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O desafio da violência e da guerra

A guerra e a violência sempre foram opções plausíveis: intervenções armadas humanitárias, guerras preventivas, guerras
cirúrgicas, intervenções que se justificam com a exportação da democracia, choques de civilizações, são conceitos cada vez
mais disseminados pelos poderes políticos e económicos que acabam por penetrar na opinião pública de todo o mundo.
Povos inteiros vivem situações desumanas de violência e numerosos conflitos são provocados ou perpetuados em função dos
interesses de poucos. Como será possível aprofundar uma sábia política multilateral, corajosa na defesa dos mais
desprotegidos e, ao mesmo tempo, fazer crescer e amadurecer uma sociedade civil vigilante, capaz de denunciar e de se
mobilizar, que seja consciente do próprio poder e da forma como o pode utilizar para reabrir a esperança do fim da guerra e da
promoção plena de totalidade dos direitos humanos para todos?

O desafio da governação
É o desafio que mais interpela a política simultaneamente nos seus vários níveis: local, nacional, europeu, internacional,
mundial. As categorias tradicionais da política tornaram-se obsoletas no momento em que parece indispensável uma nova
arquitectura de gestão do poder que dê vida às instituições do futuro a partir da participação activa dos cidadãos e das cidadãs
e das suas organizações, da recriação do papel e dos formatos dos partidos políticos, da relação transparente e saudável com
o poder económico, do reconhecimento da pluralidade de pensamentos e acções existentes nas nossas sociedades e do
diálogo multilateral entre a diversidade de espaços políticos que se têm vindo a afirmar em todo o mundo. Como podemos
contribuir para fazer florescer formas mais eficazes da democracia deliberativa, tanto directas e participativas como
representativas, tanto nos contextos locais como globais?

O desafio da governação
É o desafio que mais interpela a política simultaneamente nos seus vários níveis: local, nacional, europeu, internacional,
mundial. As categorias tradicionais da política tornaram-se obsoletas no momento em que parece indispensável uma nova
arquitectura de gestão do poder que dê vida às instituições do futuro a partir da participação activa dos cidadãos e das cidadãs
e das suas organizações, da recriação do papel e dos formatos dos partidos políticos, da relação transparente e saudável com
o poder económico, do reconhecimento da pluralidade de pensamentos e acções existentes nas nossas sociedades e do
diálogo multilateral entre a diversidade de espaços políticos que se têm vindo a afirmar em todo o mundo. Como podemos
contribuir para fazer florescer formas mais eficazes da democracia deliberativa, tanto directas e participativas como
representativas, tanto nos contextos locais como globais?

CADERNO 1
O mundo em que vivemos e os seus desafios

Este documento foi elaborado em 2008 no contexto do Projecto de Educação para o Desenvolvimento "Conectando
Mundos", coordenado pela ONGD italiana UCODEP e na qual participam igualmente a Intermon Oxfam (Espanha), a
Inizjamed (Malta) e o CIDAC.Todos os materiais estão disponíveis em www.cidac.pt e em www.educiglo.net

"Este documento foi produzido com o apoio da União Europeia. O conteúdo do documento não pode, em caso nenhum, ser tomando como
expressão das posições da União Europeia”
O mundo em que vivemos e os seus desafios
O mundo em que vivemos e os seus desafios O desafio mediático
Porque estamos a viver acima das capacidades do planeta e do ecossistema e porque a repartição do poder, da riqueza e do A influência da informação sobre a construção da opinião pública é cada vez maior: os meios de comunicação de massa e os
bem-estar é cada vez mais desigual, nas últimas décadas tem aumentado o conhecimento de que o actual modelo de novos meios de comunicação constituem-se como uma das mais importantes chaves de acesso ao debate público na
desenvolvimento é insustentável. moderna “agora” global. Mas o aparecimento de sofisticadas tecnologias de informação e comunicação significou, para
Mais de mil milhões de pessoas sobrevivem com menos de um dólar por dia, mais de 800 milhões estão mal nutridas e mais de muitos, o aumento da distância entre os que têm acesso ao conhecimento e à informação e os que não têm, fazendo crescer a
dois mil milhões e meio de pessoas não têm um acesso adequado à água e ao saneamento básico. A pobreza e a exclusão pobreza e a exclusão social. Ao mesmo tempo vão também crescendo meios de comunicação alternativos. Como aprender a
social não acontecem exclusivamente no Sul, são situações que acontecem também nas economias em transição e nos interrogarmo-nos sobre as regras que governam o sistema mundial da informação e das comunicações, a compreender como
países industrializados onde 30 milhões de pessoas estão desempregadas. Em 400 milhões de habitantes da União Europeia, funcionam os media e que oportunidades e obstáculos colocam na construção de um mundo mais justo e solidário, a reduzir o
60 milhões vivem abaixo do limiar da pobreza e 2,7 são milhões são pessoas sem abrigo. A discriminação de género continua a digital divide e a promover formas e canais de informação mais acessíveis, democráticos e plurais?
ser um facto espalhado em todo o mundo a nível social, cultural e económico e, muitas vezes, também a nível institucional.
(deviam ser colocadas as fontes onde foram encontrados estes dados) O desafio multicultural
O mundo é atravessado por processos sociais, económicos, políticos e culturais que estão a transformar profunda e Cada vez mais as identidades culturais e os interesses das minorias são excluídos do sistema económico global. Mas também
rapidamente o nosso contexto. Os homens e as mulheres de hoje estão mais ligados e interdependentes o que poderia cada vez mais, tanto os indivíduos como as sociedades, afirmam e se reclamam de múltiplas pertenças, ao nível identitário,
reforçar a consciência de estarem unidos numa única comunidade de origem e de destino, de pertencerem ao género humano cultural, territorial... A aprendizagem da interligação e interdependência entre esta variedade de referências é fundamental
e aos habitantes da terra, mas o reconhecimento dos valores individuais, a aposta no mercado como o principal regulador das para que as pessoas e as comunidades não se sintam ameaçadas na sua integridade e consigam fazer as suas escolhas em
nossas sociedades e o crescendo do espírito de competição tendem a esbater este sentimento. cada situação, em cada contexto, de forma coerente e construtiva. Como co-construir em permanência uma ética e práticas
No entanto, continuam a existir inúmeros esforços para emergir do “mundo em que vivemos” para “o mundo que queremos (políticas, económicas, sociais, culturais) que tornem possível a vivência em sociedades simultaneamente plurais, geradoras
para viver”. Novos espaços e novas formas de incentivo ao pensamento reflexivo, ao debate democrático, à formulação de de inclusão e coesas?
propostas alternativas, à troca de experiências e à acção conjunta têm sido criados.
No cruzamento entre as oportunidades de mudança e as interrogações que algumas das grandes tendências do mundo O desafio da relação entre o progresso da técnica e da ética
contemporâneo nos colocam, encontramos os desafios que nós e as futuras gerações temos pela frente. Com as nossas No mundo actual o progresso da técnica está muitas vezes mais ao serviço dos interesses económicos do que da vida humana
opções de hoje construímos o que será amanhã. e da saúde de todas e todos. Casos como o dos organismos geneticamente modificados (OGM), que se expandem apesar dos
danos que podem causar às pessoas e à natureza, dos produtos farmacêuticos que se mantêm inacessíveis a grande parte da
O desafio da globalização população mundial porque estão protegidos por patentes ou da investigação que dá prioridade a quem nela investe e não a
Estamos perante um processo de concentração do capital que, obedecendo às forças dominantes do mercado e do modelo quem dela necessita para sobreviver e viver com dignidade e bem-estar, colocam a questão: como conciliar a investigação e o
neoliberal (baseado no individualismo, na precariedade e na competição) desencadeia o aumento desmesurado da pobreza e progresso da técnica com uma ética a favor das pessoas e do planeta?
da exclusão social, bem como o crescimento das migrações forçadas. Daqui decorrem graves riscos para a vida democrática,
as economias e as culturas locais e a expressão da diversidade humana e planetária. Todavia, sabemos que a globalização O desafio do ambiente
encerra também enormes potencialidades em termos de solidariedade, participação e acção comum. Como podemos reforçar O tecido ecológico da nossa existência está a deteriorar-se, como é testemunho a perda da biodiversidade (causada,
as alianças entre todos aqueles – pessoas e organizações - que querem construir neste contexto o mundo alternativo que nomeadamente, pela desflorestação e pelo desfrute incontrolado da pesca), o impacto que os nossos estilos de consumo
ambicionamos? estão a ter sobre o ambiente e sobre a nossa saúde e a tendência de privatização e liberalização de bens comuns da
humanidade, como a água e as sementes. Até ao presente o mito do crescimento e do desenvolvimento não assegurou o bem-
estar e a redução da pobreza que tinha prometido, antes pelo contrário, está a colocar em risco o futuro do planeta. Como lutar
contra a degradação do ambiente, contra as alterações climáticas, contra a redução da biodiversidade, pelo direito à água,
pelo direito a usufruir de todos os bens essenciais à vida, pelo direito à segurança e à soberania alimentar para todas as
pessoas, desafiando os actuais contextos culturais, sociais e políticos e os estilos de vida pessoais e comunitários
prevalecentes?

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