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(a) (b)
Figura 1.1 - (a) Vaso de vidro encontrado na tumba do Faraó Egípcio Tutmés II (cerca
de 1450 a. C); (b) Vasilhame de vidro produzido em Colônia Agrippina – Colônia -
cerca de 400 d.C. [ARMIM, 1998].
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Figura 1.3 - Vidro líquido sendo enrolado sobre a argila para preparar um frasco
[SMITH, 1964].
O primeiro espelho feito de vidro teria sido confeccionado na França, por volta
de 1685, apesar do vidro laminado, ou vidro plano, ser até então um monopólio
veneziano. Com o aumento das encomendas para a indústria francesa, Veneza perderia
gradualmente esse monopólio [DOREMUS, 1973].
Mais recentemente, com a melhor compreensão de vários processos químicos foi
possível produzir matérias-primas mais puras para a indústria vidreira e a introdução de
processos mecânicos nas indústrias, ao final do século XIX, aumentou ainda mais a
produção de artefatos de vidro. Os seus preços reduziram acentuadamente e deixaram
de ser exclusivamente artigos de luxo. Obviamente, sempre foram e continuarão sendo
confeccionadas peças de vidro por artesãos que são verdadeiras obras de arte, cujos
preços são acessíveis a um número limitado de pessoas aficionadas [DOREMUS, 1973].
O entendimento das propriedades do vidro recebeu grande impulso com a teoria
de Griffith, na qual uma pequena trinca resulta na fratura de toda a superfície. A
primeira idéia defendida por essa teoria foi considerada como uma curiosidade da
Matemática sem nenhuma aplicação para materiais reais, mas mais recentemente serviu
de base para muitos trabalhos e melhorou o entendimento da fratura de vidro
[DOREMUS, 1973].
Em 1930 o entendimento do porque da formação da estrutura do vidro, foi
melhorada com o trabalho de Zachariasen e Warren. Desde a segunda guerra mundial,
as atividades da ciência em vidro cresceram muito em função da evolução tecnológica.
O ano de 1960 foi caracterizado como a época de ouro para a ciência do vidro porque
todo o lucro da aplicação durante esse período, de base científica, foi para entender o
vidro em termos de estrutura e composição. O curioso é que o vidro, que era comum
antes de outros metais, polímeros, colóides, soluções, solventes e outros, será um dos
últimos campos com mistérios para a exploração da ciência. Talvez pela grande
variação de composição e propriedades do vidro, longa estrutura como material rígido,
sistematicamente detido caracterização do vidro [DOREMUS, 1973].
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A temperatura de transição (Tg) na verdade não é um ponto fixo, mas sim uma
faixa, e dentro dessa faixa Tg pode assumir diversos valores de temperatura de acordo
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A
Liquido
Transição B
Vítrea
Aquecimento Lento
Volume Específico
Esfriamento E
Rápido
vidro Aquecimento
Rápido
vidro C
Esfriamento
Lento
cristal
D
Tg1 Tg1 Tf
Temperatura (0C)
A relação entre cristal, líquido e vidro pode ser explicada pelo diagrama de
volume versus temperatura como mostra a Figura 1.5. No ponto A o material é um
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líquido estável. O volume diminui ao longo de AB, à medida que se esfria até chegar a
sua temperatura de fusão, se contrai, pois com menor temperatura, menor será sua
agitação das moléculas. Na temperatura de fusão há uma enorme redução do volume,
pois as moléculas passam a se ordenar na forma de cristais. O volume irá diminuir de B
para C, no qual o sólido será contraído com a diminuição da temperatura ao longo de
CD.
Se o resfriamento for suficientemente rápido, a cristalização não irá ocorrer em Tf
(Temperatura de Fusão), e a diminuição do volume só continua devido ao agitamento
térmico, ponto E. Em certa temperatura Tg (transição vítrea), o material embora
continue com características de um líquido, passa a se comportar semelhantemente a um
sólido cristalino. Se a temperatura é mantida constante, um pouco abaixo de Tg, o
volume G continuará diminuindo devagar.
A temperatura de transição vítrea é justamente o ponto E. Abaixo dele o
comportamento do material é de um sólido amorfo e é o vidro que conhecemos [PAUL,
1990].
1.4 - VITRIFICAÇÃO
Turnbull tem discutido a questão de o vidro ser um dos mais estáveis no estado
sólido abaixo do ponto de fusão. Ele concluiu que não tem uma rigorosa comprovação
de que o estado mais estável está abaixo da temperatura de cristalização mais que o
vítreo [DOREMUS, 1973; TURNBULL, 1969].
A razão crítica do resfriamento depende do volume a ser fundido, o problema de
preparar a composição é manter esta massa homogênea, por isso quanto maior for o
volume mais complicado pode ser atingir esta homogeneidade. Outros autores como
Jackson K. A. ainda definem a fusão de produtos como o vidro homogêneo se eles
contêm um cristal com núcleo de cúbico centrado [FELTZ, 1993; JACSON, 1966].
A dificuldade para se enquadrar adequadamente os corpos vítreos dentro de um
dos três estados de agregação da matéria, deu lugar a se pensar em integrá-los em um
quarto estado de agregação: o estado vítreo. Essa sugestão, entretanto, nunca chegou a
ter uma aceitação generalizada [AKERMAN, 2000].
como formadores de rede. Outros cátions, com eletronegatividades muito baixas, e cuja
ligação com o oxigênio apresentasse um caráter fortemente iônico, causariam uma
descontinuidade da rede, ou seja, sua quebra, sendo batizados de modificadores de rede.
E os cátions que, por si só, não formam vidros com facilidade, mas que, misturados aos
formadores típicos, podem substituí-los na rede, foram classificados por Stanworth
como intermediários [ALVES, 2001].
Figura 1.6 - Funções relativas dos óxidos nos vidros [NAVARRO, 1991].
1.7.1 – Viscosidade
O comportamento do vidro nos distintos esforços mecânicos aos quais pode ser
submetido durante o uso, constitui em geral uma importante limitação para algumas de
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posição na qual são analisadas. Portanto, quando uma massa de vidro é homogênea e
não sujeita às tensões, ela é opticamente isotrópica [NAVARRO, 1991].
A matéria condensada exibe uma rica variedade de fases. Em um dos extremos
encontramos o Estado Cristalino, que até recentemente recebeu maior atenção. No outro
extremo encontra-se o Estado Vítreo. O conhecimento da estrutura atômica de outras
propriedades físicas e químicas. Isso é valido tanto para os materiais amorfos quanto
para os cristalinos [BOLCH, 1976].
Um cristal representa um arranjo regular de átomos que pode ser gerado por
translações periódicas de uma unidade de construção, a célula unitária. Infelizmente tal
procedimento, elaborado por Felix Bloch, é impossível de ser realizado em um sólido
amorfo, não periódico, pois sua célula unitária pode ser considerada como sendo de
extensão infinita [BOLCH, 1976].
A definição operacional de um sólido amorfo, contudo, significa apenas que a
estrutura é não-periódica (ou seja, não-cristalina) caso diferente de uma estrutura dita
aleatória. No caso do vidro mais comum, a sílica vítrea é composta basicamente de
tetraedros de SiO4 conectados de uma forma não-aleatória, demonstrando ainda uma
ordem local [BOLCH, 1976].
do calor vai se fundir e se incorporar ao banho, sendo que, no lado oposto, o vidro já
elaborado é conduzido às máquinas de conformação.
1.8.3 - Conformação
enrijecimento do vidro (de 1100 ºC a 600 ºC). Quando se despeja o vidro fundido sobre
o estanho, a tendência é de se formar uma lâmina de 5 a 6 mm de espessura. O banho de
estanho deve ser longo o suficiente para que dê tempo para o vidro esfriar, dos 1100 ºC
na sua entrada, até 600 ºC, na saída, quando estará rígido. A vazão de vidro é
determinada, na saída do forno de fusão, por um registro que regula o fluxo. A
espessura do vidro é determinada pelo balanço entre as tensões superficiais, a força de
gravidade e a velocidade de extração. Há cerca de 280 plantas de vidro float em
operação (Figura 1.11), construção ou projeto em todo o mundo [BLINDEX, 2007].
mais finos que a espessura de equilíbrio, eles são dispostos para formar ângulos
divergentes, tendendo a esticar a lâmina, em conjunto com uma maior velocidade de
extração. Para vidros mais grossos, eles são dispostos em ângulos convergentes,
tendendo a empurrar o vidro da borda para o centro, em combinação com uma menor
velocidade de extração. O estanho, embora sendo o melhor elemento para se utilizar no
processo, tem um sério inconveniente: ele se oxida em contato com o oxigênio, nas
temperaturas exigidas pelo vidro. Então, é necessário que todo o banho de estanho fique
enclausurado dentro de uma grande caixa, onde se injeta nitrogênio. Dentro dessa caixa
há também uma série de resistências elétricas que garantem um perfil térmico
conveniente desde a entrada até a saída do vidro [AKERMAN, 2000; CEBRACE,
2005].
Na Figura 1.12, mostra um exemplo de vidro temperado que sofreu uma tensão
de ruptura, em que se observam pequenos fragmentos, todos com tamanho similar, estes
evitam possíveis cortes.
Vidro float cuja superfície é reforçada quimicamente por troca de íons a altas
temperaturas para lhe conferir uma maior resistência mecânica. É um produto de alta
tecnologia [SAINT-GOBAIN, 2005].
O processo consiste na troca iônica dos sais de sódio presentes no vidro por sais
de potássio encontrados em solução pré misturada. Uma vez que o raio atômico dos íons
de potássio é bastante superior ao dos íons de sódio (1,33 e 0,95, respectivamente), e o
volume ocupado é o mesmo, ocorre uma compressão na superfície onde ocorreu a troca,
causando o efeito similar ao da tempera térmica. Possui a vantagem de permitir
temperar espessuras de vidro de até 1mm, ao contrário dos 3mm mínimos exigidos na
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tempera térmica, além de uma grande uniformidade, apresentando, por outro lado, alto
custo. Este processo não é utilizado no Brasil [SILVA, 2004].
fraturar. Isso pode aumentar a resistência mecânica média das placas em até 4 vezes.
Mas, na prática, devido à presença de defeitos superficiais, o valor médio de resistência
a fratura pode ser menor [LEITE, 2004]. As duas linhas paralelas na figura 1.13, tanto
para o vidro temperado quimicamente como para o temperado termicamente é a
espessura do vidro, mostrando q o centro sempre esta sobre tração e a superfície sobre
compressão.
Figura 1.13 - Perfil de tensões residuais, aplicadas e resultantes de uma barra de vidro
temperado sob carregamento transversal [Figura modificada do NAVARRO, 1991].