além disso, como mencionado no item 2.6, a utilização de malhas maiores
exige maiores custos computacionais e resulta em maiores tempos de simulação,
como verificado na Tabela 4.
Figura 7 - Gráficos das variáveis concentração mássica de CO2, temperatura, pressão e velocidade
escalar na linha de referência no tempo de 190 s.
Figura 9 - Refinamento da malha próximo ao ponto de vazamento – vista lateral (a) e vista frontal (b).
Figura 11 - Erro máximo obtido para as variáveis Fração mássica de CO2, Momentum e Entalpia.
para o solo (Figura 14), como esperado segundo o item 2.1. A Figura 14 também
denota a ocorrência de velocidades superiores às descritas no escoamento principal
e à de saída da chaminé, o que pode estar associado tanto a contribuição de outras
variáveis como turbulência do meio e pressão local, como também a erros
numéricos de truncamento e associados a malha computacional utilizada.
A Figura 14 também apresenta zonas azuis escuras representativas de
velocidades entre 0,00 m.s-1 e 0,21.m.s-1 que indicam uma zona de estagnação do
escoamento. Como descrito no item 3.3.1, foi definido um perfil de ventilação para a
entrada do domínio computacional com velocidade de 1m.s-1 constante ao longo da
área da entrada. O encontro deste perfil de ventilação com a obstrução da chaminé
leva a redução da magnitude de velocidade do escoamento na região à montante da
mesma (DEORCE e FURIERE, 2017) e a ocorrência de zonas de recirculação pouco
expressivas à jusante dela que podem apresentar velocidades longitudinais no
sentido contrário às do escoamento principal (DEORCE e FURIERE, 2017;
GOUSSEAU et al., 2011). A redução da velocidade do escoamento à jusante da
chaminé também ocorre devido ao desvio que esta promove ao escoamento
principal, como definido no item 2.9.
Figura 19 - Perfis da fração mássica de CO2 ao longo do tempo de simulação para os pontos A, B e C
respectivamente.
Figura 20 - Linhas referenciais analisadas pelo modelo numérico e pelo modelo matemático
62
Figura 21 - Concentração de CO2 ao longo do eixo x para o modelo numérico de CFD e o modelo analítico de pluma gaussiana.
63
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANSYS, Inc. Ansys CFX-Solver Modeling Guide: Release 14.0. Canonsburg, 2011a.
CROWL, D. A.; LOUVAR, J. F.Toxic release and dispersion Models. In: Chemical
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