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Recenso crtica do livro: Agier, Michel (2011), Antropologia da Cidade. Lugares, situaes, movimentos, So Paulo, Editora Terceiro Nome, 213 pp. A Antropologia Urbana tem sofrido um mal de nome. O termo evoca a disciplina me, a Antropologia, mas antes de mais um mtodo para os cientistas sociais que se ocupam da cidade contempornea. Se o termo geral Estudos Urbanos condensa o vector multidisciplinar na abordagem das cidades, ele esquece a necessria Antropologia, no sentido do estudo do homem, neste caso do citadino, entenda-se. Michel Agier est bem ciente desta evidncia, por isso ao longo do livro transcorre um teor que parece procurar defender o mtodo da Antropologia Urbana. No Brasil, a Antropologia Urbana no carece de defesa ela est bem enraizada em vrias escolas com centros de investigao dinmicos como so bons exemplos o Centro de Antropologia Urbana, da UFRJ e o Ncleo de Antropologia Urbana, da USP; e a nvel de divulgao conta com muitas publicaes de investigadores nacionais e internacionais em lngua portuguesa. No entanto, o autor, que estudou vrios anos no Brasil mas cujo pas de origem, Frana, preconiza sobretudo o termo geral Estudos Urbanos, vem fazer a apologia do uso da Antropologia Urbana no estudo das cidades, evidenciada atravs de propostas tericometodolgicas concretas. Os prefaciantes deste livro, Graa Cordeiro e Heitor Frgoli, tambm eles antroplogos urbanos, resumem assim o objetivo central da ltima obra de Michel Agier: Para compreender antropologicamente a cidade preciso esquecer a cidade. Esse um dos pontos de partida deste livro, que se prope a conhecer as cidades a partir dos citadinos e de sua experincia cotidiana, de seus lugares de vida e situaes concretas (.) (p.19). So duas ideias centrais que nunca desaparecem ao longo do livro, de facto: so os citadinos que nos informam melhor sobre a cidade e as situao por eles vivenciadas configuram os melhores nichos de observao e anlise. De resto, todo o prefcio apresenta no s a obra nas suas diferentes dimenses como o percurso de investigao do autor, com vasto trabalho de campo em cidades brasileiras, europeias e africanas e reconhecido mrito na literatura da Antropologia Urbana. A melhor recenso crtica a esta obra est feita logo no Prefcio, que no deve ser negligenciado no todo da obra.