Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I. Teoria(s) da Marginalidade
1ª. Fase da TM
Antecedentes – AL:
- crescimento rápido das cidades
- migração campo-cidade
- transformação dos centros urbanos
Pós 2ª. Guerra Mundial e com mais força nos anos 50: esforço para compreender e
interpretar este processo.
Toma como base a Sociologia Urbana Norte-americana – Escola de Chicago
Núcleo de argumentação: correspondência em relação direta entre as formas de
organização espacial e as formas sociais :
1) áreas urbanas ? características econômicas e sociais modernas
2) não urbano ? características tradicionais
Eixo articulador: CULTURAL
Primeiros esforços de interpretação da espacialidade latino-americana: Teoria do
“contínuo rural – urbano – influência de Redfield (Sociedade Folk)
rural urbano
2ª. Fase da TM
América Latina: Cidades da região apresentariam BARREIRAS CULTURAIS à
transformação social.
Um número considerável de habitantes é colocado à margem do desenvolvimento e dos
frutos do progresso.
Obs. Sobre as diferenças da TM em países avançados e AL:
Países avançados – urbanização é processo auto-gerado, as atividades urbanas são
criadas e desenvolvidas internamente
Países AL – boa parte da urbanização ocorre por indução externa.
Ex. industrialização sem a existência prévia de massas urbanas => migração =>
“inchaço” das cidades
Com isso, camponeses que chegam às cidades para ocupar postos nas fábricas trazem
consigo seu universo cultural.
Ex. Volta Redonda
B) “corrente de esquerda”
Ótica teórica similar (barreiras), porém políticas divergentes.
As barreiras são entendidas como criadas pelos setores privilegiados, não dispostos a
renunciar a suas vantagens, e mantidos pela inoperância do Estado.
Aqui, cabe aos detentores do poder econômico e político oferecer o apoio necessário
para a superação dessas barreiras.
Processo de “urbanização popular” visto como mecanismo poderoso de adaptação dos
migrantes às cidades e de promoção social.
Política sugerida: apoio à autoconstrução, adequação de assentamentos irregulares,
racionalização dos sistemas “espontâneos”.
II. Teoria da Urbanização Dependente
Surge no início dos anos 70, como reação à TM. Utiliza ferramentas metodológicas do
marxismo: urbanização não como resultado da atração à vida urbana, desqualificam o
âmbito espacial como motor do processo, invocando a prevalência das relações sociais.
Rejeitam o entendimento do caráter gradual e adaptativo da estrutura social e seu
rebatimento espacial, que entendem, ao contrário da apreensão anterior, como de caráter
CONFLITIVO E CONTRADITÓRIO.
Assim, características peculiares da urbanização na região não seriam um anacronismo
ou um bloqueio ao processo tal como observado nos países avançados.
Aqui, as anomalias são tomadas como resultado de uma estrutura diferente, na qual a
dimensão espacial não caminha em direção ao padrão dos países centrais.
Importante: trata-se não somente de afastar-se das interpretações da versão “de direita”
da TM, mas também de distanciar-se das teses da ala “de esquerda” dessa teoria,
consideradas ilusórias, conciliadoras e reformistas.
Quanto à periodização dessa evolução, uma das correntes mais representativas destaca
os seguintes períodos:
1) dependência colonial: submissão política direta aos impérios espanhol e português,
relação econômica baseada na canalização de mercadorias-chave, gerando centros
urbanos em função dessas atividades.
Não há uma segregação espacial muito nítida, uma vez que o excedente aplicado nas
colônias é muito modesto, sendo as diferenças marcadas por práticas socialmente muito
hierarquizadas.
Em suma, com esta interpretação, se chega a uma definição diversa para a existência da
população “marginal” nas cidades: não se trata de “inadaptados culturais”, mas de
camadas que ou nem mesmo conseguem proletarizar-se, ou quando chegam a consegui-
lo, são submetidas a um regime de baixos salários, grande jornadas de trabalho e frágil
inclusão dos itens necessários à reprodução da força de trabalho, principalmente
moradia.
Como resultados espaciais principais, ocorrem a macrocefalia urbana, a hiper-
urbanização, a proliferação de áreas urbanas de miséria, etc. – que só poderão ser
eliminadas através do rompimento de suas determinações básicas e gerais, e em especial
sua subordinação ao capital imperialista.
III.“Crítica Singeriana” (crítica à TUD – liderada por Paul Singer)
c) deseconomias de aglomeração
Não se refletem em custos particulares para os capitais responsáveis pelas decisões de
localização, e sim em custos gerais para todos. A divergência ocorre entre quem
sustenta os custos e quem desfruta das vantagens.
d) “grupos marginalizados”
Não são fruto de características peculiares e sim uma modalidade do exército industrial
de reserva; os assentamentos periféricos são um resultado típico da crise habitacional
característica das sociedades capitalistas; a segregação urbana é o resultado da operação
da renda econômica da terra e não algo específico da AL.
IV. Um novo paradigma em formação (Samuel Jaramillo)
Jaramillo aponta para o perigo de se chegar a uma conclusão simétrica (mas não
oposta!) à da TUD: a de considerar automaticamente que todas as realidades espaciais
do continente, por serem geradas dentro de um processo dominante e abrangente, são
adequadas ao nosso desenvolvimento (como no caso das cidades macrocéfalas) ou
podem ser orientadas através de ferramentas convencionais de planejamento (como no
caso das áreas periféricas desassistidas).
Sublinha a agudeza dos processos e características da urbanização latino-americana (da
migração, da concentração urbana, das disparidades urbanas, da segregação urbana, da
exclusão, etc.) como forma específica que confere peculiaridade à dinâmica da
urbanização na região.
Desenvolvimento da Hipótese:
A combinação dessas 2 diferenças essenciais define particularidades do modo de
urbanização latino-americano, originando, como correspondente às “regiões
metropolitanas” dos países centrais, a “grande cidade primada” latino-americana.
Assim, a Grande Cidade Latino-Americana, apesar de, por seu tamanho, parecer-se às
Regiões Metropolitanas dos países avançados, é espacialmente e funcionalmente
desarticulada e desintegrada. Essas características se concretizam, ent re outros fatores,
nas diversas formas contrastantes de produção e consumo do espaço construído, de
ocupação do uso do solo e organização intra-espacial, de provisão de valores de uso
coletivo e equipamentos urbanos.
Jaramillo propõe que essas idéias sejam tomadas como postulados provisórios para a
construção de um novo paradigma de interpretação sobre a urbanização latino-
americana, que julga estar em formação, e para o qual sugere, de modo tentativo, a
denominação de “neodependentista”, ou, de maneira mais descritiva, a de “Teoria da
Espacialidade Monopolista Periférica”.