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Artigo publicado na revista “visão espiritualista” nº 3 (2005), atualizado em janeiro de

2010 para difusão pela internet.


A espiritualidade franciscana e o universalismo

Adilson Marques

São Francisco de Assis foi um importante mensageiro do Cristo, encarnando em um


dos momentos mais críticos da história da Igreja Católica. Seu pensamento foi eminentemente
universal, o que faz com que seja reconhecido e admirado por seguidores das mais diversas
doutrinas religiosas, no Ocidente e no Oriente.

Neste artigo pretendo socializar algumas informações obtidas, por vias mediúnicas,
sobre esse importante espírito que viveu a personalidade do “pobre de Assis”, sem afirmar se
são ou não verdadeiras. São apenas informações que recebi e que apresento para o debate,
sem proselitismo ou idolatria.

Em 2001, em uma reunião mediúnica, no antigo Centro de Estudos e Vivências


Cooperativas e para a Paz, associação que originou a atual ONG Círculo de São Francisco
(fechada em 2007), um espírito que usava a postura de médico e que afirmava ser da equipe
do Dr. Bezerra de Menezes e mentor da Associação Médico Espíita (AME), revelou‐nos que São
Francisco e Mahatma Gandhi foram duas personalidades vividas por um mesmo espírito.
Comparando a história de vida dessas duas personalidades e seus ideais espiritualistas, existe,
de fato, uma forte agregação psíquica entre elas. Obviamente que isto não nos prova nada,
pois o mesmo espírito pode vivenciar uma encarnação com um ego extrovertido e outra, em
seguida, com um ego introvertido. Pode ser inquiridor e racionalista em uma e sentimentalista
e religioso em outra. Tudo vai depender das provas, missões ou expiações que necessita
passar.

Com essa ressalva, podemos continuar este estudo comparativo. E um fato


significativo entre os dois personagens é que nenhum deles pregou o perdão, mas foi além,
defendendo a não ofensa (aquele que não se ofende não tem nada para perdoar), ou seja, a
indulgência.

Porém, nem todos que se consideram reencarnacionistas aceitam essa revelação com
facilidade. Certa vez, expondo essa informação para um grupo de militantes de um
agrupamento religioso sectário, um deles afirmou que se um espírito cristão retorna à Terra
como hindu estaríamos diante de uma “involução” espiritual, algo que iria contra a doutrina
que ele seguia ortodoxamente.
Em nossa modesta opinião, esta interpretação está muita presa ao evolucionismo
linear, próprio do século XIX. Além disso, interpreta o plano espiritual com o olhar da Terra,
pouco transcendental. Em outras palavras materializa o mundo espiritual. Será que do “outro
lado” existe a mesma fragmentação religiosa que existe na Terra? E se levarmos às ultimas
conseqüências a interpretação acima teremos também que considerar que Jesus “involuiu”,
uma vez que ele encarnou na Terra, em um planeta de baixo padrão vibratório e não viveu
entre os “grandes”, mas entre os “pequenos” e humildes.

Essa mesma entidade espiritual também revelou que no plano astral da Índia existe
uma colônia denominada São Francisco, onde espíritos imbuídos de amor à vida trabalham
incessantemente pela integração do Ocidente com o Oriente, não no sentido de fundir
doutrinas e rituais, mas de viver o verdadeiro espírito ecumênico.

Tal informação não me parece absurda ou irracional, sobretudo se levarmos em


consideração outros fatos espirituais, largamente conhecidos no meio espiritualista. Por
exemplo, Joanna de Angelis, protetora do médium Divaldo Franco, certa vez revelou a ele que
ambos “trabalham sob a proteção de São Francisco de Assis”.

Nesse sentido, se a revelação que apresentamos acima for verdadeira, a probabilidade


de encontrarmos indícios dessa integração entre o Ocidente e o Oriente na obra de Joanna de
Angelis é grande. E isso aparece em várias passagens de seus livros. Vou citar apenas uma, que
já foi usada por nós como epígrafe em um dos livros editados pela ONG Círculo de São
Francisco:

“A grandiosa contribuição do pensamento oriental, de Buda a


Vivekananda, a Ramakrishna e outros, dos taoístas tibetanos aos físicos
nucleares, enseja a revisão dos parâmetros aceitos, bem como dos modelos
estabelecidos, propondo a identificação de fórmula com aparência diversa, no
entanto, que se harmonizam, unindo duas culturas – a do passado e a do
presente – em uma síntese perfeita, em favor de um homem e de uma mulher
holísticos, completos, ao revés de examinados em partes. Esse concurso que se
vinha insinuando multissecularmente, logrou impor‐se através das terapias
libertadoras de conflitos, tais a meditação, a respiração, a oração, a
magnetização da água, a bioenergia, os exercícios de tai‐chi‐chuan, o controle
mental de inegáveis resultados nas mais variadas áreas do comportamento, do
inter‐relacionamento pessoal, da saúde. (...) Somente quando estudado na sua
plenitude – espírito, perispírito e matéria – podem‐se resolver todos os
questionamentos e desafios que o compõem, alargando‐lhe as possibilidades de
desenvolvimento do deus interno, facultando completude, realização
plenificadora, estado de Nirvana, de samadhi, ou de reino dos Céus que lhe
cumpre alcançar”.

E a relação com o Oriente na obra de ambos não para por aí. Segundo alguns espíritas,
Divaldo Franco é amicíssimo do filósofo hindu Sai‐Baba. Sua admiração por tal filósofo fez com
que ficasse estigmatizado no meio kardecista, durante algum tempo, pois resolveu fazer
palestras sobre este importante líder espiritual da Índia contemporânea. E não podemos nos
esquecer que Divaldo psicografou um livro de um dos mais importantes poetas da Índia:
Rabindranath Tagore. O livro deste autor espiritual foi publicado em 1965 e é difícil de ser
encontrado nas livrarias espíritas, talvez porque há uma idéia generalizada no meio kardecista
de que espíritos que se manifestam como orientais e usam termos da ciência ou da filosofia
oriental são sempre “mistificadores”.

Assim, se Divaldo Franco atua na seara franciscana e sua obra apresenta fortes
relações com o Oriente, temos, aqui, um grande indício de que existe realmente um
movimento espiritual que visa essa aproximação entre o Ocidente e o Oriente e nos faz pensar
que, de fato, São Francisco e Gandhi podem ser personalidades vividas pelo mesmo espírito e
o responsável por esse movimento espiritualista.

Lembremos que Divaldo também recebeu duas mensagens escritas diretamente por
São Francisco de Assis, através de dois médiuns muito diferentes: o brasileiro Chico Xavier e o
italiano Pietro Ubaldi. Em ambas as mensagens o “pobre de Assis” estimula o seu trabalho
mediúnico e caritativo.

Uma informação mediúnica mais polêmica, porém, muito interessante, nos foi
transmitida por um espírito que utiliza a postura de índio. Segundo ele, antes de
encarnar em Assis, o espírito que viveu a personalidade São Francisco se preparou encarnando
em uma tribo indígena brasileira, na região Amazônica.

Essa foi uma encarnação desconhecida pela história, mas importante para que o
“pobre de Assis” aprendesse a amar a natureza e os animais, sem alarde ou estardalhaços.
Esta encarnação em solo brasileiro teria sido tão importante no meio franciscano espiritual
que muitos espíritos que simpatizam com o movimento franciscano seguem seu exemplo e
pedem para encarnar no meio indígena.
Se esse fato for verdadeiro, não cabe julgar pela aparência, como fazem alguns
reencarnacionistas, afirmando que os índios são “bárbaros”, “selvagens” e “primitivos”. Já
acompanhei palestras em que se afirma que o índio é um ser intermediário entre o animal e o
homem.

Se a informação desse nosso irmão que se manifesta como indígena estiver correta
temos uma demonstração patente de que toda generalização sobre os índios, ainda mais
carregada de preconceitos, deve ser sempre evitada.

Além disso, segundo alguns médiuns videntes que acompanharam os trabalhos


mediúnicos realizados na ONG Círculo de São Francisco, muitos espíritos que usam a forma de
índios trazem no peito o Tao, um ícone franciscano. Trata‐se de mais um forte indício de que é
verdade essa relação afetiva entre São Francisco e os índios. Porém, o que importa é que o
ideal do movimento franciscano‐espíritualista é ecumênico e universalista, respeitando as
tradições e a espiritualidade do oriente, dos povos indígenas e de todos aqueles que buscam
criar na Terra a felicidade e a liberdade, em nome do verdadeiro amor incondicional que não
aceita preconceitos e estigmatizações.

E esse caráter ficou ainda mais evidente quando fui convidado para conhecer em Natal
o trabalho espiritualista do grupo Auta de Luz, inspirado pelo espírito que viveu o personagem
Auta de Souza e que mantém acesa esse caráter universalista do movimento franciscano‐
espiritualista. Além dos trabalhos “espíritas”, manifestam‐se nas reuniões os pretos‐velhos, a
obra de Ramatís é estudada sem preconceito etc., lembrando‐me o trabalho mediúnico que foi
realizado no projeto Homospiritualis, entre os anos de 2003 e 2005, aproximadamente.

É importante salientar que o projeto foi criado em meados do ano 2000, inspirado pelo
manifesto 2000 da UNESCO e, particularmente, pela visão que tinha, frequentemente, do
crucifixo de São Damião, imagem que ornava a capela de Assis, no século XII, sempre que
focalizava vivências de Terapia Vibracional Integrativa (TVI). Depois de algum tempo é que fui
descobrir que se tratava de um ícone franciscano, o que nos estimulou a denominar, em 2003,
a ONG que ajudamos a criar, reunindo profissionais da área holística e diferentes
espiritualistas: a ONG Círculo de São Francisco.

A ONG destacou‐se por oferecer atendimentos de Tai Chi Chuan, Reiki, Yoga, Florais,
Meditação, Massagem etc.; organizar grupos de estudo sobre os ensinamentos espiritualistas
(Psicosofia) de mestres como Lao Tsé, Krishna, Buda e Jesus, e por realizar pesquisas através
da Espiritologia e atendimentos de Animagogia, as duas principais contribuições do projeto
Homospiritualis, durante a Década da Cultura de Paz.
Chamamos de Espiritologia (ciência do espírito) as pesquisas sobre as relações entre o
mundo espiritual e o material, utilizando duas heurísticas: a história oral com espíritos, através
de reuniões mediúnicas organizadas para esse fim e o potencial psíquico de videntes,
clarividentes e outros.

E por que não chamamos essa prática de espiritismo? Porque, hoje em dia, o
movimento espiritista, de forma geral, não tem interesse em pesquisar sobre “todos os
assuntos de interesse da humanidade”, como Kardec fazia no século XIX. Para muitos
espiritistas não faz sentido pesquisar os “fatos espíritas” que surgiram no século XX, como a
umbanda, a apometria, as diferentes técnicas para tratamento espiritual, a transcomunicação
instrumental etc.

Foi por isso que criamos a Espiritologia, uma espécie de herdeira da tradição
kardequiana para se estudar, sem pré‐conceitos, os “fatos espíritas” contemporâneos. Vou
tomar como exemplo, um interessante artigo de Deolindo Amorim, famoso expositor
espiritista, para esclarecer nosso ponto de vista. No artigo “mediunismo no sincretismo
religioso, difundido pela internet, o autor diz o seguinte:

“É preciso dizer, porém, que o espiritismo é o corpo de doutrina,


codificado por Allan Kardec, dando interpretação científica aos fenômenos
mediúnicos e deduzindo, daí, profundas consequências filosóficas, morais,
religiosas, sociais e assim por diante. O espiritismo nada tem, portanto, com
rituais, símbolos, imagens, “pontos” de terreiros etc.”

Nesta citação podemos notar que o autor afirma que o espiritismo estuda os
fenômenos mediúnicos, o que concordamos. Porém, o que foi que Kardec escreveu a esse
respeito:

“o elemento espiritual e o material são dois princípios, duas forças


vivas da natureza, complementando‐se e reagindo, incessantemente, uma
sobre a outra. (...) O espiritismo é o estudo do elemento espiritual em suas
relações com o elemento material" (citação retirada de Obras póstumas).

Se aceitarmos que o espiritismo estuda os fenômenos mediúnicos, sobretudo, o


elemento espiritual em suas relações com a matéria, como afirmar, como faz Deolindo, que o
espiritismo “nada tem” com rituais, símbolos, imagens etc. Se estes são elementos materiais, o
espiritismo deve estudar a relação deles com o elemento espiritual, sobretudo, nos fenômenos
mediúnicos.

Por exemplo, no caso da Umbanda, o espiritismo poderia estudar vários fenômenos,


entre eles, o fato de se cantar um determinado ponto e o médium incorporar um “preto‐
velho”; e ao se cantar outro ponto, um “índio”, e assim por diante. Isso é um “fato espírita” e
o espiritismo deveria estudar como acontece essa relação entre o elemento espiritual e o
material na umbanda.

Nesse sentido, e para não gerar mais confusão, o projeto Homospiritualis optou em
chamar suas pesquisas de Espiritologia. É importante salientar que o espírito pai Joaquim de
Aruanda também utiliza essa expressão em suas palestras, porém, com um significado mais
próximo do que chamamos de animagogia, como veremos adiante.

A primeira pesquisa utilizando o método da espiritologia foi sobre as terapias


alternativas ou complementares. A idéia dessa pesquisa nasceu após acompanharmos uma
palestra com um ilustre doutrinador espírita do estado de São Paulo que afirmou o seguinte:
“as terapias alternativas são coisas de médiuns fascinados”.

Com a ajuda de dois médiuns inconscientes de psicofonia procuramos organizar


reuniões mediúnicas, como Kardec fazia no século XIX, e estudar a opinião dos espíritos sobre
o tema. As reuniões foram realizadas semanalmente durante um ano e meio. Nelas, os
espíritos responderam perguntas sobre o REIKI e outras técnicas consideradas holísticas. As
respostas dos espíritos foram publicadas em livro e podem ser acessadas gratuitamente
através do seguinte link:

http://www.scribd.com/doc/17463798/O‐reiki‐a‐TVI‐e‐outros‐tratamentos‐complementares

Abaixo mostramos algumas da respostas dos espíritos aos nossos questionamentos:

1 – O que é o REIKI?

Resposta: É mais um nome para o que podemos chamar, genericamente, de


fluidoterapia. O REIKI, o passe espírita, a cura prânica, a cromoterapia mental (cromosofia) são
formas diferentes de manipular a mesma energia. Apesar das mistificações e da
mercantilização que envolvem sua difusão, é um trabalho energético e espiritual importante e,
por isso mesmo, acompanhado de perto pela espiritualidade.

2 ‐ É correto ver no REIKI uma profissão?


Resposta: O REIKI pode ser considerado um caminho seguro ou uma etapa inicial para
todos que desejam se aprimorar espiritualmente, nosso verdadeiro objetivo aqui na Terra,
utilizando‐o para ajudar o próximo desinteressadamente. Não podemos dizer que seja errado
encará‐lo como profissão, mas, aqueles que assim agem, perdem a oportunidade de saldar
seus compromissos do passado, recebendo hoje o que receberiam no mundo espiritual.

3 ‐ Qual é a origem dos símbolos do REIKI?

Resposta: O REIKI, como tantas outras práticas orientais, utiliza símbolos como
catalisadores. Eles servem para facilitar e orientar a emissão de pensamento e, portanto, de
energia. Os símbolos são como os objetos ritualísticos ou os pontos riscados utilizados em
outras práticas espiritualistas. Porém, para que um tratamento com REIKI seja eficiente e sem
contra‐indicações, exige‐se do praticante 10 % de conhecimento (símbolos e posições) e 90%
de Amor e Vontade de servir. Não há problema em usar símbolos, mas o importante é colocar
em prática os seus ensinamentos morais.

4 ‐ A energia emitida durante o REIKI é a mesma energia estudada e classificada como


“força ódica”, por Reinchenbach, ou “energia bioplásmica” ou “psicotrônica”, segundo vários
cientistas da antiga União Soviética e daTchescolovaquia?

Resposta: Sim. E, desde a Antigüidade, sabe‐se que essa energia pode ser transferida
de indivíduo para indivíduo, pela imposição das mãos ou a distância, através da vontade, da
oração sincera e pura ou do pensamento elevado. Através da vontade sincera é possível emitir
uma ou outra qualidade de prâna, de acordo com a finalidade a que nos propomos. Por ser a
mesma energia, podemos dizer que uma pessoa que não saiba os símbolos ou não foi
“sintonizada” por um “mestre” pode ser capaz de enviar fluidos balsâmicos para um enfermo
se for uma pessoa de puros pensamentos e desejar beneficiar, desinteressadamente, o
próximo, sem precisar pagar por isso.

Se pensarmos a entrevista acima a partir do referencial kardequiano, poderíamos


afirmar que foi uma pesquisa espírita o que fizemos, logo, espiritismo. Mas, a partir do
referencial dos atuais kardecistas, não faz sentido, porque o espiritismo “nada tem” com o
reiki, como “nada tem” com a umbanda, com a apometria etc. Por isso, se fez necessário a
chamar esse trabalho de espiritologia, pois para cada coisa nova, é importante um novo nome.

Também entrevistamos os espíritos para ouvir suas opiniões sobre a apometria e sobre
a umbanda. No primeiro caso, afirmaram que essa técnica foi permitida para ajudar no
processo de regeneração da Terra, limpando mais rapidamente o chamado “umbral”. E, no
caso da umbanda, o entrevistado foi um espírito que se identifica como pai Joaquim de
Aruanda. Suas respostas sobre a umbanda podem ser acessadas no texto “História Oral,
transcendentalismo e imaginário: mitocrítica dos ensinamentos do espírito pai Joaquim de
Aruanda”, disponível através do seguinte link:

http://www.scribd.com/doc/24571893/Historia‐Oral‐Imaginario‐e‐Transcendenalismo‐
mitocritica‐dos‐ensinamentos‐do‐espirito‐Pai‐Joaquim‐de‐Aruanda

Vamos falar agora da Animagogia. Em 2003, usamos essa expressão pela primeira vez
para se referir aos trabalhos de “doutrinação” de espíritos. Porém, em 2005, passamos a
utilizá‐la em um contexto mais amplo, referindo‐se a qualquer trabalho de educação
espiritualista cujo cerne é ajudar aquele que deseja libertar‐se do ego. O importante é
compreender que a Animagogia não se mistura com religiões. Ela utiliza os ensinamentos dos
mestres espiritualistas, conforme o problema da pessoa.

É comum muitas pessoas confundirem o que chamamos de Animagogia com


pedagogia espírita ou com espiritismo. Mas isso não é verdade. A Animagogia foi
fundamentada em minha tese de doutorado, defendida em 2003, na USP, e se processa
através de programas de anima‐ação cultural. Ela se fundamenta nos ensinamentos de vários
mestres, entre eles, o chamado Espírito Verdade, que, em tese, respondeu as perguntas de
Kardec que compõem O livro dos espíritos.

Em alguns aspectos, a Animagogia parece ser mais "espírita" que o próprio movimento
espíritista. Por exemplo, a questão 853 diz claramente que ninguém morre antes da hora, não
importa o perigo. Porém, já li vários livros espíritas que desmentem esse ensinamento do
Espírito Verdade. Aliás, certa vez, uma militante espirita me mandou um e‐mail que
"comprovava" que o Airton Senna havia morrido antes da hora.

Outros ensinamentos que a Animagogia utiliza, mas que não são bem aceitos pelos
militantes espíritas são os das questões 551 e 274. Ou seja, que afirmam que o espírito mau
não pode fazer o mal e que a autoridade dos espíritos superiores sobre os inferiores é
irresistível. O que isso significa? Que tudo aquilo que chamamos de mal e que teria sido
produzido por espíritos maus, na verdade só acontece porque os superiores permitem (e
acima destes, Deus). Ou seja, ficar criticando ou acusando os espíritos pelas coisas "más" que
nos acontecem é algo comum no movimento espiritista, mas não é um ensinamento do
Espírito Verdade.

E quais são os pressupostos da Animagogia?


1 ‐ o apego ou a aversão aos bens materiais, sentimentais e culturais gera sofrimento
no ser humano.

2 ‐ O espírito já criado com Fé plena em Deus, felicidade e amor. É o ego que o faz
perder a Fé em Deus, deixar de ser feliz e de amar universalmente.

E como se processa o trabalho educativo da Animagogia?

Através de um diálogo fraterno, o animagogo apresentará para a pessoa que procura


auxilio que todo o seu sofrimento não é fruto de nenhuma causa exterior. Não é o pai, a
familia, o patrão, o professor etc. o responsável pelo seu sofrimento. E a animagogia usa os
ensinamentos da religião da pessoa para ajudá‐la. Por exemplo, se a pessoa é espirita e sofre
porque o filho morreu e culpa o médico, o motorista bêbado etc., o animagogo mostra para
ela que segundo a doutrina espírita ninguém morre antes da hora, não importa o perigo; mas
se ela é católica e está infeliz, o animagogo mostra para ela que na epistola de Tiago está
escrito que o cristão é feliz não importa a circunstância; por fim, se a pessoa é budista e está
sofrendo porque foi preso ao não pagar a pensão do filho e agora as pessoas o ofendem na
rua, o animagogo vai mostrar para ele que Buda ensina que ninguém ofende ninguém; nós que
permitimos ou não nos sentir ofendidos. Se ele quiser, o outro pode falar ou fazer o que
desejar e nada vai abalar sua paz interior.

Enfim, é a partir do próprio universo simbólico da pessoa que procura ajuda que ela
será orientada. Não há doutrinação no processo de Animagogia. E quais são os recursos que a
Animagogia utiliza como complementares ao esclarecimento? Qualquer recurso que a pessoa
aceite: reiki, apometria, florais, danças circulares, dialogar com um espírito, homeopatia,
massagem, acupuntura etc.

Mas tudo isso é recurso complementar, já que o principal aspecto da Animagogia é


ajudar a pessoa a libertar‐se das verdades criadas pelo ego. Em outras palavras, é fazer o
processo metanóico, abandonando as atitudes egoístas para abraçar o amor universal.

E a Animagogia pode ser praticada com crianças? Em termos. Os recursos acima


podem ser usados com crianças, mas não é possível querer que a criança se liberte do ego.
Aliás, até por volta dos sete anos o ego ainda está em formação. O ego tem um papel
importante na aventura encarnatória. Você só pode se libertar do ego depois que tem um. É
assim que funciona este jogo cooperativo chamado encarnação. Depois que a pessoa acreditar
que é homem ou mulher, brasileiro ou não, preto ou branco etc. é que poderá passar por um
trabalho de Animagogia para se libertar de todas essas ilusões e redescobrir que é um espírito
eterno passando por uma missão, prova ou expiação. Somente assim poderá passar por todas
as vicissitudes da experiência humana sem sofrimento e sem deixar de emanar amor
universalmente, para as "vítmas" e para os "algozes", compreendendo que todos são irmãos
espirituais, até aquele que é "cruel" e "corrupto". Aliás, o normal é emanar ódio e pena para
estes irmãos e não amor. Quando eles vivenciam um ego vicioso, nossa tendência é a de odiá‐
los. Porém, em uma outra encarnação, quando colhem o que plantaram, lamentamos e não
entendemos porque Deus permite que uma criança passe por duras provações e sentimos
pena dela, sem compreender que se trata de um mesmo espírito vivenciando duas existências
complementares.

É possível conhecer mais sobre a Animagogia no scribd, através dos seguintes links:

http://www.scribd.com/doc/20831164/Projeto‐Homospiritualis‐10‐anos‐de‐cultura‐
de‐paz‐e‐promocao‐da‐tolerancia‐religiosa

http://www.scribd.com/doc/18292432/Educacao‐e‐Espiritualidade‐introducao‐a‐
Animagogia

http://www.scribd.com/doc/17463364/educacao‐saude‐e‐espiritualidade‐a‐partir‐de‐
um‐enfoque‐transpessoal

Em suma, que a energia de São Francisco/Gandhi ilumine nossos corações e abra


nossas mentes para o amor crístico, livre de amarras doutrinárias e preconceituosas.

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