Mito de criação Karajá

de comprimento e 5 kg de peso. Ele habita

pequenos rios, igarapés e trechos de floresta
inundadas na bacia amazônica.

Ficam bem próximos da superfície, onde caçam

É um peixe carnívoro que se
alimenta de invertebrados aquáticos e terrestres,
como insetos e aranhas, além de pequenos peixes,
sapos, cobras e lagartos.

Costumam dar grandes saltos, de até 2 metros, para

apanhar insetos ou fugir de predadores como os
botos. Em águas pouco oxigenadas, o Aruanã põe a
cabeça para fora projetando o par de barbilhões da
boca para frente para conseguir oxigênio na
Jovem Karajá com pintura corporal e adornos de superfície.
miçangas e plumas.
Na Ásia, o aruanã dourado é uma das espécies mais
A região onde vivem os Karajá valorizadas no aquarismo e o seu valor pode chegar
a 300 mil dólares.
Os Karajá se concentram na Ilha do Bananal, a maior
ilha fluvial do mundo. Ela fica na divisa de Tocantins
com Goiás e Mato Grosso. A ilha é banhada pelos
rios Araguaia e Javaés em cujas margens se formam
praias de areia branca.

A ilha do Bananal é um santuário ecológico, com

uma exuberante e diversificada paisagem, marcada
pela transição entre os biomas Floresta Amazônica,
Cerrado e Pantanal. Ali se encontram onças-
pintadas, tamanduá-bandeira, cervos-do-Pantanal,
ariranhas, suçuaranas, cachorros-do-mato-vinagre,
botos e preguiças.
Peixe aruanã da Bacia Amazônica.
Tem mais de 650 espécies de aves, entre elas as
araras-azul, araraúnas, uirapurus, tuiuiús, garças- Os parques do Araguaia
moura, colheireiros, harpia e urubus-rei. Nos rios,
estão os jacarés-tinga, jacarés-açu, tartarugas-da- A ilha do Bananal tem dois parques nacionais. O
amazônia, jibóias e surucucus, além, claro, de peixes Parque Nacional do Araguaia, criado em 1959, é
como tucunarés, pintados, arraias, pirarucus e uma reserva ecológica administrada pelo ICMBio
aruanãs. (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade).

Peixe aruanã, o antepassado mítico dos Karajá
O aruanã tem o corpo coberto por grandes escamas
redondas prateadas ou douradas que parecem
moedas brilhantes. Quando adulto, chega a 1 metro
A Terra Indígena Parque do Araguaia, homologada
em 1998, abriga 15 aldeias indígenas das etnias
Karajá, Javaés, Avá-Canoeiro e Tapirapé. Desde o
ano de 1993, a Ilha do Bananal é considerada
Reserva da Biosfera pela UNESCO.

Saiba mais / outros recursos

Arte Indígena Brasileira. Quebra-cabeça.

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Povos indígenas do Brasil na época da colonização. Mapa mental para preencher.

https://studhistoria.com.br/produto/povos-indigenas-do-brasil-na-epoca-da-colonizacao-mapa-mental/

Povos Apiaká, Hercules Florence. Para colorir (GRATUITO)

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 Mito de criação Karajá
O mito de criação Karajá
No início dos tempos, só existia o Ser Supremo
Kananciué. Ele era só e único. Nem sequer
tinha corpo, porque era igual a um pensamento
bom. Ele não tinha idade, porque naquela
época não se contava o tempo.
Não havia céu. Tudo que existia era Kananciué;
o resto nem chegava a ser uma ideia, era o
nada.
Do nada, Kananciué fez a terra e devagar,
devagarinho, ele a foi transformando. Cavou o
chão, abriu valas, juntou montes de terra e
criou as montanhas. Fez surgir cabaças com
água e as entornou sobre as montanhas. A
terra foi bebendo, bebendo até ficar
encharcada e começar a vazar na forma de
nascentes formando rios e lagos.
Kananciué fez crescer os cabelos da terra, as
árvores. Suas raízes rasgavam o chão e os
troncos subiam ramificando-se em galhos que
se cobriam de folhas e deram sombra. Depois
brotaram as flores perfumadas.
Com o sopro da vida, ele formou legiões de
kuni (almas) que são as poderosas forças
invisíveis da natureza e difíceis de serem
controladas.
Por fim, Kananciué criou os animais que
alegram e encantam a vida, numa canção de
muitos ritmos e cores maravilhosas. Para cada
animal ele deu uma alma.
No fundo rio, Kananciué colocou os peixes
aruanãs. Eles eram imortais e viviam felizes.
Não conheciam nada além dos rios e das águas.
Não conheciam o sol, nem a lua, nem as
plantas. Nem animal algum que não fosse dos
rios.
Mas havia uma coisa misteriosa onde os
aruanãs viviam: um buraco do qual vinha
uma luz que fazia brilhar as cores de suas
escamas e tudo que existia por perto. Os
aruanã aproximavam-se para ver o que era
aquilo, mas a luz era tão intensa impedia que
vissem algo além do buraco.
O Ser Surpremo havia proibido que
entrassem ali. Se desobedecessem,
perderiam a imortalidade.
Certo dia, um jovem aruanã mais audacioso,
atravessou o buraco foi ver o que existia do
outro lado. Ficou maravilhado com o que
descobriu! Era um mundo totalmente
diferente do seu. Uma paisagem
deslumbrante: as areias brancas do rio
Araguaia, o céu azul com um Sol radiante e
pássaros multicoloridos. Escutou a música
do canto das araras, periquitos e sabiás.
Muitos animais viviam em paz, um do lado
do outro: tamanduás, onças, cutias.
Ao anoitecer o jovem aruanã descobriu
outro cenário ainda mais bonito:
constelações de estrelas e a Lua prateada
iluminando as montanhas ao longe. Voltou
ao buraco, ansioso para contar a seus irmãos
e irmãs peixes tudo que tinha visto.
Com os olhos cheios de beleza, ele descreveu
as maravilhas que conheceu. Todos ficaram
encantados e, mesmo sem entenderem tudo
o que ouviam, quiseram também atravessar
o buraco luminoso e chegar a esse mundo
novo. Os peixes mais velhos e experientes,
lembraram:
Irmãos e irmãs, temos que respeitar nosso
Criador, que nos quer bem e nos fez imortais
assim como ele. Vamos falar com ele e pedir-
lhe a permissão.
Todos os aruanãs concordaram e assim
fizeram. Depois de ouvi-los, o Criador
Kananciué respondeu com um pouco de
tristeza por causa da desobediência do
jovem:
Entendo que queiram transpor o buraco
luminoso que os levará a outro mundo de
cores e beleza. Lá poderão contemplar a
majestade do Sol, o esplendor das estrelas, a
suavidade de Lua. Descobrirão flores, frutos
e animais. Poderão se divertir e se deliciarem
com as águas claras do rio Araguaia e suas
areias brancas. Dançar ao som do canto dos
pássaros. Mas vou lhes revelar algo que
desconhecem. Toda beleza daquele mundo é
efêmera como a borboleta que nasce hoje e
 Mito de criação Karajá

desaparece amanhã. Os seres de lá nascem,
crescem, envelhecem e morrem. Eles são
mortais. Vocês ganharão a liberdade, mas
perderão a imortalidade. A decisão é de vocês.
O que decidem? O que escolhe?
Houve um grande silêncio. Todos olharam para
o jovem que descobrira o mundo da liberdade.
Todos estavam encantados com a possibilidade
de viver a beleza confirmada pelo Ser Supremo
Kananciué. Então, responderam:
buraco, vocês serão mortais, mas totalmente
livres. Não deixe que lhes roubem a liberdade.
E todos aqueles aruanãs passaram
entusiasmados pelo buraco luminoso para
chegar ao mundo da beleza efêmera e alegrias
finitas. Kananciué permitiu a transformação
lenta e progressiva dos peixes em outra espécie
animal, que antes não existia. E assim, surgiram
os mais inteligentes e alegres seres que
habitam a terra: os Inã-Son-Wéra que significa

Sim, pai, queremos ir viver no paraíso

encantado dos mortais.
O Ser Supremo falou-lhes pela última vez:
Aceito a decisão de vocês porque acima de
tudo prezo a liberdade. Vocês trocarão a
imortalidade pelo dom precioso da liberdade.
Saibam que quando passarem por aquele
Até hoje os Karajá vivem naquele paraíso, às
margens do rio Araguaia. Nem todos aruanãs
passaram pelo buraco. Muitos continuam
vivendo como peixes. É comum verem os
aruanãs saltando da água para comerem
insetos. Os Karajá avisam seus irmãos e irmãs

Os aruanãs saíram do rio e se transformaram nos Karajás. Ganharam a liberdade, mas perderam a imortalidade. Ilustração
criada pela IA (Inteligência Artificial). Será que a IA fez um aruanã correto? Pesquise sua imagem e compare com a imagem
acima. Que tal você criar outra imagem baseada no mito de criação Karajá?