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CAMPUS DIADEMA
DIADEMA
2019
LUCAS ALVES DA SILVA
DIADEMA
2019
SILVA, LUCAS
73f.
Agradeço aos meus pais, Antônio Alves e Noemia Alves, por toda a dedicação para
me darem o melhor na busca pelos meus sonhos e por todos os ensinamentos e coragem que
eles me transmitem.
À minha família, por sempre acreditar em mim e me impulsionar nos momentos mais
difíceis ao longo desses 5 anos de graduação.
Aos meus amigos, Ian Irizawa, Larissa Matos e Nicolas Santos, por toda confiança
depositada, pelo amor, força, apoio e parceria que tenho com cada um deles. Por todos os
momentos vividos e histórias compartilhadas, meu muito obrigado a vocês!
Ao meu querido orientador Werner Hanisch pelos conselhos e por todo o suporte
fornecido durante a elaboração deste trabalho.
“I did, I've done, everything that I wanted
And it was more than I thought it would be
I will leave my mark so everyone will know,
I was here.”
Computational fluid dynamics is the area of study that provides a microscopic description of
situations involving transport phenomena using numerical solution techniques combined with
computational tools. Today, the increasing advancement of computers and the development of
precise numerical methods have contributed to the expansion of computational fluid dynamics
in engineering projects and the optimization of industrial processes. This work has the didactic
purpose of presenting the understanding of computational fluid dynamics technique applied in
a free software, OpenFOAM, and to use the technique for turbulent flow modeling in a Venturi
flowmeter. The validation of the proposed model was made from results obtained
experimentally in the Chemical Engineering Didactic Laboratory of UNIFESP. The software
presented a quick convergence for the different studied flows and a good response with clear
visualization of the velocity profile, pressure profile, current lines and flow velocity field. The
comparison between the results proposed by the numerical solution and the data obtained in the
experiment indicated that the model represented well the behavior of the Venturi meter, with
average errors from 0 to 11% in a confidence interval of 95%. Thus, OpenFOAM proved to be
a potential software for the beginning of studies in computational fluid dynamics due to its free
access and offered tools package.
Figura 18 - Representação das seções de malha para simulação bidimensional do medidor Venturi . 45
Figura 19 - Aspecto visual da malha do caso "cavity" obtido no Paraview 5.6.0 ................................ 47
Figura 20 - Análise qualitativa do perfil de velocidade e pressão obtidos no Paraview 5.6.0 ............. 48
Figura 22 - Representação das seções de malha para simulação tridimensional do medidor Venturi . 50
Figura 26 - Perfil de velocidade obtido ao longo do raio para diferentes posições em x do Venturi .. 54
Figura 27 - Acoplamento pressão velocidade obtido para o medidor Venturi ..................................... 56
Figura 28 - Resíduos das variáveis Ux, Uy e p para todas as iterações realizadas .............................. 57
Tabela 3 - Resultados obtidos para diferença de pressão experimental, simulada e teórica ................ 60
Tabela 4 - Resultados experimentais com intervalo de confiança de 95% a partir da média ............... 62
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 13
2 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 15
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65
APÊNDICE A - CÓDIGO DO BLOCK MESH DICT PARA CONSTRUÇÃO DA
MALHA BIDIMENSIONAL DO MEDIDOR VENTURI ................................................. 67
1 INTRODUÇÃO
Haja vista que o estudo da CFD não é simples, por exigir simultaneamente de um
engenheiro os conhecimentos de Fenômenos de Transporte, métodos numéricos e linguagem
de programação. Além disso, atualmente a maioria dos pacotes disponíveis para simulação dos
fluidos são comerciais e possuem um alto custo de licenciamento.
É nesse sentido, que a proposta deste trabalho consiste em apresentar as etapas de uma
simulação CFD realizada por meio de um software colaborativo e não licenciado, o
OpenFOAM.
Além disso este trabalho também teve como objetivo utilizar o software do
OpenFOAM para realizar a simulação de escoamento turbulento através de um medidor de
vazão do tipo Venturi por CFD e validar os resultados com dados experimentais obtidos no
Laboratório didático de Engenharia Química da Universidade Federal de São Paulo.
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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A maioria dos medidores mede a vazão de maneira indireta por meio da área de seção
transversal do escoamento e da velocidade média ou outra variável relacionada à velocidade
como por exemplo pressão e arrasto (ÇENGEL; CIMBALA, 2006). Um método eficiente para
determinação da vazão é o da restrição, que consiste na instalação de um dispositivo na
tubulação que limita a área por onde o fluido escoa. Desse modo, é possível medir a diferença
entre as pressões na região de alta velocidade (área restrita) e baixa velocidade (área não restrita)
e por meio dessa medida determinar a vazão do escoamento. Os medidores mais comuns deste
método são os do tipo: Venturi, placa de orifício e medidor de bocal (MUNSON; YOUNG;
OKIISHI, 2004).
O medidor Venturi foi criado pelo engenheiro americano Clemens Herchel (1842-
1930) e recebeu esse nome devido à homenagem que o engenheiro fez ao cientista italiano
Giovanni Venturi (1746-1822) pelo seu trabalho pioneiro com seções cônicas de escoamento
(ÇENGEL; CIMBALA, 2006). O dispositivo consiste em uma seção convergente-divergente
instalada em uma seção reta de tubulação, com o diâmetro maior do Venturi igual ao diâmetro
do tubo (POST, 2013). A Figura 2 apresenta um esquema do medidor de diâmetro “D” e
diâmetro de garganta “d”.
Assim, considerando a área da seção transversal circular, a velocidade “V1” pode ser
expressa por meio da Equação (2).
𝑑 2
𝑉1 = 𝑉2 ∗ ( ) (2)
𝐷
Em que: d = diâmetro da garganta (m);
D = diâmetro da tubulação (m).
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Considerando que não há perdas de carga no escoamento e de que o Venturi está
posicionado em um eixo horizontal (Z1 = Z2), a equação de Bernoulli para esse sistema pode
ser representada pela Equação ( 3 ).
𝑃1 𝑉12 𝑃2 𝑉22
+ = + (3)
𝜌𝑔 2𝑔 𝜌𝑔 2𝑔
Em que: P1 e P2 = pressões medidas na entrada e na garganta do Venturi (N/m2);
= massa específica do fluido (kg/m3);
g = aceleração gravitacional (m2/s).
2(𝑃1 − 𝑃2 )
𝑉2 = √ (4)
𝜌(1 − 𝛽 4 )
Em que: = (d/D).
2(𝑃1 − 𝑃2 )
𝑄𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝐶𝑑 ∗ 𝐴2 √ (5)
𝜌(1 − 𝛽 4 )
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O medidor Venturi é o mais preciso da classe dos medidores por obstrução e também
o mais caro. Ele é projetado de modo a reduzir ao máximo as perdas de carga. O formato da
contração é desenhado para acompanhar as linhas de corrente e minimizar a separação do
escoamento na garganta enquanto o formato da expansão é gradual para reduzir a separação no
trecho de desaceleração do escoamento (MUNSON; YOUNG; OKIISHI, 2004).
A maior parte da perda de carga ocorrida no Venturi é consequência das perdas por
atrito nas paredes ao invés de perdas associadas à separação do escoamento. Essa perda de carga
irreversível pode chegar até cerca de 10%, o que torna esse tipo de medidor indicado para
aplicações que não permitem grandes quedas de pressão (ÇENGEL; CIMBALA, 2006).
• A taxa de variação do momento é igual a soma das forças que agem em uma
partícula de fluido (segunda lei de Newton).
⃗ (𝑉
∇ ⃗)=0 (7)
As equações de conservação do momento linear são obtidas pela aplicação da segunda
lei de Newton, e de maneira geral podem ser expressas como:
𝑑𝑢 𝑑𝑣 𝑑𝑤
𝜌 ,𝜌 𝑒𝜌
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝜕𝑢
𝜎𝑥𝑥 = 2𝜇 (9)
𝜕𝑥
𝜕𝑢 𝜕𝑣
𝜏𝑦𝑥 = 𝜇( + ) (10)
𝜕𝑦 𝜕𝑥
𝜕𝑢 𝜕𝑤
𝜏𝑧𝑥 = 𝜇 ( + ) (11)
𝜕𝑧 𝜕𝑥
A substituição das Equações (9), (10) e (11) nos termos da Equação (8), aliada a
rearranjos algébricos, resulta na equação de Navier-Stokes para a direção x, representada pela
Equação (12).
𝑑𝑢 𝜕(𝑃)
𝜌 =− + μ∇2 (𝑢) (12)
𝑑𝑡 𝜕𝑥
Por analogia, a mesma equação pode ser obtida para as direções y e z, relacionando as
componentes v e w ao invés de u e a variação da pressão nos respectivos eixos. Assim, somando
as equações nas 3 direções, obtém-se a equação de Navier Stokes para as forças de superfície
que agem em uma partícula de fluido em coordenadas cartesianas, Equação (13).
⃗
𝑑𝑉
⃗)
𝜌 𝑑𝑡 = −∇𝑃 + μ∇2 (𝑉 (13)
⃗ = vetor velocidade.
Em que: 𝑉
A solução de uma EDP (Equação Diferencial Parcial) em uma região contínua implica
na obtenção dos valores para variável dependente em cada ponto dessa região.
Computacionalmente, só é possível lidar com um domínio contínuo se houver uma fórmula
analítica para a solução do problema em qualquer ponto desejado dentro dessa região
(FORTUNA, 2012).
No caso de técnicas numéricas, não é possível tratar o domínio de solução como uma
região contínua, uma vez que esse método obtém a solução em pontos como espaço e tempo
(x,y,z e t) por meio de operações de adição e multiplicação por exemplo. Dessa forma, pode-se
determinar pontos de uma região contínua e somente neles calcular a solução do problema. Esse
processo de fragmentação do domínio recebe o nome de discretização e o conjunto dos pontos
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discretos é chamado de malha de solução (FORTUNA, 2012). A Figura 5 apresenta a
discretização de um domínio retangular em coordenadas cartesianas.
O método dos volumes finitos é uma técnica para obtenção das equações de diferenças
finitas muito utilizada na CFD. Essa técnica consiste na integração de uma equação diferencial
parcial em uma região ou volume do espaço em torno de um ponto p. Esse método está
intrinsecamente relacionado ao conceito de fluxo de uma propriedade entre volumes de
controle adjacentes (VERSTEEG; MALALASEKERA, 2007). A Figura 6 apresenta a região
de um volume de controle de centro “i1” contido em um domínio discretizado para aplicação
do método de volumes finitos.
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Figura 6 - Configuração do domínio para aplicação do método de volumes finitos.
𝑡+∆𝑡 1 𝑡+∆𝑡 1
𝜕(𝜌𝜙)
∫ ∫ ( + ∇(𝜌𝜙𝑈)) 𝑑𝑉𝑑𝑡 = ∫ ∫ (∇(Γ∇𝜙) + 𝑆𝜙 )𝑑𝑉𝑑𝑡 (15)
𝑡 𝑉𝑐 𝜕𝑡 𝑡 𝑉𝑐
1
Todo o desenvolvimento matemático da Equação (15) até a Equação (27) foi escrito com
base em (JATOBÁ, 2016)
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O produto escalar n.a representa a componente do vetor a na direção do vetor normal
n à superfície dA. (ÇENGEL; CIMBALA, 2006). Dessa forma, como o termo convectivo da
equação geral de transporte representa o fluxo da propriedade de acordo de acordo com o
vetor velocidade U, através de uma fronteira do volume de controle, essa parcela pode então
ser escrita conforme representa a Equação (19).
𝑡+∆𝑡 1 𝑡+∆𝑡 1
∫ ∫ (∇(𝜌𝜙𝑈))𝑑𝑉𝑑𝑡 = ∫ ∫ (𝜌𝜙𝑼). 𝒏 𝑑𝐴𝑑𝑡 (19)
𝑡 𝑉𝑐 𝑡 𝐴
Em que A representa toda a área do volume de controle. Para o caso de uma malha em
que o volume de controle possui áreas fragmentadas f, conforme mostra a Figura 6, a integral
na área da Equação (19) pode ser melhor representada como uma somatória das integrais de
todas as faces desse volume de controle, como mostra a Equação ( 2 0 ):
𝑡+∆𝑡 1 𝑡+∆𝑡 1
∫ ∫ (∇(𝜌𝜙𝑈))𝑑𝑉𝑑𝑡 = ∫ ∑ ∫ (𝜌𝜙𝑼). 𝒏 𝑑𝐴𝑑𝑡
𝑡 𝑉𝑐 𝑡 𝐴𝑓
(20)
𝑓
𝑡+∆𝑡 1
𝜙𝑛 − 𝜙0
∫ [𝜌 ( ) 𝑉𝑐 + ∑ 𝜌𝜙𝑓0 (𝑼𝟎 . 𝒏)𝑓 𝐴𝑓 − ∑ Γ(𝛁𝝓𝟎 . 𝒏)𝑓 𝐴𝑓 − 𝑆𝜙0 𝑉𝑐 ] 𝑑𝑡 ( 2 6 )
𝑡 ∆𝑡
𝑓 𝑓
De maneira similar, a equação discretizada pelo método de Euler implícito pode ser
escrita como na Equação (27):
𝑡+∆𝑡 1
𝜙𝑛 − 𝜙0
∫ [𝜌 ( ) 𝑉𝑐 + ∑ 𝜌𝜙𝑓𝑛 (𝑼𝟎 . 𝒏)𝑓 𝐴𝑓 − ∑ Γ(𝛁𝝓𝒏 . 𝒏)𝑓 𝐴𝑓 − 𝑆𝜙0 𝑉𝑐 ] 𝑑𝑡 = 0(27)
𝑡 ∆𝑡
𝑓 𝑓
A fluidodinâmica computacional pode ser vista como uma ciência que complementa
as fases de experimentação e cálculo de um projeto de engenharia. Essa técnica fornece análises
teóricas que vão além das capacidades experimentais. Os engenheiros modernos aplicam a
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análise CFD, para obter detalhes sobre o campo de escoamento, como as tensões de
cisalhamento, as linhas de corrente e os perfis de velocidade e pressão. Na maioria dos casos, a
CFD está associada a dados experimentais para validação de seus resultados (ÇENGEL;
CIMBALA, 2006).
Fonte: Compilação do autor a partir de: (AHRENS et al., 2019; MORELAND, 2018)
Fonte: Compilação do autor a partir de: (ANSYS INC., 2013; ÇENGEL; CIMBALA, 2006; MORELAND,
2018)
Em geral, o formato das células de uma malha é escolhido com base no tempo de pré-
processamento e no custo computacional requerido para simulação. Elementos tetraédricos se
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adequam facilmente a geometrias complexas e podem ser gerados com algoritmos automáticos.
As malhas com elementos hexaédricos necessitam de decomposições geométricas ou
construção manual da malha, o que pode aumentar o tempo de pré-processamento. Dessa forma,
malhas tetraédricas são predominantes em aplicações industriais. Por outro lado, malhas
hexaédricas necessitam de menor poder computacional durante a solução do que em uma malha
tetraédrica equivalente. Sendo assim, é frequentemente mais rápido completar uma simulação
com malha hexaédrica (SILVA, 2016).
O refino das malhas é feito principalmente em regiões do domínio onde se tem uma
alta variação das propriedades. Por exemplo, em regiões de camada limite do escoamento, é
necessária uma alta resolução de malha, uma vez que o gradiente de velocidade nessa região é
alto quando comparado ao gradiente em regiões mais brandas do escoamento. Para situações
assim, faz-se um refino apenas nas regiões mais críticas do escoamento (geralmente regiões
curvas e próximas à parede) e trabalha-se com malhas mais grosseiras no restante do domínio.
Em CFD uma geometria que contém poucos detalhes e omite partes características
importantes, pode levar a simulação a obter resultados inconsistentes. Por outro lado, uma
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geometria extremamente detalhada pode tornar o trabalho de simulação de difícil resolução ou
até mesmo impossível (VALUS, 2018).
Após o usuário realizar os inputs, o problema entra na etapa de resolução pelo método
dos volumes finitos. Como explicado na seção 3.4.1, esse método consiste na integração das
equações diferenciais governantes do fenômeno estudado em cada volume de controle, bem
como na resolução do sistema de equações algébricas gerado por meio de métodos numéricos.
O método dos volumes finitos é conservativo por natureza, uma vez que as integrais de
superfície, que representam fluxos difusivos e convectivos, são as mesmas para volumes de
controle que compartilham a mesma face.
Por fim, é feita a visualização dos resultados e uma análise qualitativa e quantitativa
das respostas do simulador. A avaliação de parâmetros qualitativos utiliza programas que
permitem a formação de imagens dos campos de pressão e velocidade e de linhas de corrente
ao longo de toda a geometria do escoamento. A análise quantitativa permite verificar se os
critérios de convergência foram atendidos. Por fim, é feita a verificação do resíduo inicial ao
longo das iterações, ou seja, se os métodos numéricos utilizados fornecem uma solução
convergente para as equações dentro de uma tolerância especificada.
Uma vez que a solução atinge a convergência e tem sentido físico, os dados podem ser
comparados com dados experimentais do problema. Caso a solução não tenha atingido a
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convergência, o usuário deve voltar às etapas do pré-processamento. Na maioria dos casos, os
problemas de convergência estão associados à qualidade da malha.
• applications: ficam alocados os códigos fonte dos solvers a serem utilizados para resolução
dos casos e códigos com exemplos teste e utilidades do programa.
A definição dos blocos que constituem a malha e dos volumes de controle é feita no
arquivo blockMeshDict do caso. A edição desse arquivo pode ser feita por meio do programa
editor de texto Gedit, como mostrado na Figura 15.
Os planos que compõem as paredes fixas e móveis do problema são definidos com a
fronteira topológica (chamada de patch) do tipo Wall. Para a construção de malhas com
diferentes geometrias, é possivel utilizar outras funções como por exemplo a função
simpleSpline que interpola pontos para criar curvas e a função arc que constroi domínios
circulares. Todas as funções podem ser encontradas no User guide (manual do usuário do
openFOAM).
Após realizar os inputs nos arquivos do caso, pode-se dar início à etapa de
processamento e então chamar o solver no terminal do Linux. Neste problema o solver utilizado
é o icoFoam. Para iniciar a simulação, a maneira mais correta é realizá-la salvando todos os
dados da corrida em um arquivo externo, para isso utiliza-se o comando icoFoam >
nomedoarquivo, em que nomedoarquivo pode ser qualquer nome.
Uma vez que a simulação acontece, o OpenFOAM gera na pasta do caso, um diretório
com todos os resultados que podem ser analisados qualitativamente no Paraview.
Fonte: compilação do autor a partir de fotos do experimento e informações de(“Montagem Tubo Venturi 25”,
2010)
A geometria completa do medidor foi montada com 4 fronteiras topológicas: uma com
a face de entrada do fluido (plano com vértices 0, 12, 23 e 11) denominada de inlet no código,
outra com a face de saída (plano com vértices 5, 17, 18 e 6) denominada de outlet. As fronteiras
do plano superior e inferior foram definidas como paredes da tubulação e denominadas no
código como upperWall e lowerWall. Por fim os planos laterais foram definidos como vazios
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uma vez que o caso foi simulado em duas dimensões, essas regiões recebem a classificação do
tipo empty e são denominadas no código como frontAndBack.
Para este problema, foi utilizado o solver simpleFoam, que resolve as equações de
acoplamento pressão velocidade para escoamento incompressível, estacionário (SIMPLE),
laminar ou turbulento com fluido Newtoniano ou não-Newtoniano. O modelo de turbulência
utilizado foi o k-.
A partir da velocidade calculada pelo programa nos dois pontos de tomada de pressão,
foi possível determinar a diferença de pressão P da simulação e comparar os resultados com
os valores obtidos no experimento e os previstos pela equação ( 3 ).
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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 RESULTADOS DO CASO DE ESCOAMENTO EM UMA CAVIDADE
Para modelagem do Venturi, foram feitos 270 cortes ao longo do eixo longitudinal (x),
70 cortes ao longo do eixo radial (y) e nenhum corte no eixo z (simulação bidimensional). O
resultado obtido foi uma malha estruturada com 18900 volumes de controle e 75940 faces em
aproximadamente 30 segundos. Essa condição de malha foi previamente otimizada para se
obter resultados visuais e numéricos desejados. Sabe-se que as divisões em x impactam na
qualidade do perfil de velocidade obtido, enquanto as divisões em y são importantes para
capturar os gradientes de velocidade que existem nessa direção.
A malha obtida não apresentou nenhum tipo de não conformidade detectada pela
ferramenta do checkMesh do OpenFOAM, que verifica possíveis erros na malha inteira.
Além da malha para modelagem em duas dimensões, foi programada também uma
malha tridimensional para o medidor Venturi. Outra prática comum de simulação CFD para
escoamento em tubulações, é representar o domínio como uma fatia de formato piramidal com
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um pequeno ângulo de abertura (ângulo < 5°) e com a base em formato curvo (de maneira a
acompanhar a curvatura da tubulação). Este domínio de simulação é apresentado na Figura 22
de maneira similar ao que foi apresentado para o domínio bidimensional e o código completo
da programação encontra-se na seção de Apêndices desse trabalho.
Figura 22 - Representação das seções de malha para simulação tridimensional do medidor Venturi
Nos primeiros cálculos realizados, percebe-se uma maior influência das condições de
contorno no domínio de simulação. Nas iterações iniciais, foi verificada a presença de faixas
maiores nas extremidades do eixo y que refletem a condição de não escorregamento nas paredes
quando comparado com os resultados obtidos na última iteração do modelo. À medida que os
passos de iteração avançam, é possível ver que os fenômenos do escoamento turbulento
prevalecem e limitam o alcance das condições de contorno a regiões menores e mais próximas
das fronteiras em que essas foram estabelecidas como esperado.
O OpenFOAM tem como configuração padrão para realização de seus cálculos utilizar
a pressão associada à massa específica. Assim, o software não calcula diretamente a pressão de
maneira isolada, e sim a razão entre a pressão e a massa específica, como mostrado na Figura
25.
Figura 26 - Perfil de velocidade obtido ao longo do raio para diferentes posições em x do Venturi
Para o centro do medidor (raio = 0,0m) foi possível verificar os diferentes valores
encontrados para a velocidade máxima nos blocos. No bloco 1 a velocidade assume um valor
muito próximo da velocidade média definida como condição de contorno para vazão de 1500
L/h que é de 1,207 m/s. No bloco 3, região de menor diâmetro, a velocidade assume maior valor
para o centro quando comparado aos valores obtidos nas demais posições em x do medidor,
como já esperado.
Sabe-se que próximo à parede da tubulação tem-se a região em que são sentidos os
efeitos das forças de cisalhamento viscoso causadas pela viscosidade do fluido. Essa região,
denominada de camada limite, indica que a velocidade de escoamento na parede (raio máximo
da seção) é nula.
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Ao avaliar a magnitude da velocidade na parede para diferentes posições do Venturi,
percebe-se que em nenhum dos blocos, a velocidade assumiu valor igual a zero, apesar de em
todos os pontos abordados ela ter diminuído significativamente na direção do centro para a
parede. Essa diferença de valores encontrada entre o resultado simulado e o previsto pelas
condições viscosas deve-se ao modelo de turbulência utilizado na simulação e ao tratamento do
escoamento junto à parede.
Dessa forma, os resultados obtidos para velocidade próxima à parede nos diferentes
pontos do Venturi podem ser explicados em função do método de cálculo utilizado pelo modelo
k-, que não fornece uma precisão adequada para região onde os efeitos viscosos atuam com
maior presença.
Os pontos de mínimo para pressão e máximo para velocidade são atingidos justamente
no centro da garganta do medidor (bloco 3), onde tem-se a maior diferença de magnitude dessas
duas variáveis. Para a região divergente do medidor (bloco 4), pode-se observar o decaimento
da velocidade e aumento da pressão com uma menor taxa de variação (curvas mais suaves)
quando comparada com a taxa de variação da região convergente. Esse comportamento é
esperado, uma vez que o ângulo de abertura do Venturi é de 7° enquanto o ângulo de redução
é de 21° conforme mostra a Figura 17. Assim, o maior espaço em x para recuperação do
escoamento leva a um retorno mais brando das condições iniciais de pressão e velocidade.
Por fim, na saída do medidor (bloco 5), verifica-se a tendência das variáveis ao retorno
das condições iniciais. Acredita-se que ao aumentar o domínio de simulação na região do bloco
5 seria possível avaliar melhor o retorno dessas variáveis às condições iniciais. Teoricamente,
os valores para a velocidade são idênticos na entrada e saída do medidor, uma vez que o
escoamento satisfaz a equação da continuidade. Na prática, existe uma pequena diferença entre
o valor final e o inicial que está associada aos efeitos de perda de carga no escoamento
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contabilizadas pelo coeficiente de descarga, mesmo que em um medidor Venturi essa perda seja
pequena.
Foram definidos como padrão 1000 passos de iteração para a resolução do caso,
entretanto, o OpenFOAM cessa a simulação automaticamente a partir do instante em que o
software encontra a convergência para as variáveis de maneira que os resíduos entre as
simulações oscilem dentro de uma baixa tolerância. Essa prática é realizada pelo software para
que o caso não ocupe um alto volume da memória computacional. A simulação do Venturi
obteve convergência em 242 passos de iteração.
A Figura 29 apresenta uma ampliação dos dados de resíduo da ordem de 10-3 em diante
que se encontram a partir do 50° passo de iteração. É possível verificar que os resíduos
decrescem até a ordem de 10-4 com pequenas flutuações em torno dessa ordem de grandeza.
Essas oscilações são encontradas nas simulações CFD em razão da natureza das equações
resolvidas e do solver utilizado.
Para modelagem do medidor Venturi, foi utilizado o solver do tipo “SIMPLE”, que
resolve o caso utilizando o método de correção da pressão. O algoritmo de solução do solver é
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intrinsecamente implícito e pode ser descrito de maneira simplificada por meio dos passos
mostrado na Figura 30.
* V1 e V2 calculadas pela relação entre vazão volumétrica Q e diâmetro da seção D (V= Q*4/D2)
A partir dos dados é possível ver que os valores de velocidade V1 e V2 obtidos pelo
código CFD são muito próximos dos valores teóricos, com erros médios inferiores a 3%.
Para o cálculo da velocidade real V2 no medidor, foi necessário fazer uma adequação
dos resultados obtidos no modelo bidimensional para a representação tridimensional do
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Venturi. A relação entre as duas velocidades do medidor pode ser obtida por meio da equação
(1). Para o medidor em 3 dimenões essa relação e leva em conta a razão entre os diametros das
seções elevada ao quadrado, como mostra a equação (2). Entretanto, para o modelo simulado,
a geometria da seção transversal não consiste em um círculo com área proporcional a D2 e sim
em uma fatia retangular de comprimento D e espessura unitária L. A relação entre as
velocidades para o modelo bidimensional é expressa da seguinte forma:
𝐷1
𝑉1 ∗ 𝐷1 ∗ 𝐿 = 𝑉2 ∗ 𝐷2 ∗ 𝐿 𝑉2 = 𝑉1 ∗ ( )
𝐷2
Assim, esse valor obtido para V2 por meio da simulação foi corrigido pela
multiplicação do fator de razão entre os diâmetros D1 e D2 de maneira a se obter o valor
calculado pela mesma relação mostrada na equação (2).
A primeira análise feita a partir dos dados obtidos foi entre os resultados do modelo e
os resultados teóricos. De maneira geral, o software forneceu bons resultados de P para as
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difrentes vazões estudadas, com erros médios de 5% da diferença de pressão esperada e erro
máximo de 8,7%.
O primeiro ponto de vazão com 700 L/h foi o que obteve o maior erro (39%) entre o
modelo e o experimento. Esse desvio entre os resultados era esperado, uma vez que para vazão
mais baixa, foram encontradas dificuldades para medida da diferença de pressão em laboratório.
O rotâmetro do painel utilizado que regula a vazão apresenta a escala de 700 L/h muito próxima
da vazão zero, o que levou a altas flutuações do cone indicador de medida em torno o valor de
vazão desejado. Como consequência, o valor de P coletado no medidor de pressão digital
apresentou alta instabilidade para todas as 4 séries de dados coletados.
Com relação aos resultados de P obtidos para vazões a partir de 1000L/h, o modelo
apresentou um erro médio de 19% do valor obtido experimentalmente. Como uma tentativa de
primeira aproximação do experimento realizado, pode-se dizer que o código CFD já forneceu
uma boa solução para o caso, principalmente ao comparar os erros que o código apresentou em
relação à teoria e ao experimento.
Dessa forma, ao considerar o desvio padrão das medidas, pode-se dizer que o modelo
obteve solução dentro do intervalo especificado para quatro vazões simuladas. Em relação às
demais vazões, o erro entre a solução por CFD e o limite do intervalo mais próximo variou de
4% a cerca de 11%.
Pode-se dizer que o modelo refletiu bem o comportamento dos dados experimentais
em relação ao aumento da vazão de escoamento. Os pontos para os dados experimentais e
simulados apresentados na Figura 31 seguem a mesma tendência do P teórico.
O programa apresentou uma boa solução para o medidor de vazão estudado já nas
simulações iniciais. Os resultados qualitativos forneceram a reposta esperada para os perfis de
velocidade e pressão e linhas de corrente do escoamento em um rápido intervalo de
convergência.
Como sugestões para melhoria dos resultados encontrados, pode-se dizer que uma
calibração do medidor de pressão digital ou a utilização de um outro manômetro como o de
coluna d’água no momento do experimento por exemplo, levaria a obtenção de dados mais
estáveis e com menor desvio. Além disso, seria interessante a continuidade dos estudos para
simulação tridimensional a partir da otimização da malha gerada e avaliar a diferença
encontrada entre os dois resultados. Pode-se ainda explorar melhor outros tipos de solvers,
modelos de turbulência e esquemas de interpolação disponíveis no pacote do OpenFOAM.