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Índice
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1 Introdução ..................................................................................................... 2
1 Introdução
O solo é fundamental para a sustentabilidade e produtividade de ecossistemas
naturais e agrícolas. A qualidade do solo é um conceito desenvolvido para caracterizar
o uso e a saúde do solo. Uma definição geral da qualidade do solo é a aptidão que um
solo tem para um uso específico.
Recentemente a preocupação da comunidade científica e agrária tem sido
focalizada na sustentabilidade do uso do solo, baseados no fato de que a qualidade do
solo pode estar declinando. Utiliza-se o conceito sustentável para dizer que um uso ou
o manejo do solo pode manter a qualidade de vida do homem ao longo do tempo. O
recurso terra (do qual o solo é um dos seus componentes) é finito, frágil e não
renovável. Somente 22% (3,26 bilhões de ha) do total das terras do planeta são
viáveis para cultivo e atualmente somente 3% (450 milhões de ha) apresentam uma
alta capacidade de produção agrícola. Existe atualmente uma preocupação global
devido ao fato que o solo é finito e que alguns dos seus componentes não podem ser
renovados a curto prazo, principalmente quando se observam as condições nos quais
se encontram os solos agrícolas e o meio ambiente. Estas preocupações incluem a
perda de solo pela erosão, manutenção da produtividade agrícola e sustentabilidade
do sistema, proteção de áreas naturais, e o efeito adverso da contaminação de solos
sobre a saúde humana. Desta forma os objetivos da determinação da qualidade do
solo procuram proteger o correto funcionamento dos ecossistemas.
Para uma correta avaliação da qualidade do solo deve-se chegar a um acordo
de porque a qualidade do solo é importante, como é definido, como deve ser medido,
e como responder as medidas com práticas de manejo, recuperação e conservação.
Devido ao fato de que a determinação da qualidade do solo requere um análise de
vários fatores que intervem no sistema e porque ainda tem-se muito a aprender do
solo, estes temas ainda não são facilmente abordados.
Definições da qualidade do solo tem sido baseados no uso do solo pelo homem
e nas funções do solo dentro de ecossistemas naturais e agrícolas. Para muitos
produtores e pesquisadores, produtividade é análoga a qualidade do solo. Mas, a
manutenção da qualidade do solo é importante também para saúde do homem, já que,
o ar, a água superficial e sub-superficial consumida pelo homem podem ser
adversamente afetados pelo mal manejo e contaminação dos solos. Contaminação
pode incluir metais pesados, elementos tóxicos, excesso de nutrientes, elementos
orgânicos voláteis e não voláteis, explosivos, isótopos radioativos e fibras inaláveis.
3
3 Degradação de solos
A degradação do solo é um dos maiores desafios da humanidade. Apesar do
problema ser tão velho como a agricultura, a sua extensão e impacto na qualidade de
vida do homem e meio ambiente são hoje em dia maiores que nunca. É uma
preocupação importante por duas razões. Primeiro, a degradação de solos afeta a
capacidade produtiva de um ecossistema. Segundo, afeta o clima do planeta através
de alterações no equilíbrio da água e da energia e modificações nos ciclos de carbono,
nitrogênio, enxofre e outros elementos. Através do impacto na produtividade agrícola e
no meio ambiente, a degradação do solo provoca instabilidade política e social,
aumenta a taxa de desmatamento, intensifica o uso de terras marginais e frágeis,
acelera a enxurrada e a erosão do solo, aumenta a poluição de cursos de água, e a
emissão de gases que provocam o efeito estufa.
Degradação do solo é definida como o declínio da qualidade do solo através do
uso incorreto pelo homem. É um termo amplo e vago, no entanto se refere ao declínio
da produtividade através de mudanças adversas no status dos nutrientes, atributos
estruturais, e concentração de eletrólitos e elementos tóxicos. Em outras palavras, se
refere à diminuição da capacidade atual ou potencial do solo para produzir bens ou
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Declínio na estrutura do solo Adensamento Regime hipo-termal adverso Lixiviação Acidificação Desequilíbrio de elementos Depleção de matéria orgânica Redução na fauna do solo Incremento de patógenos do solo
- Encrostamento - Compactação - Perda de cátions - Redução de pH - Salinização - Emissão de gases de efeito - Grande incremento de
- Temperatura supra/sub optimal - Redução na fauna de solo
- Compactação - Hardsetting - Aumento de Al - Alcalinização
- Anaerobiose - Eutrofização estufa favorável nematoides parasítos
- Molhamento - Enxurrada excessiva - Diminuição da saturação por bases - Toxicidade
- Seca - Depleção da fertilidade do solo - Diminuição na biomassa - Adensamento
- Seca - Erosão - Deficiência dos elementos essenciais de carbono
- Erosão em sulcos e entre sulcos - Lixiviação
- Laterização
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Existem vários fatores que iniciam vários dos processos de degradação. Estes
fatores podem ser naturais ou antropogênicos (Figura 2). Fatores naturais incluem o
clima, a vegetação, material de origem, relevo e hidrologia. Entre os fatores
antropogênicos importantes encontramos a população, o uso da terra, e o
desenvolvimento de estradas, canais, e o complexo industrial.
Naturais Antropogênicos
Clima Hidrologia Terreno Material Vegetação População Uso da terra Logística Disposição
de origem de lixo
- Chuva - Padrões de - Declividade - Composição - Composição de - Densidade - Arável - Caminhos e - Lixo industrial
- Evapotranspiração drenagem - Comprimento de química da rocha espécies - Estilo de vida - Culturas perenes cursos de água - Lixo urbano
- Regime de - Fluxo superficial rampa - Propriedades - Densidade de - Pastagens - Complexos - Resíduos agrícolas
temperatura - Profundidade ao - Densidade de físicas arvores - Urbanização industriais
lençol freático drenagem - Vegetação climax - Manejo do solo
- Natureza do
aquífero
são obrigados a cultivar terras que são muito declivosas, com solos rasos ou muitos
secos para o cultivo, utilizando métodos que são ecologicamente inviáveis. Alguns
solos pobres e intensamente intemperizados estão sendo cultivados sem período de
descanso requerido para a recuperação da fertilidade do solo e o melhoramento da
estrutura do solo. Consequentemente, instala-se a degradação do solo resultando na
ocorrência de erosão laminar e em voçorocas e a infestação de ervas daninhas e
pragas.
Os efeitos destes fatores podem ser acentuados por várias causas naturais e
antropogênicas (Figura 3). As principais causas da degradação do solo são o
desmatamento, métodos de manejo, sistemas de cultivo, uso de agroquímicos, etc.
Fatores sociais e políticos também têm um papel importante.
Natural Antropogênico
Figura 6: O processo de três etapas da erosão do solo pela água. (a) Gota de água
acelerando em direção ao solo, (b) Salpicamento resultante do impacto da
gota contra um solo descoberto e úmido, e (c) A gota de água afeta o
desprendimento de partículas de solo, que são transportadas e
eventualmente depositadas em locais a jusante.
solo esta perdido. Quando a erosão laminar ocorre no espaço entre os sulcos chama-
se erosão entressulcos.
Onde o volume de enxurrada é mais concentrado, o fluxo de água corta mais
profundamente dentro do solo, aprofundando e coalescendo os sulcos em canais
maiores chamados de voçorocas. Voçorocas em terrenos cultivados são obstáculos
para tratores e não podem ser removidos por práticas normais de cultivo. Os três tipos
de erosão são importantes, mas a erosão laminar e em sulcos, apesar de menos
aparente que as voçorocas, são responsáveis pela maior parte do solo movimentado.
valor total anual de custos intrínsecos tem sido estimados entre 4 e 27 bilhões de
dólares.
Os custos extrínsecos da erosão são ainda maiores, especialmente devido aos
efeitos sobre a saúde de partículas carregadas pelo vento e ao valor reduzido para a
recreação de águas carregadas de sedimentos (pesca, natação e estética). O valor
total destes custos nos Estados Unidos encontra-se entre 9 e 44 bilhões de dólares.
Estes custos altos são uma triste lembrança da responsabilidade que a sociedade
suporta como resultado do mau manejo da terra e parece justificar o aumento de
orçamento para a luta contra a erosão.
Manutenção da produtividade do solo. Apesar de que a erosão pode reduzir
a produtividade do solo a zero, na maior parte dos casos o seu efeito é muito sutil para
ser percebido de um ano para o outro. Onde os produtores podem arcar com as
despesas, eles compensam as perdas de nutrientes incrementando o uso de adubos.
As perdas de matéria orgânica e da capacidade de retenção de água são muito mais
difíceis de solucionar no curto prazo. No longo prazo, a erosão acelerada excede a
taxa de formação de solos levando à diminuição da produtividade na maioria dos
solos.
Finalmente, a taxa de diminuição da produtividade do solo, ou o custo de
manutenção de níveis constantes de produtividade, é determinado por propriedades
do solo como a profundidade até uma camada restritiva para o crescimento das raízes
e a permeabilidade do subsolo. Um solo profundo, bem drenado e bem manejado
pode não sofrer diminuição em produtividade apesar de sofrer erosão. Em contraste,
erosão num solo raso, de baixa permeabilidade pode levar a uma rápida perda de
produtividade.
5 Recuperação de solos
O manejo sustentável de recursos naturais envolve o conceito de “usar,
melhorar e restaurar” a capacidade produtiva e os processos de suporte da vida do
solo, o mais básico de todos os recursos naturais. O objetivo não é só minimizar a
degradação do solo, mas reverter às tendências através de medidas de recuperação
do solo e manejo de culturas. A qualidade do solo e a sua capacidade produtiva
devem ser incrementadas além da preservação através de medidas de reconstrução
do solo, por exemplo, prevenindo a erosão do solo e melhorando a profundidade de
enraizamento do solo, “reabastecendo” o solo com nutrientes extraídos durante as
colheitas de culturas ou produção animal através do uso correto de adubos minerais e
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Recuperação de solos
Propriedades restritivas
para as culturas
Desintoxicação
do solo
inevitável. Para pequenos agricultores nos trópicos com capacidade limitada de capital
e escassa disponibilidade de insumos comerciais, portanto, qualquer mudança no
sistema tradicional deve tomar em conta os seguintes fatores.
a) Insumos
A melhoria no cultivo itinerante ou na rotação de uso do solo deve ser baseada
num sistema auto-sustentável e com baixa tecnologia. Isto não implica que o
uso de adubos sintéticos ou outros condicionadores do solo estão proibidos. No
entanto, sistemas de manejo do solo e das culturas devem ser desenvolvidos
para minimizar a necessidade destes. A necessidade de nutrientes pode ser
suprida em parte pela diminuição das perdas e aumento da eficiência, em parte
pela fixação simbiótica de nitrogênio e reciclagem de resíduos orgânicos, e se
houver diferença utilizar-se-ia adubos sintéticos. O total de entrada de energia
deve ser regulado para que a razão saída:entrada seja alta.
A agricultura com altos insumos praticada na Europa e nos Estados Unidos
deixa muito a desejar. Por exemplo, a necessidade de agroquímicos soma 2,5
milhões de kcal ou 38,9% do total de insumos necessários para produzir 1ha
de milho nos Estados Unidos. Apesar da produção ser baixa, atualmente a
agricultura no Terceiro Mundo é mais eficiente em termos energéticos que a
agricultura dos paises do Primeiro Mundo. A bibliografia cita que sistemas
tradicionais da Nova Guinea produzem 104MJ por pessoa por dia e 1500MJ
por pessoa por dia nos Estados Unidos, umas 150 vezes mais na agricultura
norte-americana. Devido ao fato de deixar várias áreas em pousio no sistema
tradicional para a restauração da fertilidade e a limitações para o uso intensivo
da terra, a produção por unidade de área por unidade de tempo e por pessoa é
baixa. A estratégia é incrementar a produção por unidade de insumo. Em
Latossolos e Podzólicos nas regiões tropicais da América a quantidade de
adubo requerido para produzir 80% do máximo ou produção ótima é
consideravelmente inferior que a quantidade necessária para alcançar o ponto
máximo ou ótimo. Com uma pequena diminuição nos níveis de produtividade
desejados, as necessidades de insumos químicos podem ser drasticamente
diminuídos.
c) Considerações sociais
Para os pequenos agricultores das regiões tropicais do Terceiro Mundo o
desenvolvimento local e manutenção de uma tecnologia simples e barata que
utiliza menos mão de obra especializada e capital pode ser mais atrativo que
investimentos em maquinaria pesada cuja eficiência é desconhecida e os seus
efeitos são quase sempre indesejáveis. É alta a probabilidade de rejeição de
uma inovação que traz mudanças drásticas nos hábitos de plantio,
desencorajando o cultivo misto, diminuindo a flexibilidade do sistema
tradicional.
B) Precipitação-dissolução
Solos com altos conteúdos de cátions reativos são capazes de tamponar grandes
adições de compostos como fosfatos, arsenatos, e selenita por precipitação,
enquanto que metais podem precipitar com sufídeos sob condições de redução e
como co-precipitados com compostos de Fe, Al, Mn, Ca e Mg. Os minerais de Fe
e Al precipitam a pHs baixos (<5) e aqueles de Ca e Mg a pH>6.
A precipitação é favorecida pela alta atividade das argilas do solo, aqueles com
altos conteúdos de minerais intemperizáveis, e normalmente a pH quase neutros
ou altos.
C) Adsorção-desorção
Metais e compostos são rapidamente removidos pela adsorção aos minerais de
argila, óxidos, e CaCO3, e a desorção é normalmente mais lenta que a adsorção
(existe um processo de histerese na curva de adsorção e desorção). Adsorção de
metais é favorecido a pH>6, devido ao fato de que o limite de adsorção (pH no
qual a máxima adsorção ocorre) da maioria dos metais são encontrados acima
deste valor. Compostos são também fortemente adsorvidos na superfície dos
óxidos, mas a adsorção geralmente diminui com aumento do pH devido a que a
carga do composto e do óxido se torna mais negativo a medida que o pH
aumenta.
D) Complexação
Metais polivalentes, incluindo os metais pesados, são fortemente complexados
com materiais húmicos do solo. O conteúdo de matéria orgânica do solo é
normalmente altamente correlacionada com a capacidade de ligação com metais,
é a ligação aumenta com o aumento do pH como resultado da dissociação dos
grupos funcionais ácidos dos ácidos húmicos.
Enquanto que parâmetros como a CTC e o conteúdo de matéria orgânica podem
ser utilizados para avaliar solos para resistência a impactos químicos, uma
questão igualmente importante é como os princípios da química podem ser
utilizados para remediar casos de degradação química.
dos solos, o papel dos processos microbiológicos nas reações químicas, e uma
velocidade alta das reações químicas. Algumas aproximações gerais podem ser
utilizadas para reverter ou melhorar a degradação química.
A) Modificação do pH do solo
Aumentos ou diminuições do pH tem efeitos profundos no sistema químico do
solo. Se a mudança química desejada é de curto prazo (ex. favorecendo a
degradação de pesticidas), o controle de pH pode ser efetivo e facilmente
atingido. Se um controle do pH a longo prazo é necessário (para reduzir a
biodisponibilidade de metais, por exemplo), a capacidade natural ácido-tampão do
solo deve ser considerado. A aplicação de lodo de esgoto a solos agrícolas
requere que o pH seja mantido a 6,5 sempre quando culturas de consumo direto
são plantados.
E) Promover a volatilização
Contaminantes do solo voláteis, como uma quantidade excessiva de NH3, alguns
pesticidas e orgânicos sintéticos tóxicos, solventes, e gases radioativos, podem
ser retirados da superfície do solo pela promoção da volatilização. A volatilização
pode ser promovida por mudanças no pH (como no caso do NH3), pelo secamento
do solo, e por aração profunda para expor mais o solo à atmosfera. Enquanto esta
técnica pode ser utilizada para corregir a contaminação do solo localizada, a
poluição atmosférica pode limitar o amplo uso desta técnica.
Tabela 2: Efeito da cobertura vegetativa na erosão do solo em uma zona úmida do oeste
de África.
Tipo de cobertura Número de Precipitação média Enxurrada Erosão
sítios mm/ano % da Mg/ha
precipitação
Floresta protegida 11 1293 0.9 0.1
de queimadas
Floresta com 13 1289 1.1 0.27
queimadas leves
Pasto natural 7 1203 16.6 4.88
Figura 12: Redução da erosão entre sulcos pelo aumento da percentagem da cobertura
do solo. Os diagramas acima da figura ilustram coberturas de 5, 20, 40, 60 e
80%.
O manejo do pastoreio para manter uma cobertura vegetal densa nos campos
destinados às pastagens e a inclusão de cultivos adensados para a produção de feno
na rotação com cultivos de fileiras em terras aráveis ajudam a controlar a erosão e a
enxurrada. Da mesma forma, o uso de sistemas de preparo conservacionistas, que
deixam a maior parte dos resíduos em superfície, diminui drasticamente os perigos da
ocorrência de erosão.
Cultivos em contorno. Em pendentes longas sujeitas a erosão laminar e em
sulcos, os cultivos podem estar dispostos em faixas seguindo as curvas de nível,
alternando cultivos plantados utilizando sistemas convencionais de manejo, como
milho e batata, com pastos para feno e cereais plantados de forma adensada. A água
não consegue atingir uma velocidade suficiente nas faixas de culturas convencionais,
e as faixas com pasto ou alguma outra cultura adensada controlam a taxa de
enxurrada. Tal disposição das culturas é chamada cultivo em faixas e é a base para o
controle da erosão em várias regiões com relevo suave-ondulado a ondulado. Este
arranjo pode ser interpretado como diminuição do comprimento efetivo da pendente.
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Quando as faixas estão dispostas de uma forma bastante definitiva nas curvas
de nível, o sistema é chamado de cultivo de contorno. A largura das faixas vai
depender da declividade, a permeabilidade do solo e da erodibilidade do solo. Largura
de 30 a 125m são comuns. Canais escoadouros podem ser acrescentados aos
sistemas de preparo em contorno. Estes canais escoadouros estão gramados
permanentemente para poder escoar a água da terra sem perigo de formação de
sulcos e voçorocas.
Sistemas conservacionistas de preparo. Existem hoje em dia numerosos
sistemas conservacionistas de preparo (Tabela 3), todos eles têm um ponto em
comum, deixam quantidades significantes de resíduos orgânicos na superfície do solo
após plantar. É importante lembrar que o sistema convencional de manejo envolve em
primeiro lugar a utilização de um arado para enterrar as ervas daninhas e os resíduos,
seguido de uma ou três passagens com uma grade para quebrar os torrões, depois
segue o plantio e subseqüentemente várias cultivações entre as fileiras para matar
ervas daninhas. Cada passagem com um implemento deixa o solo exposto e
enfraquece a estrutura do solo que ajuda o solo a resistir a erosão pela água.
Cultivo em faixas Solo não perturbado antes do plantio. Preparo em faixas estreitas e pouco
profundas utilizando o escarificador ou algum outro implemento. Até um terço
da superfície do solo é cultivado no plantio. Utilização de herbicidas e técnicas
de cultivo para controlar ervas daninhas.
Cultivo tipo “Mulch” Superfíce do solo perturbado pelo preparo antes do plantio, mas pelo menos 30
% dos resíduos permanecem na superfície do solo. Implementos como
escarificadores, cultivadores e grades de disco são utilizados. Herbicidas e
técnicas de cultivo são utilizados para o controle de ervas daninhas.
Cultivo mínimo Qualquer outro sistema de preparo e plantio que mantém pelo menos 30% dos
resíduos em superfície.
superfície do solo esteja coberta. Sistemas de plantio direto bem manejados em climas
úmidos incluem cultivos de cobertura durante o período entre safras e culturas que
produzem altos volumes de resíduos na rotação. Estes sistemas mantêm o solo
coberto o tempo todo e aumentam o teor de matéria orgânica nas camadas
superficiais do solo.
Controle da erosão por sistemas de preparo conservacionistas. Depois
que os sistemas de preparo conservacionista começaram, centos de experimentos
tem demonstrado que estes sistemas diminuem a erosão do solo em relação aos
métodos convencionais de preparo. A enxurrada também diminui, apesar das
diferenças não serem tão pronunciadas como com a erosão do solo. O valor do
controle da erosão de uma superfície não perturbada sob um resíduo orgânico foi
discutido na seção anterior. O preparo conservacionista também reduz
significativamente a perda de nutrientes dissolvidos na água da enxurrada ou levados
junto com os sedimentos.
Efeitos nas propriedades dos solo. Quando o preparo do solo passa de um
sistema convencional para um sistema conservacionista (especialmente o plantio
direto), várias propriedades do solo são afetadas, a maioria num sentido favorável. As
mudanças são maiores nos primeiros centímetros do solo. Geralmente, as mudanças
são maiores para sistemas que produzem a maior quantidade de resíduos
(especialmente milho e cereais em regiões úmidas), retém a maior parte da cobertura
de resíduos, e causam a menor perturbação do solo.
Propriedades físicas. A macroporosidade e a agregação são incrementadas
a medida que a matéria orgânica aumenta e minhocas e outros organismos se
estabelecem. A infiltração e a drenagem interna geralmente melhoram, assim como a
capacidade de retenção de água (Figura 13). A melhora na capacidade de infiltração
em solo sob preparo conservacionista e geralmente muito desejável, mas em alguns
casos pode levar a uma lixiviação mais rápida de nitratos e outros produtos químicos
solúveis em água. Solos cobertos por resíduos encontram-se mais frescos e mais
úmidos. Isto é uma vantagem nas épocas de calor mas pode causar problemas no
crescimento precoce das culturas em climas mais frios.
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Figura 13: Efeitos comparativos de 28 anos de uso dos três sistemas de preparo no teor
de matéria orgânica e algumas propriedades físicas em um Alfissolo de Ohio,
EUA.
concentrados nos primeiros centímetros do solo. O pH destes solos pode cair mais
rapidamente que em aqueles solos manejados utilizando o sistema convencional. Em
regiões úmidas esta acidificação deve ser diminuída aplicando calcário ao solo.
Efeitos biológicos. A abundância, atividade e diversidade de organismos do
solo tendem a ser maiores em sistemas de preparo conservacionista caracterizados
por altos níveis de resíduos superficiais e pouca perturbação física do solo. Minhocas
e fungos, os dois importantes para o desenvolvimento da estrutura do solo, são
especialmente favorecidos.
Fatores antrópicos
Identificar as necessidade de
conservação para as diferentes
unidades de relevo
8 Reflorestamento
A recuperação do solo não pode ser considerada completa até que o local
tenha sido reflorestado. A cobertura vegetativa é necessária para proteger o solo da
erosão, mas a cobertura vegetativa pode ser vista como um teste ecológico do
sucesso do processo de recuperação.
Algumas considerações para a seleção de espécies para reflorestamento são:
(1) espécies nativas, (2) uso da terra proposto, e (3) limitações ecológicas e
ambientais. A ecologia da recuperação tem como principal objetivo o restabelecimento
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normalmente superiores a dois, fazendo com que o empobrecimento do solo seja mais
rápido se comparado com a remoção não seletiva bem como amplia a carga poluidora
dos sedimentos e da enxurrada. A diminuição da espessura do solo em terras
cultivadas provoca a alteração do horizonte superficial pela mistura com o material das
camadas inferiores, alterando a sua morfologia, granulometria e composição química
(Mokma et al., 1996). A magnitude do impacto sobre a produtividade das culturas é
dependente das características da camada subsuperficial bem como do manejo
adotado.
A combinação destes fatores faz com que o impacto da erosão sobre a produtividade
das culturas varie de acordo com o tipo de solo, a forma de erosão e, principalmente,
com as características do sistema de produção em relação à utilização de insumos. Na
Figura 1 apresentamos uma classificação dos solos em relação às conseqüências da
erosão sobre a produtividade das culturas.
Solos rasos
Fixação
Intemperismo
P e N kg/ha
Lixiviação
Milho
80 180
9,5Mg grãos/ha 0 10
NPK
32 130
0 0 a 40
8 63 Erosão P N
Mg/ha a kg/ha
16 20 5 0,2 10
15 0,6 31
56 0 25 1,0 52
0 0
0 72
Milho 0 0 0 10
2,0Mg grãos/ha
NPK
15 34 0 0
3 16 Erosão P N
Mg/ha a kg/ha
15 10 5 0,2 10
15 0,6 31
?0 0 25 1,0 52
0 0
0 10
Os resultados obtidos por Sparovek et al. (1991) num ensaio com remoção artificial de
solo sobre um Rhodic Kandiudox demostraram ser possível recuperar a produtividade
a níveis normais mesmo após a remoção completa do horizonte superficial pela adição
de matéria orgânica e fertilizantes já no primeiro cultivo (Figura 3).
45
70
60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50
Soil removal, cm
Treatment
OM & NPK (observed) NPK (observed) Control (observed)
OM & NPK (estimated) NPK (estimated) Control (estimated)
Neste mesmo ensaio (Sparovek, 1994), após três cultivos a adição de fertilizantes e a
incorporação dos restos de cultura no sistema de produção de elevada utilização de
insumos foi suficiente para recuperar o rendimento das culturas a níveis normais
(Figura 4).
Figura 4: Relação entre remoção de terra e erosão para nove cultivos sucessivos. Onde
M1, M2 e M3 = milho, W1 e W2 = trigo, S1, S2 e S3 = Crotalária juncea e LU =
tremoço branco
Treatment
OM & NPK NPK Control
100
Average relative yield, %
80
60
40
20
0
M1 W1 S1 M2 LU S2 M3 W2 S3
Crop
Estes resultados indicam que as adições de matéria orgânica via restos de cultura e
dos fertilizantes nos sistemas de produção de elevada utilização de insumos foram
suficientes para recomposição do horizonte superficial do solo de modo a não
comprometer o rendimento das culturas mesmo considerando elevadas taxas de
erosão, muito acima das observadas normalmente nestes solos. Nestes casos a
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erosão do solo passa a ser um problema muito mais relacionado aos impactos
ambientais do que a sua influência sobre a produtividade das culturas.
9.2.3 Solos profundos com gradiente textural ou estrutural
Nos solos com gradiente textural ou estrutural o comportamento será intermediário e
dependente das características da camada subsuperficial. A reversibilidade na queda
da produtividade pode ser apenas parcial. Num estudo realizado em condições de
campo com erosão natural Salviano et al., (1996) estabeleceram a relação entre a
espessura remanescente de Paleudults de textura arenosa sobre média e a
produtividade de Crotalaria juncea (Figura 5) num sistema de produção com utilização
moderada de insumos.
10
9,5
9
Produtividade, Mg (MS)/ha
8,5
7,5
6,5
5,5
5
0 20 40 60 80 100 120 140
Espessura do solo, cm
Perc
ebe-se a existência de um patamar de produtividade com uma espessura acima de
50cm de solo, situação na qual já é expressiva a mistura entre o horizonte superficial e
o subsuperficial. Desta forma, mesmo nesta situação a utilização de insumos foi
eficiente na recuperação da produtividade, indicando que o comportamento até a
remoção quase completa do solo foi parecido com o dos solos sem gradiente. Com
uma espessura inferior a 50cm já são esperados problemas relacionados a limitações
físicas para o enraizamento das plantas. No entanto, o único ponto que diferiu dos
demais (Tukey 5%) foi a espessura remanescente média de 10cm.
47
9.3 Conclusões
A relação entre a produtividade das culturas e a erosão do solo foi resumida na Figura
6 para sistemas de produção de baixa utilização de insumos e na Figura 7 para
sistemas de elevada utilização de insumos.
Figura 6: Relação entre a produtividade das culturas com baixa utilização de insumos e
a erosão.
Figura 7: Relação entre a produtividade das culturas com elevada utlização de insumos
e a erosão.
9.4 Bibliografia
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