Você está na página 1de 2

CONSCIÊNCIA SOCIAL

Ao invés de falar sobre o espírito de


Natal ou Jesus Cristo, focando uma ou duas mazelas sociais que mais nos
sensibilizam nesta época do ano, preferi, nestas linhas, tentar uma abordagem
menos religiosa, nada partidária, e isenta de polêmica, enfatizando a ética, o
humanismo e a importância da sociedade como um corpo consciente e
transformador.

Durante todo o ano de 2010, inúmeros


foram os problemas sociais comentados com propriedade por cidadãos,
colunistas e articulistas, nos vários tipos de mídia existentes e em diversos
órgãos de imprensa, dentre os quais destaco o relevante papel de jornais que a
cada dia homenageiam a democracia e a livre manifestação de pensamento,
pelos espaços que cedem aos leitores para expressar sua opinião.

Problemas ligados à discriminação racial,


falta de atenção e respeito aos direitos de idosos, crianças e deficientes físicos,
homofobia, práticas políticas abomináveis, degradação do meio ambiente,
enfim, toda a sorte de mazelas que nos assolam foram criticadas sob uma ótica
individual, quando todos esses problemas fazem parte de uma única e triste
realidade social.

É uma tendência natural, e até


pedagógica, tratar um assunto ou tema de forma individual, ressaltando suas
particularidades a fim de criar uma identidade própria, com o escopo de
auxiliar sua a compreensão e eventual solução de problemas que acarrete, mas
no contexto social tal prática tem causado a formação de guetos, várias frentes
de batalha em prol de causas variadas que têm como única origem e destino
final a própria sociedade.

Não creio que temas socialmente


relevantes devam ser tratados como bandeiras de poucos. Isso segrega e
discrimina os envolvidos, gerando até antipatia, por mais que se queira dizer o
contrário.

Os fundamentos de vários problemas


sociais são a intolerância, o preconceito, o distanciamento e a falta de ética, e
não se acomodam em grupos definidos, mas permeiam a sociedade como um
todo, da forma mais sutil a mais explícita, o que exige do corpo social e do
Estado uma postura pró-ativa no sentido de criar e fortalecer a existência de
uma “consciência social”.
Essa consciência social, isenta de dogmas
religiosos, pendões políticos, cores ou aparências, em verdade, configura-se
numa ética coletiva, baseada na observação atenta das necessidades e anseios
comuns e básicos do ser humano, seja ele pleno ou não no exercício das
funções físicas ou, ainda, tenha ele o gênero, a cor, a idade ou opção sexual
que tiver.

Tal conceito, simplório até, não tem a


pretensão de fazer ressurgir antigos padrões políticos e sociais como o
socialismo, mas fomenta o surgimento de uma via mais próxima à nossa
humanidade, livre do individualismo exacerbado e distante do massacre da
minoria pela maioria.

Para cuidar de todos é preciso enxergar a


todos, principalmente em suas singularidades, não sendo necessário destacar
diferenças, mas, ao invés disso, mantê-las inseridas e preservadas no contexto
social, garantido a qualquer cidadão verdadeira igualdade de oportunidades.

Oxalá um dia não tenhamos mais a


consciência negra, ambiental e outras tantas, mas uma única consciência
social, muito mais abrangente, humana, expressiva e transformadora.

Ano novo, antigos e novos desafios,


novas idéias e mais soluções!

José Vieira da Silva Junior

Bacharel em Direito/Escrivão de Polícia

Você também pode gostar