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Cultura woke

Na juventude e media

A sociedade moderna é caracterizada pelo prolongamento da adolescência para a


idade adulta, onde o “adulto adolescente” que não tem qualquer tipo de
conhecimento para a vida pública e política é admirado, é governado somente pelos
seus impulsos emocionais e as suas verdades absolutas, qualquer pessoa que lhe diga
o contrário e tenha uma opinião diferente ou mais conservadora é considerado um
fascista opressor.

As pessoas mais novas são muitas vezes considerados “woke” porque estão mais
informadas sobre os problemas sociais como o racismo, sexismo e outros tipos de
discriminação. Um dos problemas com a cultura woke é que ela leva ao narcisismo e a
uma falta de noção, porque acaba por estar muito ligada às nossas ideias pessoais e o
que achamos que está correto, resultando numa coletivização do “nonsense” onde os
indivíduos dispensam as regras morais.

A cultura woke pode ter vários impactos significativos nos jovens tanto de maneiras
positivas como negativas. Esta cultura pode incentivar os jovens a se educarem e a se
informarem sobre questões sociais, políticas e históricas, a se envolverem mais em
atividades cívicas e políticas, como protestos, marchas, petições, um exemplo notável
dos protestos pode ser o movimento do #BlackLivesMatter impulsionado pela cultura
woke, surgiu como resposta à brutalidade policial e à injustiça racial, levou a protestos
massivos e discussões sobre raça. A cultura incentiva as pessoas a reconhecer e
valorizar as suas identidades, bem como as expressarem de maneira verdadeira, este
fenómeno também pode gerar debates e polarização política.

O fenómeno woke pode levar a um ambiente de cancelamento e intolerância com


opiniões diferentes, o receio de represálias e cancelamento pode inibir a discussão
aberta e o questionamento construtivo, fundamentais para um diálogo
verdadeiramente inclusivo, a cultura do cancelamento é um fenômeno que ocorre nas
redes sociais e está relacionado à cultura woke, embora não seja uma representação
abrangente ou exclusiva dela. A cultura do cancelamento refere-se à prática de expor
e boicotar publicamente pessoas, celebridades, empresas ou instituições que são
consideradas responsáveis por comportamentos ou declarações considerados
ofensivos, problemáticos ou prejudiciais. No contexto da cultura woke, a cultura do
cancelamento muitas vezes surge como uma tentativa de confrontar questões de
injustiça social, racismo, sexismo, homofobia, transfobia e outras formas de opressão.
A ideia por trás do cancelamento é expor e desafiar comportamentos que perpetuam
tais desigualdades e exigir responsabilidade por parte dos envolvidos. A ênfase na
justiça social pode levar alguns jovens a adotar uma mentalidade de vítima, onde se
veem como permanentemente oprimidos por sistemas e estruturas sociais. Isto pode
afetar a capacidade de desenvolver resiliência e lidar de forma construtiva com
desafios e adversidades pessoais. A cultura woke pode colocar um foco excessivo na
identidade, levando a uma visão do mundo baseada em categorias como raça, gênero
e orientação sexual. Isso pode levar à fragmentação da sociedade, em vez de
promover a unidade e a solidariedade entre os indivíduos.

Na juventude e na polí ca

A participação política dos jovens tem sido uma preocupação, evidenciada pelo
baixo índice de votação nas últimas eleições europeias em 2019, com apenas 42% dos
jovens entre 18 e 24 anos a exercerem o seu direito de voto. Uma possível explicação
para este desinteresse está relacionada à crescente influência da cultura woke, que
molda a perspetiva dos jovens em relação às formas tradicionais de política.

A falta de representatividade nas estruturas políticas tradicionais é um ponto-


chave. Muitos jovens sentem que essas estruturas não os representam
adequadamente, percebendo-as como dominadas por elites ou grupos privilegiados.
Nesse contexto, a cultura woke surge como uma alternativa, procurando ampliar a
representação e dar voz a grupos marginalizados, atraindo aqueles que procuram uma
maior inclusão política. A crítica contundente ao sistema político é outra faceta da
cultura woke. Ao apontar falhas e desigualdades, ela suscita questões sobre a eficácia
e legitimidade das formas tradicionais de política, alimentando o desinteresse dos
jovens por esses sistemas.
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A ênfase na ação direta, valorizando o ativismo de base, é um elemento distintivo
da cultura woke. Essa abordagem imediata e tangível contrasta com os processos
políticos institucionais percebidos como lentos e burocráticos, cativando a atenção
dos jovens. Mesmo que os jovens demonstrem desinteresse nas formas tradicionais
de política, muitos ainda se envolvem em questões políticas e sociais por meio de
outras formas de participação, como ativismo nas redes sociais, envolvimento em
movimentos sociais e trabalho voluntário. O foco desse desinteresse parece ser mais
nas estruturas políticas existentes do que no envolvimento político em si.

A cultura woke também está intrinsecamente ligada ao crescimento do


envolvimento dos jovens na democracia digital. As redes sociais desempenham um
papel crucial, proporcionando um espaço acessível para expressar opiniões, mobilizar
comunidades e promover mudanças sociais. O acesso rápido à informação via internet
amplia a perspetiva dos jovens, contribuindo para um engajamento político informado
e diversificado. A participação em movimentos sociais é incentivada pela cultura
woke, facilitando a mobilização e organização dos jovens. Isso fortalece o seu sentido
de agência política e capacidade de influenciar a sociedade. A valorização da
expressão individual e empoderamento na cultura woke reflete-se nas novas formas
de participação política, como blogs, vídeos online e podcasts. Essas plataformas
permitem que os jovens partilhem as suas opiniões com um público mais amplo,
fortalecendo o seu sentido de pertença e incentivando o envolvimento na política.

A democratização da participação política, possibilitada pela democracia digital,


permite que os jovens se envolvam ativamente, independentemente de barreiras
tradicionais. Isso amplia a sua voz e influência na tomada de decisões,
proporcionando um sentido de pertença crucial para a sua participação no sistema
político.
Webgra a

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