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RELATÓRIO FINAL
(2020– 2021)
RESUMO
O Liceu Industrial de Pernambuco representa uma das fases de formação do atual Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco, especificamente entre os anos de 1937 e 1942,
quando as Escolas de Aprendizes Artífices foram renomeadas e o ensino ali oferecido e sua
organização didática passaram por algumas alterações. A pesquisa teve por objetivo identificar e
inventariar fontes documentais sobre o Liceu Industrial de Pernambuco tomando os jornais como
fonte de pesquisa histórica, sendo selecionados os jornais Diário de Pernambuco, Diário da Manhã
e o Jornal Pequeno. Esses jornais foram acessados a partir de dois portais de periódicos: a
Hemeroteca Digital Brasileira (HDB), da Biblioteca Nacional, e o site do Acervo CEPE (Companhia
Editora de Pernambuco), instituições responsáveis pela digitalização e disponibilização destes
periódicos a partir de um sistema de consulta baseado no local, jornais e datas das publicações. A
análise desse objeto de pesquisa foi construída por meio da identificação, catalogação e análise das
notícias presentes no Jornal Pequeno, no Jornal Diário de Pernambuco e no Jornal Diário da Manhã.
Os documentos consultados revelam mudanças que permearam a Instituição, seu diálogo com o
contexto regional e nacional, assim como sua presença nos campos sociais, econômicos e políticos
da sociedade em um período que corresponde a conturbado contexto político nacional permeado
por ideais fascistas e por instalação de uma ditadura a partir de 1937 sob o comando de Getúlio
Vargas. Os dados revelam, principalmente, a adequação da escola aos movimentos nacionais de
estruturação de um novo projeto educacional em um contexto de industrialização. As fontes
identificadas foram organizadas em catálogo com detalhamento da notícia impressa para consulta
no CHMD.
Palavras–chave: CHMD; Escola de Aprendizes Artífices; Liceu Industrial de Pernambuco; Periódicos
1.INTRODUÇÃO
2.METODOLOGIA
A presente pesquisa teve por objetivo identificar, reunir e inventariar fontes
documentais sobre o Liceu Industrial de Pernambuco. Buscando realizar um
levantamento de fontes documentais, tomamos os jornais como fontes de pesquisa
histórica. Inicialmente nosso recorte temporal abrangia o período de 1937 a 1942,
porém, a pesquisa foi ampliada para o início da década de 1930, contemplando dessa
forma também os anos finais da escola enquanto Escola de Aprendizes Artífices de
Pernambuco1.
Três jornais locais foram selecionados: o jornal Diário de Pernambuco, o Jornal
Pequeno, e o jornal Diário da Manhã.
O uso de fontes impressas e a pesquisa histórica em jornais é algo já consolidado.
Conforme analisa Cruz e Peixoto (2007), jornais não são feitos para serem realizadas
pesquisas. Logo, transformá-los em uma fonte histórica é uma operação de escolha e
seleção que supõe um tratamento metodológico por parte do historiador. Nesse
processo de investigação da história do Campus Recife e, portanto, do IFPE por meio dos
jornais, o procedimento metodológico envolveu uma pesquisa detalhada nos três
jornais, cujas coleções encontram-se disponibilizadas em formato digital. Incluiu a
identificação de informações referentes à escola no período, a sistematização e
organização das informações presentes nos periódicos, e a elaboração de catálogo a
compor o acervo do CHMD. Paralelamente, ocorreu o estudo de bibliografia para
1
O período compreendido entre a implantação da Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco e 1930 foi
pesquisado pela estudante Evelyn do Nascimento Andrade Autran, discente do curso de Saneamento
Ambiental do IFPE - Campus Recife, com a pesquisa Pibic A Escola de Aprendizes Artífices do Recife através do
Diário de Pernambuco (1909-1930).
compreensão do período histórico em destaque.
A pesquisa foi realizada em dois portais de periódicos: a Hemeroteca Digital
Brasileira, da Biblioteca Nacional, e o Acervo CEPE. A Hemeroteca Digital Brasileira (HDB)
é um repositório de jornais, revistas, almanaques, anuários, boletins com acesso livre
pelo site http://bndigital. bn.gov.br/hemeroteca-digital/. Através deste portal são
realizadas as pesquisas no Jornal Pequeno e no Diário de Pernambuco, ao passo que,
através do Acervo CEPE, vem sendo realizada a coleta e catalogação das informações
presentes no jornal Diário da Manhã, cujo acesso se dá por meio do site
http://www.acervocepe.com.br/.
A Hemeroteca Digital permite a pesquisa a partir das ferramentas de busca
“Periódico”, “Local” ou “Período”. No caso do portal Acervo CEPE a busca ocorreu
unicamente por meio da seleção do “Ano” de interesse. Entre palavras-chave utilizadas
na pesquisa foram inseridas: “Escola de Aprendizes Artífices”, “Liceu Industrial de
Pernambuco”, “Lyceu Industrial de Pernambuco” - variação gramatical na denominação
da Instituição perceptível em algumas notícias dos três jornais - assim como foram
realizadas buscas com o nome de diretores da Instituição neste período, como
“Rodolpho Fuchs” e “Manuel Viana de Vasconcellos”.
As imagens abaixam destacam o site e ferramentas de busca para a pesquisa nos
referidos acervos.
Fonte: A autora.
Imagem 2 - Sistema de Busca Acervo Cepe - Pernambuco
Fonte: A autora.
Fonte: A autora.
A pesquisa foi possível porque os dois portais de periódicos (BNDigital e Acervo
CEPE) digitalizaram e disponibilizam uma imensa e rica documentação histórica formada
por fontes diversas, democratizando o acesso e permitindo a preservação e difusão do
patrimônio documental. Não apenas em tempos de pandemia, mas especialmente
agora, essa condição foi imprescindível à pesquisa.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Fonte: A autora
Neste mesmo ano a visita do então presidente Getúlio Vargas e sua comitiva no
dia 05/09/1933 à Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco foi destacada nos
jornais. Acontecia em meio a visitas oficiais do presidente a Pernambuco. A recepção ao
presidente foi feita pelo então diretor da Instituição, Rodolpho Fuchs, funcionários e
alunos da escola. Outra informação contida nesta notícia veiculada pelo Jornal Diário da
Manhã (DIARIO DA MANHÃ, 06/09/1933, p. 1) é de que, já na Escola, Getúlio Vargas
palestrou acerca da necessidade de difundir as escolas técnico - profissionais pelo País.
Esse discurso não se expressa como um fato isolado. Na realidade, ele faz parte
do processo de criação de uma estrutura educacional própria, voltada, primordialmente,
ao movimento de industrialização que crescia no Brasil durante a década de 30. Essas
propostas, como citadas anteriormente, tiveram início justamente entre o final da
década de 1920 e os primeiros anos de 1930, ganhando força em 1937, o que culminou
na alteração da dinâmica dessas Escolas.
A escola que teve sua construção finalizada apenas em 1935 teve sua inauguração
aos 18 de maio daquele ano e convite endereçado aos jornais, sendo divulgado nos três
jornais pesquisados. O evento foi destacado especialmente pelo Diario da Manhã, em
matéria intitulada Prédios públicos federaes na qual se enaltece ainda a “Revolução”
(DIARIO DA MANHÃ, 21/05/1935, p. 3) e pelo Diario de Pernambuco. Neste último, foi
matéria sob o título Inaugurou-se o novo prédio da escola de Aprendizes Artífices (DIARIO
DE PERNAMBUCO, 19/05/1935, p. 12) dando destaque às autoridades presentes e à
estrutura do prédio. Entre as autoridades o jornal destacava o governador de
Pernambuco, Carlos de Lima Cavalcanti, e Francisco Montojos, então Superintendente
do Ensino Industrial. Sobre o edifício noticiou que
Cabe observar que este momento coincide com a ampliação do debate em torno
do ensino técnico-profissional, nomenclatura adotada na época para o ensino oferecido
nas Escolas de Aprendizes Artífices depois Liceus industriais. O alargamento do debate
inclui o interesse do governo na ampliação da oferta, afirmando ser este um objetivo
para a formação de quadros profissionais à indústria. Matéria veiculada pelo jornal Diário
da Manhã no dia 27/03/1938 apontava para esta direção, de que o governo federal
objetivava a construção de novos prédios para as Escolas de Aprendizes Artífices, além
de visar a construção de um Lyceu Industrial Modelo em cada Estado.
Nesse contexto de mudanças que permearam a Instituição e a própria educação
a nível nacional e estadual há ampla participação de Rodolpho Fuchs, um dos diretores
da Escola na década de 1930. Engenheiro, foi Inspetor das Escolas de Aprendizes Artífices
do Norte e tornou-se diretor da Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco. À época
de sua chegada à Pernambuco foi apresentado pelo Jornal Pequeno como um homem
confiável no Ministério da Agricultura, homem fino na sociedade e que possui um largo
círculo de relações em Recife participaria intensamente do debate nacional e local em
torno do ensino profissional (JORNAL PEQUENO, 31/07/1930, p. 3).
Até o ano de 1938 os jornais continuaram a se referir a Fuchs como diretor da
Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco, embora neste ano já ocupasse outras
funções locais e na esfera federal. Sob sua direção ocorreu a transferência e inauguração
do novo prédio da escola no Derby. Posteriormente, em 1936, assumiu o cargo de diretor
da Escola Techinca Profissonal Masculina do Estado de Pernambuco, passando também
a ser superintendente deste ensino no estado.
Como citado anteriormente, a divulgação de concurso para cargos de professor,
contra mestre e adjunto de professor aparecem nos jornais com alguma frequência. A
prática de concurso como meio de contratação prevaleceu por este período e a
veiculação desses informes foi comum em ambas as fases da Instituição, como Escola de
Aprendizes Artífices de Pernambuco, ou Liceu Industrial de Pernambuco. Em paralelo,
também eram constantemente veiculadas notícias sobre abertura das matrículas para
novos alunos. Tais matérias sobre matrículas, vagas ou inscrições para a Instituição
apareciam geralmente na seção “Instrucções”, e podem ser observados nos recortes
abaixo:
4. CONCLUSÃO
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº. 378 de 13 de janeiro de 1937. Dá nova organização ao Ministério da
Educação e Saúde Pública. Rio de Janeiro: Diário Oficial da União, 15 jan. 1937. p.1210,
coluna 1. Coleção de Leis do Brasil. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1930-1939/lei-378-13-janeiro-1937-
398059-veto-75139-pl.html> Acesso em: Acesso em: 18 jan. 2020.
Capelato, Maria Helena. O Estado Novo: o que trouxe de novo? In: FERREIRA, Jorge;
DELGADO, Lucilia de Almeida N. (org.). O tempo do nacional-estatismo. Rio de Janeiro:
Volume 2, Civilização Brasileira, 2020.
PANDOLFI, Dulce Chaves. Os anos 1930: As incertezas do regime. In: FERREIRA, Jorge;
DELGADO, Lucilia de Almeida N. (org.). O tempo do nacional-estatismo. Rio de Janeiro:
Volume 2, Civilização Brasileira, 2020.
5.1.JORNAIS
PARECER DO ORIENTADOR(A)
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DO(A) ESTUDANTE
Eu, Lêda Cristina Correia da Silva, como orientadora da bolsista Maria Augusta de
Morais Araújo, declaro que a mesma vem desempenhando as suas atividades com
bastante dedicação, avançando na pesquisa. Atendeu até o momento todas as
obrigações e alcançou os resultados esperados de acordo com o Cronograma.