Você está na página 1de 2

A crise global chegou ao comércio eletrônico?

07/11/2008

Nos Estados Unidos as vendas cresceram menos do que o previsto no início do ano, ou seja,
cerca de 30 bilhões de dólares a menos. No Brasil o crescimento pode continuar - saberemos
após o Natal.

A crise global derrubou bancos, financeiras e seguradoras. Mas e o comércio eletrônico? Nos
Estados Unidos, centro da crise, o Department of Commerce divulgou que o faturamento do
comércio eletrônico americano fechou o terceiro semestre de 2008 com um crescimento de 6%
em relação ao mesmo período de 2007, sendo que o forecast feito no início do ano era de 12%.

Foram consideráveis seis pontos percentuais abaixo. Parece pouco, mas esses seis pontinhos
representam cerca de 30 bilhões de dólares.

Enquanto isso, aqui no Brasil, já são mais de 13 milhões de internautas comprando em lojas
virtuais, os e-consumidores. O crescimento desse setor em setembro de 2008, ápice da crise, em
relação ao mesmo mês em 2007, foi de 24%, segundo dados da e-bit, empresa especializada em
informações de comércio eletrônico.

Nada mal para um mercado relativamente jovem, que com menos de dez anos de vida, parece ter
fôlego de sobra para encarar um furacão econômico mundial.

Por quê? Primeiro, porque os consumidores virtuais se mostram cada vez mais maduros em seu
comportamento de compras. Antes de decidir pelo produto ou loja, navegam com desenvoltura
em sites de busca e de comparação de preços à procura das melhores ofertas. Sabem que em
tempos de crise, vende quem tiver o melhor preço, mesmo que os compradores tenham que
esperar um pouco mais pelos produtos optando por fretes mais baratos.

É fato também, que esses consumidores estão menos sensíveis às compras feitas por impulso. No
entanto, não deixam de visualizar e guardar aquele e-mail marketing recebido, com ofertas
especiais do seu sonho de consumo.

Segundo, porque as grandes redes varejistas presentes na internet estão “antenadas” com o
momento. Tenho recebido ofertas matadoras em minha caixa postal. Algumas parecem nem ter
se dado conta da alta do dólar, que influencia diretamente os valores praticados nas categorias
mais vendidas pela web, eletrônicos e informática.

Além disso, o long tail, as pequenas e desconhecidas lojas virtuais, me chamam a atenção pela
sua capacidade de segmentação e personalização. Há algumas semanas, comprei uma impressora
matricial numa loja de pequeno porte, praticamente desconhecida. Ontem, me surpreendi com
uma oferta por e-mail da tal loja, me oferecendo cartuchos para o mesmo modelo de impressora!
Fiquei ainda mais impressionado ao me dar conta que meu cartucho estava mesmo precisando
ser reposto.
Em tempos de crise sempre haverá oportunidades. Essa loja de alguma forma conseguiu prever a
freqüência de compra dos cartuchos dessa impressora, se antecipar à minha necessidade e falar
comigo em tom pessoal.

Agora aguardo ansioso pelas ofertas de final de ano. O Natal na internet acontece no período
entre 15 de novembro e 20 de dezembro. A briga promete ser boa. O Wal-Mart, maior rede
varejista do mundo, entrou no mercado online brasileiro há algumas semanas. Pelo investimento
feito, que foi divulgado publicamente por seu presidente numa coletiva de imprensa na época do
lançamento, entrou pra incomodar os líderes. Seu poder de barganha com fornecedores, sua
política de preços baixos e know-how da equipe envolvida na operação, me deixam ainda mais
ansioso.

Quem ganha com isso? Nós, os consumidores. Mas e a tal da crise? Bom, por enquanto no e-
commerce, essa crise está lá no hemisfério norte. E que fique por lá, pois nesse Natal, com
certeza vou comprar meus presentes pela internet.

* por Mauricio Salvador (mauricio@ebit.com.br), Mestre em Comunicação e Administração,


professor e diretor comercial na e-bit Informação.

http://www.adnews.com.br/artigos.php?id=79305

Você também pode gostar