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Padre António Vieira, Sermão

de Santo António [aos


Peixes]
Capítulo III – Torpedo
Traços característicos:
Peixe pequeno, que produz descargas elétricas, com as quais se
defende quando se sente ameaçado.
“Mas para que da admiração de uma tão grande virtude vossa passemos ao louvor,
ou inveja de outra não menor; admirável é igualmente a qualidade daquele outro
peixezinho a que os Latinos chamaram Torpedo. [...] Está o pescador com a cana
na mão, o anzol no fundo e a boia sobre a água, e em lhe picando na isca o
Torpedo, começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais breve, e mais
admirável efeito?” (linha 69 à linha 73)
Analogia com humanos:
O ofício de Santo António é pregar a palavra evangélica e “fazer tremer”
os ouvintes (fazê-los ouvir, receber a mensagem e converterem-se).
“Se eu pregara aos homens, e tivera a língua de Santo António, eu os fizera tremer.
Vinte e dois pescadores destes que se acharam acaso a um Sermão de Santo António,
e as palavras do Santo os fizeram tremer a todos de sorte, que todos tremendo se
lançaram a seus pés, [...] todos tremendo restituíram o que podiam [...], todos enfim
mudaram de vida, e de ofício, e se emendaram.“ (linha 81 à linha linha 85)
Alegoria e crítica social:
Os pregadores pregam tanto mas poucos ouvintes se
convertem.
“Muito pescam; mas não me espanto do muito: o que me espanta é que pesquem
tanto, e que tremam tão pouco. Tanto pescar e tão pouco tremer? [...] Pois é possível
que pescando os homens coisas de tanto peso lhes não trema a mão, e o braço?”
(linha 78 à linha 81)
Anáfora
“[...] todos tremendo restituíram o que podiam [...] todos enfim mudaram de
vida, e de ofício, e se emendaram.” (linha 84 e 85)

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