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Questão 1

i) Primeiramente, é necessário observar que o Direito busca harmonizar as


relações humanas existentes, permitindo que entre elas haja segurança. Esta segurança será
alcançada através de uma atuação do mundo do Dever-Ser sobre o mundo do Ser, ou, em
outras palavras, de uma atuação das leis sobre o mundo natural.
Este outro plano, no entanto, não é previsível, vindo daí a necessidade do Direito
de prever situações que possam degradar a segurança de seus jurisdicionados. Uma vez não
previsível, torna-se impossível falar-se em um “direito à felicidade” já que isto implicaria em
um “direito à não-tristeza”, que, por ser subjetivo, é diferente para cada um, não podendo,
portanto, se falar em tal direito, pois direito sempre deve ser geral, logo, igual para todos.
O filósofo grego Zenão, fundador de estoicismo, afirmava que é o destino humano
ter altos e baixos. Sendo assim, toda vida humana tem felicidades e tristezas. Já para o
budismo, a felicidade advém do equilíbrio e da harmonia com a natureza. Percebe-se assim
que a felicidade não é objeto da lógica deôntológica, uma vez que a felicidade não tem forma
fixa, ela não deve ser de certa forma ou de outra, ela simplesmente o é.
Os Direitos da Personalidade, portanto, não admitem um “direito à felicidade”,
uma vez que possuem características de Dever-ser propriamente ditas. São aqueles direitos
que atingirão objetos palpáveis, muitas vezes de cunho patrimonial, e que concernem à pessoa
humana em sua individualidade.

ii) Os direitos sociais aludidos pelo texto são os presentes no artigo 6º da nossa
Constituição Republicana, que sejam a educação, a segurança, a saúda, a moradia dentre
outros. São aqueles direitos que dão condições para o bem estar, que direcionam a tutela do
interesse público pelo Estado, visando o Estado Social e Democrático de Direito.
No entanto, há uma divergência quanto a inserção destes no âmbito dos
direitos da personalidade ou no dos direitos humanos.
Isto ocorre, pois há a dúvida se o mandamento da norma é direcionado para o
indivíduo ou para o coletivo. Ou seja, por exemplo, o direito à educação é uma prestação
individual ou é dado ao homem como um todo, sendo essencial ao bem-estar da coletividade?
Direitos humanos, nas palavras de João Baptista Herkenhoff, são
“modernamente, entendidos aqueles direitos fundamentais que o homem possui pelo fato de
ser homem, por sua própria natureza humana, pela dignidade que a ela é inerente. São direitos
que não resultam de uma concessão da sociedade política. Pelo contrário, são direitos que a
sociedade política tem o dever de consagrar e garantir"
Ressalta-se a coletividade destes, do Homem como ente coletivo da sociedade.
Isto é, a tutela do Estado, “o dever de consagrar e garantir”, é coletiva, tendo como
característica a indeterminabilidade dos sujeitos, já que estes são a massa.
Por isso, acredita-se que os direitos sociais estão no âmbito dos Direitos
Humanos, já que estão direcionados à sociedade como um todo. É da função primordial do
Estado, dar segurança aos seus pertencentes, utilizar o Direito para assegurar o bem-estar, por
intermédio dos Direitos Sociais.
Corroborando a posição demonstrada, entende-se que os Direitos da
Personalidade são a esfera “personalíssima” dos Direitos Humanos, sendo o viés privado da
tutela, por ora do Estado, desses direitos sociais. Isto é, a projeção da personalidade nada mais
é que parte de um todo nomeado “Direitos do Homem”.
Dessa forma, como ressalta Gilberto Haddad Jabur, alguns direitos são
fundamentais, mas não personalíssimos. Ou seja, os Direitos da Personalidade seriam a
expressão dos Direitos Fundamentais, ambos visando proteger a condição humana, em formas
de atuação diferentes. Ainda nesta esteira, confirma o autor denominando os direitos da
Personalidade como subjetivos privados e os Direitos Humanos como subjetivos públicos.

iii) Acreditar na completa distinção entre os direitos humanos e os direitos da


personalidade seria um caminho errado no entendimento da problemática dos direitos do
homem (como indivíduo) e dos direitos cabíveis à vida em sociedade.
É claro que é possível entender os direitos da personalidade como sendo, em
sentido amplo, direitos humanos. Isso se verifica quando pensamos que os direitos humanos,
como direitos universais, são compostos pelo direito particular de cada indivíduo. Em outras
palavras, os direitos personalíssimos seriam os direitos fundamentais em face dos particulares.
Apesar de terem a mesma base, qual seja a defesa dos direitos do homem, a
distinção que se faz entre esses direitos está na tutela oferecida pelo Estado. De um lado,
temos os direitos da personalidade como direitos subjetivos privados e de outro, temos os
direitos humanos, exemplificando perfeitamente os direitos subjetivos públicos.

Questão 2

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