Você está na página 1de 1

A Terra do Nunca

Se eu fosse para a terra do nunca, teria tudo o que quisesse numa cama de nada: os sonhos que ningum teve quando o sol se punha de manh; a rapariga que cantava num canteiro de flores vivas; a gua que sabia a vinho na boca de todos os bbedos. Iria de bicicleta sem ter de pedalar, numa estrada de nuvens. E quando chegasse ao cu, pisaria as estrelas cadas num cho de nebulosas. A terra do nunca onde nunca chegaria se eu fosse para a terra do nunca. E por isso que a apanho do cho, e a meto em sacos de terra do nunca. Um dia, quando algum me pedir a terra do nunca, despejarei todos os sacos sua porta. E a rapariga que cantava sair da terra com um canteiro de flores vivas. E os bbedos enchero os copos com a gua que sabia a vinho. Na terra do nunca, com o sol a pr-se quando nasce o dia. Nuno Jdice

Você também pode gostar