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O PAPEL DO BIBLIOTECÁRIO UNIVERSITÁRIO NA NORMALIZAÇÃO DOS

TRABALHOS ACADÊMICOS: ESTUDO DE CASO DA ESCOLA SUPERIOR DE


JORNALISMO -MANICA

Agnaldo Jacinto
Assucena Sábado Elias
Eugenia Oliveira 1
RESUMO

A pesquisa analisa o papel do bibliotecário universitário na normalização dos trabalhos acadêmicos na


Escola Superior de Jornalismo -Manica. A pesquisa é exploratória, de carácter qualitativa e foi
subsidiada por uma pesquisa bibliografica. Utilizou-se como técnicas de recolha de dados os
dcoumentos, de tal forma que para a análise dos mesmos usou-se a análise de conteúdo. Com a
realização da pesquisa concluiu-se que a universidade passou de instituição passiva para uma instituição
ativa, onde seus alunos estudam e praticam ciência através de pesquisas realizadas durante o curso e no
término do mesmo. O espaço de atuação do bibliotecário compreende o setor de referência e o setor de
processamento técnico. Dentre algumas atribuições também é papel do bibliotecário, saber como vencer
as dificuldades criadas pelo usuário, bem como saber controlar os outros fatores envolvidos no processo
de atendimento para atingir a concretização da sua tarefa, que é a prestação da informação solicitada
pelo usuário dentro do menor prazo possível. Cumprindo assim, uma das cinco leis da biblioteconomia -
poupar o tempo do usuário.
Palavras – Chave: bibliotecário – universitário – normalização- trabalhos acadêmicos

ABSTACT
The research analyzes the role of the university librarian in the normalization of academic works at
Higher School of Journalism- Manica. The research is exploratory, qualitative in nature and was
supported by bibliographic research. Documents were used as data collection techniques, in such a
way that content analysis was used for their analysis. With the accomplishment of the research, it was
concluded that the university went from a passive institution to an active institution, where its
student’s study and practice science through research carried out during the course and at the end of it.
The librarian's work space comprises the reference sector and the technical processing sector. Among
some attributions, it is also the role of the librarian, to know how to overcome the difficulties created
by the user, as well as to know how to control the other factors involved in the service process to
achieve the accomplishment of his task, which is to provide the information requested by the user
within the smallest possible time. possible term. Thus, fulfilling one of the five laws of librarianship -
saving the user's time.
Keywords – Key: librarian - university - standardization - academic works

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A competência informacional é um processo que permeia o trajeto da pesquisa desde a
identificação da necessidade informacional à aplicação e comunicação do conhecimento
adquirido, gerando com isso novos questionamentos e estratégias, além de contribuir na
formação de indivíduos que saibam aprender a aprender ao longo da vida. Para tanto, a

1
Alunos do 3o ano do curso de Biblioteconomia e Documentação
sociedade da informação tem requisitado habilidades, necessidades e competências que
possibilitem o desempenho eficaz e eficiente das pesquisas no contexto acadêmico. Assim, o
professor, sendo um agente formador e multiplicador, pode colaborar para que a prática do
ensino e da pesquisa esteja pautada numa educação contínua, mediada pela sua atuação frente
às tecnologias da informação e comunicação (TIC’s)

A Escola Superior de Jornalismo (ESJ) é uma instituição pública de ensino superior, que
lecciona cursos de Licenciatura em Ciências da comunicação e Ciências Documentais em
Moçambique. Criada em 2008, a Escola Superior de Jornalismo (ESJ) tem como vocação
realizar actividades de formação, pesquisa e extensão na área de comunicação.

A ESJ iniciou as suas actividades académicas no ano de 2009, com cerca de 75 estudantes em
três cursos de licenciatura em ciências da comunicação nas especialidades de Jornalismo,
Publicidade e Marketing e Relações Públicas, em 2010 introduziu o curso de Biblioteconomia e
Documentação. Actualmente conta com cerca de 400 estudantes, 60 docentes e 39 funcionários
do corpo técnico administrativo, a ESJ é a segunda instituição pública de nível superior a
leccionar cursos de Ciências da Comunicação e a primeira do género a formar profissionais nas
áreas de Relações Públicas, Publicidade e Marketing, e Ciências Documentais, prevendo-se
para os próximos anos, a introdução de novos cursos nas áreas de comunicação e informação.
Nos termos dos seus estatutos, a ESJ tem como principais objectivos a realização de
actividades nos domínios do ensino, da formação profissional, da investigação e da prestação
de serviços à comunidade, regendo-se por padrões de qualidade que assegurem uma resposta
adequada às necessidades do país.

Neste panorama de crescimento e desenvolvimento vertiginoso da Universidade, a Biblioteca


Universitária vem a disponibilizar serviços e produtos informacionais que vão ao encontro dos
interesses da comunidade acadêmica. Neste contexto acadêmico, há um fluxo constante de
permuta de informações, onde se gera conhecimento advindo das pesquisas e estudos
realizados pelos pesquisadores. Estes, por sua vez, possuem elevado grau de escolaridade,
lidando continuamente com informação de caráter científico e tecnológico, “o que exige uma
evolução constante de seus saberes e habilidades para responder aos desafios das
transformações necessárias dos sistemas educacionais e informacionais.” (SANTOS; FREIRE,
2012, p. 41).

No tangente às informações técnico-científicas armazenadas em diversas fontes de pesquisa,


assim como ferramentas informacionais tecnológicas, o Bibliotecário é o mediador desta ponte
entre a informação e o docente, trabalhando em parceria, a fim de capacitá-lo na identificação e
utilização das diversas fontes de informação e serviços disponibilizados pela Biblioteca nas
mais variadas atividades ligadas às tecnologias da informação e comunicação.

Assim, esta pesquisa tem como ponto de partida o seguinte questionamento: qual o papel do
bibliotecário universitário na normalização dos trabalhos acadêmicos? Pelo exposto,
estabeleceu-se os seguintes objetivos: identificar o papel do bibliotecário universitário na
normalização dos trabalhos acadêmicos; delinear o nível de conhecimento dos bibliotecários na
normalização dos trabalhos acadêmicos; e, mapear quais as habilidades inerentes a competência
informacional destes bibliotecários.

2. ASPECTOS METODOLOGICOS

Para cumprir com os objectivos almejados, delineou-se uma pesquisa de cunho qualitativo
combinando-se a Pesquisa Bibliográfica. Segundo os autores CHUEKE e LIMA (2012, p. 03):

a abordagem qualitativa entende que a realidade é


subjetiva e múltipla, que ela é construída de modo
diferente por cada pessoa. Assim, o pesquisador deve
interagir com o objeto e sujeito pesquisado, a fim de dar
vozes a eles para construir uma teia de significados [...].
Pesquisa qualitativa é uma abordagem de pesquisa que estuda aspectos subjetivos de
fenômenos sociais e do comportamento humano. Os objetos de uma pesquisa qualitativa são
fenômenos que ocorrem em determinado tempo, local e cultura. Uma pesquisa qualitativa
aborda temas que não podem ser quantificados em equações e estatísticas. Ao contrário,
estudam-se os símbolos, as crenças, os valores e as relações humanas de determinado grupo
social.

A abordagem qualitativa exige um estudo amplo do objeto de pesquisa, considerando o


contexto em que ele está inserido e as características da sociedade a que pertence. Devido ao
caráter subjetivo de uma pesquisa qualitativa, é necessário realizar um trabalho de campo. O
campo é o momento em que o pesquisador se insere no local onde ocorre o fenômeno social.

A pesquisa bibliográfica, considerada uma fonte de coleta de dados secundária, pode ser
definida como: contribuições culturais ou científicas realizadas no passado sobre um
determinado assunto, tema ou problema que possa ser estudado (LAKATOS & MARCONI,
2001; CERVO & BERVIAN, 2002).

Para Lakatos e Marconi (2001, p. 183), a pesquisa bibliográfica,


“[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao
tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais,
revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, materiais
cartográficos, etc. [...] e sua finalidade é colocar o pesquisador em
contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre
determinado assunto [...]”.

Em suma, todo trabalho científico, toda pesquisa, deve ter o apoio e o embasamento na
pesquisa bibliográfica, para que não se desperdice tempo com um problema que já foi
solucionado e possa chegar a conclusões inovadoras (LAKATOS & MARCONI 2001).

Segundo VERGARA (2000), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já


elaborado, constituído, principalmente, de livros e artigos científicos e é importante para o
levantamento de informações básicas sobre os aspectos direta e indiretamente ligados à nossa
temática. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de fornecer ao
investigador um instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode
esgotar-se em si mesma.

O levantamento bibliográfico se fez necessário para o desenho de um repertório conceitual


necessário para imersão no objecto de análise. Consolidado o aparato teórico-conceitual,
avançou-se para a fase de colecta dos dados, através da aplicação da entrevista. GIL (1999, p.
120) explica que “o entrevistador permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas,
quando este se desvia do tema original, esforça-se para a sua retomada”.

Como técnica de análise de dados, usou-se a análise de conteúdo, na qual BARDIN (2011)
aponta que o termo análise de conteúdo designa:
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a
obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição
do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não)
que permitam a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas
mensagens (BARDIN, 2011, p. 47).
GODOY (1995b), afirma que a análise de conteúdo, segundo a perspectiva de Bardin, consiste
em uma técnica metodológica que se pode aplicar em discursos diversos e a todas as formas de
comunicação, seja qual for à natureza do seu suporte. Nessa análise, o pesquisador busca
compreender as características, estruturas ou modelos que estão por trás dos fragmentos de
mensagens tornados em consideração.

Segundo LAVILLE & DIONE (1999), por meio da análise de conteúdo, procura-se desmontar
a estrutura e os elementos do conteúdo, com vistas a esclarecer suas diferentes características e
significação. Contudo, eles alertam colocando que a análise de conteúdo não é, como se
poderia imaginar, um método rígido, no sentido de que, percorrendo uma sequência fixa de
etapas, fatalmente se obtêm os resultados desejados.

Quanto à operacionalização do método, observam os autores que uma das tarefas do


pesquisador deve ser efetuar um recorte dos conteúdos em elementos que deverão ser, em
seguida, agrupados em torno de categorias. Tais elementos vão constituir as unidades de
análise, no sentido de que "[...] cada um desses fragmentos de conteúdo deve ser completo em
si mesmo no plano do sentido" (LAVILLE & DIONNE, 1999).

3. REFERENCIAL TEÓRICO

A biblioteca universitária

A biblioteca é uma das instituições mais antigas do mundo. Embora tenha sido estruturada,
utilizada e gerida de forma diferente ao longo dos tempos, sua capacidade de adaptação em face
das transformações sociais torna-a um organismo mutante, o qual acompanha as mudanças e se
renova constantemente, garantindo sua perpetuação. Das páginas em argila às páginas da
internet, a biblioteca vem servindo o ser humano, principalmente quanto às atividades de
organização, tratamento, preservação e disseminação da informação produzida na sociedade.

É claro que o modelo de biblioteca na qual o concebemos na modernidade muito se distancia da


concepção adotada nos diferentes períodos históricos, sobretudo diante de sistemas ideológicos
e hegemônicos. No entanto, percebe-se no decorrer dos tempos, que a biblioteca sempre se
colocou a serviço de alguém, logo, ela torna-se uma instituição auxiliar, que contribui, que
oferece, que acolhe, que tenta solucionar problemas, que transforma.

Nota-se essa evolução, principalmente, no âmbito das bibliotecas universitárias, em que


produtos e serviços são oferecidos de modo a atender diferentes demandas, considerando,
especialmente, as atividades de ensino, pesquisa e extensão (CUNHA, 2010; PINHEIRO, 2013,
dentre outros), sendo que essas unidades realizam serviços de cooperação, por meio do uso a
redes e recursos eletrônicos de comunicação (CARVALHO, 2004). Devido à característica
específica da biblioteca universitária, qual seja, atender alunos, servidores e pesquisadores das
universidades, nota-se um trabalho tradicionalmente bem gerenciado e executado nesses
espaços, através da disponibilização de bens e produtos informacionais, atendendo os anseios e
expectativas demandados pela comunidade usuária (SANTA ANNA; PEREIRA; CAMPOS,
2015). Assim, funções informacionais constituem o centro das atenções dos profissionais que
atuam nos espaços de informação, no entanto, acredita-se que outras funções também podem
ser realizadas, haja vista, promover diversificação e inovação, como também atender outras
demandas voltadas para a cultura, demandas essas que vão além do tratamento e
disponibilização de coleções em acervos bibliográficos.

As bibliotecas universitárias são instituições de ensino superior e estão voltadas para atender as
necessidades de todos os membros da comunidade acadêmica da qual fazem parte, mas num
processo dinâmico, onde cada uma de suas atividades não é desenvolvida de maneira estática e
mecânica, mas com o intuito de agir interativamente para ampliar o acesso à informação e
contribuir para a missão da universidade.

Segundo OTLET (1989), uma biblioteca universitária se destina aos estudantes, aos


professores, aos especialistas e aos pesquisadores. Além delas, as bibliotecas científicas se
organizam dentro de institutos de pesquisa.

Há três tipos de usuários das bibliotecas universitárias: usuário direto, usuário autorizado e
usuário externo. Os usuários diretos são todas aquelas pessoas que estão inseridas na
comunidade acadêmica, ou seja, os alunos e professores. Os usuários autorizados são aqueles
usuários que, através de convênios (acordos), utilizam os serviços da biblioteca, sendo eles de
outra comunidade acadêmica. Os usuários externos são constituídos pela comunidade de fora
da academia. Há algumas bibliotecas que prestam serviços e produtos tanto para a comunidade
de educação básica quanto para a comunidade do ensino superior. (BATTLES, 2003).

Tais bibliotecas são chamadas de “bibliotecas escolares-universitárias”, que têm como funções
priorizar atividades para o desenvolvimento do ser humano. Isto significa que precisam
acompanhar as propostas do elenco das disciplinas, acompanhar as necessidades
informacionais da comunidade educacional. A finalidade da instituição educacional consiste
em preparar o educando para interagir na sociedade, contribuindo para o seu desenvolvimento
intelectual e pessoal. (MORAES, 2006, p. 9-10)

Diante de um cenário de transformações na sociedade, as tecnologias de informação e


comunicação operam como forças propulsoras que modelam as relações sociais, econômicas e
políticas, originando um novo tipo de sociedade; uma sociedade em constante evolução. Tais
tecnologias, além de interferirem no desenvolvimento da sociedade, acabam também se
adaptando àquela já existente. A biblioteca universitária é parte e resultado da sociedade na
qual opera, refletindo as características gerais do país, o seu grau de desenvolvimento, a sua
tradição cultural e seus problemas e prioridades socioeconômicas. (SANTOS, 2012
Os impactos sobre serviços interpessoais tradicionais desaparecem com a automação
provocando com isso novos serviços e as bibliotecas universitárias são essenciais nos processos
de pesquisa e inovação tecnológica de um país. As transformações no mundo e o surgimento de
bibliotecas vieram caminhando lado a lado. Das primeiras bibliotecas, onde a disseminação da
informação era nula, até as atuais bibliotecas - especificamente as bibliotecas universitárias,
onde a ação de democratização e socialização da informação buscam atingir a todos os que
procuram por conhecimento, aderiu aos processos tecnológicos, introduzindo a informação em
suportes eletrônicos em seus acervos.

A automação das bibliotecas e, consequentemente, dos serviços prestados aos usuários, que
implicam o uso cada vez mais constante das tecnologias de informação e comunicação, fez com
que a sociabilidade entre as pessoas envolvidas se modificasse substancialmente. Tais
tecnologias permitem a manipulação de diferentes mídias que possibilitam o estabelecimento
de uma relação direta e interativa entre o sujeito e o conhecimento científico (troca de
informações). Isso tudo trouxe maior rapidez no acesso e transferência da informação e também
autonomia em relação aos serviços mediados pelos bibliotecários no processo da busca de
informação, em escala mundial.

O papel do bibliotecário universitário na normalização dos trabalhos acadêmicos

O bibliotecário de referência, em tese, deveria apresentar preparo para atender a demanda de


seu público, possuir um bom domínio sobre o acervo de sua biblioteca, conhecer os
instrumentos de pesquisa e a literatura existente na sua área, saber ouvir e conhecer as
expectativas do usuário. O caráter investigativo deve nortear o trabalho deste profissional, não
devendo estar preso apenas a questões mecânicas e técnicas. Ele deve também assumir o papel
de pesquisador e tentar conseguir do usuário o máximo possível de informações para entender
suas necessidades de informação.

Precisa ser um profissional atencioso e respeitar as dificuldades do seu público que, na maioria
das vezes, tem grande dificuldade em explicitar suas dúvidas, o que o torna retraído em buscar
ajuda. Os usuários precisam de alguém que os auxilie a traduzir a linguagem naturalmente
usada no cotidiano para a linguagem controlada de uma unidade de informação. Esta linguagem
documentária construída com a finalidade de organizar a informação de maneira representativa
possui terminologia e estrutura diferentes e peculiares, uma vez que é representada por
catálogos, índices e números de classificação.
De acordo com FIGUEIREDO (1999b, p. 101), a observação do fator humano é fundamental,
não adianta disponibilizar uma coleção perfeita se o bibliotecário não souber adaptar os seus
recursos ao comportamento humano, lembrando que os usuários também são imperfeitos ao
buscar informações. A formação do bibliotecário como profissional da informação deve
objetivar a mudança de condição de um profissional organizador e armazenador de informação
para a condição de um profissional criativo, capaz de gerir e compreender as necessidades
informacionais de seu público, agregando valor e funcionalidade às informações.

São mediadores de pesquisas tanto os professores quanto os bibliotecários de referência, estes


últimos podem assumir diversos papéis dependendo da fase em que o pesquisador se encontra
em seu processo de busca da informação. Ele assume a posição de um simples orientador na
localização de documentos até a de um conselheiro na formulação do foco da pesquisa. As
novas gerações de estudantes estão familiarizadas com os buscadores da internet, mas isto não
significa que tenham noções de pesquisa no sentido cognitivo, eles apenas navegam na rede
através de palavras em linguagem natural. O bibliotecário mediador pode também orientar esse
público quanto a estratégias para recuperação de conteúdos mais pertinentes e relevantes ao seu
interesse. Uma das grandes dificuldades dos bibliotecários é o excesso de disciplinas técnicas
em sua formação inicial.

O espaço de atuação do bibliotecário compreende o setor de referência e o setor de


processamento técnico. Segundo CURY (2011), percebe-se uma divisão ideológica entre os
setores permeada por uma luta simbólica entre o fazer da referência e o fazer do processamento
técnico. Para ele o bibliotecário que atua no setor de processamento técnico opera no processo
de produção por unidade em que é possível observar uma racionalização em termos de
tratamento padronizado da informação, com ritmo, regulagem e interferência de constância, ou
seja, um trabalho que se expressa sem nenhuma interferência no saber humano.

Já para FIGUEIREDO (1992) no setor de referência se faz necessário que o bibliotecário sinta

o usuário como ser humano em busca de uma ajuda para resolver o seu problema de
informação como um alguém que pode ser totalmente estranho e às vezes até adverso ao
ambiente da biblioteca. Dentre algumas atribuições também é papel do bibliotecário, saber
como vencer as dificuldades criadas pelo usuário, bem como saber controlar os outros fatores
envolvidos no processo de atendimento para atingir a concretização da sua tarefa, que é a
prestação da informação solicitada pelo usuário dentro do menor prazo possível. Cumprindo
assim, uma das cinco leis da biblioteconomia -poupar o tempo do usuário.
De acordo com FIGUEIREDO (1992, p. 60), para que esta tarefa se realize se faz necessário
que o bibliotecário seja: conscientizado, alertado e treinado nas Escolas de Biblioteconomia a:

 sobrepor-se aos problemas do trato com o usuário como ser humano;


 orientar o usuário que desconhece a utilização plena do material informacional;
 vencer os problemas existentes na própria biblioteca;
 entender os problemas existentes nas fontes e recursos de informação.

PASQUARELLI (1993) afirma que os cursos de biblioteconomia oferecem aos bibliotecários o


embasamento necessário para o desempenho da profissão, mas não dão capacitação didática.
Admite-se também que a universidade se preocupa com os aspectos da profissionalização
rápida das pessoas, colocando-se como uma fábrica de tecnicistas que depois de preparados
formarão o quadro de mão-de-obra a ser explorado.

Em relação ao bibliotecário como professor/educador, JACKSON-BROWN (1993 apud


DUDZIAK; GABRIEL; VILLELA, 2000), afirma que, com o crescente uso da tecnologia, o
envolvimento dos bibliotecários e dos serviços de informação com as instituições de ensino e
pesquisa é cada vez maior. A expansão dos espaços educacionais promoveu também o acesso à
informação através da biblioteca e dos bibliotecários que são chamados para orientar seus
usuários no uso da Internet, no acesso às informações e na criação de uma consciência crítica
frente ao volume de informações disponíveis atualmente.

É sabido que as atribuições do bibliotecário de referência vão além do fato de esse profissional
ser um facilitador da informação. Cabe a esse profissional, assistir ao aluno/pesquisador com
programas de treinamento que os ensinem a normalizar seus trabalhos. Para isso, esse
profissional tem como incumbência criar um manual com conjunto de normas da ABNT
referentes à normalização documentaria: os famosos Guias para Elaboração de Trabalhos
Acadêmicos. Esses guias fornecerão apoio à normalização das monografias, dissertações e
teses. Vale lembrar que é dever de cada bibliotecário fazer com que o corpo docente e o corpo
discente universitário percebam a relevância de sua atuação, tão bem definida por MILANESI
(1993, p. 107):

Nesse sentido, cabe aos bibliotecários refletir no tocante às novas práticas, mudanças e
exigências dos usuários, avaliando as atividades e os serviços informacionais que virão suprir
as necessidades destes, ficando a par do elo estabelecido no universo bibliográfico,
relacionando-se com outras bibliotecas, instituições e ou organizações. O bibliotecário precisa
conhecer os diferentes recursos digitais e necessita assumir novos perfis, principalmente
perceber a importância do uso e da recuperação de informações para a geração e a transmissão
de novos conhecimentos.

De acordo com CABRAL (1999), o papel do bibliotecário, diante da força e do status adquirido
por essa nova ordem social na sociedade pós-moderna, deve colocá-lo numa posição
politicamente coerente e crítica, a fim de que possa atuar os novos serviços que advêm das
novas tecnologias e que englobam nos produtos e serviços tradicionais uma nova configuração
e outras possibilidades, como é o caso das redes sociais. Além desses aspectos, Andrade et al.
(2000) ressaltam que, com o crescente uso de fontes de informação on-line, a biblioteca
universitária necessita, também, migrar para a Era digital, prestando serviços que possam dar
suporte às atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Por outro lado, NATHANSOHN (2003) afirma que aqueles que lidam com a informação como
atividade final, se encontram mais que nunca, desafiados: as inovações tecnológicas vêm
encurtando o tempo e o acesso às informações de forma impossível de prever a poucos anos
atrás. Antes, as pessoas se deslocavam espacialmente em busca do saber, mas, hoje em dia,
“com o advento das redes, pela alta velocidade da transferência interativa, o saber virtualmente
se move em direção às pessoas.” (NATHANSOHN, 2003, p. 24).

Neste contexto, tudo é rápido e preciso como fecho de raio laser, “tempo é ouro” não podemos
desperdiçá-lo. A informação é o ponto chave para esse despertar de novidades tecnológicas.
Cabe às bibliotecas universitárias o papel de perceber e absorver esse fecho, sobretudo, pelo
fato dos docentes, objeto de estudo dessa proposta, estarem continuamente trabalhando na
realização de pesquisas e na publicação de artigos em periódicos científicos. Portanto, essas
bibliotecas têm o dever de diminuir a ansiedade pela informação de que estes usuários
necessitam, oferecendo serviços rápidos e precisos. Se conseguirem diminuir essa ansiedade,
estarão cumprindo seu papel.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Biblioteca Universitária assume o papel de mediadora entre a informação e o usuário,


buscando as habilidades necessárias para aprender a se informar e aprender a informar e sobre
onde adquiri-las. Desta maneira, os serviços e produtos informacionais oferecidos pela
biblioteca devem ser mediados pelo bibliotecário, enquanto intermediador do saber, no sentido
de transformá-los em importantes peças-chave no cotidiano das pesquisas e estudos
desenvolvidos pelos pesquisadores. Novas mudanças nascem nas bibliotecas, na formação dos
bibliotecários e em suas atividades e no setor de referência, principalmente, ocasionando uma
melhoria na oferta de produtos e serviços de informação, introduzindo dessa forma mudanças
no perfil original das necessidades informacionais do usuário. Nesta perspectiva, consideramos
a partir da análise e interpretação dos dados, que precisam conhecer e utilizar de maneira mais
direcionada os serviços e produtos informacionais oferecidos por essa unidade de informação.
E, mais especificamente, cultivarem o interesse pelo serviço de referência. Em contrapartida,
para que isto seja viabilizado é necessário que a biblioteca reestruture seus programas de
capacitação e, a partir daí, realize uma divulgação atrativa que tenha repercussão junto ao corpo
docente, caminhando ao encontro de suas necessidades/habilidades informacionais.

REFERÊNCIAS
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