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Ponto G... H... I... J...

por Alessandro Ezabella Escrito em: julho/2009

Um assunto controverso mesmo entre os estudiosos O ponto G seria, portanto, apenas mais uma de
da sexualidade humana é a existência do ponto de tantas zonas erógenas capazes de proporcionar prazer
Grafenberg, popularmente conhecido como ponto G. à mulher. A grande diferença é o mistério em torno
O mais interessante a respeito do assunto é que de sua localização não muito acessível - na parede
passados 59 anos que o ginecologista alemão Ernst anterior da vagina e abaixo do osso púbico - e o prazer
Grafenberg dedicou-se ao assunto, até hoje não houve intenso que ele poderia proporcionar.
nenhuma comprovação científica a respeito de sua
existência.

E com isso cria-se mais um tabu: as mulheres querem


achar seu ponto G! O fato se agrava quando dão uma
localização aproximada dele e a mulher busca, muitas
vezes em vão, aquele prazer sensacional que o ponto
G supostamente poderia lhe proporcionar.

A pergunta que faço é: vale a pena tanta preocupação


com algo que sequer possui uma comprovação
científica?

O que mais me preocupa nesta história são os


padrões normativos impostos, ou seja, neste caso, se a
mulher não encontra seu ponto G - afinal, se ela o
procura é porque acredita na sua existência - ela se
sente anormal ou inferior, o que é uma grande
bobagem.
Agora faço uma pergunta à leitora ou leitor: se é feito
Um dos meus esforços é fazer com que a leitora (e
um esforço tão grande para encontrar um pontinho
seus parceiros ou parceiras) faça uma análise crítica de
escondido, por que o mesmo esforço não é feito com
algumas questões e, a partir disso, foque sua atenção
zonas erógenas bem mais acessíveis?
em questões reais e concretas.
O corpo humano possui zonas erógenas tão diversas
As especulações em torno do assunto são tantas que
que seriam capazes de esgotar as letras do alfabeto.
já inventaram o ponto G masculino (supostamente
Isso sem falar nas diferentes possibilidades de
localizado na próstata) e até pênis artificiais ou
estímulo destas zonas, que poderia se transformar em
acessórios semelhantes capazes de estimular o ponto
um jogo erótico onde um parceiro explora o corpo do
G.
outro e ambos descobrem novas formas de
proporcionar prazer, além do momento íntimo e de
Apesar de toda essa especulação em torno do assunto,
descontração que desfrutam juntos.
o ponto G - ou melhor, a procura por ele - trouxe
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uma contribuição importante principalmente para as
Alessandro Ezabella é psicólogo e psicoterapeuta sexual
mulheres, já que para encontrá-lo a mulher precisa se (CRP 06/55363-3). Mestrando em Psicologia Social pela
tocar, se propor a conhecer o próprio corpo. PUC-SP. Acesse o site: www.osexonu.com.br.

Texto publicado originalmente na seção Sexo sem Dúvidas da Revista Uma (agosto/09, ed. 104). Este
documento foi produzido pelo Psic. Alessandro Ezabella e está registrado sob uma licença Creative Commons
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