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[Turma: 2º T]
São Paulo
2004
SUMÁRIO
2. O Campo da Ética
A ética, por ser disciplina teórica que estuda a moral, deve se limitar a explicar,
esclarecer ou investigar uma determinada realidade, pois seu valor como teoria
está naquilo que explica, e não no fato de prescrever ou recomendar com vistas à
ação em situações concretas.
Quando se ocupa de analisar a prática moral de uma sociedade de determinada
época, a ética deve meramente esclarecer o fato de os membros daquele grupo
social terem recorrido a práticas morais diferentes e até opostas.
Por ser ciência que estuda a moral, a ética nem se identifica com princípios de
moral em particular, nem fica indiferente a eles.
A ética deve fornecer a compreensão racional de um aspecto real e efetivo do
comportamento dos homens, pautados em fatos de valor.
3. Definição da Ética
A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade.
A ética procura determinar a essência da moral, e as condições objetivas e
subjetivas do ato moral, as fontes de avaliação moral, a natureza e função dos
juízos morais, os critérios de justificação desses juízos e o princípio que rege a
mudança de diferentes sistemas morais.
Seu caráter científico deve aspirar à racionalidade e objetividade, e proporcionar
conhecimentos comprováveis. A moral é objeto da ciência ética, podendo sofrer
influência desta.
Hoje em dia já há uma diferenciação clara entre a moral e a ética, que nem
sempre ocorreu.
4. Ética e Filosofia
Dada a sua pretensão de estudar cientificamente o comportamento humano
moral, a ética se opõe à concepção tradicional que a reduzia a um simples
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2. Origens da Moral
A moral surge quando o homem atinge sua natureza social, sendo membro de
uma coletividade, onde ele sente que precisa se comportar de certo modo por ter
uma consciência de sua relação com os demais.
O trabalho do homem também adquire um caráter coletivo, e o fortalecimento
da coletividade se torna uma necessidade vital para vencer as dificuldades de
sobrevivência; é então que surgem uma série de normas não escritas que irão
beneficiar a comunidade, e assim nasce a moral, para conciliar o comportamento
individual com os interesses coletivos.
Os indivíduos, então, passam a julgar o comportamento alheio como “bom”/útil
ou “mau”/nefasto para manter a coletividade. A questão do benefício da
comunidade é a origem do que modernamente chamamos de virtudes ou vícios.
O conceito de justiça corresponde também ao mesmo princípio coletivista, seja
no sentido de igualdade na distribuição, seja no de fazer a reparação de um mal
causado a um membro da coletividade.
Destarte, nas comunidades primitivas o aspecto coletivo absorve o individual,
dizendo-se ser uma moral pouco desenvolvida, em contraposição com a moral
mais elevada, baseada na responsabilidade pessoal. O progresso da moral se dá
em virtude das novas condições econômico-sociais, particularmente o
aparecimento da propriedade privada e a divisão da sociedade em classes.
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4. O Progresso Moral
Já vimos que a moral se desenvolve ao longo do tempo de acordo com o
momento histórico e social. É importante sabermos comparar as diversas morais
já havidas para determinar qual delas se apresenta mais avançada, ou mais
elevada. O progresso moral não pode ser concebido independentemente do
progresso histórico-social, mas não se limita a este; destarte, é mister saber
diferenciar uma coisa da outra.
Pode-se usar como índice de progresso humano quando ocorre um
desenvolvimento das forças produtivas. Porém isto não basta, posto que o
homem produz somente em sociedade. Portanto, outro critério de progresso
humano reside no tipo de organização social e no grau correspondente de
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1. O Normativo e o Fatual
Encontramos na moram dois planos: (a) o normativo, constituído pelas normas
ou regras de ação, o dever-ser; e (b) o fatual, ou plano dos fatos morais,
constituído por atos humanos concretos, e portanto independentes do dever-ser.
Os fatos morais estão em constante interação com o normativo, posto que
sempre adquirem um significado moral positivo ou negativo; e o normativo não
existe independentemente do fatual, pois aponta para um comportamento
efetivo.
As normas existem e valem independentemente da medida em que sejam
cumpridas ou violadas.
2. Moral e Moralidade
A distinção entre moral e moralidade corresponde à indicada entre normativo e
fatual. Entretanto, o melhor é empregar um único termo: moral – mas
significando os dois planos, ou seja, o normativo e o prático.
7. Conclusão
Os traços essenciais da moral são os seguintes:
1) A moral é uma forma de comportamento humano que compreende um
aspecto normativo (regras de ação) e outro fatual (atos de natureza prática).
2) A moral é um fato social; verifica-se somente em sociedade.
3) Embora a moral possua caráter social, o indivíduo nela desempenha papel
decisivo, dada a exigência de interiorização das normas e da sua adesão íntima a
elas.
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4) O ato moral é uma unidade indissolúvel dos seus diversos elementos: motivo,
intenção, decisão, meios e resultados.
5) O ato moral concreto é parte de um contexto normativo em vigor em uma
determinada comunidade que lhe dá sentido.
6) O ato moral, sendo consciente e voluntário, supõe uma participação livre do
sujeito em sua realização.
COMPORTAMENTO HUMANO
2. Moral e Religião
Há duas teses sobre religião e moral: (i) a religião inclui certa moral; e (ii) Deus
como garantia da moral. Entretanto, a história da humanidade demonstra que a
moral não somente não se origina da religião como também é anterior a ela.
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3. Moral e Política
Enquanto a moral regulamenta as relações mútuas entre os indivíduos e entre
estes e a comunidade, a política abrange as relações entre grupos humanos
(classes, povos ou nações). Na política, o indivíduo encarna uma função
coletiva, ao passo que agindo moralmente o elemento íntimo e subjetivo
desempenha um papel importante.
As relações extremas entre política e moral são: (i) a do moralismo abstrato, que
leva a reduzir a política à moral, e (ii) do realismo político, que defende a busca
de resultados a qualquer preço, sejam quais forem os meios empregados,
desconsiderando a moral.
4. Moral e o Direito
De todas as formas de comportamento humano, o jurídico, ou do direito, é o que
mais intimamente se associa com a moral, pois os dois estão sujeitos a normas
que regulam as relações do homem. Há algumas diferenças entre as duas
formas: (i) as normas morais são cumpridas pela convicção íntima dos
indivíduos, ao passo que as normas jurídicas são cumpridas por motivos formais
ou externos; (ii) a esfera da moral é mais ampla do que a do direito; (iii) a moral
não depende necessariamente do Estado, como o direito.
6. Moral e Ciência
As relações entre a moral e a ciência podem ser colocadas em dois planos: (a) o
que diz respeito à natureza da moral, e se é cabível falar-se em caráter científico
da moral. Esta questão foi abordada ao definir ética como a ciência da moral; e
(b) o que diz respeito ao uso social da ciência, e aqui se fala do papel moral ou
da atividade do cientista.
A primeira questão enuncia o que alguma coisa é, e não o que deve ser. Assim, a
ética nos diz o que a moral é, mas não estabelece normas. A moral não é ciência,
e sim ideologia que pode se relacionar com as diversas ciências.
A segunda questão diz respeito à responsabilidade moral assumida pelo cientista
no exercício da sua atividade e pelas conseqüências sociais. O cientista não pode
ser indiferente diante das conseqüências sociais do seu trabalho, que pode ser
usado pra o bem ou para o mal da sociedade. Sob este aspecto, a ciência não
pode ser separada da moral.
LIBERDADE
maneira, isto é: sua conduta deve ser livre. Pelo contrário, a ignorância de um
lado e a falta de liberdade do outro, permite eximir o sujeito da responsabilidade
moral.
estas sempre têm controle sobre seus atos, por mais que sintam um ou outro
impulso.
7. O Determinismo Absoluto
A tese central é a seguinte: tudo é causado, e portanto não existe liberdade
humana nem responsabilidade social.
8. O Libertarismo
Ser livre significa decidir e operar como se bem desejar. A característica desta
posição é a contraposição entre liberdade e necessidade causal. A liberdade de
vontade, longe de excluir a causalidade – no sentido de romper a conexão causal
ou a negação total desta (indeterminismo) – pressupõe inevitavelmente a
necessidade causal.
10. Conclusão
O ideal é a conciliação dialética entre a necessidade e a liberdade, em
conformidade com a solução de Marx e Engels. A responsabilidade moral
pressupõe necessariamente certo grau de liberdade, mas esta, por sua vez,
implica também inevitavelmente a necessidade causal. Responsabilidade moral,
liberdade e necessidade estão, portanto, entrelaçadas indissociavelmente no ato
moral.
CAPÍTULO VI - OS VALORES
Todo ato moral inclui a necessidade de escolher entre vários atos possíveis. O
comportamento moral faz parte da vida cotidiana de todos os indivíduos, e as
preferências por um ato sobre outro também. As preferências sempre envolvem
algum juízo de valor sobre os atos.
3. Definição do valor
O valor não é propriedade dos objetos em si, mas propriedade adquirida graças
à sua relação com o homem como ser social. Mas, por sua vez, os objetos podem
ter valor somente quando dotados realmente de certas propriedades objetivas.
perde o seu significado universal humano. Na Idade Média é bom o que deriva
da vontade de Deus.
Nos tempos modernos, o bom é o que concorda com a natureza humana
concebida de uma maneira universal e abstrata que podemos definir no
pensamento ético como felicidade, prazer, boa vontade, utilidade. Mas também
pode ser caracterizado como verdade, poder, riqueza e Deus.
felicidade – mas várias coisas que podem, ao mesmo tempo, considerar-se como
boas.
4. A Consciência Moral
A consciência moral acarreta uma compreensão dos nossos atos, mas sob o
ângulo específico da moral. Além disso, o conceito de consciência está
estreitamente relacionado com o de obrigatoriedade, posto que implica em
avaliar e julgar nosso comportamento de acordo com certas normas conhecidas e
reconhecidas como obrigatórias. A consciência moral dos indivíduos, por ser um
produto histórico-social, está sujeita a um processo de desenvolvimento e de
mudança.
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2. A Moralização do Indivíduo
O ato moral implica consciência e liberdade. O verdadeiro agente moral é o
indivíduo, mas enquanto ser social, e não considerado na sua individualidade.
A realização da moral é uma tarefa individual, mas, dada a natureza social do
indivíduo, não é um assunto meramente individual. O conjunto de formas
características de comportamento peculiares de cada indivíduo, que formam uma
unidade indissolúvel, constituem o caráter de uma pessoa; o caráter é algo
adquirido, modificável e dinâmico. O indivíduo pode adquirir uma série de
qualidade morais sob o influxo da educação e da própria vida social – e tais
qualidades morais, quando realizadas numa situação concreta, são designadas
virtudes.
3. As Virtudes Morais
A virtude supõe uma disposição estável ou uniforme de comportar-se
moralmente de maneira positiva; isto é, de querer o bem. O seu oposto é o vício,
enquanto disposição também uniforme de querer o mal. Vale lembrar o
ensinamento de Aristóteles, segundo o qual “a virtude é um hábito”.
Dentro das forças produtivas surgem problemas morais que não podem ser
descuidados. Como o homem é afetado pelo seu trabalho? Eleva-o como ser
humano ou o degrada? De que forma o uso dos meios ou instrumentos de
produção afetam o trabalhador em sua verdadeira natureza? Os problemas
morais da vida econômica surgem quando o homem é tratado como uma peça de
um sistema econômico, o “homem econômico”; tal fato é conflitante, já que não
se pode desprezar o ser humano concreto.
trabalho alienado o homem real não pertence a si mesmo, mas àqueles que o
manipulam ou o persuadem de modo sutil, podemos apontar duas graves
conseqüências: primeiramente, o homem como consumidor é rebaixado à
condição de coisa ou objeto manipulável; em segundo lugar, impedido de suas
escolhas livre e conscientemente, minam-se as bases do ato moral, restringindo-
lhe seu domínio moral.
Conclui-se, portanto, que seja favorecendo uma moral que lhe garante um apoio
mais profundo e sincero do que o meramente externo ou formal, seja
fomentando a privatização da mesma, o Estado sempre influencia, em um
sentido ou em outro, a realização da moral.
b) formas preferenciais
É uma forma particular do juízo de valor, sob a forma de comparação, pela qual
se estabelece a valoração de x em relação a y, podendo se tratar de juízo de
conteúdo moral, p.e.: “É preferível enganar um doente a dizer-lhe a verdade” e
não moral, p.e.: “Este trabalho é preferível àquele outro”.
A preferibilidade evidencia o “ser mais valioso” de x em relação a y, sendo,
portanto, inseparável do valor, pois não são considerados entre si, mas em
relação a certa necessidade ou finalidade humana, considerando determinadas
condições ou circunstâncias concretas.
c) formas imperativas
Inicialmente cabe observar que para a forma imperativa ou normativa, diferente
das anteriores, que podem se referir a atos já realizados ou objetos existentes ou
a atos que se realizam ou objetos inexistentes, há uma exigência de realização:
algo que não é ou não existe deve ser realizado. Assim, o juízo assume a forma
de um mandamento ou exortação a que se faça alguma coisa.
Os juízos imperativos também são inseparáveis dos juízos de valor, pois aquilo
que se julga que deve ser realizado é sempre considerado valioso. Assim, os
juízos que têm esta forma (lógica normativa ou imperativa), destinam-se a
regular as relações entre os homens em uma sociedade e esta forma não é
exclusiva de normas morais. Têm a mesma forma lógica (exortativa ou
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4. A Teoria Emotivista
A teoria emotivista afirma que nos juízos morais não se afirma sobre fatos,
propriedades ou qualidades, mas se expressa uma atitude emocional subjetiva
(Ayer) ou se procura provocar em outros determinado efeito emotivo
(Stevenson).
Assim, os juízos morais não podem surgir de um estado emocional do sujeito,
mas responde a necessidades e finalidades sociais, sem as quais não teria
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sentido. Portanto, não poderia existir o juízo normativo “respeita os bens dos
outros” numa comunidade primitiva, baseada na propriedade coletiva ou social
dos bens.
Se tudo é igualmente válido e tem a mesma justificação do ponto de vista moral,
a conseqüência lógica não pode ser senão essa: tudo é permitido. Encontrar-
nos-íamos, assim, em pleno amoralismo.
5. O Intuicionismo Ético
Diferentemente dos emotivistas, os intuicionistas éticos admitem que os juízos
morais, que incluem o termo “bom”, ou que determinam deveres, atribuem
propriedades e atos, pessoas ou coisas e que, neste sentido, dizem algo que pode
ser considerado verdadeiro ou falso. Em contraposição aos naturalistas éticos, os
intuicionistas sustentam que a bondade e a obrigatoriedade não podem ser
observadas empiricamente. O bom é indefinível e os deveres fundamentais nos
são impostos sem necessidade de prova, como algo evidente por si, isto é, são
captados de maneira direta e imediata: por meio da intuição. Portanto, os juízos
morais são intuitivos, logo, podemos considerá-los verdadeiros, estando acima
da necessidade de provas empírica ou racional. Entretanto, esta justificação
enfrenta várias objeções.
Assim, o intuicionismo, ao sustentar que os juízos morais se referem a
propriedades não naturais apreendidas direta e imediatamente, não admite a
possibilidade de que eles possam ser justificados racional e objetivamente, ou
seja, que possam apresentar razões em favor de sua validade.
7. A “Guilhotina” de Hume
A propósito de se obter uma justificação racional dos juízos, deduzindo-se algo
que é de algo que deve ser, morais, o que há tempo se proclama caminho
fechado, costuma-se citar a seguinte passagem de Hume (do seu Tratado do
entendimento humano):
“Em todos os sistemas de moralidade que examinamos até agora se terá notado sempre que o autor, por
certo tempo, exprime-se de uma maneira habitual, e estabelece a existência de Deus, ou faz comentários
sobre os assuntos humanos; mas de repente surpreende deparar com o fato de que – em lugar dos verbos
copulativos “ser” e “não ser” entre as proposições – não há mais nenhuma proposição que não esteja
ligada por um “devia” ou “não devia”. Esta mudança é imperceptível; contudo, é de grande importância.
Porque, dado que esse “devia” ou “não devia” expressa uma nova relação ou afirmação, é necessário que
se analise e se explique; e, ao mesmo tempo que se dá alguma razão de algo que parece inconcebível, será
preciso que nos expliquem como esta nova relação pode ser uma dedução de outras que são totalmente
diferentes.”
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Este argumento é considerado tão demolidor que é chamado por Max Black de
“a guilhotina de Hume”. Tudo que pretende passar de um é para um deve ser,
terá que cair sob esta guilhotina. E o que cai sob ela é a tentativa de deduzir
uma conclusão que inclua algo não contido na premissa (um deve ser de um é),
o que é ilegítimo do ponto de vista lógico, mas que não significa que o reino do
dever ser não tenha nenhuma relação com o mundo do ser.
Pode-se aceitar que a norma moral não pode ser identificada com o mero
registro de um fato, e portanto não podem justificar-se pelo comportamento dos
membros da comunidade. Pode acontecer que tal comportamento não se
verifique na realidade, e que os indivíduos atuem em contradição com elas, o
que não as invalida.
Assim, a impossibilidade lógica de que um juízo moral normativo (um “dever
ser”) seja deduzido de um juízo factual (um ”é”), não quer dizer que fique
suspensa no ar como se nada tivesse a ver com os fatos. Embora as normas não
derivem logicamente dos fatos, recorre-se a eles para compreender sua
existência.
III) A Justificação Lógica: As normas não existem isoladas, mas formam parte
de um conjunto articulado ou sistema, que constituem o que se chama de
“código moral” da comunidade, que deve apresentar coerência interna e,
portanto, sem contraditoriedade. Logo, “uma norma se justifica logicamente se
demonstra a sua coerência e não-contraditoriedade com respeito às demais
normas do código moral do qual faz parte”.
1. Ética e História
As doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em diferentes
épocas e sociedades com respostas aos problemas básicos apresentados pelas
relações entre os homens, e particularmente pelo seu comportamento moral
efetivo. Por isso, as doutrinas éticas devem ser consideradas dentro de um
processo histórico de mudança e sucessão. Quando muda radicalmente a vida
social, muda também a vida moral – e os princípios, valores ou normas acabam
sendo substituídos por outros.
2. Ética Grega
A ética, analisada quer sob um aspecto descritivo-científico quer sob um aspecto
prescritivo-normativo, não pode ser desvinculada do contexto social em que é
pensada e praticada. Destarte, a cada momento histórico corresponde uma
corrente filosófica que traz em si uma concepção peculiar do que seja a ética e a
moral. Não só isso, lembra Vázquez, mas as doutrinas, para além da
correspondência que possuem com seu contexto histórico, político e econômico,
correlacionam-se entre si, negando-se e confirmando-se umas às outras.
pensamento ocidental que teve seu nascimento oficial com Sócrates, qual seja, a
de um abandono de uma abordagem naturalista do conhecimento e a busca de
um conhecimento que tem no homem a sua origem.
Assim, os sofistas trocaram a preocupação de se tentar entender o mundo, o
universo e seu funcionamento e passaram a concentrar esforços na compreensão
e no estudo do homem. Tratava-se, contudo, da busca de um saber prático, que
pudesse ser utilizado na prática. Chegaram, neste sentido, a desenvolver a arte
da retórica, ferramenta discursiva à disposição dos homens que participavam do
campo político.
Sócrates retomará a abordagem antropológica (centrada no homem) dos sofistas
e desenvolvera sua própria corrente. No campo da ética e da moral, as idéias
básicas de seu pensamento são as de que a felicidade constitui o fim último do
homem, esta somente é alcançada através da prática do bem e, finalmente,
somente o homem que ignora o bem pratica o mal.
Tanto Platão quanto Aristóteles postulavam que a vida moral só poderia ganhar
efetividade no espaço e no cotidiano das cidades-estados, daí, portanto, o forte
viés político de suas teorias éticas.
A Ética Religiosa
A filosofia cristã parte de um conjunto de verdades a respeito de Deus, que é
Idade Média para justificar, através da razão, o domínio das verdades reveladas.
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4. A Ética Moderna
É a ética dominante desde o século XVI até princípios do século XIX, com
tendência antropocêntrica, e que atinge seu ponto culminante na ética de Kant.
se preocupa com a extensão de seu poder econômico e luta para impor a sua
hegemonia política através de uma série de revoluções); estatais (criação de
grandes Estados modernos, únicos e centralizados); e religiosas (a religião deixa
de ser a forma ideológica dominante).
Nessa nova sociedade o homem adquire um valor pessoal, não só como ser
espiritual, mas também como ser corpóreo, sensível; e não só como ser dotado
de razão, mas também de vontade.
O homem aparece no centro da política, da ciência, da arte e da moral. Há a
transferência do centro de Deus para o homem, que se apresenta como o
absoluto.
5. A Ética Contemporânea
Incluem-se aqui não apenas as éticas atuais, mas as que continuam tendo
influência desde seu surgimento no século XIX – como as de Kierkegaard,
Stirner ou Marx.
IV.O Marxismo
O marxismo critica as morais do passado e evidencia as bases teóricas e práticas
de uma nova moral. Marx tenta mostrar que o homem é práxis; é um ser
produtor, transformador, criador. Além disso, o homem é um ser social, e
também um ser histórico. Chega ele à tese entre o desenvolvimento das forças
produtivas e das relações de produção. Ao mudar a base econômica, muda
também a moral.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA