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Trechos do livro O corpo e seus smbolos Jean-Yves Leloup ...

. Cabe aqui um pensamento de Graf Drckheim: No h caminho para a luz que faa com que a economia da descoberta da sombra que est em ns, ou seja, impossvel ir em direo nossa luz sem que, ao mesmo tempo, tenhamos que enfrentar a sombra que nos habita. (LELOUP, 1998: 100) A leitura de nosso corpo uma leitura infinita. Quando interpretamos o Livro do Corpo, podemos fazer uma leitura que nos mate. Vamos a um mdico e samos de l com uma doena que no tnhamos antes. Por isso, o diagnstico to importante, porque uma informao que se imprime no corpo. Da a importncia de propor a um doente, a algum que sofre, interpretaes diferentes de seus sintomas. No aprision-los em seus sintomas. Dizer-lhe a verdade. Dizer-lhe, por exemplo, que ele tem os sintomas de um cncer, de uma doena grave, mas que no somente um canceroso. Ele uma pessoa que precisa enfrentar esta doena. E que pode fazer desta doena uma ocasio de conscincia, de transformao. (LELOUP, 1998: 115) ... Alguns se tornam o objeto dos seus sintomas. Identificam-se com a sua doena. Uma pessoa me dizia: Eu sou um cncer. Respondi-lhe: - No. Voc voc mesma e voc tem um cncer. Voc o sujeito. E o sujeito maior que os objetos que fazem voc sofrer. o que eu quero expressar quando digo que temos que passar desta atitude onde somos o objeto da nossa doena, o escravo da nossa doena, para o estado onde somos o sujeito da nossa doena, onde somos capazes de agir sobre os nossos sintomas. (LELOUP, 1998: 120) Leloup (2004) fala sobre o destino que deixamos que nos carregue, e da interagncia com nosso destino: ... nos servirmos dos acontecimentos da primeira infncia ou dos traumatismos que sofremos para crescermos, para evoluirmos. No sermos mais escravos do que nos ocorre, no sermos mais uma folha levada pelo vento, mas sermos o vento que carrega a folha. Creio que esta imagem pode nos ajudar. Porque h em ns, certas vezes, folhas mortas, memrias dolorosas e ns somos isso. Mas somos, tambm, este vento que levanta as folhas e limpa nosso jardim. E que vai permitir a florao da primavera. (LELOUP, 1998: 121) LELOUP, Jean Yves. O corpo e seus smbolos: uma antropologia essencial. Petrpolis, RJ: Vozes, 1998.

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