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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

SISTEMAS ELÉTRICOS
Pós-graduação em
Automação Industrial
1º semestre / 2008

Franklin Fonseca
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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

EFEITO DAS DISTORÇÕES


HARMÔNICAS

1º sem./2008
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Distorções Harmônicas

PORQUE SE PREOCUPAR COM O


ASSUNTO?
 No passado, os níveis de DH e flutuações no
SEP não comprometiam a qualidade da
energia elétrica.
 Atualmente, a conversão e o controle de
potência são usados em grande quantidade
de equipamentos industriais e domésticos.
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Distorções Harmônicas

PORQUE SE PREOCUPAR COM O


ASSUNTO?
 Qualidade de Energia – assunto atual;
 Necessidade de otimização de instalações;
 Equipamentos cada vez mais sensíveis;
 Crescimento do nº de cargas não lineares;
 Necessidade de conscientização para as
medidas de não proliferação das distorções.
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Distorções Harmônicas

CONCEITO DE HARMÔNICOS
 São distorções periódicas na forma de onda
da tensão e/ou da corrente, caracterizadas
por sinais senoidais com freqüências
múltiplas e inteiras da freqüência
fundamental.
 Dão origem a uma forma de onda distorcida,
diferente de uma forma de onda senoidal
pura.
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Distorções Harmônicas
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Distorções Harmônicas

CARGAS LINEARES
 Constituídas por resistências, indutâncias
e/ou capacitâncias;
 Formas de onda de tensão e de corrente,
são sempre senoidais;
 Em circuitos reativos (presença de L e/ou C),
apesar da defasagem entre tensão e
corrente, ambas serão senoidais.
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Distorções Harmônicas

CARGAS NÃO LINEARES (CNL)


 Dispositivos eletrônicos (a diodo, tiristor, etc);
 Operam em modo de interrupção (estados
alternados de condução e bloqueio);
 São cargas que, embora sujeitas a uma
tensão senoidal, solicitam da rede uma
corrente não senoidal.
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Distorções Harmônicas

CARGAS NÃO LINEARES (CNL)


 Em um circuito à base de tiristores,
controlam-se os instantes de condução e
corte e, portanto, pode-se variar a tensão
eficaz e a corrente na carga;
 A tensão e, conseqüentemente, a corrente
na carga deixam de ser senoidal;
 Como resultado da circulação de correntes
não senoidais pelo circuito, fala-se então em
distorção harmônica e cargas não lineares.
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Distorções Harmônicas

CARGAS NÃO LINEARES (CNL)


 SEP: compensadores estáticos de reativos,
transformadores saturados, etc.;
 Equipamentos em MT e AT: fornos a arco e de
indução, sistemas de tração, retificadores
industriais, conversores CA/CC, etc.;
 Equipamentos em BT e domésticos: lâmpadas
de descarga, retificadores, motores de
indução, controladores de velocidades,
televisores, computadores, etc).
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Distorções Harmônicas

CARGAS NÃO LINEARES (CNL)


 Distorções que ocorrem na rede secundária
podem ser transferidas para a rede de
distribuição primária através dos
transformadores de força;
 Efeitos danosos das DHs podem surgir em
pontos distantes do local de instalação da
carga que gerou tais distorções.
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Distorções Harmônicas

FORMAS DE ONDA
NO CIRCUITO COM
UM DISPOSITIVO DE
CONTROLE.
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Distorções Harmônicas

EFEITO E CONSEQÜÊNCIAS
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Distorções Harmônicas

EFEITOS E CONSEQÜÊNCIAS
 O nível tolerável de harmônicos em um
sistema depende da susceptibilidade da
carga ou da fonte de potência;
 Susceptibilidade é a disponibilidade de um
equipamento em receber influências
externas sem sofrer danos;
 Cargas resistivas são equipamentos menos
sensíveis, para os quais a forma de onda
não é relevante, mas sim seu valor eficaz.
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Distorções Harmônicas

EFEITOS E CONSEQÜÊNCIAS
 Equipamentos mais sensíveis assumem a
existência de uma alimentação senoidal
(Ex: equipamentos de comunicação e
processamento de dados);
 A presença de harmônicos de tensão ou de
corrente podem ser prejudiciais às
instalações elétricas e equipamentos,
produzindo maiores esforços nos
componentes e isolantes do circuito.
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Distorções Harmônicas

AQUECIMENTO EXCESSIVO
 Máquinas de síncronas ou assíncronas:
 Idem ao transformador, é devido ao aumento
das perdas no ferro (corrente parasitas e
histerese) e no cobre (efeito Joule e efeito
pelicular). Isso afeta a eficiência do motor e o
conjugado disponível na ponta do eixo.

 O sobre-aquecimento reflete-se na
diminuição da eficiência e da vida útil da
máquina.
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Distorções Harmônicas

AQUECIMENTO EXCESSIVO
 Máquinas de síncronas ou assíncronas:
 Para que o motor não sofra danos por sobre-
temperatura, deve-se determinar o fator de
redução de potência (DF - Derating Factor)
em função da amplitude das harmônicas de
tensão aplicadas ao motor, obtidas através
de medição ou simulação.

 Algumas harmônicas podem estimular


oscilações e ressonâncias mecânicas. Isto
pode prejudicar a precisão no acionamento.
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Distorções Harmônicas

AQUECIMENTO EXCESSIVO
 Transformadores:
 Ao mesmo tempo em que os trafos sofrem os
efeitos das DHs, também são considerados
cargas não lineares, devido à relação não
linear entre o seu fluxo de magnetização e
corrente de excitação;

 Isso é fruto da saturação dos domínios


magnéticos do núcleo do transformador (ciclo
de histerese), distorcendo a forma de onda
senoidal no secundário do trafo.
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Distorções Harmônicas

AQUECIMENTO EXCESSIVO
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Distorções Harmônicas

AQUECIMENTO EXCESSIVO
 Cabos e condutores:
 Devido ao efeito pelicular, os cabos de
alimentação sofrem um aumento nas perdas
joulicas e uma elevação na queda de tensão
devido às correntes harmônicas;

 O item 6.2.6.4 da NBR 5410 determina as


seções nominais dos condutores dos
circuitos trifásicos, considerando a presença
de componentes harmônicas, aplicando um
fator de correção adequado.
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Distorções Harmônicas

AQUECIMENTO EXCESSIVO
 Banco de Capacitores:
 As DH podem excitar ressonâncias no SEP,
levando à ocorrência de picos de tensão e de
corrente, causando danos aos dispositivos
conectados à linha.

 Um capacitor ligado em série ou em paralelo


com uma indutância poderá formar um
circuito LC ressonante, capaz de amplificar
sinais de uma determinada freqüência.
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Distorções Harmônicas

AQUECIMENTO EXCESSIVO
 Banco de Capacitores:
 Circuito ressonante série: quando os
capacitores do banco ficam em série com a
reatância da instalação elétrica, que é
predominantemente indutiva;

 Circuito ressonante paralelo: quando os


capacitores do banco ficam em paralelo com
as cargas predominantemente indutivas da
instalação (motores elétricos).
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Distorções Harmônicas

AQUECIMENTO EXCESSIVO
 Banco de Capacitores:
 Certos harmônicos podem ser amplificados,
produzindo níveis excessivos de corrente
e/ou de tensão, provocando danos
principalmente nos capacitores, levando-os a
queima ou até mesmo à ocorrência de
explosões;

 A implementação de um banco de
capacitores para a correção do fator de
potência deve ser criteriosa.
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Distorções Harmônicas

MAU FUNCIONAMENTO DE CIRCUITOS


 Aparelhos que utilizam circuitos "detectores
de zero", que monitoram o instante em que
a tensão da rede cruza com o referencial de
“zero volts” para realizar alguma ação
(circuitos de sincronismo), podem ter seu
funcionamento alterado ou mesmo
inviabilizado.
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Distorções Harmônicas

ERROS DE MEDIÇÃO
 Aparelhos de Medição:
 Os instrumentos convencionais são
projetados para medir tensões e correntes
contínuas ou perfeitamente senoidais;

 Medem o valor médio do sinal e empregam


uma relação existente entre os valores
médios e eficazes. A indicação é feita em
termos do valor eficaz. Mas esta relação
somente é válida para sinais senoidais, sem
distorções harmônicas.
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Distorções Harmônicas

ERROS DE MEDIÇÃO
 Aparelhos de Medição: Formas de onda
diferentes, com o mesmo valor eficaz.
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Distorções Harmônicas

ERROS DE MEDIÇÃO
 Aparelhos de Medição:
 Instrumentos apropriados para a medição de
valores eficazes não senoidais são
conhecidos como TRUE RMS e medem os
valores eficazes verdadeiros, independente
da forma de onda envolvida.

 Tais instrumentos possuem um custo


superior aos convencionais.
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Distorções Harmônicas

ERROS DE MEDIÇÃO
 Medidores de Energia:
 Dispositivos integradores eletromecânicos
(com discos de indução), como os medidores
de consumo de energia mais antigos, são
sensíveis às componentes harmônicas,
podendo apresentar erros positivos ou
negativos, dependendo do tipo de medidor e
da harmônica presente.
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Distorções Harmônicas

FALHA NOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO


 Relé de proteção:
 Protegem os circuitos e equipamentos contra
distúrbios na tensão da rede, sobrecargas,
sobrecorrentes, falhas do equipamento, etc;

 Para a função de proteção térmica (ANSI 49)


deve-se considerar o aquecimento adicional
que as DHs irão causar na carga protegida.
Se o relé não medir valores True RMS, deve-
se ajustar o relé para 105% a 110% do valor
da corrente nominal.
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Distorções Harmônicas

FALHA NOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO


 Disjuntor e relé térmico:
 As DHs podem provocar o aumento da
corrente eficaz no circuito, causando maior
aquecimento e um aumento do campo
magnético no equipamento por onde circula;

 Pode ocorrer o disparo de um disjuntor ou


relé térmico com uma corrente que, medida
por amperímetro convencional, poderia ser
considerada inferior à nominal do dispositivo.
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Distorções Harmônicas

FALHA NOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO


 Disjuntor e relé térmico:
 O disparo da proteção pode ser considerado
aparentemente intempestivo. Mas o disjuntor
está protegendo o circuito contra
sobrecargas produzidas pelas correntes
harmônicas;

 Mesmo que os valores RMS da corrente


sejam baixos, podem ocorrer elevados
valores de pico, dispando proteções com
principio termomagnético ou diferencial.
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Distorções Harmônicas

FALHA NOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO


 Fusíveis limitadores:
 Para o cálculo e especificação de fusíveis
emprega-se um fator redutor em relação ao
seu valor nominal de corrente;

 Os picos de corrente provocados pelas DHs


podem transpor a curva de atuação do
fusível, provocando sua fusão prematura.
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Distorções Harmônicas

REDUÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA


 O FP é definido como a relação entre a
potência ativa e a potência aparente
consumidas por um dispositivo ou
equipamento, independentemente das
formas que as ondas de tensão e corrente
apresentem.
 Os sinais variantes no tempo devem ser
periódicos e de mesma freqüência.
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Distorções Harmônicas

REDUÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA


 Em um sistema livre de DHs, o FP equivale
ao co-seno do ângulo ø, que é a defasagem
entre as ondas de tensão e de corrente.
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Distorções Harmônicas

REDUÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA


 A potência ativa de um circuito se
desenvolve sobre sua parcela resistiva (R),
desde a fonte até a carga;
 A resistência elétrica (R) praticamente não
é afetada pela freqüência;
 Porém, a reatância indutiva (XL) de um
circuito varia em proporção direta com a
freqüência, pois XL = 2fL.
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Distorções Harmônicas

REDUÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA


 Em um circuito sob a influência de DHs,
cada freqüência múltipla da fundamental
(que apresentar amplitude suficiente), será
responsável por gerar uma respectiva
reatância indutiva;
 O aumento da reatância do circuito faz
aumentar a sua queda de tensão e,
conseqüentemente, a sua potencia reativa
total.
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Distorções Harmônicas

REDUÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA


 Com o aumento da potência reativa
(mantendo-se a potência ativa constante), o
FP do circuito diminui na mesma proporção
do aumento da reatância total.
 Em resumo, as componentes harmônicas
da corrente contribuem para o aumento da
corrente eficaz, elevando a potência
aparente sem produzir aumento da potência
ativa.
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Distorções Harmônicas

ELEVADA CORRENTE DE NEUTRO


 Em uma instalação com muitas CNLs
monofásicas, típico de edifícios comerciais
e residenciais (iluminação fluorescente,
micro-computadores, controle de
luminosidade), a corrente de neutro nos
circuitos de distribuição trifásicos a quatro
condutores será superior à corrente de
desequilibro, mesmo havendo um equilíbrio
razoável entre as cargas.
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Distorções Harmônicas

ELEVADA CORRENTE DE NEUTRO


 A corrente de neutro pode até superar as
correntes de fase. Isso se deve às
correntes harmônicas de 3ª ordem e seus
múltiplos, que se somam no neutro (9ª, 15ª,
21ª, etc);
 Uma elevada corrente no neutro, onde não
existe proteção contra sobre-correntes,
causa o aquecimento de cabos, de
conexões e da barra de neutro, além de
causar uma queda de tensão no circuito.
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Distorções Harmônicas

RECOMENDAÇÕES E NORMAS:
 NBR-5410: dimensionamento dos circuitos
na presença de harmônicos;
 Norma IEC 61000-3-2: Limite da DHTI na
rede BT, 220~240V(f/n), I ≤ 16A/fase;
 Norma IEC 61000-3-4: Limite da DHTI,
V<240V-1ø e V<600V-3ø, I > 16A/f;
 Recomendação IEEE-519: Causas,
métodos de medição e limites no SEP.
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Distorções Harmônicas

MITIGAÇÃO DOS EFEITOS


DOS HARMÔNICOS
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Distorções Harmônicas

MITIGAÇÃO DOS EFEITOS DAS “DHS”

Eliminar todos os harmônicos não é


economicamente viável.
Portanto, recomenda-se:
 Empregar técnicas para a minimização da
geração das distorções harmônicas;
 Aplicar sistemas de filtragem que atendam
aos níveis de eficiência desejada.
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Distorções Harmônicas

MITIGAÇÃO DOS EFEITOS DAS “DHS”


 Reatores de linha: reduzem o dv/dt nos
terminais e o stress na sua isolação;
 Filtros limitadores de tensão;
 Filtros senoidais, que garantem uma onda
praticamente senoidal na carga;
 Filtros de harmônicos sintonizados, ativos
ou passivos;
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Distorções Harmônicas

MITIGAÇÃO DOS EFEITOS DAS “DHS”


 Transformadores ligados em delta, que
confinam as correntes harmônicas;
 Remanejamento de cargas;
 Uso de inversores de freqüência de 12
pulsos.
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Distorções Harmônicas

TÉCNICAS DE FILTRAGEM
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Distorções Harmônicas

FILTRAGEM POR INDUTÂNCIA:


 Indutância em série
com a carga;
 Solução paliativa, que
atenua as distorções
presentes no ponto de
instalação.
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Distorções Harmônicas

FILTRO PASSIVO LC:


 Capacitor e reator em
série, e em derivação
na barra alimentadora;
 “LP” e “CP” escolhidos
p/ Z=0 na freqüência
desejada e muito
pequena para as
freqüências próximas.
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Distorções Harmônicas

FILTRO ATIVO:
 O circuito gera a corrente “IFA”, que é a
diferença entre “ICH” e a fundamental “ICH1”;
 A corrente “IFA”
é defasada de
180º, e é injetada
na carga.
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Distorções Harmônicas

TRANSFORMADORES DE SEPARAÇÃO:

Transformadores ∆-Y: Quadros para equipa-


mentos com fontes
monofásicas;
 Confina o 3º

harmônico e seus
múltiplos, fazendo-as
fluir pelo neutro do
transformador.
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Distorções Harmônicas

TRANSFORMADORES DE SEPARAÇÃO:

Trafos com Duplo Secundário:


 Defasagem 30o entre
secundários faz com
que DHI das cargas
sejam defasadas de
180º ao se somarem
no primário do trafo.
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Distorções Harmônicas

BARRA DE 14,4kV - SEM FILTROS

Barra de 14,4kV – Tensão RMS e DHTV.


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Distorções Harmônicas

BARRA DE 14,4kV - SEM FILTROS

Barra de 14,4kV – DHTV e Principais Componentes Harmônicas.


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Distorções Harmônicas

BARRA DE 14,4kV - SEM FILTROS

Barra de 14,4kV – Histograma de Distorção Harmônica de Tensão.


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Distorções Harmônicas

OBRIGADO!

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