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24 12 Fevereiro 2009

COMUNIDADES
Trabalhadores sazonais em risco Raptado na Nigéria PCP aborda reformas dos emigrantes
Os colegas de José Luís Rosa, o
O embaixador de Portugal na Suíça disse que se o “não” vencer português que foi raptado por Deputados PCP vão reunir-se com responsáveis do Instituto da
no referendo sobre a recondução do acordo de livre circulação, um grupo de cinco homens Segurança Social para as Relações Internacionais, com o
haverá consequências para os trabalhadores sazonais armados, na Nigéria, acreditam objectivo de falarem sobre as reformas dos emigrantes. “As
portugueses. “Se a maioria optar por não prolongar o acordo e a que o emigrante será libertado estimativas apontam para que mais de 600 mil emigrantes
sua extensão à Roménia e à Bulgária, aí há uma consequência brevemente, com base nas portugueses em França venham a reformar-se nos próximos
grave, sobretudo para a Suíça, que é a caducidade imediata dos informações que circulam na anos, pelo que é necessário ter desde já em conta o impacto que
acordos com a UE”, afirmou o diplomata. “Todas as pessoas que região e que apontam para o terão na sustentabilidade do sistema de segurança social, bem
estão ao abrigo deste acordo, como os trabalhadores sazonais sucesso das negociações entre as como a necessidade de melhorar a informação prestada, hoje e
portugueses, deixam de estar protegidas pelo acordo”, disse. autoridades e os raptores. num futuro próximo”, afirmou Jorge Machado, deputado do PCP.

CRIME POR DISTRAÇÃO


CARTA ABERTA A ANTÓNIO BRAGA
Camionista português
reage às acusações Será a comunidade portuguesa
O camionista português acusado de ter
morto uma família de seis pessoas, entre as
quais 4 crianças, poderia ter estado a usar
no Reino Unido como a “Feira Popular”?
Pergunta de António Cunha ao Secretário de Estado das Comunidades
um computador indicando rotas, enquanto
conduzia o seu camião, alegou a acusação, Depois de uma acarta enviada em Outubro de 2008, pelos como é possível deixar sair 4 funcionários dos dezasseis existentes,
em tribunal, no julgamento a decorrer em conselheiros das comunidades portuguesas no Reino Unido, que por falta de verba existente. Em seguida compara a nossa situação com
Chester, no norte do Reino Unido. Esta apesar de recebida pelo secretário de estado das comunidades, António os 69 funcionários consulares em Paris. Para além de achar estarmos
acusação teve origem no relatório da polícia Braga, não obteve resposta, António Cunha, numa carta aberta à SECP, perante uma Estado “caloteiro”, que não paga convenientemente os
que diz ter encontrado um computador no questiona as promessas e pergunta se os portugueses no Reino Unido seus funcionários e, para fugir às suas obrigações, os “contrata através
camião que Paulo Nogueira da Silva serão “cidadãos de segunda”, se “não merecem o respeito” das de uma agência de emprego.”
conduzia, junto à consola e virado para o autoridades e, face às promessas não cumpridas, quem “faz a avaliação “Como é possível não apostar num quadro próprio de funcionários e
lado do condutor. O procurador Andrew dos diplomatas, das decisões da secretaria de estado e das políticas na sua formação numa lógica de prestação de serviço regular de
Thomas, responsável pela acusação, afirma governamentais?” qualidade?” – que a seu ver é prejudicada pela contratação de pessoal
que este estava a olhar para um computador Face ao desnorte e à incapacidade do Estado português em gerir as a prazo das agências.
portátil quando chocou com a carrinha que redes consulares, António Cunha sugere que se “privatizem os António Cunha afirma que as “implicações” desta atitude leva a que
estava parada numa fila da auto-estrada M6, consulados (.) o que provavelmente pouparia em despesas de as marcações para os “registos de nascimento sejam efectuados”,
no norte de Inglaterra. Paulo da Silva nega património (.) sem falar em salários de diplomatas, que pouco fazem e quando as crianças já atingiram os 3 meses de vida. Passaportes e
as acusações. A colisão resultou na morte de pouco podem fazer.” Bilhetes de Identidade estão a demorar um mês e meio. As procurações
uma família de seis pessoas, um casal galês António Cunha continua por dizer que a secretaria de estado decide e traduções, recentemente reiniciadas, vêem-se agora novamente sem
e os seus quatro filhos menores, que de uma forma prepotente, sem consultar as comunidades portuguesas recursos. A Técnica Social recentemente reclassificada, é chamada
seguiam numa carrinha. Esta foi abalroada emigradas, como, por exemplo, a “anulação do voto por agora a desempenhar outras funções que não aquelas para as quais foi
pelo camião de Paulo Silva, chocou com correspondência” sem terem sido criadas alternativas. nomeada... e os Portugueses com necessidades sociais, ficam
outro pesado e pegou fogo, em Outubro O Conselheiro diz mesmo que lhes é pedido que “não façam barulho novamente desamparados.
passado. Paulo da Silva - que está em prisão em ano de eleições”, só que, para os portugueses aqui emigrados, as Todas estas dificuldades criadas deliberadamente pelo Estado
preventiva em Inglaterra desde a altura do condições de “vida, profissão, nem as dificuldades” melhoram só português têm por intenção dar a entender, publicamente, que as
acidente - nega esta versão e diz-se inocente porque há eleições em Portugal. solicitações diminuíram e que não há necessidade de reforçar a rede
das 12 acusações pelas quais responde. A seu ver é necessário sim melhorar os serviços de apoio à consular no Reino Unido.
O procurador Andrew Thomas referiu ainda comunidade portuguesa e, por isso, não seria melhor investir a receita Segundo declarações do actual cônsul geral, José Leão, a um jornal
que Paulo da Silva, de 46 anos e residente dos emolumentos consulares, para “melhorar as condições da própria de emigração, isto já está a acontecer, com uma redução de 10 mil
em Múrcia, Espanha, tinha todas as rede consular?” actos consulares entre 2006 e 2008.
condições para evitar o choque: “Se ele Será, para o governo português, a situação dos portugueses no Reino A terminar António Cunha pede a António Braga para não ignorar,
estivesse a olhar teria visto que havia uma Unido como gerir “a Feira Popular”? (.) Mais uma moedinha... mais uma mais uma vez, as reivindicações dos portugueses no Reino Unido,
fila de trânsito. Estava numa recta com mais voltinha”... mais um ano... mais um Cônsul Geral...”, continua António recordando-lhe as suas competências quando nomeado para o cargo.
de uma milha”. Para a acusação, só o facto Cunha, que acrescenta que o presente cônsul geral está apenas de “O não reconhecimento oficial de que a situação no Reino Unido
dele estar a olhar para o computador passagem. “Como podemos pensar em estabilidade. Como podem os merece uma atenção diferente, fará com que a comunidade portuguesa
explica a colisão com a carrinha onde Portugueses contar com uma melhoria efectiva nos serviços se ainda não considere outras formas mais visíveis de fazer ouvir a sua voz. Por
seguiam David, Michelle Statham e os é desta que teremos um Chefe de Posto que cumpra o termo de serviço”. certo que Londres já se habituou a acções de defesa por causa justas e
filhos. O caso de Paulo Silva vai ser Nesta segunda carta dirigida a António Braga, Cunha questiona estamos certos que, com prazer, acolherão mais uma.”
apreciado por um júri de 12 elementos.
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