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CYAN MAGENTA AMARELO PRETO TAB SAÚDE, CIÊNCIA & VIDA 12

Saúde
Ciência&Vida
ONU alerta que o lixo
gerado por populações
e economias
crescentes pode
12 QUARTA-FEIRA destruir áreas costeiras
JORNAL DO BRASIL
18 DE OUTUBRO DE 2006
saude@jb.com.br e recifes de coral

INTERNET I Vinte usuários de programas de troca de música são os primeiros processados


DEISI REZENDE

Aberta a caça
ao internauta
brasileiro
Juliana Anselmo da Rocha Atab, advogado do escritório
Dannemann Siemsen.
Desde ontem, o Brasil faz A crítica de que os processos
parte do grupo de países com in- atingem os próprios consumido-
ternautas processados pela tro- res da indústria fonográfica é re-
ca de músicas. A Federação In- batida pela IFPI.
ternacional da Indústria Fono- – Os usuários de redes de
gráfica (IFPI, em inglês), que já troca de arquivos não são nossos
acionou milhares de americanos clientes – afirma o presidente da
e europeus, anunciou em Copa- associação, John Kennedy. –
cabana que está aberta a caça ao Não existe diferença entre fazer
internauta brasileiro. o download de uma música e
Para “educar internautas e roubar o CD.
para alertá-los sobre a gravidade No entanto, pesquisa enco-
da violação dos direitos auto- mendada ao Instituto Ipsos pela
rais”, a IFPI e a Associação Bra- ABPD mostra que os usuários
sileira de Produtores de Discos de programas de troca de arqui-
(ABPD) moverá processos cí- vos compram CDs. No estudo,
veis contra 20 usuários brasilei- 8% dos brasileiros maiores de
ros selecionados na primeira le- 15 anos fazem download de mú-
va. Suas identidades não foram sica. No último trimestre de
reveladas, mas Paulo Rosa, dire- 2005, foram 1,1 bilhão de faixas
tor-geral da ABPD, disse que os baixadas.
escolhidos têm entre 3 mil e 6 Kennedy reconhece o impac-
mil músicas nos seus HDs para to limitado da iniciativa. Os pri-
trocá-las em programas como meiros processos coordenados
Kazaa e eMule. foram movidos em 2004. Em
– A internet não pode ser dois anos são mais de 20 mil
transformada em terra de nin- ações em todo mundo.
guém. As mesmas ferramentas – É muito difícil mudarmos
que facilitam a distribuição ile- hábitos. O impacto se dá sobre
gal permitem o controle do con- os novos usuários, que compre-
teúdo – disse Rosa. endem os riscos e passam a
A forma de obtenção dos da- comprar música legalmente.
dos dos usuários sugere invasão Marcelo Maia, da gravadora Kennedy lançou cartilha e software que detecta programas de troca de arquivos no micro
de privacidade. Os programas de Warner, observou que é impor-
troca mostram apenas o IP, en- tante que as ações de represália
É preciso Os usuários de A legislação atual

“ “ “
dereço do computador conecta- sejam lançadas depois da criação
do à internet. Para descobrir a de alternativas legais para a ob- verificar o sigilo redes de troca de não permite
identidade de quem estava co- tenção de música pela Rede. Os
nectado é preciso entrar em provedores Terra e UOL lança- determinado nos arquivos não são copiar uma música
contato com seu provedor. O da- ram recentemente suas lojas contratos com os nossos clientes de CD comprado
do é sigiloso e protegido pela le- virtuais de música, que se junta- provedores para um tocador
gislação brasileira. ram à iMusica já existente.
– É preciso verificar o sigilo
Rafael Atab , advogado do John Kennedy, presidente de MP3
escritório Dannemann da IFPI Ronaldo Lemos, advogado
determinado nos contratos com I Leia e opine no JB Online. Siemsen. da FGV
os provedores – explica Rafael www.jb.com.br/24 horas

ARQUIVO JB

IBarrada, obtidos pode representar lesões


ao consumidor e de privacidade.
fala isso acha melhor processar
do que criar modelos de negócio
FGV apóia – A FGV defenderá quem for
processado. Se a indústria musi-
para que a tecnologia faça as pa-
zes com o direito”.
processados cal está pronta para atacar a so-
ciedade brasileira, é importante
A IFPI estendeu ao país uma
campanha sobre as implicações
que saiba que há instituições do download de conteúdo não
Advogados da Fundação Ge- prontas para defender o interes- autorizado. A organização distri-
túlio Vargas foram proibidos de se público – assegurou Lemos. buirá uma cartilha em universi-
entrar na apresentação sobre os O advogado é representante dades, cibercafés e empresas,
20 processos contra usuários no Brasil do Creative Commons além de um software para iden-
brasileiros. A FGV é observado- (CC). A iniciativa apresenta um tificação dos programas de troca
ra permanente da Organização modelo gradativo de proteção de arquivos no computador.
Mundial de Propriedade Inte- dos direitos autorais de obras A FGV, com outras organiza-
lectual, vinculada à ONU. como textos, música, fotos. ções internacionais, defende a
– Estávamos inscritos, mas – O CC é horroroso. Não sei mudança na lei brasileira de di-
fomos barrados – conta Ronaldo como o ministro Gilberto Gil po- reitos autorais.
Lemos, coordenador do Centro de defendê-lo – disse Fernando – A lei antiga, de 1973, era
de Tecnologia e Sociedade da Brant, presidente da União Bra- melhor que a atual, de 1998. Ela
Escola de Direito da FGV. – Fi- sileira de Compositores. é uma contradição entre a tecno-
camos chateados. Não vejo ra- Hoje, o Creative Commons logia e a experiência do cidadão.
zão para a proibição. tem 140 milhões de obras licen- A legislação não permite copiar a
Lemos ressalta que a forma ciadas em 50 países. Lemos cri- música de um CD comprado pa-
No fim de 2005, 1,1 bilhão de músicas foram baixadas como os dados dos usuários são ticou Brant, dizendo que “quem ra um tocador de MP3.

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