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USO DA VÍRGULA
CAMARGO, T. N. de. Uso da Vírgula. Barueri, SP: Manole, 2005. (Entender o Português)
Entre o sujeito da oração e o verbo existe um forte vínculo sintático motivo pelo qual não se usa vírgula entre tais
elementos.
Veja:
• O problema e a sua solução [sujeito] podem passar do campo da polícia para o do tratamento médico.
• A reação conciliadora [sujeito] repercutiu mal no Congresso.
• Mais importante que repreendê-lo é ensiná-lo a comportar-se em uma situação como essa [sujeito
posposto].
• Os que acreditaram nas promessas do candidato [sujeito] decepcionaram-se após as eleições.
OBS. 1:
Na dúvida, para certificar-se de que uma expressão exerce a função de sujeito, formule a pergunta quem? (ou quê?)
ao verbo. O elemento que contém a resposta à pergunta é o sujeito. Assim, por exemplo, no período A honra de todos os
generais é mais importante que a vida, pergunta-se: o que é mais importante que a vida? A resposta a essa pergunta será o
sujeito do verbo ser: a honra de todos os generais.
Veja:
• Ele experimentou [verbo] uma sensação estranha [complemento].
• Perguntou [verbo] aos filhos [complemento] se chegariam tarde [complemento].
• Aos pais [complemento] ele pediu [verbo] dinheiro e apoio [complemento].
5. OS ADJUNTOS ADVERBIAIS
As expressões que indicam circunstâncias de tempo, modo, causa, lugar (chamadas de adjuntos adverbiais) não são
separadas por vírgula quando colocadas no final da oração. Veja:
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• A escola começou a funcionar há quatro meses [adjunto adverbial de tempo].
• Quero conseguir um diploma agora [adjunto adverbial de tempo].
• Os dois estavam sentados em um pequeno barco de pesca [adjunto adverbial de lugar].
• Chorava e esperneava de desespero [adjunto adverbial de causa].
• O candidato não fará declarações enquanto os resultados das pesquisas não forem divulgados [adjunto
adverbial de tempo em forma de oração].
OBS.:
Quando a oração está na ordem direta, ou seja, tem um sujeito, um verbo com seus complementos e, por fim,
adjuntos adverbiais, como vimos nos exemplos acima, não há necessidade de vírgulas. Assim, mesmo em uma frase longa,
podemos dispensar o uso das vírgulas. Veja:
• O medicamento [sujeito] foi retirado [verbo] das farmácias após a divulgação do laudo [adjuntos] que atestava
ter havido [verbos] contaminação [complemento] durante o processo de embalagem do produto [adjunto].
A vírgula também pode assinalar a inversão da ordem direta das frases. Convém empregá-la quando o adjunto
adverbial é recuado para o início do período, o que ocorre, geralmente, quando se pretende enfatizar o seu conteúdo. Veja:
Os adjuntos adverbiais (que, como vimos, também aparecem, em forma de oração) podem vir intercalados, ou seja,
interrompem a ordem direta da frase. Nesses casos, é preciso usar duas vírgulas. É comum o esquecimento da primeira
vírgula, o que nunca deve ocorrer. Veja:
• João e Ana nunca tiveram problemas financeiros. Mas, depois dessa trapalhada toda de separação, as crianças
passaram até fome. [adjunto adverbial de tempo]
• Sabemos que ainda há um problema na empresa. E, se esse problema emergir antes de três anos, voltaremos a
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conversar. [circunstância de condição: oração subordinada adverbial condicional]
• Todos sabiam que, embora fosse um bom pai, ele tinha momentos de muita impaciência. [circunstância de
concessão: oração subordinada adverbial concessiva]
8. O PREDICATIVO DO SUJEITO
Predicativo do sujeito é um termo que pode iniciar um período, indicando uma característica momentânea ou
circunstancial. Nesse caso, deve ser separado por vírgula. Veja:
• Preocupado, ele olhava o relógio de cinco em cinco minutos. [predicativo (antecipado) do sujeito ele]
• Ansiosas, mãe e filha esperavam o resultado do exame. [predicativo (antecipado) do sujeito mãe e filha]
OBS.:
Como o predicativo do sujeito pode deslocar-se no interior da oração, devemos assinalar com vírgulas a sua
intercalação entre termos complementares. Veja:
• Mãe e filha esperavam, ansiosas, o resultado do exame. (Nesse caso, o predicativo, embora se refira ao sujeito da
oração, está posto entre o verbo e o complemento verbal; por interromper a ordem direta da frase, deve ficar entre
vírgulas.)
• Mãe e filha, ansiosas, esperavam o resultado do exame. (O predicativo está posto entre o sujeito e o verbo,
interrompendo uma relação de forte vínculo sintático. Por isso deve ficar entre vírgulas.)
• Mãe e filha esperavam o resultado do exame ansiosas. [O predicativo posto no fim do período não requer vírgula, a
menos que sua ausência provoque ambiguidade (duplicidade de sentido)]. Veja o caso abaixo:
• “O soldado voltou-se como um tigre, ferido pelas costas.” (D. Olímpio)
Sem a vírgula, entenderíamos que o adjetivo ferido se refere a tigre quando, na verdade, se refere ao sujeito
soldado; é, pois, um predicativo deslocado, e exige a vírgula, principalmente, por clareza.
9. O APOSTO
Chama-se aposto a expressão que explica ou especifica outro termo da frase. Note que ele pode ser composto de
várias palavras, mas seu núcleo sempre um substantivo. O tipo mais comum de aposto é o chamado aposto explicativo.
Veja:
OBS. 2:
O aposto pode ser um termo especificativo (e não explicativo). Nesse caso, não se admite o uso da vírgula. Veja:
• O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou-se favorável ao acordo.
No exemplo, o nome próprio (de sentido específico) particulariza o nome comum (de sentido genérico). O termo de
caráter especificador que se segue imediatamente ao correspondente de caráter genérico é chamado aposto especificativo.
Nesse caso, como dissemos, não se usa a vírgula. Veja outro exemplo:
• "Rua da União...
Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
... onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua Aurora...
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... onde se ia pescar escondido"
(trecho de "Evocação do Recife", de Manuel Bandeira)
Observe que a palavra rua tem sentido genérico e que os substantivos próprios que a nomeiam (da União, do Sol, da
Saudade, Aurora) têm sentido específico. Estes, nos versos de Manuel Bandeira, funcionam como apostas especificativos
(sem vírgula).
OBS.3:
O aposto também pode aparecer no início do período (nesse tipo de construção, geralmente se omite o artigo). Deverá,
nesse caso, ser separado por vírgula do restante da frase. Veja:
• Marco do movimento tropicalista, a canção "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, integrará a trilha
sonora do documentário.
• Primeira escritora a entrar na Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz foi autora de vasta
obra, da qual se destaca o romance O Quinze.
Os complementos dos verbos (chamados de objeto direto e objeto indireto) podem ser trazidos para o início do
período e retomados por um pronome. Nesse tipo de construção, o objeto direto é separado por vírgula, ganhando, assim,
mais ênfase. Veja:
11. O VOCATlVO
O vocativo é o termo usado para interpelar ou chamar a pessoa com quem se fala. Pode estar no início, no meio ou
no fim da oração e sempre deve ser separado por vírgulas. Veja:
• "Bem vejo que me podeis dizer, Senhor, que a propagação de vossa Fé e as obras de vossa glória não depen-
dem de nós, nem de ninguém (.,,)"
(trecho do "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as da Holanda", de padre Antônio Vieira)
OBS: O vocativo pode vir antecedido de interjeição ó (não confundida com oh, que indica espanto ou admiração). Havendo
maior necessidade expressiva, pode ser usado o ponto de exclamação após o vocativo.
A vírgula também assinala as interrupções na frase. Quando se intercalam elementos entre termos que se
complementam, esses elementos, palavras ou expressões ficam entre vírgulas. As vírgulas indicam que o termo intercalado
pode ser retirado da frase ou simplesmente deslocado sem prejuízo da significação. Veja:
• A decisão do governo, eles avaliam, deve-se aos índices de inflação divulgados na semana passada.
• Ninguém sabia, mas, por causa da situação do Corinthians no Campeonato Brasileiro, a perspectiva de
faturamento do clube diminuiu.
• Censurar os argumentos do adversário, agora definitivamente transformado em inimigo a vencer ou, no
mínimo, a silenciar, não vai fazer desaparecer a situação que produz tais argumentos.
• Para ela, o general é um cadáver político e deverá recorrer a qualquer subterfúgio, dos mais covardes e
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miseráveis, para tentar se salvar.
OBS.:
As expressões explicativas (por exemplo, ou seja, isto é), corretivas (ou melhor, aliás, do contrário), de ideias
que se opõem (não obstante, mesmo assim, ainda assim) e de continuação (então, afinal) interrompem a frase, portanto
são sempre isoladas por vírgulas. Veja:
13. AS CONJUNÇÕES
Conjunções são as palavras responsáveis pela ligação entre orações. Normalmente iniciam a oração e, em muitos
casos, são antecedidas de vírgula. Algumas delas (porém, entretanto, todavia, contudo, pois, portanto etc.) podem
aparecer deslocadas do início da frase, situação em que devem estar entre vírgulas. Veja:
• O professor explicou a matéria, porém os alunos não a entenderam. [conjunção no início da oração]
• O professor explicou a matéria; os alunos, porém, não a compreenderam. [conjunção deslocada, ou seja,
intercalada entre sujeito e o predicado da segunda oração]
• Está chovendo muito, portanto não sairemos para o passeio. [conjunção no início da oração]
• Está chovendo muito; não sairemos, portanto, para o passeio. [conjunção deslocada, ou seja, intercalada entre
o verbo e o adjunto adverbial da segunda oração]
OBS.:
Quando a conjunção está deslocada (e, portanto, entre vírgulas), usamos o ponto e vírgula para separar as orações,
como ocorreu no exemplo acima. O ideal, quanto às conjunções, é estudarmos sua virgulação caso a caso.
As conjunções que indicam oposição sempre são separadas do elemento anterior por vírgula. Quando intercaladas,
isto é, quando não iniciam a oração, vêm entre vírgulas, como já vimos. Somente a conjunção mas nunca aparece intercalada.
Veja:
OBS.2:
Não use a vírgula entre o e e o sim, pois, nessa construção, a palavra sim não está intercalada. Use-a, porém, entre
o mas e o sim, quando a palavra sim enfatizar a idéia de oposição. Veja:
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sentido (não está intercalada).
13.2. PORQUE
A conjunção porque pode apresentar dois sentidos. Tanto pode introduzir a explicação do que foi dito antes
(conjunção coordenativa) como a causa do fato mencionado (conjunção subordinativa). Quando tem sentido explicativo,
a conjunção é obrigatoriamente antecedida de vírgula. É necessário, então, fazer a distinção entre o sentido explicativo e o
causal.
I. A conjunção coordenativa explicativa encabeça uma oração que justifica (explica, esclarece) a ideia anterior. Veja:
II. A conjunção subordinativa causal encabeça uma oração que exprime a causa de um acontecimento, isto é, aquilo
que o provoca. Nesse caso, não se deve usar vírgula. A causa de um fato está tão ligada a ele por vínculo lógico e
sintático que não permite a vírgula. Nesse caso, não há um fato que possa ser deduzido, diferentemente da
explicação que se constitui como um fato deduzido. Veja:
OBS.: Pode ocorrer a inversão da ordem das orações quando a conjunção porque exprime causa. Nesse caso, temos de
empregar a vírgula para separar as orações (veja que essa situação equivale àquela em que recuamos o adjunto adverbial,
deixando-o no início do período). Veja:
• Porque chovia muito, o jogo foi encerrado.
• Como chovesse muito, o jogo foi encerrado.
13.3. POIS
A conjunção pois pode apresentar dois sentidos, estabelecidos de acordo com a posição que ocupa na oração.
I. No início da oração, introduz a explicação do que foi dito antes (tem o mesmo valor do porque explicativo) e é,
como a maioria das conjunções, antecedida de vírgula. Veja:
• Todos ficaram satisfeitos, pois não houve reclamações.
• Choveu, pois o chão está molhado.
• O cavalo estava faminto, pois comeu rapidamente.
II. Intercalada na oração à qual pertence, introduz a conclusão do que foi dito antes (nesse caso, tem o mesmo valor de
portanto). Veja:
• Era corajoso; enfrentaria, pois, as dificuldades.
• A esposa do major era muito exigente; não aceitaria, pois, a presença de agregados na casa.
OBS.:
Note que as orações estão separadas por ponto e vírgula (pausa mais extensa que a da vírgula) por causa da
intercalação da conjunção. Nesse tipo de construção, o ritmo da leitura da frase distingue a pausa mais longa (que separa as
orações) da pausa mais breve (que assinala o deslocamento da conjunção).
13.4. E
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A conjunção e, em geral, não é antecedida de vírgula, pois exprime a soma de ideias. Pode, indicar a adição de dois
elementos ou orações ou o término de uma enumeração. Veja:
• O chefe-de-gabinete da prefeitura e toda a assessoria de imprensa foram à solenidade. [a conjunção e está
ligando os dois núcleos do sujeito]
• Eu saí e fui ao cinema. [a conjunção e está ligando duas orações com o mesmo sujeito]
• Já mantivemos o poder por 40 anos e sobrevivemos a coisas bem piores anteriormente. [a conjunção e
está unindo duas orações com o mesmo sujeito]
• Maria, Jonas, Dirce e Felipe estudavam durante o dia. [a conjunção e está indicando o término de uma
enumeração]
OBS.:
A conjunção e deve ser antecedida de vírgula em algumas situações.
I. Quando une orações com sujeitos diferentes. Veja:
• A emoção foi grande, e a plateia aplaudiu entusiasmada.
[as orações têm sujeitos diferentes (a emoção e a plateia), daí o uso da vírgula]
No exemplo acima, deve-se dizer que a vírgula não é obrigatório; poderia ser omitida, pois, embora as orações
tenham sujeitos diferentes, não existe a possibilidade de ambiguidade, o que ocorreria no exemplo seguinte caso não
houvesse vírgula antes do e:
• Ganhamos prêmios em dinheiro, e brindes foram distribuídos entre os participantes da gincana.
A ausência da vírgula levaria o leitor a uma leitura equivocada, algo como: Ganhamos prêmios em dinheiro e
brindes...
III. Quando, antes do advérbio não, introduz uma oração que exprime substituição. Veja:
Observe que, nesse tipo de construção, a conjunção e pode ser suprimida. Veja:
13.5. NEM
A conjunção nem também tem valor aditivo, porém une elementos que exprimem ideias negativas. Em geral,
dispensa o uso da vírgula, exceto nas enumerações enfáticas. Veja:
• Nem eu nem ele chegamos cedo ao escritório hoje. [ adição de idéias negativas]
• Ninguém foi com ele, nem o pai, nem a mãe, nem o filho. [enumeração enfática] .
13.6. NÃO SÓ... MAS TAMBÉM, TANTO... COMO
Nas estruturas encabeçadas por elementos aditivos do tipo não só... mas também..., tanto... como..., evitamos o
emprego da vírgula. Tais séries reforçam o vínculo entre as ideias, motivo pelo qual a vírgula não é bem-vinda nessas
construções, mesmo que sejam um pouco longas. Veja:
• Ele foi incluído entre os acusados porque não apenas sabia o que estava acontecendo como também
participava pessoalmente de atos deploráveis.
• Ela espera maior pressão popular para a instalação de CPIs tanto na Câmara Municipal como em Brasília.
• Não só falava alto mas também gesticulava.
OBS.:
Não se deve confundir a construção em que se emprega a ideia aditiva não só... mas também com aquela em que
se articulam o advérbio de negação e a conjunção coordenativa adversativa na estrutura não isso, mas aquilo. Neste último
caso, há vírgula. Veja:
• Dançava não só samba mas também bolero. [adição - sem vírgula]
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• Dançava não samba, mas, sim,bolero[substituição/oposição enfática – com vírgula]
• Dançava não samba, mas bolero. [substituição/oposição - com vírgula]
13.7. Ou
A conjunção ou normalmente não é antecedida de vírgula. Pode ligar termos de uma mesma oração ou orações que
se unem em períodos. Veja:
• Ou deposita sua confiança no novo governo, ou vai de uma vez para a oposição.
• Ou cedo, ou tarde, ele saberá a verdade.
13.8. JÁ
A palavra já pode atuar como conjunção adversativa (com o sentido de mas) ou como advérbio de tempo (com o
sentido de neste momento, antes).
I. Como sinônimo de mas, é antecedida de vírgula (ou, em alguns casos, inicia nova oração). Veja:
II. Como sinônimo de neste momento ou antes, não haverá vírgula. Veja:
Usamos a vírgula antes de conjunções que indicam conformidade ou acordo entre ideias (chamadas de conjunções
subordinativas conformativas). Veja:
As palavras sim e não são advérbios (de afirmação e de negação respectivamente) e devem separar-se por vírgula
nas respostas que as usam. Veja:
− Você pediu um aumento de salário?
− Não, nunca pedi.
− Nunca pedi, não.
As palavras que indicam inclusão, como também e ainda e a palavra mesmo, que reforça o sentido de outra, não
devem ser antecedidas de vírgula. Veja:
Essas palavras têm valor restritivo, isto é, limitam o sentido de outros termos ou expressões. Sua presença interfere
no ritmo da frase, ou seja, na entonação de quem a diz. Nesse caso, a vírgula deve ser evitada para melhor ajudar na ênfase.
Compare os exemplos abaixo:
• No dia de seu aniversário, recebeu a triste notícia. [adjunto adverbial recuado - usa-se a vírgula]
• Só no dia de seu anversário recebeu a triste notícia. [adjunto adverbial recuado, mas antecedido de
palavra de sentido restritivo – não se usa vírgula].
A palavra que, quando for um pronome relativo, poderá ser virgulada ou não, dependendo de dois critérios:
I. Se o pronome que indicar, na frase que inicia, uma restrição de significado, não haverá vírgula. Restringir o
significado é particularizar, tomar como particular ou especial. Veja:
• O Machado de Assis que escreve versos não é o Machado de Assis que escreve contos.
Machado de Assis é um só autor, mas pode-se pensar no Machado autor de versos, no autor de contos, no
autor de romances; a oração restringe o sentido de Machado, referindo-se a ele apenas na condição de
poeta ou apenas na condição de contista, deixando de lado "os outros" Machados.
II. Se o pronome que indica, na frase que inicia, apenas uma explicação, que pode ser retirada sem prejuízo do
significado, então a oração inteira (oração adjetiva explicativa) ficará entre vírgulas.Veja:
• O rei Juan Carlos, que esteve no Brasil há pouco tempo, agora retoma a seu país.
O nome próprio já diz de quem se fala; portanto a oração iniciada pelo pronome que tem valor apenas
explicativo, acrescenta uma informação; deve vir, por isso, separada por vírgulas.
• O romance O Guarani, que faz uma alegoria da colonização brasileira, ainda é leitura obrigatória a
estudantes secundaristas.
O romance já está determinado pelo nome próprio; a oração iniciada pelo pronome que tem valor apenas
explicativo, acrescenta uma informação; deve vir, por isso, separada por vírgulas.
Da mesma forma que a palavra que, a palavra onde pode atuar como um pronome relativo, situação em que
encabeça uma oração subordinada adjetiva. A colocação ou não de vírgula antes do onde depende do valor da oração que
inicia; ou seja, se a oração for adjetiva restritiva, não haverá vírgula; se for explicativa, a vírgula será obrigatória. Veja:
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• Paris, onde o embaixador viveu por mais de uma década, é uma cidade maravilhosa. [valor explicativo]
• A cidade onde o embaixador viveu por mais de uma década é muito bonita e acolhedora. [valor restritivo]
A vírgula pode aparecer após o travessão. Os travessões indicam uma pausa para intercalação de uma oração ou
termo. Caso o termo anterior (que recebe a intercalação) peça vírgula, esta ficará após o segundo travessão. Veja:
• Caso ocorram ajustes nos programas de TV – o que é bem provável – , as telenovelas serão exibidas mais tarde.
20. ENUMERAÇÕES
A vírgula pode marcar as enumerações. Considera-se uma enumeração uma seqüência de termos de mesma
importância e função na frase. Veja:
• Compraremos livros, discos, fitas e canetas. [observe que todos os termos fazem parte do objeto direto do
verbo comprar]
• Chegaram, procuraram o escritor, fizeram a entrevista e partiram. [neste caso, há uma seqüência de
orações coordenadas sem conjunção]
A virgula pode assinalar a elipse (omissão) do verbo. A fim de evitar a repetição do verbo da oração anterior (que
fica subentendido), usa-se em seu lugar uma vírgula. Veja:
• O rapaz tocava piano; a moça, violão.
• O rapaz tocava piano, e a moça, violão.
A primeira frase parece melhor que a segunda, pois a pontuação assinala a diferença entre as duas pausas. O ponto e
vírgula, pausa maior, separa as duas orações sem conjunção, e a vírgula substitui o verbo subentendido. A segunda
construção, porém, reproduz o modo como as pessoas mais comumente falam. A vírgula antes do e evita uma possível
ambigüidade (... tocava piano e a moça...), e a segunda virgula assinala a omissão do mesmo verbo da oração anterior.
Embora, de certa forma, já tenhamos examinado o comportamento das orações quando estudamos o uso de virgulas
antes de conjunções (item 13), devemos também pensar nas orações que são por elas introduzidas.
I. Ocorrerá vírgula após as orações subordinadas adverbiais quando vierem antes da principal. Veja:
• “Se eu o tivesse amado, talvez o odiasse agora." (C. dos Anjos) [oração subordinada adverbial
condicional]
• “Quando se levantou, os seus olhos tinham uma fria determinação." (F. Namora) [oração subordinada
adverbial temporal]
• Quanto mais o tempo passava, mais nervoso ele ficava. [oração subordinada adverbial proporcional]
• Embora esteja chovendo, vou me arriscar a sair agora. [oração subordinada adverbial concessiva]
II. Orações reduzidas (aquelas cujos verbos estão no infinitivo, no gerúndio ou no particípio) são também
orações subordinadas adverbiais na maior parte das vezes e devem ser separadas por vírgula, sobretudo
quando vêm antes da principal. Veja:
Embora, também, de certa forma, já tenhamos examinado o comportamento das orações coordenadas quando
estudamos o uso de vírgulas antes de conjunções coordenativas (item 13.2), devemos lembrar que as orações coordenadas
são separadas entre si por vírgula, exceto as iniciadas pelo e (ver item 13.4). Veja:
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• Ele irá, quer queira, quer não queira. [orações coordenadas sindéticas alternativas]
• Ou sai logo, ou perde o trem. [orações coordenadas sindética alternativas]
• Não veio, mas justificou sua ausência. [oração coordenada sindética adversativa ]
• O professor não veio, pois seu armário está fechado. [oração coordenada sindética explicativa]
• Ora se exalta, ora se comporta com moderação. [oração coordenada sindética alternativa]
Essas expressões introduzem, de maneira enfática, elementos que acrescentam uma informação, uma nova idéia.
Encabeçam intercalações, que, portanto, devem ficar entre vírgulas. Veja:
Essa preposição pode introduzir elemento intercalado. Nesse caso, haverá vírgula. Veja:
• O professor, com os alunos, visitou a exposição. [ o sujeito da oração é simples: o professor. A expressão
com os alunos é adjunto adverbial de companhia deslocado, motivo pelo qual deve ficar entre vírgulas]
• O professor com os alunos visitaram a exposição. [o sujeito da oração é composto: o professor com os
alunos. A preposição com tem valor de e, motivo pelo qual não há vírgula]
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