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doi:10.3900/fpj.1.4.28.

p EISSN 1676-5133

Alterações metabólicas, na força e massa


muscular, induzidas por um protocolo
de musculação em atletas sem e com
a suplementação de Omega-3 (W-3) ou
triglicerídios de cadeia média (TCM)
Artigo Original

Carlos Alexandre Fett Roberto Carlos Burini


Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso Centro de Metabolismo e Nutrição da Clínica Médica da Faculdade de Medicina de
cafett@ig.com.br Botucatu – UNESP
Nailsa Maestá burini@fmb.unesp.br
Centro de Metabolismo e Nutrição da Clínica Médica da Faculdade de Medicina de
Botucatu - UNESP
nailsa@laser.com.br

Fett, C.A.; Maestá, N.; Burini, R.C. Alterações metabólicas, na força e massa muscular, induzidas por um protocolo de musculação
em atletas sem e com a suplementação de Omega-3 (W-3) ou triglicerídios de cadeia média (TCM). Fitness & Performance Journal,
v.1, n.4, p.28-35, 2002.

RESUMO: Propósito: O propósito deste estudo foi investigar as alterações na massa muscular, força e indicadores metabólicos de sujeitos sub-
metidos a um protocolo de musculação sem e com a suplementação de ácidos graxos Omega-3 (W-3) ou triglicerídios de cadeia média (TCM).
Sujeitos: Doze indivíduos com um mínimo de 11 meses de experiência em musculação das academias de musculação de Botucatu (17 a 35
anos). Métodos: a) F1 - Fase pré-suplementação (F1 - 28 dias). Ajuste dietético para todo o estudo, com 1.5 g de prot/kg/dia; 10-15% proteína,
15-25% gorduras, e 60-70% carboidratos. O treino consistiu em cinco dias na semana, sendo três dias seguidos, intercalados por um de descanso
e mais dois dias de treino. A intensidade variou de 75% a 85% de 1 RM- Repetição Máxima com a combinação dos sistemas forçado ajudado, ½
pirâmide crescente, super set e cargas estáveis; e b) F2 - Fase suplementada (F2 - mais 28 dias), 4g/dia de W-3 (GW-3 n=7), ou 4g/dia de TCM
(GTCM n=5), sendo estas as únicas alterações. Foram aplicados testes de 1RM antes do período F1 (M0), após o período F1 (M1) e após o período
F2 (M2). Resultados: O GW-3 aumentou em 1.4 kg a massa muscular e o GTCM em 2 kg. Houve aumento significativo de força na F2 para
dois exercícios (P<0,05), e entre o início e fim do estudo para cinco exercícios (P<0,01), e sem diferença para F1 em nenhum exercício (P>0,05).
Não houve modificações para o Ca+ e para o hormônio do crescimento (GH). Os dois grupos aumentaram significativamente a testosterona total
(P<0,05), após dois meses de treinamento. O GTCM aumentou a CK-MB (P<0,05), e o GW-3 a CK (P<0,05). Conclusão: O protocolo de
treinamento foi efetivo em aumentar a massa muscular e força dos indivíduos. Todavia, não se pode separar totalmente os efeitos cumulativos do
treinamento da suplementação, devido à falta de grupo controle, sem suplemento.

Palavras-chave: musculação, W-3 e TCM, hipertrofia, força.

Endereço para correspondência:

Data de Recebimento: maio / 2002 Data de Aprovação: junho / 2002

Copyright© 2002 por Colégio Brasileiro de Atividade Física, Saúde e Esporte.

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ABSTRACT RESUMEN

Metabolic changes in fource and muscular mass produced by a stringth Alteraciones metabólicas, en la fuerza y masa muscular, inducidas por
atletes protocol with and without OMEGA-3 suplementaction or “tri- un protocolo de musculación en atletas sin y con la complementación
gliceridios” de Omega-3 (W-3) o triglicéridos da la cadena media (TCM)
Purpose: The aim of this study was to investigate the alterations in muscular mass, Propósito: El propósito de este estudio fue investigar las alteraciones en la masa
strength and blood metabolic indicators in individuals submitted to hypertrophy muscular, fuerza e indicadores metabólicos de sujetos sometidos a un protocolo
without or with Omega-3 (W-3) or medium chain triglicerides (MCT). People and de musculación sin y con la complementación de ácidos grasos Omega-3 (W-3) o
Methods: twelve people from Botucatu’s academies with minimum 11 months triglicéridos de cadena media (TCM). Sujetos: 12 individuos com un mínimo de
experience in strength training were selected (age: 17-35 years). The study had two 11 meses de experiencia em musculación de las academias de Botucatu (17-35
principal stages: a) F1 - Pre-supplementation stage, with 28 days of duration and años). Métodos: a) Etapa pre complementación (E1 – 28 días). Ajuste dietético
1,5g of prot/kg/day; 10-15% protein, 15-25% fats, and 60-70% carbohydrates. para todo el estudio, con 1,5g/Prot./Kg/día; 10-15% proteínas, 15-25% grasas, y
The training comprised five days in week, to hypertrophy phase, with one day of 60-70% carbohidratos. El programa consistió de cinco días en la semana, siendo
rest between sessions 3 and 4. The heavy was between 75% and 85% of 1 RM, tres dias seguidos, intercalados con un de descanso y dos días de ejercicio. La
with systems forced, ½ increasing pyramid, super set and stable charge; and b) intensidad varió de 75% a 85% de 1 RM con la combinación de los sistemas
F2 - Supplemented stage and 28 days of duration, with 4g/day W-3 (GW-3) to forzado ayudado, ½ pirámide creciente, Super set y cargas estables; y b) Etapa
one group, and 4g/day of MCT (GMCT) to another. This is the only difference suplementaria (E2 – más 28 días), 4g/día de W-3 (GW-3, n=7), o 4g/día de TCM
between two stages. Tests were applied of 1 RM before F1 (M0), after (M1), and (GTCM, n=5), siendo éstas las únicas alteraciones. Fueron aplicados testes de 1
after F2 (M2). Results: GW-3 gain 1,4 kg of muscle mass and the GMCT 2 kg. RM antes del período E1 (M0), después del período E1 (M1) y después E2 (M2).
There was a significative gain of strength in F2 to two exercises (P<0.05) and Resultados: El GW-3 aumentó en 1,4 kg la masa muscular y el GTCM en 2
between the start and the end of the study to five exercises (P<0.01), and there kg, con aumento significativo en el E2 para 2 ejercicios (P<0,05), en el 2 meses
was no difference to F1 in any exercise (P>0.05). Both of groups increased the para 5 ejercicios (P<0,01), y no para E1 (P>0,05). No hubo modificaciones
total testosterone after maximum exercise (P<0.05). The GMCT increased the para el Ca+. El GW-3 y GTCM tuvo un aumento significativo en la testosterona
CK-MB (P<0.05) and GW-3 the CK (P<0.05). Total testosterone after two months total (P<0,05) después de 2 meses de ejercicios. El GTCM aumentó la CK-MB
of training increased to two groups (P<0.05). There were no changes to Ca+. (P<0,05) y el GW-3 la CK (P<0,05). Conclusión: El protocolo de ejercicio fue
Conclusion: Two months of strength training had significant effect in augment efectivo para aumentar la masa muscular y fuerza de los individuos. Todavia no
muscular mass and muscular strength. However, we can’t exclude the possible se puede separar totalmente los efectos del ejercicio, debido a la ausencia de
effects of supplementation over that cumulative effects of training because there grupo control, si suplemento.
was no control group.
Keywords: W-3 and TCM, strength training, supplementation, hypertrophy. Palabras clave: W-3 y TCM, hipertrofia, fuerza y musculación.

INTRODUÇÃO

O mais potente estímulo para o aumento da síntese protéica no O propósito deste estudo foi observar o aumento de força, massa
músculo esquelético é a contração, dependente de sobrecargas muscular e alterações metabólicas em indivíduos submetidos a
superiores às habituais, princípio da sobrecarga ou estresse (AS- treinamento intenso de musculação, sem e com a suplementação
TRAND & RODAHL, 1986), causando adaptações morfológicas de Omega-3 (W-3) ou triglicerídios de cadeia média (TCM).
com aumento das miofibrilas (ANTONIO & GONYEA, 1993), e
adaptações neuromusculares (KRAEMER, FLECK & EVANS, 1996).
Uma grande intensidade e volume do treino, em um determinado
MÉTODOS
período de tempo, podem resultar em estímulos cumulativos para
a síntese protéica e em aumento do peso muscular (TARNOPOL- Sujeitos
SKY et al, 2001; FETT et al, 2001).
Doze sujeitos do sexo masculino foram voluntários para este es-
O treinamento de musculação contra resistências elevadas (acima tudo e divididos em dois grupos: grupo 1 (G1: peso 82.6 ± 10
de 75% de 1 RM- Repetição Máxima) leva à hipertrofia muscular kg, idade 26.7 ± 6,0 anos; média ± DP) e grupo 2 (G2: peso
e aumento de força (WINCHESTER & GONYEA, 1992; FETT et 74.6 ± 9.7 kg, idade 18.8 ± 1.3 anos; média ± DP). Foram
al, 2001). A hipertrofia e aumento de força decorrerão de várias selecionados nas academias de Botucatu, com um mínimo de
respostas e ajustes orgânicos, que acometem adaptativamente, e 11 meses de treino contínuo, não sendo etilistas, fumantes, ou
não são obrigatoriamente simultâneos (MATVÉIEV, 1986). usuários de drogas. Todos foram informados e assinaram decla-
Embora o número ideal de repetições por série, séries por exercício ração de consentimento esclarecido da Comissão de Ética em
e dias por semana seja desconhecido, existem alguns indicativos Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado
de superioridade, quando utilizam três RMs à 12 RMs, três séries de São Paulo – UNESP, em Botucatu.
em relação a duas ou uma séries, e o intervalo de recuperação Ingestão alimentar e protocolo dietético: foram aplicados
suficiente, onde não se treine diariamente o mesmo grupamento questionários de inquéritos alimentares (recordatório de 24 horas,
muscular, o que pode impedir a boa recuperação entre as sessões
registro alimentar de três dias e hábitos alimentares), a partir de
de treinamento (McARDLE, KATCH e KATCH, 1998).
programa contendo a composição centesimal dos alimentos. A
A mensuração da força tem aspectos práticos de desempenho, dieta habitual foi ajustada, contendo 1,5g de proteína/kg de
significados fisiológicos e cinesiológicos (FETT et al., 2001). peso/dia, 10-15 % das energias totais provenientes de proteína,

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Figura 1 - Valores médios e desvio padrão das cargas máximas Figura 2 - Valores médios e desvio padrão das cargas máximas
para o exercício supino dos 12 sujeitos nos momentos pré- para o exercício Hack dos 11 sujeitos nos momentos pré-treina-
treinamento (M0), após o primeiro mês de treino (M1), e após o mento (M0), após o primeiro mês de treino (M1), e após o se-
segundo mês de treino, mais a suplementação de 4g/d de W-3 gundo mês de treino, mais a suplementação de 4g/d de W-3 ou
ou TCM (M2). Não houve diferença estatisticamente significativa TCM (M2). Houve diferença estatisticamente significativa somente
entre M0 e M1 (P>0,05), mas houve entre M1 e M2 (P<0,05) e entre M0 e M2 (P<0,001), não havendo entre M0 e M1 (P>0,05)
M0 e M2 (P<0,001) e entre M1 e M2 (P>0,05)

Figura 3 - Valores médios e desvio padrão das cargas máximas Figura 4 - Valores médios e desvio padrão das cargas máximas
para o exercício remada baixa dos 12 sujeitos nos momentos para o exercício rosca direta dos 11 sujeitos nos momentos pré-
pré-treinamento (M0), após o primeiro mês de treino (M1), e treinamento (M0), após o primeiro mês de treino (M1), e após o
após o segundo mês de treino, mais a suplementação de 4g/d de segundo mês de treino, mais a suplementação de 4g/d de W-3
W-3 ou TCM (M2). Houve diferença estatisticamente significativa ou TCM (M2). Houve diferença estatisticamente significativa entre
entre M0 e M2 (P<0,001), e entre M1 e M2 (P<0,05), mas não M0 e M2 (P<0,01), não havendo entre M0 e M1 (P>0,05) e M1 e
houve entre M0 e M1 (P>0,05) M2 (P>0,05)

Figura 5 - Valores médios e desvio padrão das cargas máximas


para o exercício tríceps dos 10 sujeitos nos momentos pré-
treinamento (M0), após o primeiro mês de treino (M1), e após o Figura 6 - Valores médios e desvio padrão do cálcio, antes e
segundo mês de treino, mais a suplementação de 4g/d de W-3 após uma atividade máxima, após 28 dias de treinamento hiper-
ou TCM (M2). Houve diferença estatisticamente significativa entre trófico (M1), e após mais 28 dias com o mesmo treinamento e a
M0 e M2 (P<0,001), mas não houve entre M0 e M1 (P>0,05) e suplementação de 4g/d de W-3 ou TCM
M1 e M2 (P>0,05)

15-25 % de gordura e 60–70 % de carboidratos num total de musculação na fase de hipertrofia (HAKKINEN & HAKKINEN,
30 kcal não protéicas por grama de proteína. No segundo mês 1995; FETT et al, 2001).
de treinamento, os indivíduos receberam 4g/d de Omega-3 (W- Foi utilizada uma combinação entre os sistemas pirâmide de-
3, n=7), ou triglicerídios de cadeia média (TCM, N=5), como crescente com 12/10/8 e seis repetições máximas, três séries de
únicas alterações. cargas estáveis com 10 repetições, super set e forçado ajudado.
O tempo de recuperação nos exercícios pirâmides foi de 30 se-
Protocolo de atividade física
gundos a um minuto entre as séries com dois a três minutos após
O protocolo de treinamento foi de cinco dias semanais, sendo a última série. Nos demais exercícios, o intervalo foi o mesmo
três dias de treino contínuo, um de descanso, seguido de mais ao final de cada série, mas sem intervalo entre os exercícios ao
dois dias, obedecendo determinados princípios do treino de

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Figura 7 - Valores médios e desvio padrão da creatino qui- Figura 8 - Valores médios e desvio padrão da creatino quinase-
nase (CK), antes e após uma atividade máxima, após 28 dias muscle brain (CK-MB), antes e após uma atividade máxima, após
de treinamento hipertrófico (M1), e após mais 28 dias com o 28 dias de treinamento hipertrófico (M1), e após mais 28 dias
mesmo treinamento e a suplementação de 4g/d de W-3 ou TCM. com o mesmo treinamento e a suplementação de 4g/d de W-3
Não houve diferença estatisticamente significativa em nenhum ou TCM. Não houve diferença estatisticamente significativa em
momento para o GTCM e entre os grupos (P>0,05), mas houve nenhum momento para o GW-3 e entre os grupos (P>0,05), mas
aumento significativo sempre após atividade máxima para o houve aumento significativo sempre após atividade máxima para
GW-3 (P<0,05) o GTCM (P<0,05)

final da última série. Os exercícios no sistema de super set não M.Mu = A x (0.0553 x Gt2 + 0.0987 x Gf2 + 0.0331 x Gc2)
tiveram descanso entre as séries.
- 2445
As cargas foram compatíveis com o número de repetições
Onde A é a estatura, Gt é a circunferência da coxa corrigida
máximas estipuladas para cada exercício, o que teoricamente
pela sua respectiva prega cutânea, Gf é a circunferência máxima
corresponde a cerca de 70-85% de 1RM.
do antebraço e Gc é a circunferência máxima da panturrilha
Os protocolos de treinamento encontram-se nas tabelas de 1 a 5. corrigida pela prega cutânea de perna medial, sendo todas as
medidas em cm. As correções das circunferências foram feitas
Teste de uma repetição máxima (1 - RM) subtraindo-as por ϖ vezes as respectivas dobras cutâneas (JELLI-
Trata-se do teste para o peso máximo levantado em um determi- FFE & JELLIFFE, 1969).
nado exercício. Após uma tentativa, descansa-se de dois a três
minutos. Acresce-se de 1a 5,2 kg, dependendo do grupamento ESTATÍSTICA
muscular envolvido e do desempenho na execução anterior. A
RM é o maior peso levantado em uma execução completa do Os resultados dos momentos são apresentados nas tabelas e
exercício pré-determinado sem ajuda externa (McARDLE; KATCH figuras na forma de valor médio, ± desvio padrão.
& KATCH, 1998).
A comparação entre os momentos foi feita pelo teste de Friedman,
Exercícios avaliados: supino reto (peito), Hack (coxas e glúte- para amostras repetidas não paramétricas – ANOVA. A compara-
os), remada sentada na polia baixa (costas), rosca direta (bíceps) ção entre os grupos foi feita pelo teste t de Student para amostras
e tríceps na polia alta (tríceps). independentes. Foram construídos intervalos de confiança (95%)
simultâneos, ao nível de 5% de significância para comparação
Avaliação da composição corporal dos momentos (JOHNSON & WICHERN, 1992).
Foi realizada no final dos primeiros 28 dias (M1) e no final do
período de suplementação (M2). Foram avaliados estatura (A) RESULTADOS
e peso corporal (P), através de balança de plataforma Filizolla,
com precisão de 0.1 kg para peso e 0.1 cm para comprimento. Os resultados antropométricos (idade, peso, e massa muscular
Todos os atletas foram medidos e pesados descalços, vestindo – M. Mu), nos momentos M1 e M2 encontram-se na tabela 6.
apenas sunga. Houve um aumento da massa M. Mu para ambos os grupos,
Para a composição corporal foi utilizado um adipômetro cientí- sendo um pouco mais pronunciada no grupo TCM, em relação
fico da marca Cescorf, com pressão constante de 10 g/mm2 na ao W-3 (+ 2,0 kg e + 1,4 kg, respectivamente).
superfície de contato e precisão de 0.1 mm. Foram medidas as O ganho de força foi avaliado pelas variações relativas entre os
dobras cutâneas: peitoral (PCE), abdominal (PCA), coxa (PCC) momentos (M1 – M0 (M1’) e M2 – M1 (M2’)), e aumentos, para
e panturrilha (PCP). Foram avaliadas também circunferências cada exercício entre os momentos. Houve aumento estatistica-
de braço relaxado (CB), antebraço (CAT), panturrilha (CP) e
mente significativo (p<0,005) do M1’ para M2’, nos testes de 1
coxa (CC), por meio de fita metálica flexível, com precisão de
RM com exceção do exercício rosca direta. Houve um aumento
0.1 cm, de acordo com as técnicas convencionais (FERNANDES
médio dos cinco exercícios no M1’ para o grupo W-3 de 5,99%
FILHO, 1999).
e para o TCM, de 6,23%. No M2’, o aumento para o W-3 foi
A massa muscular (M.Mu), em gramas, foi calculada a partir de de 14,9% e para o TCM de 16,68%. Os resultados entre os mo-
medidas antropométricas pela equação: mentos dos cinco exercícios encontram-se nas figuras de 1 a 5.

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Os valores médios para o cálcio antes e após atividade máxima, das diferenças significativas para o GH entre os momentos M1
para os momentos M1 e M2, estão na figura 6. Não houve dife- e M2 (p>0,05). Houve aumento da testosterona total no M2,
rença significativa para cálcio para nenhum grupo ou momento em relação aos outros momentos para os dois grupos (p<0,05).
(P>0,05).
Os valores de creatino quinase (CK) e creatino quinase muscle/ DISCUSSÃO
brain (CK-MB) estão nas figuras 7 e 8, respectivamente. A CK
aumentou significativamente para o GW-3 (p<0,05), sem dife- O aspecto sistêmico da homeostase tende a regular o equilíbrio
rença para o grupo TCM. A CK-MB não apresentou diferença orgânico, a partir das trocas celulares. Para que haja adap-
significativa para o GW-3, mas sim para o GTCM após esforço tações em níveis superiores das funções enzimáticas, reservas
energéticas, excreção de metabólitos, aumento de síntese e di-
máximo (p<0,05).
minuição de catabolismo protéico, com conseqüentes alterações
Os dados do hormônio do crescimento (GH) e testosterona total morfo-fisiológicas e de desempenho, é necessário criar-se um
estão nas figuras 9 e 10, respectivamente. Não foram encontra- ambiente de heterostase, ao menos temporariamente, a fim de
Tabela 1- Sessão 1- Segunda-feira
GRUPAMENTOS MUSCULARES - PEITO, OMBROS, TRÍCEPS E ABDÔMEN
Exercícios e grupamentos musculares Execução
1 – Supino reto (peitoral maior e menor, serrátil anterior, ombro – deltóide anterior, tríceps) (12/10/8/6 RMs)
2 – Desenvolvimento sentado pela frente (ombro – deltóide médio e anterior, tríceps, peitoral maior
(12/10/8/6 RMs)
porção clavicular)
3 – Abdominal romano (reto abdominal supra umbilical) (10/20/30 RMs)
4 – Supino 45º (peitoral maior porção clavicular, ombro deltóide médio e anterior, tríceps) (3 x 10)
5 – Crucifixo reto (peitoral maior porção esternal e menor, serrátil anterior ombro deltóide anterior) (3 x 10)
6 – Abdominal elevando o quadril (reto abdominal infra-umbilical) (3 x 15)
7 – Elevação do braço à frente (ombro deltóide médio e anterior, peitoral porção esternal) (3 x 10)
8 – Tríceps no pulley (tríceps) (12/10/8/6 RMs)
9 – Abdominal cruzado ou rotação (oblíquos interno e externo, reto abdominal) (10/20/30 RMs)
10 – Barra paralela baixa (peitoral esternal e menor, serrátil anterior, tríceps, deltóide anterior) (3 x 10)
11 – Elevação lateral (ombro deltóide médio) (3 x 10)
12 – Tríceps na testa (tríceps) (3 x 10)
13 – Tríceps francês unilateral (tríceps) (3 x 10)

Tabela 2 - Sessão 2 – Terça-feira


GRUPAMENTOS MUSCULARES - COSTA, BÍCEPS E ANTEBRAÇO
Exercícios e grupamentos musculares Execução
1 – Barra alta (fixa) na frente (costa – trapézio III e IV, rombóides, grande dorsal, redondos, ombro
(12/10/8/6 RMs).
deltóide posterior, bíceps, braquial, braquiorradial)
2 – Remada supino-prono no robô (remada média) (idem anterior) (3 x 10)
3 – Rosca direta (Bíceps, braquial, braquiorradial) (12/10/8/6 RMs)
4 – Remada na nuca (idem barra) (3 x 10)
5 – Rosca inversa (ídem rosca direta) (3 x 10)
6 – Puxada unilateral baixa no cross-over (idem barra) (3 x 10)
7 – Rosca-supino prono (martelo) (idem rosca direta) (3 x 10)
8 – Rosca punho x extensão do punho (flexores e extensores do punho e mão) (3 x 12)

Tabela 3 - Sessão 3 – Quarta-feira


GRUPAMENTOS MUSCULARES – COXA (QUADRÍCEPS, ISQUIOPOPLÍTEOS E ADUTORES), GLÚTEOS, PANTURRILHA E LOMBAR
Exercícios e grupamentos musculares Execução
1 – Agachamento ou Hack (quadríceps, isquiopoplíteos e glúteo máximo) (12/10/8/6 RMs)
2 – Panturrilha no banco (tríceps sural – gastrocnêmios e sóleo) (8/15/20/20 RMs)
3 – Stiff (Extensão lombar em pé com barra) (glúteo máximo, isquiopoplíteos, quadrado lombar e
(3 x 10)
eretores da espinha)
4 – Adução do quadril x abdução (adutores magno, longo, grácil, pectíneo; abdutores – glúteos máxi-
(3 x 15)
mo, médio e mínimo, piriforme e tensor da fáscia lata)
5 – Extensão dos joelhos x rosca para coxa (flexão) (extensão – quadríceps; flexão – isquiopoplíteos) (3 x 10)
6 – Flexão lateral do tronco (eretores da espinha, quadrado lombar, oblíquos interno e externo) (3 x 10)
7 – Extensão da coluna no banco (eretores da espinha, quadrado lombar, glúteo máximo, isquiopoplí-
(3 x 10)
teos)

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Tabela 4 - Sessão 4 – Sexta-feira
GRUPAMENTOS MUSCULARES - PEITO, COSTA, ABDÔMEN, BRAÇO, OMBRO E ANTE-BRAÇO
Exercícios e grupamentos musculares Execução
1 – Supino declinado ou canadense x remada sentado (peitoral maior e menor, serrátil anterior,
ombro – deltóide anterior, tríceps; trapézio III e IV, rombóides, redondos, grande dorsal, deltóide posterior, (12/10/8/6 RMs)
bíceps, braquial e braquiorradial)
2 – Abdominal no solo (reto abdominal) (10/20/30)
3 – Voador peitoral (peitoral maior e menor, serrátil anterior, ombro – deltóide anterior) (3 x 10)
4 – Remada alta na frente no pulley (trapézio III e IV, rombóides, redondos, grande dorsal, deltóide
(3 x 10)
posterior, bíceps, braquial e braquiorradial)
5 – Abdominal infra-umbilical em suspensão (reto abdominal) (3 x 15)
6 – Elevação lateral x desenvolvimento (deltóides anterior e médio, tríceps, peitoral porção maior
(3 x 10)
clavicular)
7 – Abdominal cruzado (oblíquos interno e externo, reto abdominal) (3 x 20)
8 – Rosca direta x tríceps por trás da cabeça (bíceps, braquial, braquiorradial e tríceps) (3 x 10)
9 – Adução x abdução do punho (flexores e extensores do punho e mão) (3 x 12)

Tabela 5 - Sessão 5 – Sábado


GRUPAMENTOS MUSCULARES - COXA, PANTURRILHA E LOMBAR
Exercícios Execução
1 – Hack (idem da sessão anterior) (12/10/8/6 RMs)
2 – Bom dia (eretores da espinha, quadrado lombar, glúteo máximo, isquiopolíteos) (3 X 10)
3 – Panturrilha em pé no Hack ou barra (idem da sessão anterior) (8/15/20/20 RMs)
4 – Leg press 45º (quadríceps, glúteo máximo e isquiopoplíteos) (3 x 10)
5 – Flexão lateral do tronco (idem da sessão anterior) (3 x 10)
6 – Investida ou avanço (glúteo máximo, isquiopoplíteos, quadríceps, gastrocnêmios e sóleo) (3 x 10)
7 – Extensão do quadril no apolete (glúteo máximo, isquiopoplíteos) (3 x 10)
8 – Elevação do quadril de bruços (eretores da espinha, quadrado lombar, glúteo máximo, isquiopoplí-
(3 x 10)
teos)
Tabela 6 - Médias e desvio padrão da idade (anos), peso (kg),
O exercício excêntrico relaciona-se a um maior aumento de
massa muscular nos momentos 1 e 2, para os grupos W-3 e TCM
massa muscular, tanto em modelos animais, quanto humanos
Atletas W-3 Idade Peso M. Mu
(COTE et al, 1988; HATHER, et al, 1991; WONG & BOOTH,
M1 M2 M1 M2
1990), bem como a um ganho no pico do torque, quando com-
Média 26.7 82.6 83.9 52.9 54.3
parado com protocolos que utilizam exclusivamente contrações
DP ±6,0 ±10 ±10 ±7,2 ±6,9 concêntricas máximas (FITTS & WIDRICK, 1996). Parece que este
Atletas TCM Idade Peso M. Mu a tipo de estímulo causa lesão no músculo, ativando as células
M1 M2 M1 M2 satélites (ANTONIO & GONYEA, 1993). A tensão causada no
Média 18.8 74.6 76.5 47.8 49.8 músculo é fator preponderante para causar hipertrofia muscular,
DP ± 1.3 ±9.7 ±8.1 ±7.7 ±6.9 aumentando a contração excêntrica em até 40% mais a carga,
em relação à concêntrica (JONES, 1993).
que a homeostase atual seja projetada a patamares superiores
(McARDLE; KATCH & KATCH, 1998). A CK aumentou apenas no grupo W-3, mas não apresentou
significância para o grupo TCM. Todavia, a CK-MB, que é uma
Foi utilizada neste estudo uma combinação de sistemas de isoenzima da CK nas porções musculares e cerebrais, apresentou
treinamento com cargas variáveis, procurando garantir a adap- comportamento oposto, aumentando para o grupo TCM, mas
tação do treinamento às alterações fisiológicas, bioquímicas e não no grupo W-3. Possivelmente, a grande variabilidade dos
cinesiológias inerentes ao mesmo, garantindo uma sobrecarga dados tenha influenciado a não significância dos mesmos. Vários
gradual de treinamento (McARDLE; KATCH & KATCH, 1998). O estudos demonstraram que exercícios intensos aumentam tanto
nível de fadiga muscular era atingido em cada série de exercício. a CK (DUARTE et al, 1999; SCHNEIDER, 1995; MUNJAL et
al, 1983), como a CK-MB (MUNJAL et al, 1983; SCHNEIDER,
Na parte mais intensa do treinamento, existia um forte compo- 1995). O tempo mínimo, entre as sessões, para que se voltasse a
nente excêntrico, em que um indivíduo auxiliava o outro na fase solicitar o mesmo grupamento muscular era de 72 horas. Existem
positiva ou concêntrica da elevação do peso, deixando a fase evidências de que atividades máximas podem induzir alterações
negativa por conta do executante, permitindo que houvesse três a metabólicas até 96 horas após os exercícios (DUARTE et al, 1999).
quatro repetições a mais. Este sistema chama-se forçado ajudado. O treino sempre utilizou os grupamentos musculares maiores an-
O próprio cansaço muscular aumenta a ênfase na fase negativa tes dos menores, para impedir a fadiga destes últimos, limitando
do exercício, tendo grande relação com a hipertrofia muscular o treinamento. O pré-esgotamento de um grupamento muscular
(COTE et al, 1988; HATHER et al, 1991). em outro exercício aumenta, consideravelmente, o estímulo para

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Figura 9 - Valores médios e desvio padrão do hormônio do Figura 10 - Valores médios e desvio padrão da testosterona
crescimento (GH), antes e após uma atividade máxima, após 28 total, antes e após uma atividade máxima, após 28 dias de
dias de treinamento hipertrófico (M1), e após mais 28 dias com o treinamento hipertrófico (M1), e após mais 28 dias com o mesmo
mesmo treinamento e a suplementação de 4g/d de W-3 ou TCM. treinamento e a suplementação de 4g/d de W-3 ou TCM. Houve
Não houve diferença estatisticamente significativa (P>0,05), em aumento estatisticamente significativo (P<0,05) para ambos
nenhum momento ou grupos os grupos e em momentos, em relação antes e após atividade
máxima

hipertrofia (DOBBINS, 2000). Foi utilizada a combinação de de treinamento (MATVÉIEV, 1986; TARNOPOLSKY et al, 2001)
grupamentos agonistas, como o caso de peito e ombro em uma podem ter sido mais pronunciados no segundo mês de treinamen-
determinada seqüência, e/ou sinérgicos em uma sessão de trei- to, independentemente da suplementação com os ácidos graxos.
namento (HAY & REID, 1985), com descanso mínimo entre eles. Nenhum exercício demonstrou aumento significativo na RM, no
No sistema super set são utilizados grupamentos antagônicos, primeiro mês de treino. Somente dois exercícios apresentaram
como peito e costa, também sem intervalo entre eles, aumen- estatística significativa para o segundo mês de treinamento. Mas
tando a tensão do treinamento e diminuindo a capacidade de todos os cinco exercícios tiveram grande significância estatística
adaptação, causando um efeito conhecido como confusão mus- (p<0,01 para um exercício e p<0,001 para quatro exercícios),
cular (DOBBINS, 2000), prolongando os efeitos do treinamento. para o somatório dos dois meses de treinamento (M2-M0). Isto
Esse aumento de tensão é responsável por um maior estímulo à sugere a necessidade de um tempo maior para os processos
hipertrofia e força muscular (JONES, 1993). hipertróficos refletirem em aumento de força.
Os sistemas de meia pirâmide crescente foram adotados nos Todavia, não se pode descartar a influência da suplementação
exercícios considerados básicos para um determinado grupa- com W-3 ou TCM, devido à falta de grupo controle, uma vez
mento muscular, a fim de acrescer intensidade ao treinamento. que estudos demonstraram um maior ganho de força e massa
Os exercícios complementares foram feitos de forma intercalada muscular, com essa suplementação (BUCCI, 1993).
entre si - sempre aos pares - com o objetivo de aumentar o grau
Os efeitos neuromusculares no aumento de força predominam
de tensão muscular e condensar o tempo total de treinamento,
sobre a hipertrofia muscular, até em torno da oitava semana, a
evitando-se assim um treino muito longo e catabólico.
partir de quando gradualmente a hipertrofia muscular passa a ter
Nas primeiras três a quatro semanas, o aumento da força foi maior participação no processo (WILMORE & COSTILL, 1999).
primordialmente devido às adaptações neuromusculares (KRA-
Este estudo não demonstrou diferenças significativas nas concen-
EMER; FLECK & EVANS, 1996), formando novos engramas de
trações do Ca2+ após as intervenções. Um dos mecanismos mais
padrão motor do movimento aprendido (ASTRAND & RODAHL,
favoráveis de integração do VO2 muscular e a função contrátil é
1987). O estímulo atual poderá levar até dois meses para que
a mudança na concentração total do Ca2+ intracelular. O Ca2+
sinalize um aumento da síntese protéica (ANTONIO & GONYEA
não está envolvido apenas com a ativação da glicólise e várias
1993). Pequenos reajustes nas cargas de treino nas primeiras
enzimas mitocôndrias, mas também por ser um fator primário na
semanas parecem evidenciar que os sujeitos tiveram adaptações
coordenação da formação da ponte-cruzada do músculo. Ele
neuromusculares ao treinamento, aperfeiçoando o movimento
também media a ativação da desidrogenase intramitocondrial
do exercício.
(piruvato desidrogenase, NAD+-isocitrato desidrogenase, e 2-oxi-
Todavia, o aumento de força limita-se pelo quanto de tensão glutarato desidrogenase), como etapa fundamental da regulação
máxima pode-se obter, relativo ao volume muscular. Um músculo da respiração mitocondrial. Por sua vez, a cadeia de transporte de
pode desenvolver força máxima de cerca de 50 N/cm² por seção elétrons usa o NADH regenerado pela desidrogenase intramito-
transversal (HAY & REID, 1985). condrial, podendo a atividade dessas enzimas influenciar todo o
processo da fosforilação oxidativa. O Ca2+ é transportado dentro
Foi observado, neste estudo, que o segundo mês de treinamento
da mitocôndria pelo componente do potencial de membrana do
induziu um ganho de força significativamente superior ao primei-
gradiente do próton, que é responsável pela direção da produção
ro, ficando em torno de três vezes maior o M2’ do que o M1’. Isto
de ATP- adenosina trifosfato na cadeia respiratória (GREENHAFF
pode ser devido à síntese protéica levar um tempo maior do que as
& TIMMONS, 1998).
respostas neuromusculares para se pronunciar (KRAEMER; FLECK
& EVANS, 1996; ANTONIO & GONYEA 1993). Além disso, os Como se trata de uma atividade máxima até a exaustão, com
efeitos cumulativos da sobreposição de períodos subseqüentes características de cargas descentes e, portanto, atuando em todos

34 Fit Perf J, Rio de Janeiro, 1, 4, 34, jul/ago 2002


os tipos de fibras e metabolismos energéticos, esperar-se-ia que DOBBINS, B. Desing Principles - Everything you need to know about making these Weider
Principles work for you. Muscle & Fitness, p. 148-51, Aug. 2000.
o aumento das concentrações de Ca2+ melhorasse o desempe-
DUARTE, J. A. et al. Exercise-Induced Signs of Muscle Overuse in Children. Internal
nho e/ou que o treinamento pudesse induzir aumento em suas Journal of Sports Medicine, v. 20, n.2, p. 103-108, 1999.
concentrações séricas, o que não foi observado. FERNANDES FILHO, J. A Prática da Avaliação Física., Rio de Janeiro: Shape, 1999.
Sabidamente, a testosterona tem uma influência direta no ganho FETT, C.A.et al. Suplementação de ácidos graxos ômega-3 ou triglicerídios de cadeia média
para indivíduos em treinamento de força. Motriz, v. 7, n.2, p. 83-91, 2001.
de força e massa muscular (URBAN et al, 1995). Neste estudo a
FITTS, R.H.; WIDRICK, J.J. Muscle mechanics: Adaptations with exercise-training. Ame-
testosterona total aumentou para os dois grupos. Este aumento rican College of Sports Medicine - Exercise and Sport Sciences Reviews, v. 24, p.
pode ter sido devido à alta intensidade do treino imposta aos 427-473, 1996.
atletas e, por sua vez, pode ter influenciado a hipertrofia muscular GLEESON, M. et al. Cardiorespiratory, hormonal and hematological responses to subma-
observada neste estudo. O aumento da massa muscular coincidiu ximal cycling performed two days after eccentric or concentric exercise bouts. Journal of
Sports Science, v.13, n.6, p.471-479, 1995.
com o aumento de força nos atletas, sendo mais pronunciado no
GREENHAFF, P.L.; TIMMONS, J.A. Interaction Between Aerobic and Anaerobic Metabolism
segundo mês de treinamento. Repostas similares foram encon- During Intense Muscle Contraction. American College of Sports Medicine –Exercise
tradas em outro estudo, em que o tempo de duração era de 16 and Sport Sciences Reviews, v. 26, p. 1-30, 1998.
semanas de treino de força em mulheres (HÄKKINEN et al, 1990). GRUNDING, P. & BACHMANN, M. World Anabolic Review. Houston: Mb Muscle Books,
1996.
O GH relaciona-se ao aumento de força e massa muscular HÄKKINEN, K. et al. Neuromuscular adaptations and serum hormpones in females
(GRUNDING & BACHMANN, 1996). Uma possível influência during prolonged power training. International Journal of Sports Medicine, v.11,
n.2, p. 91-8, 1990.
na resposta do GH, após atividade máxima ser menor do que a
esperada, pode ser relativa ao estado pós-absortivo dos sujeitos, HAKKINEN, K.; HAKKINEN, A. Neuromuscular adaptations during intensive strength
training in middle-age and elderly males and females. Electromyography Clinical
que se alimentaram no café da manhã, em torno de uma hora Neurophysiology, v. 35, n.3, p. 137-47, 1995.
antes do teste. O GH depende de um baixo grau de glicemia HATHER, B. M. et al. Influence of eccentric actions on skeletal muscle adaptations to
no sangue para a sua liberação (GRUNDING & BACHMANN, resistance training. Acta Physiologica Scandinavica, v. 143, p. 177-185, 1991.
1996), e o desjejum dos indivíduos era de alto índice glicêmico. HAY, J.G.; REID, J.G. As bases anatômicas e mecânicas do movimento humano. Rio
de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1985.
Além disso, a estatística pode não ter sido significante devido ao
grande desvio padrão. JELLIFFE, E.F.P.; JELLIFFE, D.B. The arm circunference as a public health index of protein-
calorie malnutrition of early childhood (letter to the Editor). Journal Tropical Pediatric,
v. 15, p. 139, 1969.

CONCLUSÃO JOHSON, R.A. & WICHERN, D.A. Applied multivariate statistical analysis. 3.ed. New
Jersey: Prentice-Hall International, 1992, p. 642.
JONES, A. Negative-accentuated strength training. Athletic Journal, v.55, p.100-101,
O protocolo de exercícios de cinco vezes na semana e com com- May 1975.
binações de sistemas de treinamento de musculação foi efetivo KRAEMER, W. J.; FLECK, S. J. & EVANS, W. J. Strength and power training: Physiological
para aumentar a massa muscular e força dos atletas. O maior mechanisms of adaptation. American College of Sports Medicine - Exercise and Sport
Sciences Reviews. v. 24, p. 363-397, 1996.
aumento de força, observado no segundo mês de treinamento,
MATVÉIEV, L. P. Fundamentos do Treino Desportivo. Lisboa: Horizonte da Cultura
pode ser devido aos efeitos cumulativos do treinamento e à
Física, 1986.
demora de um estímulo inicial em aumentar a síntese protéica
MCARDLER, W.D.; KATCH, F.I. & KATCH, V.L. Fisiologia do Exercício - Energia, Nutrição
do músculo. Todavia, não se pode descartar os efeitos da suple- e Desempenho Humano. (4.ed.). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
mentação com W-3 ou TCM, a que os atletas foram submetidos MUNJAL, D. D. et al. Changes in serum myoglobin, total creatine kinase, lactate dehydro-
no segundo mês, devendo ser repetidos estudos similares com genase and creatine kinase mb levels in runners. Clinical Chemical Acta. v. 129, p.
181-7, 1983.
grupo controle.
SCHNEIDER, C. M. et al. Effects of physical activity on creatine phosphokinase and the
isoenzyme Creatine Kinase-MB. Annual Emergency Medicine, v. 25, p. 520-4, 1995.
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