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Instituto Federal de Braslia

Exemplos Textuais

Texto 1

TABACARIA (Fernando Pessoa/lvaro de Campos - 1928)

No sou nada.
Nunca serei nada.
No posso querer ser nada.
parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhes do mundo que ningum sabe quem
(E se soubessem quem , o que saberiam?),
Dais para o mistrio de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessvel a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistrio das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroa de tudo pela estrada de nada.

Texto 2

Textos 3 e 4

1
Textos 5 e 6

Texto 7

Memrias Pstumas de Brs Cubas, de Machado de Assis


Captulo LXVIII: O vergalho

Tais eram as reflexes que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar
a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto que vergalhava outro na praa. O outro no se
atrevia a fugir; gemia somente estas nicas palavras: No, perdo, meu senhor; meu senhor, perdo!
Mas o primeiro no fazia caso, e, a cada splica, respondia com uma vergalhada nova. [...] Parei, olhei...
Justos cus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudncio, o que
meu pai libertara alguns anos antes. Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a bno; perguntei-
lhe se aquele preto era escravo dele. [...] Eu, em criana, montava-o, punha-lhe um freio na boca, e
desancava-o sem compaixo; ele gemia e sofria. Agora, porm, que era livre, dispunha de si mesmo,
dos braos, das pernas, podia trabalhar, folgar, dormir, desagrilhoado da antiga condio, agora que
ele se desbancava: comprou um escravo, e ia-lhe pagando, com alto juro, as quantias que de mim
recebera. Vejam as sutilezas do maroto!

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