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Introdução à astronáutica

Aula 4- Introdução à
Dinâmica Orbital

Prof. Dra. Bruna Niccoli Ramirez - CECS


bruna.niccoli@ufabc.edu.br
Aula do prof. Ramachrisna Teixeira -
IAG USP
Aula do prof. Ramachrisna Teixeira -
IAG USP
Como são definidas as estações do ano?

Leiam a aula completa:


https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/8
009163/mod_resource/content/1/
A8_estac%CC%A7o%CC
%83es_print.pdf
Metas de compreensão:
1 - Explicar os conceitos básicos do movimento orbital e descrever como eles são
analisados;

2 - Explicar e usar as leis básicas de Newton;

3 - Empregar as leis de Newton para descrever geométrica e matematicamente


as órbitas;

4- Usar as constantes do movimento orbital (Energia mecânica específica e


momento angular específico) para determinar importantes variáveis angulares.
“Quantos anos você tinha quando descobriu que não seria um astronauta?”

Quantos anos você


tinha quando
descobriu que iria
trabalhar com o
espaço?
=)
Na aula passada falamos que trajetórias e órbitas são elementos básicos de uma missão espacial.

Para calcular tais movimentos você precisa saber um pouco de cálculo,


geometria e física básica.
Duas bolas de mesma massa caem ao mesmo tempo→ Os
movimentos vertical e horizontal são independentes.
Mesmo que você jogue a
bola mais e mais rápido, a
taxa de variação da
velocidade no tempo de
queda da bola sempre
será a mesma - 9,8 m/s2
(é o que chamamos de
aceleração gravitacional).
O que faz o tempo de
queda da bola variar é a
componente horizontal do
movimento.
Se você fosse um gigante arremessando uma bola desde a Terra ao Espaço…

Um objeto em
órbita apenas
não cai na
Terra por
causa da sua
velocidade
horizontal.
Para compreender o movimento de um foguete ou de uma bola, sempre construímos um checklist (mesmo que mental) do Processo de análise deste movimento, o qual deve conter:

1- O sistema de Coordenadas;
2 - A equação do movimento;
3 - As hipóteses simplificadoras assumidas;
4 - As condições iniciais;
5- Análise de erros;
6 - Teste do modelo.
Para construir tal análise precisamos de alguns conceitos básicos da física:
- Massa?
- Inércia?
- Gravidade?
- Quais são as 4* leis de Newton?
1º Lei de Newton - Momentum - “Lei da Inércia”
“Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a
menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele”.

Momentum é a resistência que o objeto tem de alterar a velocidade e a quantidade de


movimento.
Momento angular
É a quantidade de resistência de um objeto em rotação mudar sua velocidade
angular ou sua direção.
Momento angular
2º Lei de Newton - alteração do momentum - Princípio fundamental da dinâmica - Lei da
superposição das forças

“A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida e é produzida


na direção de linha reta na qual aquela força é aplicada.”
3° Lei de Newton - Ação e reação
“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações
mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em
sentidos opostos.”
Lei da atração universal
Dois corpos atraem-se por uma força diretamente proporcional ao
produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da
distância que os separa.
Parâmetro gravitacional μ

Usando o raio médio da Terra


6.378.137 m

Onde:
Conservação do momento
Energia (mecânica)

“Fg”
Energia mecânica total de um objeto orbitando a Terra:
Leis de Kepler

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1ª Lei de Kepler

Toda órbita é uma


elipse com o Sol
(ou corpo 26

principal) em um
de seus focos.
Slide adaptado da aula da prof. Cláudia
Celeste
2ª Lei de Kepler
Day 40
Day 50 Day 30

Day 60
Day 20
Day 70

Day 80

Day 90
Day 10
Day 100 27
A linha entre o corpo
orbitante e o corpo principal Day 110 Day 0
Day 120
varre áreas iguais em iguais
intervalos de tempo.
Adaptado da aula da prof. Cláudia Celeste
3ª Lei de Kepler

Define a relação
entre o período
orbital e o raio médio
de quaisquer dois
R2 EXAMPLO:
corpos em órbita.
Para um Earth
R1 P1 P 2
determinado corpo, P = 1 Year
o período orbital e a
R = 1 AU
distância média do
segundo corpo em
órbita são: Mars
P = 1.88 Years
P2 = R 3 P = Orbital Period
R = 1.52 AU
R = Average Radius
Slide da aula da prof. Cláudia Celeste
O problema restrito de dois corpos
O problema restrito de dois corpos - Sistema de referência

→ Na mecânica Newtoniana precisamos definir um sistema de referência inercial


(isto significa que o sistema de coordenadas não está acelerado*);

* Isto é meramente uma simplificação, pois na realidade todos os sistemas de referência do universo estão
acelerando. O que nos permite fazer a essa suposição é que as leis de Newton são “suficientes” para resolver os
problemas da mecânica clássica.

→ Mas afinal, o que é um sistema de referência?

- São conjuntos de vetores unitários


posicionados entre si por ângulos retos que
nos permitem definir a magnitude e a direção
de um outro vetor em relação a eles.
O SISTEMA DE COORDENADAS SERVE PARA
FACILITAR A VIDA!
Para o caso de um satélite orbitando a Terra:
Escolhemos um sistema de coordenadas
geocêntrico equatorial com as seguintes
características:

→ Origem assumida: centro da Terra;

→ Plano fundamental: equador da Terra.


Perpendicular a este plano está o Polo Norte;

→ Direção Principal: Direção do equinócio


vernal que é encontrada pela linha que une a
Terra e Sol no primeiro dia da primavera.
Equação do movimento - para examinar como as forças externas afetam o sistema

Quais forças atuam na espaçonave?


- Força gravitacional;
- Arrasto (quando estiver próxima à
atmosfera);
- Impulso (se houver);
- Força de atração gravitacional de um
3º corpo (Sol, Lua, etc);
- Outros…
Hipóteses simplificadoras:
= 0 → ignoramos outras
forças, como
eletromagnética pela
= 0 → Se não estiver em interação com o campo
manobra ou não for da Terra e etc
prevista.

= 0 → A nave está muito


= 0 → Se fora da
próxima da Terra, portanto
atmosfera.
vamos assumir apenas 2
corpos.
Hipóteses simplificadoras:
Assumimos também:
- A massa da Terra é muito maior
que a massa da nave;
- A massa da nave não varia no
tempo;
- A Terra é aproximadamente
esférica;
- A densidade da Terra é
aproximadamente homogênea -
a gravidade da Terra age desde
o centro do planeta;
- O sistema de coordenadas
geocêntrico equatorial é
suficientemente inercial,
portanto são válidas as Leis de
Newton.
Então, temos:

Vetor de Isto denota a direção


da força gravitacional
posição/magnitude - vide apêndice do
material didático
Dividindo os dois lados por ‘m’, obtemos a Equação de movimento do problema
restrito a dois corpos.
Parâmetro gravitacional
Vetor posição do satélite

Aceleração

Módulo do vetor
posição do satélite
Chegamos a uma equação diferencial de segunda ordem, vetorial e não linear…
ou seja, apesar de sua simples resolução (vide apêndice C3 do material do
moodle), ela não é uma equação que nos traga alguma resposta intuitiva apenas
ao observá-la.

Resolvendo-a para a magnitude do vetor de posição de um objeto no espaço,


chegamos a novos parâmetros:
O que a equação está nos dizendo?

Eu sou a solução do problema restrito


de dois corpos e descrevo a posição
da nave espacial, R, em termos de
duas constantes e do ângulo polar.
Esta equação também é a relação das seções cônicas…
Como, pela 1°Lei de Kepler, o movimento orbital se dá na geometria elíptica,
então podemos assumir a equação para este caso específico, ficando
portanto escrita assim:

Sabendo ainda que:


Adaptado da aula da
prof. Cláudia Celeste Geometria da Órbita - Elipse

e 150°
120°
90°
excentricidade
(0.0 to 1.0) anomalia
θ verdadeira
Apogeu a Perigeu 0°
180°
Semi-eixo maior

Apo/Peri geu – Terra


Apo/Peri lua – Lua
e define a forma da elipse
Apo/Peri helio – Sol a define o tamanho da elipse
Apo/Peri apsides – não especificado θ define o ângulo desde o perigeu
Adaptado da aula da
Algumas relações: prof. Cláudia Celeste

Em que:
2a : Eixo maior
2c : Distancia entre os focos
Ra : Raio do apoapsis
Rp : Raio do periapsis
Determine as distâncias mais próximas e mais afastadas do corpo principal.
Constantes do Movimento Orbital

Em um campo conservativo a energia mecânica e o


momento são conservados. O movimento orbital
acontece no campo conservativo gravitacional. Assim o
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movimento do veículo espacial conserva a energia
mecânica e o momentum angular.
Energia Mecânica Especifica
Da energia mecânica:

Para generalizar a equação anterior, define-se a


ENERGIA MECANICA ESPECIFICA (ε) a qual não
depende da massa:

Assim:
A energia mecânica específica é conservada, então deve
ser a mesma ao longo da órbita. Quando veículo espacial
se aproxima do ponto mais afastado do corpo principal
(foco) ganha altitude, ou seja, ganha energia potencial e
ao mesmo tempo perde energia cinética e quando se
aproxima do ponto mais perto do foco perde altitude, ou
seja, ganha energia cinética.
Da expressão para energia total específica do problema de
dois corpos, tem-se:

Aplicável posteriormente para mudanças de órbitas.

50
Existe uma relação entre a energia mecânica específica
e o semieixo maior da órbita:

Tipo de órbita a partir da sinal da energia mecânica


especifica:
• ε<0 (negativo)-- órbita circular ou
elíptica
• ε =0 -- órbita parabólica
• ε>0 (positivo) – órbita hiperbólica
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Dada a energia, podemos determinar o período
orbital P, que é o tempo que demora o veículo
espacial em completar uma volta ao redor da sua
órbita:

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Momento Angular Específico

momento angular específico (h):

O plano que contém ao vetor R e ao vetor V é o plano de órbita.


Exercícios

1) Dadas as massas da Terra, mTerra = 5.98 x 1024 kg e da Lua,

mLua = 7.35 x 1022 kg, calcule a força gravitacional que a


Terra exerce sobre a Lua sabendo que a distância média
entre os corpos é 3.84 x 108 m.
2) Usando o raio equatorial 6.378 km obtenha ag
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a) na superfície da Terra

b) na altitude de 200km
c) na altitude de 500 km

d) Na altitude de 1.000 km

3) Obtenha o comportamento ag x h e analise o

resultado. Utilize o recurso gráfico do MatLab.

4) Utilizando a solução da equação para o raio orbital de


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uma cônica obtenha a equação geral do raio orbital


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6) Obtenha o período orbital para dos dados do exercício 5.
7) Obtenha a equação geral da velocidade do perigeu, Vp, e do

apogeu, Va, de um satélite em função da excentricidade e


semieixo maior. Obtenha também para uma órbita circular.
8) Obtenha Vp e Va do satélite CBERS 1, 2 e 2B e do SCD1 e 2.
Compare o resultado com a velocidade de um satélite
geoestacionário (pesquise a velocidade de um satélite
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geoestacionário).
9) Obtenha o comportamento da velocidade, V, (km/s) e do

período (min) orbital, P, em função da altitude, h, para um

satélite em órbita circular considerando as órbitas: LEO e

MEO (Discutir o resultado). Utilize recurso gráfico do

MatLab.

a) LEO – h entre 200 km e 2.000 km 58

b) MEO – h entre 15.000km e 25.000 km

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