Você está na página 1de 23

CÓDIGO DE ÉTICA DA

PROFISSÃO DE BIOMÉDICO
E O EXERCÍCIO ÉTICO
PROFISSIONAL

REGULAMENTAÇÕES E
LEGISLAÇÕES QUE REGEM O
EXERCÍCIO DA PROFISSÃO

PROFª Ms: Samira Mariana Naciff


Ensino de Bioética

Conceitos

Formação humanística crítica, reflexiva e pluridisciplinar visando dar aos


profissionais da saúde, principalmente habilidade no manejo dos avanços
da tecnociência e conduta ética na pesquisa envolvendo seres humanos.
Alcança também pontualmente profissionais de ciências exatas e
humanas em áreas específicas.
Ensino de Bioética- Conceitos

Área de saber recente (4 décadas) que se situa na encruzilhada de


vários saberes já consolidados em profissões.

A Bioética integra

- Medicina - Educação Física

- Enfermagem - Nutrição
- Odontologia - Sociologia
- Psicologia -Antropologia
- Fisioterapia - Direito
- Biologia - Engenharia
- Fonoaudiologia - Teologia
CÓDIGO DE ÉTICA DA PROFISSÃO DE
BIOMÉDICO
• Código de Ética aprovado pela Resolução do C.F.B.M. - /V°
0002/84 DE i 6/08/84 - D. O. U. 27/08/84, e de conformidade
com o Regimento Interno Art. 54, 55, 60 - publicado 31/07/84.

CAPÍTULO I Dos princípios gerais


O Biomédico, no exercício de suas atividades está obrigado a se
submeter às normas do presente Código.
As infrações cometidas pelo Biomédico serão processadas pelas
Comissões de Ética e julgadas pelo Conselho Superior de Ética
Profissional, ou pelo Conselho Regional de Biomedicina no qual o
profissional estiver inscrito.
OBRIGA-SE O BIOMÉDICO A:

I.zelar pela existência, fins e prestigio do Conselho de Biomedicina, aceitar os


mandatos e encargos que lhe forem confiados cooperar com os que forem
investidos de tais mandatos e encargos;
II.manifestar, quando de sua inscrição no Conselho, a existência de qualquer
impedimento para o exercício da profissão e comunicar, no prazo de trinta dias,
a superveniência de incompatibilidade ou impedimento;
III. respeitar as leis e normas estabelecidas para o exercício da profissão;
IV. guardar sigilo profissional;
V. exercer a profissão com zelo e probidade, observando as prescrições legais;
VI. zelar pela própria reputação, mesmo fora do exercício profissional;
VII.representar ao poder competente contra autoridade e funcionário por falta de
exação no cumprimento do dever;
VIII. pagar em dia as contribuições devidas ao Conselho;
IX. observar os ditames da ciência e da técnica;
X. respeitar a atividade de seus colegas e outros profissionais.
CAPÍTULO II - NO EXERCÍCIO DE SUA
ATIVIDADE, O BIOMÉDICO DEVERÁ:
I. empregar todo o seu zelo e diligência na execução de seus misteres:
II.não divulgar resultados ou métodos de pesquisas que não
estejam, cientifica e tecnicamente, comprovados;
III. defender a profissão e prestigiar suas entidades;
IV. não criticar o exercício da atividade de outras profissões;
V.selecionar, com critério e escrúpulo, os auxiliares para o exercício de sua
atividade;
VI.ser leal e solidário com seus colegas, contribuindo para a harmonia da
profissão;
VII. não ser conivente com erro e comunicar aos órgãos de
fiscalização
profissional as infrações legais e éticas que forem de seu conhecimento;
VIII.exigir justa remuneração por seu trabalho, a qual deverá corresponder
as responsabilidades assumidas e aos valores fixados pela entidade
CAPÍTULO III - DA
DIVULGAÇÃO E PROPAGANDA
Art. 5º O Biomédico pode utilizar-se dos meios de comunicação para
conceder entrevistas ou palestras sobre assuntos da Biomedicina, com
finalidade educativa científica e de interesse social.
Parágrafo Único O Biomédico, apresentando antecipadamente ao
Conselho o conteúdo da entrevista ou palestra, solicitando a prévia
autorização, poderá se eximir de qualquer responsabilidade Técnica.
Art. 6º Os anúncios, individuais ou coletivos, deverão restringir-se:
a)- ao nome usual do Biomédico e respectivo numero de inscrição no
Conselho;
b) - a profissão e as especialidades devidamente registradas;
c) - aos títulos mais significativos da profissão;
d) - aos endereços e horários de trabalho.
CAPÍTULO III - DA
DIVULGAÇÃO E PROPAGANDA
Art. 7º O Biomédico somente poderá afixar placa externa em seu local de trabalho e
em sua residência.
Parágrafo Único a placa externa obedecerá às indicações constantes do artigo 6º e
suas alíneas.
Art. 8 º É vedado ao Biomédico:
a) - oferecer seus serviços profissionais através de radio, televisão a impressos
volantes;
b) - servir-se dos meios de comunicação, tais como radio, televisão a publicações em
revistas ou jornais leigos, para promover-se profissionalmente;
c) - divulgar nome, endereço ou qualquer outro elemento que identifique o paciente;
d) - publicar fotografia de paciente, salvo em veiculo de divulgação estritamente
científica e com prévia e expressa autorização do paciente ou de seu representante
legal;
e) - anunciar pregos de serviços, modalidade de pagamentos e outras formas de
comercialização que signifiquem competição desleal;
f) - anunciar mais de uma especialidade.
CAPÍTULO IV - DAS RELAÇÕES
COM OS COLEGAS
Art. 9 º Nas relações com os colegas, o Biomédico não poderá:
a) - criticá-lo em público por razões de ordem profissional;
b)- aceitar remuneração inferior à reivindicada por colega sem o
seu prévio consentimento ou autorização do órgão de fiscalização
profissional;
c)- angariar clientela, renunciando a qualquer vantagem de
ordem pecuniária ou descumprindo determinação legal ou
regulamentar;
d)- angariar clientela mediante propaganda não permitida pelo
órgão de fiscalização profissional;
e) - oferecer denúncia sem possuir elementos comprobatórios,
capazes de justifica-la;
CAPÍTULO V - DAS RELAÇÕES
COM A COLETIVIDADE
Art. 3º Nas relações com a coletividade, o Biomédico não poderá:
I.praticar ou permitir a prática de atos que, por ação ou omissão, prejudiquem, direta ou
indiretamente, a saúde publica;
II. recusar, a não se por motivo relevante, assistência profissional a quem dela necessitar;
III.acobertar, por qualquer forma, o exercício ilegal da profissão ou acumpliciar-se, direta ou
indiretamente, com quem o praticar;
IV.prestar serviço profissional ou colaboração a entidade ou empresa onde sejam
desrespeitados princípios éticos ou inexistam condições que assegurem adequada
assistência;
V.revelar fatos sigilosos de que tenha conhecimento, no exercício de suas atividades, a não
ser por imperativo de ordem legal;
VI.unir-se a terceiros para obtenção de vantagens que acarretem prejuízos ou inadequada
assistência e saúde pública;
VII. recusar colaboração as autoridades sanitárias nas campanhas que visem e resguardar a
saúde pública;
VIII.fornecer, ou permitir que se forneçam, ainda que gratuitamente produtos,
medicamentos ou drogas para serem utilizados inadequadamente;
IX.valer-se de mandato eletivo ou administrativo em proveito próprio, ou para obtenção de
vantagens ilícitas.
CAPÍTULO VI - DAS RELAÇÕES
COM O CONSELHO FEDERAL E
OS REGIONAIS DE BIOMEDICINA
Art. 11º Nas relações com o Conselho Federal e os Regionais, o
Biomédico deverá:
I.cumprir, integral e fielmente, obrigações e compromissos assumidos
mediante contratos e outros instrumentos, visados e aceitos, pelo
CRBM, relativos ao exercício profissional;
II. cumprir os atos baixados pelo CFBM ou CRBM;
III.tratar, com urbanidade e respeito, os representantes do órgão
profissional, quando no exercício de suas funções, favorecendo e
facilitando o seu desempenho;
IV. propiciar, com fidelidade, informações a respeito do
exercício
profissional, que lhe forem solicitadas;
V. atender convocação feita pelo órgão profissional, a não ser
por motivo de força maior, comprovadamente justificado.
CAPÍTULO VII - DAS INFRAÇÕES
DISCIPLINARES
Art. 12º Constituem infrações disciplinares:
I. transgredir preceito do Código de Ética Profissional;
II.exercer a profissão quando impedido de faze-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o
seu exercício aos não inscritos ou impedidos;
III.manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos na
legislação em vigor;
IV. valer-se de agenciador, mediante participação nos honorários a receber;
V. violar, sem justa causa, sigilo profissional;
VI.prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário a lei ou
destinado a fraudá-la;
VII.praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a lei define como crime ou
contravenção;
VIII.não cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada de órgão de
fiscalização profissional, em matéria de competência, dos Conselhos, depois de
regularmente notificado;
IX. faltar a qualquer dever profissional.
CAPÍTULO VII - DAS INFRAÇÕES
DISCIPLINARES
Art. 13º As faltas serão consideradas graves, leves ou
escusáveis
conforme a natureza do ato a as circunstâncias de cada caso.
Art. 14º A infração dos dispositivos do presente Código de
Ética sujeitará o Biomédico às penalidades previstas no artigo
34 do Decreto 88.439 de 28 de Julho de 1983, a saber:
a) advertência, em aviso reservado;
b) repreensão, em aviso reservado;
c) multa equivalente a até 10 (dez) vezes o valor de anuidade;
d)suspensão do exercício profissional pelo prazo de até 3 (três)
anos, em aviso reservado;
e) cancelamento do registro profissional.
CAPÍTULO VIII - DAS
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 15º Não é vedado ao Biomédico exercer, simultaneamente,
outra profissão.
Art. 16º O profissional condenado por sentença criminal,
definitivamente transitada em julgado, por crime praticado no uso
do exercício da profissão, ficará suspenso da atividade enquanto
durar a execução da pena.
PROBLEMAS DA ÉTICA
PROFISSIONAL
• São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008
• FOLHA DO ESTADO DE SÃO PAULO PUBLICA:
• 9% já notaram desvios éticos em laboratórios
• Entrevistas realizadas com 2.212 cientistas da
área biomédica nos Estados Unidos indica que
a falta de ética pode ser um problema
subestimado no meio.
• Segundo o resultado do levantamento,
divulgado ontem pela revista "Nature", 9% dos
cientistas disseram já ter testemunhado algum
caso de falsificação de resultados, plágio ou
invenção de
dados.
PROBLEMAS DA ÉTICA
PROFISSIONAL

• 37% nunca foram denunciados a


instâncias superiores para investigação,
por medo de represálias ou de
comprometer orçamentos coletivos.
• Se o levantamento for uma amostra
representativa, dizem os autores, mais de
3.000 casos de desvio ético podem estar
ocorrendo anualmente nos EUA.
MAU-TRATO INFANTIL E
BIOÉTICA
CASO CLÍNICO

Foi atendida em Hospital de Porto Alegre, no Setor de Traumatologia, uma criança com 10
meses de idade, do sexo feminino, trazida pela mãe que contou que o bebê havia caído da
cama e que "estava chorando muito e que poderia ter quebrado algum osso".

Examinada pelo traumatologista de plantão, foi constatada equimoses generalizadas e o


exame clínico indicava fratura no braço esquerdo e na coxa direita. Foi encaminhada ao
setor de radiologia e retomando com as radiografias havia uma observação do
radiologista alertando para a possibilidade de "maus tratos", pois além das fraturas já
mencionadas, foi constatada fraturas em fase de consolidação e fraturas consolidadas em
arcos costais! O plantonista resolveu conversar mais com a mãe e mostrou sua surpresa
quanto às fraturas apresentadas buscando que a mãe esclarecesse melhor o caso. A mãe
contou que quando chegou em casa encontrou a criança chorando e no chão, e que por
isso achava que ela havia caído da cama. Além da criança, só estava em casa seu
companheiro, que não era o pai da criança, mas que dormia profundamente e ela ficou
com medo de acordá-lo, pois era muito violento quando bebia. Embora as evidências de
maus-tratos, o traumatologista não queria se incomodar, cuidou em tratar as fraturas e
liberar a paciente. NA SUA MANEIRA DE VER, O TRAUMATOLOGISTA AGIU
CORRETAMENTE?
MAU-TRATO INFANTIL E
BIOÉTICA
Concluindo, a intervenção nos problemas sociais tem
importantes implicações bioéticas, que devem
examinar-se éticas,
na globalidade das atuações. Atualmente, é

mandatório para qualquer profissional que atenda crianças


ajudar a identificar e prevenir a recorrência de abuso
notificando as autoridades adequadas.

No caso descrito acima, se essa mãe fosse com o seu


filho no seu laboratório. O que você faria?
TJMG CONDENA LABORATÓRIO
E BIOMÉDICA POR ERRO EM

DIAGNÓSTICO
pela biomédica processada, apontava que
Laudo
paciente convivia com um câncer
assinado invasivo, a
maligno avançado estágio. já em

• A paciente foi encaminhada, de maneira urgente, a um serviço de


oncologia em Belo Horizonte. O médico que atendeu a paciente,
orientando-se pelo exame realizado, solicitou a internação para
realização de uma cirurgia.

• Durante a preparação para o procedimento cirúrgico, a mulher foi


submetida a novo exame, feito em um laboratório diferente do
primeiro. O resultado, desta vez, foi divergente do anterior.

• A paciente foi submetida ao procedimento na data marcada. O


resultado do material colhido na cirurgia confirmou, entretanto, o
diagnóstico do segundo laboratório, certificando que a paciente
não estava com câncer.
TJMG CONDENA LABORATÓRIO
E BIOMÉDICA POR ERRO EM
DIAGNÓSTICO
Em primeira instância, a Justiça condenou o laboratório e a
biomédica a pagar R$ 50 mil por danos morais a paciente;
Magistrado reformou parcialmente a decisão da
primeira
instância, reduzindo de R$ 50 mil para R$ 30 mil.

Caso publicado no G1 globo 2013.

O que poderia ter acontecido para que esse resultado tenha


sido liberado com um resultado errado?
CASO – HIV
Bióloga, professora universitária, 47 anos, hipertensa,
apresenta quadro de insuficiência coronária,
tabagistacom para
cirurgia de revascularização do miocárdio;indicação procura
especializado,
cirurgião
de sua confiança e de seu círculo
social.
O cirurgião, conhecedor do fato de que o marido
da professora apresenta comportamento de
imunodeficiência humana [HIV] do
risco (portador por possível bissexualidade),
vírus da exige a
realização do teste de HIV como pré-condição para operá-la. A paciente
informa ter realizado o exame há 10 meses, com resultado negativo.
O cirurgião insiste na feitura de novo exame. A paciente se nega a
realizá-lo e o médico se nega a operá-la.
Por interferência da Diretoria Clínica do hospital a doente acaba
concordando em realizar o teste, cujo resultado vem a ser negativo.
CASO – HIV
O cirurgião, então, a procura e decide marcar a intervenção cirúrgica.
A paciente, porém, pergunta ao cirurgião: "Qual o motivo para exigir o
teste HIV?" Responde o cirurgião: "Porque durante o ato cirúrgico eu
poderia, por acidente, me ferir e correr o risco de ser infectado".
"Nesse caso," diz a paciente,“ desejo também conhecer o resultado
do seu teste, pois o senhor também pode, na mesma situação, em
cirurgia extracorpórea, me contaminar".

Se você conhece alguém / algum parente que tem HIV, e essa


pessoa vai no seu laboratório colher sangue e você que tem que
realizar a coleta.
O que você faria?
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
• "O exame deve ser voluntário, após informações
completas e
adequadas ao paciente quanto à sua finalidade.

• O paciente que se recusar a ser testado não deve ter prejuízos em


sua assistência em decorrência de sua decisão.

• Os pacientes positivos deverão ter garantias de sigilo em relação ao


resultado e de manutenção de todos os seus direitos em relação à
assistência oferecida pela instituição, sem prejuízo na qualidade de
seu atendimento."

Você também pode gostar