Das tribos da Munducurucnia, eram os mais prsperos os maus.
Venciam as guerras, as colheitas eram fartas, as peas abundantes e as doenas raras. Todo esse bem-estar, diziam eles, decorria da presena de um certo curumim (menino) que h alguns anos nascera na tribo, e, por isso, a ateno e cuidados que lhe dispensavam eram enormes; se ia pesca, sua igarit era acompanhada de outras, com hbeis pescadores, que o desviavam das guas infestadas de piranhas, jacars ou puraqus; se entrava na mata, mateiros experimentados o afastavam das castanheiras em safra ou dos ninhos de tocandiras assanhadas. Mas, um dia, a vigilncia foi burlada... Jurupa, o gnio do mal, disfarado em cascavel, feriu o curumim, num bote certeiro. A tribo entrou em grandes lamentaes e durante horas seguidas as preces e os gritos de desespero se espalharam pelas florestas e guas negras do Mau- au. Tup atendeu as lamentaes e uma voz, que no se sabe de onde veio, determinou: Tirem os olhos da criana, plantem na "terra firmei reguem com lgrimas e deles nascer a "planta da vida", aquela que fortalecer os jovens e revigorar os velhos... Os pajs arrancaram e plantaram os olhos do curumim morto. Durante quatro luas, os guardas da preciosa sementeira velaram e regaram a terra com lgrimas. Uma nova planta surgiu, travessa como os curumins, procurando subir s rvores prximas, de hastes escuras e sulcadas como os msculos dos guerreiros. E quando frutificou, seus frutos de negro azeviche, envoltos no arilo branco e embutido em duas cpsulas vermelho-vivas, eram sem dvida a multiplicao milagrosa dos olhos do prncipe mau. E ela realmente trouxe o progresso da tribo, pelo abundante comrcio de seus gros, e os sbios confirmaram a lenda fortalece os fracos, conserva os jovens, rejuvenesce os velhos.