Você está na página 1de 23

PRENDA DA TININHA

Caderninho elaborado por uma


menina de 12 anos, para o seu
primo, de sete anos, há mais de
50 anos…
A Tininha e o Alvarinho
Dona Papoula

 "Contos da Carochinha", Livraria Clássica Editora,


1927
Dona Papoula
Dona Papoula
“Mesmo no alto da serra Não fujas depressa assim
Muito guapa, muito tola, Nessa imensidade infinita
Nasceu num monte de terra
Senhora Dona Papoula. Anda! vá! Repara em mim!
Pois não vês como sou
Era alta, era espigada,
com olho negro, brilhante, linda?”
tinha uma touca encarnada,
E pé delgado, ondulante E a andorinha respondia:
“Inda bem que tu surgiste!
Se passava uma andorinha
Lá muito em riba, nos céus
És um pingo de alegria
Ela agitava a touquinha
No alto da serra triste!”
E dizia “Adeus!, Adeus!
Por isso a Dona Papoula
Era tola, tola, tola!...

Quando o sol de
manhanzinha
Laureava de oiro os céus
Ó sol, rei da natureza! Repara senhora lua
Baixai soubre mim a fonte! Neste encanto que me
enleia!
Reparai bem na beleza
Não tenho a beleza tua
Desta papoula do monte!” Mas vê, também não sou
E o sol, achando-lhe graça fria!”
Respondia-lhe ladino: E se a chuva miudinha
Em ti a luz que esvoaça Caía, branda, dos céus
Bom dia, sol pequenino!” Ela agitava a touquinha
Por isso a Dona Papoula Ciciando “Adeus!, Adeus!
Era tola, tola, tola!... Chuva que matais a sede
A toda a planta singela…
E quando a lua à noitinha
Atentai, senhora, vede:
Prateava a terra e os céus
Onde existe flor mais bela?”
Ela agitava a touquinha
Murmurando: “Adeus!, E a chuva num doce afago
Adeus! Respondia assim: “Ó flor
Eu sou água e não apago
O fogo da tua cor!”
Por isso a Dona Papoula Disse-lhe o vento:”Lá
Era tola, tola, tola!... vou!”
E, numa forte rajada
Um dia, em que o vento
vinha Num instante lhe
Soprando à doida nos céus arrancou
Ela agitou a touquinha A sua touquinha
encarnada!
Exclamando: “Adeus!,
Adeus! E assim morreu a papoula
Onde é que vai, senhor Por ser tola, tola, tola!...
vento,
Nessa carreira inaudita? FIM
Baixe até mim um
momento!
Veja como sou bonita!”
Histórias transcritas e desenhadas em 1953 por
Clementina Pires
e formatado para Powerpoint em 2010 por Álvaro

Você também pode gostar