Você está na página 1de 2

Da Série “O Ridículo Nosso de Todos os Dias”

Maneiras de Andar

Vamos reparar na forma como as pessoas andam. Já pararam para olhar como algumas pessoas
andam, vamos dizer assim, engraçado?

Todos nós, por mais tímidos e discretos que sejamos ou tentemos ser, temos um determinado
momento que queremos ser notados. E, logicamente, “bem” notados. Ninguém quer se lembrado
por andar esquisito, ou por um cacoete ou uma mania. Principalmente, as mulheres, do alto de
seus “escarpins” de salto agulha.

Agora notemos algumas dessas performances diferentes.

Tem mulher que anda olhando para os próprios pés. Parece que está sempre procurando alguma
coisa que acabou de perdeu ainda a pouco e está voltando para recuperar. E não é que perdeu
mesmo! A elegância, o charme e principalmente a chance de vermos seu rosto.

E aquelas que andam coçando qualquer coisa no rosto. É um terror. Ficamos lutando para
conseguir ver se é feia, bonita, velha, nova, tem um olho só, se é verde, azul, de vidro, etc. e a
mão dela não sai da frente da cara. Dá uma aflição que só não é maior do que aquela quando
você quer ver se alguém que vem na sua direção é bonito (a) e numa sincronia absoluta – da qual
você não pode fugir sem “dar a maior bandeira” - um maldito poste desfila entre você e aquela
“escultura andante”. Bom, mas isso faz parte da crônica sobre postes... Vamos ver a outras.

Tem aquelas que parecem que andam sentadas. Parece engraçado, mas na verdade é triste.
Andam com um estranho quadril tão encaixado que perdem toda a leveza. Parecem que estão
literalmente carregando as próprias bundas como se fossem fardos muito pesados. Meu Deus!
Bundas são exatamente “a preferência nacional” e, sem dúvida um dos traços que torna a
mulher brasileira a – sem bobos ufanismos, do que sou totalmente desprovido – a mulher mais
bonita do mundo. É um gigantesco desperdício e um imenso erro de estratégia.

Tem aquelas que parecem garças. E não estou falando do andar delicado ou pausado que tem
até muito charme naquelas pernas compridas. Não. Tô me referindo aquelas que andam com
cabeça pendurada para frente. Normalmente porque são meio corcundas. O que também não
melhora em nada esse desfile. Parecem que têm preguiça de se esticar. E como ficam perfeitas
quando se alongam. Normalmente são mulheres mais altas e que pegam essa mania quando ainda
novas não querem ser as “girafas” do colégio.
Tem algumas que andam com sapatos levíssimos, finos, quase diáfanos, mas pisam como se
estivessem calçando uma daquelas botas do exército brasileiro em campanha na segunda
guerra. Aliás, estou sendo até grosseiro com os pobres soldados brasileiros que até conseguiam
ter certa elegância masculina dentro daqueles pesados trajes de campanha. Essa moças que
andam de salto alto como se pisassem de “tamancos portugueses” deveriam aposentar os saltos
e andar só de tênis. São de uma suavidade de hipopótamos. É uma frustração muito grande ver
algo que foi desenhado para deixar a garota extremamente feminina sendo usado como
instrumento de massacre. Se não sabe usar salto alto, não use. Isto é mesmo para poucas.

Outro cuidado deve ser com a sandália. Sandálias exigem pés muito bem cuidados – não estou
falando de esmaltes. O que, aliás, na maioria dos casos, é dispensável – e, se possível, expostos
com muito autocrítica. Pense isso antes de expor seus “lindos” pezinhos de pavão: “Meus pés
são bonitos o suficiente para eu querer chamar atenção para eles ou devo simplesmente
torturar os outros (Pedólatras, como eu) obrigando-os a ter verdadeiras visões do inferno, só
porque eu adorei aquela sandália nova?”. É aquela mesma. Aquela que com o pezinho artificial do
manequim ficou perfeito. “Ah! Sei. Aquela que custou bem barato, mas está na moda, apesar
dos dedos ficarem sobrando um pouquinho, o joanete de estimação ficar ali bem na frente ou
porque o calcanhar fica um pouquinho - só um pouquinho, vai ? - para fora do sapato! Ah!
Quanta bobagem ! Quem vai notar nisso ? Pé é bobagem. Todo mundo tem pelo menos um e foi
feito para andar no chão.” Muitos que não ligam para esses detalhes logo dirão essas coisas.

Quanto erro. Por que devemos chamar a atenção exatamente para o que temos de pior? A arte
de “se produzir” bem está antes de tudo em valorizar, destacar ou chamar atenção para o que
temos de mais bonito, não para o que é feio ou simplesmente exagerado. Lembre-se: do que é
exagerado gostarão apenas alguns, os que têm alguma “tara específica”, mas para o que é
bonito a maioria terá elogios discretos ou uma inveja mortal. Não ligue. Nós seres humano
somos, na essência, assim mesmo, pequenos e mesquinhos. Temos apenas que usar isso para
construir alguma coisa boa em nós mesmos. E não para tentar destruir a beleza dos outros em
todos os níveis.

Conclusão: Elegância não se compra em grifes famosas ou mesmo caras. Elegância vem acima de
tudo de autocrítica, de bom senso, com bom gosto e vaidade. Realmente, se você perguntar,
noventa por cento dessas mulheres e homens que andam de maneira desleixada vão responder
que não são vaidosos, que não ligam para o que as outras pessoas pensam. Mentira. Apenas
desistiram de tentar melhorar.

Você também pode gostar