Você está na página 1de 18

PARADIGMA HOLÍSTICO

E
NATUROPATIA

Instituto de Medicina Tradicional

1º Ano Curso Geral de Naturopatia e Ciências Tradicionais e


Holísticas

Elaborado por: Carlos Manuel Duarte Nunes, Aluno Nº 5199

Lisboa, 7 de Junho de 2010


PARADIGMA HOLÍSTICO
E
NATUROPATIA

Instituto de Medicina Tradicional

1º Ano Curso Geral de Naturopatia e Ciências Tradicionais e


Holísticas

Elaborado por: Carlos Manuel Duarte Nunes, Aluno Nº 5199

Prof. João Lima Fernandes

Docente da disciplina Filosofia Holística

2
ÍNDICE

INTRODUÇÃO ................................................................................... 4
1 – PARADIGMAS.............................................................................. 5
1.1 - Paradigma Holístico ................................................................ 6
1.2 - A Medicina Holística ................................................................ 9
1.3 - O Desenvolvimento Humano .................................................. 10
1.4 Saúde e Bem-estar ................................................................. 14

CONCLUSÃO................................................................................... 17
BIBLIOGRAFIA................................................................................ 18

3
INTRODUÇÃO

No âmbito da Disciplina de Filosofia Holística, do Curso Geral de


Naturopatia e Ciências Tradicionais e Holísticas a ser leccionada no IMT,
foi-nos proposta a elaboração de um trabalho, o tema escolhido foi
Paradigma Holístico e Naturopatia. Atendendo que corpo, mente, emoção
e espírito formam uma unidade indivisível, torna-se impossível que algo
se passe numa dessas áreas sem se repercutir nas demais. Por isso, se as
doenças afectam os corpos físicos, mental, emocional e espiritual, a cura,
no sentido mais amplo do termo, necessita de recursos que envolvam
todas elas. O objectivo principal deste trabalho é explicitar o conceito
holístico, mas também demonstrar a sua operacionalidade na Naturopatia,
demonstrada na prática clínica, recorrendo às competência do profissional
de Naturopatia, onde o mesmo encara o paciente como um todo,
contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis
adequados de desempenho e condicionamento, visando a consecução do
bem-estar e da qualidade de vida, onde o objectivo principal é educar os
pacientes e dar ênfase à auto-responsabilização para a saúde. Na
sociedade actual muitas doenças do mundo moderno como, stress,
sedentarismo e outras não tão modernas tais como hipertensão,
obesidade entre outras, poderiam ser evitadas com a procura de uma
melhor qualidade de vida que englobe todo o ser humano e não só o
corpo como alvo principal, a ideia de um corpo perfeito, ser igual a, uma
saúde perfeita, não é adequada. Estas constatações são de estrema
importância, este trabalho procurará redescobrir um mundo já existente,
mas esquecido, procurando a harmonia de tudo que compõem um ser
humano.
Estruturei-o em 5 partes 1 – Paradigmas, 1.1 – Paradigma Holístico, 1.2 -
A Medicina Holística, 1.3 - O Desenvolvimento Humano, 1.4 Saúde e
Bem-estar, culminando com a conclusão, para ta recorri á pesquisa
bibliográfica.

4
1 – PARADIGMAS

O que é um paradigma?
É por isso necessário descrever o seu significado, academicamente
referimo-nos a ele muitas vezes enquanto conceito abstracto, uma vez
que não é objectivável na prática, para uns, paradigma é um modelo,
para outros um protótipo de uma forma de fazer ou pensar.
Para Yus (2002), “Um paradigma significa um modelo, algo que serve
como parâmetro de referência para uma ciência, como um farol ou
estrutura considerada ideal e digna de ser seguida. Podemos dizer que um
paradigma é a percepção geral e comum – não necessariamente a melhor
– de se ver determinada coisa, seja um objecto, seja um fenómeno, seja
um conjunto de ideias. Ao mesmo tempo, ao ser aceite, um paradigma
serve como critério de verdade e de validação e reconhecimento nos
meios onde é adoptado. Cada fase do pensamento científico, tem seu
sucesso em determinados períodos de tempo. A imersão em um
paradigma, prepara o ser humano para se tornar um membro de uma
comunidade ele age e fala dentro dos critérios do paradigma aceite”
Muito resumidamente paradigma, segundo Khun (1975), é o conjunto de
elementos culturais com conhecimentos e códigos teóricos, técnicos ou
metodológicos compartilhados pelos membros de uma comunidade
científica. É esse compartilhar que distingue o conhecimento científico da
crença ou do senso comum. A evolução científica se dá pelo que o autor
chamou de revoluções, denotando as passagens das fases de normalidade
para as crises e daí para as novas teorias.
Relevante para esta argumentação é o facto de que as respostas dadas
pela sociedade aos problemas de saúde devem decorrer do conceito de
saúde vigente, ou seja, do paradigma que institui esse conceito o qual,
por sua vez, responde ao contexto socio-económico político e tecnológico
vigentes. A prática da Naturopatia é ela mesma direccionada para um
paradigma, pelo paradigma vigente e pelo contexto da visão holística.

5
Desde há alguns anos a visão da saúde passou da mera ausência da
doença para a noção de bem-estar físico e mental, e daí para conceito
mais amplo que inclui uma adequação de vida social. Ocorreu aqui
claramente uma mudança de paradigma, inclusive com ruptura semântica
entre o conceito actual de saúde e o anterior.
Modificaram-se a práticas, passando-se da antiga – curativista – para a
actual – a vigilância da saúde.

1.1 - Paradigma Holístico

Numa primeira abordagem podemos dizer que o paradigma holístico,


tenta aproximar o científico do tradicional e transcendental. Onde os
fenómenos necessitam de ser compreendidos, experimentados e por
vezes explicados, onde as diferentes explicações da experiência não
invalidam a explicação. Levando assim à emersão de uma panóplia de
possibilidades para a compreensão de qualquer fenómeno, não previsível
e não explicável mas com grande possibilidade de alterar a realidade.
A denominação de Holismo vem da palavra Halos que significa todo,
pressupondo assim que o holismo é a totalidade para todas as coisas, no
domínio biológico “ o todo representa mais do que a soma das partes”,
como refere Well 1991, é pois a síntese entre o todo e as partes que
reflecte a visão Holística.
Esta visão criou uma clivagem com a fragmentação das coisas, levando
mesmo o meio cientifico a rever o seu pensamento face à emersão deste
novo paradigma, como refere o autor acima citado, não é um novo dogma
cientifico ou religioso, mas sim o resultado da revolução de paradigmas
dentro da ciência, onde o raciocínio lógico deixa de ser o único na busca
do conhecimento.
Assim o Holismo procura dar respostas às questões não respondidas, Well
chega mesmo ao extremo de dizer que tem sido a tecnologia científica a
geradora das situações destrutivas do planeta. No entanto temos de

6
reconhecer também que o método experimental foi responsável por
muitas descobertas e tecnologias com grandes benefícios para a
humanidade, embora com alguns aspectos destrutivos.
Actualmente face as alterações paradigmáticas devem existir diferentes
possibilidades, onde ambos os métodos coexistem, para que se possam
efectuar diferentes abordagens de forma a resolver diferentes
problemáticas procurando diferentes soluções.
O que leva a uma complementaridade entre o paradigma holístico e o
científico, onde o objecto determinará qual o paradigma a escolher,
aproximando-se ou afastando-se. O paradigma científico na actualidade
não consegue resolver problemas, encontrando-se de certa forma em
crise.
O explicar a natureza e tudo o que diz respeito ao homem é o objectivo
primordial da ciência, mas para o conseguir fez a fragmentação dos
fenómenos, fez a divisão entre as partes para analisar e promover o
conhecimento, de modo a procurar a causalidade dos fenómenos, o que
levou também a um hiato de conhecimento que seria orientado pela
“ciência” do espírito, promovendo a compreensão dos fenómenos, mas
não a sua explicação.
Assim o paradigma holístico auxilia a compreensão do todo com as partes,
compreender o holismo enquanto paradigma, tem a função na
transformação do mundo, na forma de pensar a realidade.
O entendimento holístico fica claro quando Krieger (1991) teve por
objectivo tratar dos problemas das pessoas considerando tanto a pessoa
como o contexto de forma a efectuar a unidade dos mesmos, o que levou
a reconhecer que o tratamento da doença não deve ser domínio do
terapeuta, mas sim em parceria com o doente, onde o mesmo se deve
sentir responsável pela doença, participando assim activamente com o
terapeuta para o seu próprio bem estar.
Colocando assim esta autora que a doença não é uma limitação, mas uma
oportunidade para aprender sobre a totalidade do ser, o que contribui
para desenvolvimento de diferentes práticas holísticas na saúde.

7
O termo holístico vem, muitas vezes, acompanhado de propostas contra-
culturais de carácter esotérico, por isso essa denominação pode levar a
um entendimento muito restrito das potencialidades reais desse enfoque
educativo.
O termo educação holística foi proposto pelo americano R. Miller (1997),
para designar o trabalho de um conjunto heterogéneo de liberais, de
humanistas e de românticos que têm em comum a convicção de que a
personalidade global de cada criança deve ser considerada na educação.
São consideradas todas as facetas da experiência humana, não só o
intelectual racional e as responsabilidades de vocação e cidadania, mas
também os aspectos físicos, emocionais, sociais, estéticos, criativos,
intuitivos e espirituais inatos da natureza do ser humano.
O Holistic Education Network do ACSA descreveu a educação holística
como um conjunto de visões da educação que procuram educar
completamente a pessoa. Isso inclui estudos de visões interconectadas ao
mundo, tais como as de relações corpo/mente, de inteligências múltiplas,
de análises de conceitos de espiritualidade e de práticas em sala de aula,
além de estudos que abordam, a partir de visões holísticas, as pessoas, as
culturas, enfim, o mundo e o cosmos.
Para R. Miller (1997), a educação holística alimenta o desenvolvimento da
pessoa em sua globalidade. Ela se desenvolve em torno das relações entre
aprendizes, entre pessoas jovens e adultas, e está interessada na
experiência vital, não nas, rigorosamente definidas, “habilidades básicas”.
A educação holística não se centra na determinação de quais factos ou
habilidades os adultos deveriam ensinar às crianças, mas na criação de
uma comunidade de aprendizagem que estimule o crescimento do
envolvimento criativo e interrogativo da pessoa com o mundo. Ela é
nutridora de pessoas saudáveis, completas e curiosas, que podem
aprender qualquer coisa que precisem e em qualquer contexto.

8
1.2 - A Medicina Holística

Já foram identificados os pontos de aproximação ou afastamento da


ciência clássica em relação ao paradigma holístico. A visão holística da
realidade implica entender a matéria, a vida e a mente num contínuo
utilizando assim a halopraxis (conjunto de métodos que levam à vivência
holística) o que implica viver harmoniosamente, praticando valor éticos,
preserverança, altruísmo e discernimento aliados a um conjunto de
métodos orientais e ocidentais.
A vivência profissional do Naturopata faz uma abordagem holística na
prática clínica, tendo por base a sensibilidade humanista nas diferentes
acções que executa, ainda que procure justificativas. Existe por isso na
medicina holística uma separação clara da medicina alópata, onde cada
uma tem diferentes bases e corpos teóricos de conhecimento. Existe no
entanto ainda alguma dificuldade na prática holística uma vez que o
mundo preveligia o instrumental em detrimento do expressivo.
Para Guimarães (2002), “O extremo sentimento de mal-estar que muitas
pessoas sentem diante dos complexos e trágicos problemas da
actualidade tem levado a uma busca de um diálogo entre os vários
núcleos do saber e da actividade humana buscando uma maneira conjunta
de solucionar muitos dos actuais problemas humanos. É a essa busca de
uma visão de conjunto, uma visão do todo – que possui características
próprias independentes das características de suas partes constituintes,
como o todo humano possui características próprias da de seus órgãos e
tecidos –, que se dá o nome de holismo”

9
1.3 - O Desenvolvimento Humano

O desenvolvimento humano pode ser entendido como um processo global,


composto de diferentes características (biológicas, psicológicas, sociais,
etc.), as quais não podem ser dissociadas ou interpretadas isoladamente.
É assim encarado como uma característica holística, pois traduz o princípio
de que o todo não é a mera soma das partes, mas sim a relação dinâmica
e de equilíbrio que existe entre elas. Para exemplificar esse princípio
podemos enfatizar a relação entre as mudanças físicas (crescimento), as
mudanças na capacidade motora (motricidade), as mudanças no perfil
psicológico (personalidade) e as mudanças na capacidade de relação com
os outros (sociabilidade). Ao mesmo tempo em que um indivíduo vai
crescendo, a sua motricidade irá se estruturando, a sua personalidade irá
sendo definida e seus valores sociais irão sendo criados.
Todas estas características biológicas, psicológicas e sociais devem ser
entendidas como o processo de desenvolvimento. Embora o
desenvolvimento humano seja um processo unificado, as características
de desenvolvimento não evoluem todas num mesmo ritmo, existindo por
isso períodos em que uma característica parece estar em processo mais
acelerado do que outras.
Não existe integração sem ordem, existe sim uma ordem que pode ser
percebida em tudo, guiando e dando sentido a todas as coisas. Ela não se
perde nem se desfaz e acontece através das leis que a tudo regulam,
agindo independentemente do nosso conhecimento para descrevê-las
Para Vervloet (2000), “Vivemos em desordem dentro da ordem”. Segundo
Tezolin (2000), “ninguém nasce tenso. Lembre-se de um bébé dormindo,
tranquilo, sorridente; dizemos que os bébés sonham com os anjos! Este é
o nosso estado natural, de ser; à medida que crescemos, nos afastamos e
aprendemos a viver tensos”, deparamos assim com uma fórmula de que a

10
ordem se encontra na natureza que a tudo orienta, levando-nos a
compreender, através da experiência, a inadequação e a discordância de
nossas atitudes em relação as leis da vida.
Segundo Vervloet (2000), “Vivemos em um grande laboratório onde
somos, ao mesmo tempo, experimento e experimentados. Por meio de
ensaios, nos aproximamos progressivamente da maturidade e do
equilíbrio. A lei de acção e reacção, causa e efeito, regula o
comportamento do ser humano, levando-o a evolução...As leis que regem
a química e a física, isto é, a matéria, também existem, na biologia e no
psiquismo humano. Elas também precisam ser conhecidas, pois servem de
guias para aquisição da saúde, não só física, mas integral, no corpo, na
mente e no espírito”.
Segundo Dr. Deepak Chopra (2004), “Tudo o que você come, diz, pensa,
faz, vê e sente afecta seu estado geral de harmonia. Seria impossível
controlar todas essas influências diferentes de uma só vez. No entanto,
adoptando as dietas específicas, os exercícios e as rotinas diárias
adequadas para seu tipo de corpo, você poderá corrigir a maior parte das
desarmonias actualmente existentes em seu organismo e prevenir as que
podem aguarda-lo no futuro”.
Para Valcapelli & Gasparetto (2003), “O mau funcionamento dos órgãos,
na maioria das vezes, não tem como causa um erro em sua estrutura, e
sim uma causa mais profunda que os desequilibra”.
A própria ciência admite que as causas de inúmeras doenças, estão nos
hábitos alimentares, na falta de exercícios, na falta de sono, nos excessos
de poluentes, no uso crónico de substâncias nocivas e no uso de
remédios. Segundo Dr. Deepak Chopra (2004), “Quando se altera o
equilíbrio de forças, muda também a vida. No caso dos seres humanos o
ambiente pode ser escolhido ou controlado o que dá grande flexibilidade à
extensão de nossa vida”.
Só o conhecimento do próprio é o aliado para a mudança e harmonia,
onde o Naturopata entra enquanto mediador para modificar o que não se
encontra adequando nas atitudes a harmonia.

11
Exige-se assim do Naturopata levar o paciente a aceitar-se integralmente,
gostando de si mesmo, reconhecendo que ainda somos imperfeitos,
porém em via de evolução, onde aceitar não significa querer ficar na
mesma forma, mas simplesmente reconhecer para mudar, para o próprio
bem.
Correcção é assim um mecanismo que mantém a ordem, um mecanismo
perfeito de protecção para o próprio ser humano, para evitar sua
autodestruição visando sempre o bem, a harmonia e o seu crescimento.
Vervloet (2000), ressalta que: “Imagine se uma célula do corpo humano
desejasse estabelecer sua própria ordem, isso resultaria até uma
tumoração, imediatamente haveria uma relação em busca de correcção
desse estado. Daí temos um propósito entre a individualidade e
diversidade, porque a diversidade valoriza a particularidade, o que nos
diferencia e nos faz únicos”.
A individualidade esclarece que não existe o tipo ideal ou certo, seria
absurdo querer uma humanidade de um só tipo. A natureza humana é
composta de muitos tipos, a sociedade moderna elegeu um tipo ideal e
valoriza todos que se parecem com ele, isto é a generalização.
A individualidade esclarece que cada pessoa se desenvolve, cresce e
aprende de forma particular, mesmo num adulto o crescimento e o
desenvolvimento pessoal são particulares.
Segundo Vervloet (2000), “A individualidade, ao mesmo tempo que
diferencia, iguala o ser humano, porque através dela todos têm a sua
importância e dão sua contribuição ao todo, ninguém é totalmente
correcto ou totalmente errado... Valorizando cada indivíduo dessa forma,
é possível criar unidade na diversidade”. É a individualidade que nos faz
reagir de forma particular aos estímulos do meio.
Daí a ideia de que os seres humanos não podem ser iguais. Têm de ser
diferentes para funcionar e movimentar a própria a vida. Criar modelos e
padrões humano é perigoso, quando os modelos são estereotipados e
superficiais.

12
A unidade biológica do corpo humano é a célula; porém, ela vive com
outras semelhantes, formando tecidos, não mais com função individual
mas sim com função de conjunto, esses tecidos formam um órgão bem
definido, do quais outros tecidos fazem parte, criando uma estrutura
complexa, os órgãos agrupam-se em sistemas com função específica e
ainda mais complexa, por fim todos esses sistemas interagem num grande
organismo único; então, célula, tecido, órgãos, sistema e organismo
formam partes vitais do todo orgânico.
A explicação da natureza e de todo o universo não pode continuar a ser
puramente mecânica, pois está cada vez mais patente que existe um
processo de síntese e de complexificação evolutiva que leva à criação de
sistemas altamente dinâmicos, como os sistemas biológicos – logo, muito
longe de serem máquinas sujeitas a leis. A complexidade humana vai
muito além do mecanicismo, possuindo instâncias de racionalidade bem
acima da racionalidade linear, ou, como dizia Pascal, “possuindo razões
que a própria razão desconhece”.
Paradoxalmente às normas vivenciamos uma sociedade que se adapta de
forma inadequada ao meio em que vive, preocupando-se com a busca,
sem compreender o que está a procurar.
A evolução do ser humano, só pode ser completa quando a sua
organização social se desenvolver quer em funções quer em papéis.
Segundo Burger (2004), “nosso crescimento e os desafios que
enfrentamos no processo de amadurecimento constituem uma jornada
sagrada na qual personificamos um momento de um universo sempre em
expansão, sempre em evolução. Tudo o que enfrentamos na vida – todos
os desafios ao nosso crescimento, todas as resistências para nos
tornarmos reais – significa o movimento dos ciclos de evolução.”
Para Valcapelli & Gasparetto (2003), “Todo o ser vivo nasce, cresce,
respira, alimenta-se, excreta, produz e reproduz-se, envelhece e morre.
Portanto as necessidades básicas são, actividade, repouso, nutrição e
excreção e a não satisfação destas necessidades básicas gera: atrofia,
sobrecarga, desnutrição e intoxicação. O estado celular reflecte no estado

13
orgânico, da mesma forma que este reflecte naquele. Portando as células
na sua sabedoria intrínseca, tem capacidade de adaptação incrivelmente
grande, que é o que permite a manutenção da vida. A adaptação porém,
tem um limite e se este não for respeitado a consequência será a morte
dependendo da extensão pode ser celular, tecidual, ou orgânica”.
A saúde, é património e aquisição pessoal, depende mais do que de
hábitos correctos ou mesmo do uso de medicamentos. A saúde é uma
conquista. Uma conquista pessoal, que para ser mantida é necessário
recorrer a necessidades biológicas e orgânicas vitais, tais como, nutrição
(alimentação adequada, ar, respiração adequada, exposição ao sol, água),
excreção (suor, evacuação, micção); actividade (Física: exercícios,
Mental: actividade intelectual), repouso Físico (sono) e Mental
(distracções)
As doenças são desequilíbrios dentro da ordem orgânica e energética. Os
desequilíbrios, por sua vez, são consequências das transgressões de leis
naturais no campo biológico e psíquico.
O Naturopata entende tudo isso para fazer com que o paciente seja um
participante activo do processo de reequilíbrio e cura deixando, assim, a
atitude de meros espectadores, distantes e ignorantes, tornando-o
responsável, directa ou indirectamente, pela doenças, cabe ao Naturopata
identificar suas causas profundas e ajudar a corrigi-las.

1.4 Saúde e Bem-estar

A Organização Mundial de Saúde define a saúde como um “estado de


completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de
doença ou enfermidade”.
Na realidade isso seria o equilíbrio total, contudo ainda longe do equilíbrio
e da harmonia perfeita. O estado de saúde é um estado momentâneo e
dinâmico, porém relativo, e coerente com as leis do plano em que nos
encontramos.

14
Podemos assim afirmar que a saúde é uma aquisição progressiva, e
adquiri-la e mantê-la implicam esforço e cuidados. Só o indivíduo pode
conquistar a sua própria saúde, através do seu esforço, a manutenção de
um estado de equilíbrio só é possível com o empenho do paciente,
conforme vai modificando a conduta em relação à sua obediência às leis
naturais.
Segundo Valcapelli & Gasparetto (2002), “Quando tomamos essa
consciência, ficamos numa encruzilhada. Podemos mergulhar na culpa,
deteriorando nossa capacidade de agir, ou nos fortalecer com a
consciência de que podemos mudar o curso de nossa existência através
de uma actuação diferenciada na realidade, dando o melhor para obter o
melhor da vida”.
O que nos leva a colocar uma questão que se usarmos a inteligência para
aprender a viver melhor já não criamos obstáculos a nós mesmos? Uma
vez que a saúde assim entendida é a soma de todos os impulsos, positivos
e negativos, que emanam da consciência.
Podemos citar a conexão psicofisiológica; para cada estado de consciência
existe um estado fisiológico correspondente ou pode-se ainda citar o
estado depressivo, de imediato algum problema pode provocá-lo, mas o
nosso poder está na forma que reagimos a tudo o que se processa ao
redor. Sendo assim, não temos o total controlo para determinar os
acontecimentos que nos cercam, mas podemos ter total controlo da nossa
resposta aos acontecimentos.
O argumento de que, no nosso século, o desenvolvimento técnico e
tecnológico de equipamentos médicos tenham sido os principais
responsáveis pelo aumento da taxa de vida é nesta perspectiva
questionável, se pensarmos que foram as melhorias das condições de vida
e o desenvolvimento sanitário, bem como a conquista de direitos sociais,
como a educação.
Os meios técnicos estão quase totalmente voltados para o diagnóstico de
doenças, muitas das quais perfeitamente evitáveis com uma eficaz
educação preventiva.

15
Segundo Dr. Deepak Chopra (2004), “A causa da doença é muito
complexa, mas uma coisa é certa: ninguém provou ainda que é necessário
adoecer. Um sistema de medicina preventiva e cuidados com a saúde
denominado Maharishi Yurveda, praticado a mais de cinco mil anos, na
Índia, que traduzido do sânscrito significa: “conhecimento do ciclo da
vida”; tem como princípio básico que a mente exerce a mais profunda
influência no corpo e a libertação do estado doentio depende de entrarmos
em contacto com nossa percepção para atingir a harmonia e expandi-la ao
corpo todo. Esse estado de percepção equilibrada, mais do que qualquer
tipo de imunidade física, é capaz de criar um estado mais saudável”.
São muitos os agentes desencadeadores de agressão e quase sempre
externos capazes de desencadear desequilíbrio, através de desordens
somáticas ou psicossomáticas, que são basicamente os dois mecanismos
de formação das doenças.
O somático, no qual o desequilíbrio se inicia no corpo para depois afectar
o psiquismo; e o psicossomático, em que o desequilíbrio acomete
inicialmente a mente, para em seguida estender-se ao corpo.
O mecanismo somático predominava em épocas em que a vida era mais
calma; na actualidade, o mecanismo psicossomático se tornou mais
comum em virtude da vida agitada e atribulada do homem moderno, a
qual acabou dando origem a várias doenças.
O Naturopata sabe que o corpo possui uma excelente capacidade
regenerativa, capaz de neutralizar alguns sofrimentos, de maneira que
não comprometam todo o sistema. Existem pessoas que são
extremamente cuidadosas com o corpo e mesmo assim apresentam uma
saúde instável. Por outro lado, existem aqueles que cometem até alguns
exageros, mas a saúde permanece inalterada.

16
CONCLUSÃO

A vida humana é um mistério e as leis da natureza também, é difícil


explicá-las mas é fácil compreende-las, cada ser humano tem o seu
próprio ritmo e adapta-se às diversas situações do dia-a-dia, cabe a cada
um perceber os avisos do corpo e entende-lo procurando o bem estar.
Só a filosofia holística permite esta compreensão, a consciência deve
começar com o próprio. É a partir do auto-conhecimento que se denota a
possibilidade de conhecimento, o Naturopata não ensina o caminho
individual, mas orienta o paciente na compreensão e na recreação dos
acontecimentos.
Assim leva o seu paciente a compreender o todo, demonstrando que na
maioria das vezes as doenças são adquiridas tendo este a necessita de ter
essa consciência.
Por todos esses motivos, cabe ao Naturopata ampliar os seus olhares para
o todo de forma a compreender o corpo, demonstrando que a qualidade
de vida, o bem-estar, a saúde está directamente ligado a uma
redescoberta do senso de totalidade.
Na visão Holística as vertentes de actuação são diferentes. Enquanto que
a Medicina Convencional tenta tratar uma área lesada, nós dirigimos o
nosso olhar numa vertente múltifactorial, desde a personalidade, ao estilo
de vida, à nutrição e as relações interpessoais. Aqui os tratamentos são
dirigidos para o indivíduo e não para a doença, existe na prática do
Naturopata uma consciência do valor das pessoas.
O Naturopata aposta ainda na prevenção e no diagnóstico das doenças, e
caso estas já existam tenta estimular a capacidade do organismo para se
curar a si próprio.

17
BIBLIOGRAFIA

AMARAL, Sonia. Chi-Kun: A respiração taoistica, exercícios para a mente e


para o corpo, São Paulo: Editora Summus, 1984.
BURGER, Bruce. Anatomia Esotérica – O Corpo como consciência. Madras
Editora Ltda, 2004.
CHOPRA, Dr. Deepak. Saúde Perfeita: Um Roteiro para Integrar, corpo e
mente, com o poder da cura quântica, Edição Revisada, São Paulo, 2004.
GUISELINE, Mauro. Qualidade de Vida: um programa prático para um
corpo saudável. 2ºed, São Paulo: Editora Gente, 1996.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica. 9ºed, Rio de Janeiro:
Editora Guanabara Koogan S.A. 1996.
TEZOLIN, Olganir. Stress: Você pode controla-lo, 2º ed, São Paulo:
Editora Elevação, 2000.
VERVLOET. Guia da Saúde Integral: como equilibrar o corpo, a mente e o
espírito e ter uma vida saudável. São Paulo: Editora Gente, 2000.
VALCAPELLI & GASPARETTO. Metafísica da Saúde, Vol. 1, 2, 3, São Paulo:
Editora Vida e Consciência, 2003.
YUS. Educação Integral: Uma educação holística para o século XXI, Porto
Alegre: Editora Artmed, 2002.

18

Você também pode gostar