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Revista

Brasileira de
Folclore

18
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
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Revista
Brasileira de
Folclore .. •·

Ano VII N? 18
maio/agosto de 1967

Ministério da Educa(;áo e Cultura

Campanha de Defesa do
Folclore Brasileiro
Abguar Bastos Amazonia:
lntroduc;ao a
Litofábula

NAS REGióES DE CACHOEIRAS e serras, principalmente junto aos pata-


mares que descem do maci~ central brasileiro e do sistema que forma o
escudo das guianas, o fabulário amazónico encontra na pedra um de seus
repositórios mais constantes, a implementar seus mitos e mágicas.
No elemento litico e na argila, assim como nas cismas do solo e, mesmo,
algumas vezes, coro ilncursóes por mundos subterraneos, o hornero p.r imitivo da
Amazonia f oi buscar as p~s de seu artesanato fabulista. Serras e cachoeiras
consagraram-se como locais de descida ou aparicóes de deuses ou mensageiros
celestes ou como pátios de mágicas e refúgios.
Mas é preciso salientar que alguns mitos surgidos sob inspiracao do
ambiente orogenico vieram estatelar-se nas regióes de floresta, ao acompa-
111harem as migracóes das tribos descidas dos altiplanos, pelo Trombetas ou
Nhamundá, 1ao norte, pelo Araguaia, Tapajós e Xingu, ao sul.
Assim como o Fogo, a Pedra se vinculou a Agua na contestura das
tramas. Nao faltam serras e cachoeiras nos dilúvios ou nas condenacóes por
terem sido violadas, nos rios, as regnas <litadas pelas poderosas figuras
aquáticas.
Nas regióes do al.to Tapajós, o aspecto litico apenas reimplanta no incola
as mais antigas tnadicóes .ligadas a geología serrana, ainda que seus novos
rumos o levassem a desfrutar o ref.rigério floristico da Hiléia.
Ai estáo, por exem.plo, os Mundurucu, para quem o céu é urna imensa
pedra polida, cheia de buracos, de um deles tendo descido seu ancestral Oaru-
Sacaibo. Nada mais belo do que admirar o céu limpo e azul, lustroso e ful-
gurante, na forma de urna bela safira ou de um gigantesco gnaisse. Seria,
aos olhos do selvagem, como a abóbada de urna gruta ou de urna caverna, onde,
há milenios, se refugiavam seus antep¡assados.
A atracáo p'elas ser.ras deriva em parte por seus terracos elevados que
parecem mais próximos do sol, da lua e das constelacóes, onde o nativo vai

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encontnar antigos e sucessivos heróis fecU1n dadores ou de cultura, com intens.as.
vocacóes mágicas.
Os antigos . povos acpavam que seus altares deviam situar-se em lugares
elevados, para o que edificavam patamares ou tór.res. Náo sendo construtores
de templos, nossos indígenas se contentavam em transfo,rmar as serras ou
montes em lugares sagrados, a céu aberto, mas reservado aos graindes feiti- ·
ceiros ou chefes tribais.
Antes, naturalmente, de exercer a sua imaginacáo fabulosa ou aceit1a.r as
composicoes que imigravam de outros longes, o indígena da Amazonia reco-
nheceu a utilidade lítica em sua própriJa sobrevivencia, da pedra fazendo
machados, amacia dores de cuia, perfuradores, trempes. Os primitivos fogóes
f oram baseados em blocos rasos de pedras. Rossini Tavares de Lima registro u
o itacuru em Sao P1aulo, que é o mesmo itacuru dos Emerenhom ou itacu ru.á
(«sapos de pedra»).
A pedra serviu para os sinais ideográficos, como os de Arencre e Can-
tagalo, no Tapajós e que, para os Mundurucu, teriam sido g,raviados por
Caru-Sacaibo quando, abor.recido com o mundo, se. retirou para o céu. Na
pedra, os P1akaraó deixavam o seu sinal, para indicar aos que vin,ham atrás
o rumo da Ilha do Fogo.
Entre os Uanana, ITTa festa da Puberdade, o pajé escolhe a ser;ra pata ir
fazer suas exortacóes (Brandáo do Amorim). Confo,r me suias invocacóes escolhe
a de Kurikuriahi, a · de Kabari, a de Kuriari, a de Tunuhi ou a de Jacamim.
O pajé Supi (río Negro) costumava, paria seus sortilégios, refugiar-se na
se.r.ra do Arubone.
O ax.ta bohá dos Tucano, é a pedra clara (peda<;o de quartzo), lisa, de
forma cilíndrica, usada no pesco<;o pelos tuxáu1as e significa o p<;>der.
Se os Nambiquara usam o' diábase para os seus machados, os Kalapalo
fazem, de pedras especiais, as pantta s de suas flechas.
Do Furo das P edras teriam saído, do fundo do r ío, os primeiros Carajá.
Os Xerente fazem suas festas de .louvo.r ao Buriti e a Pedra. Esta se
chama k sire e t em a forma de um crescente, o que lev¡a a admitir-se que se
trata de um machado semi-lunar.
No barro, o indígena encontrou, por outro lado, através de sua fácil solidi-
ficacao ao sol ou ao fogo, o material por exceléncha para os primeiros· uten-
silios que lhe propo.rcionaram a melhor forma de aproveitamento do fogo, já
em panelas, como f or!nos e potes. Com barro, os Tu cano misturam o timbó
(erva venenosa p¡a:ra matar ou aturdir o peixe), para que afunde, rápido,
nos rios.
Mas o barro tem largo emprego na geofagia, essa fome abominável, que
tratamos em capítulo especial em nosso trabalho «A Epopéia Silvestre da
Conquista do Alimento».
C.hamava-se Nó-aité, a pedra com que o demonio Ahiaiae matou um
Maué (tribos sediadas no Tapajós) . Com a mesma pedra os Maué mata.raro
Ahiaiae. Essa pedra foi levada para o céu pelo pajé Uaciri, 1a fim de que os

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Maué nao guerreassem e1ntre si e passassem a casar com membros da própria
tribo (endogamta).
Para os Carajá, nascer da pedra é nascer do centro do mundo, tanto 9ue
para algumas tribos nao há urna divisao entre céu e terra, tudo está situado
dentro de um m.e smo envoltório e, para muitos, o céu é apem1s urna conti·
:nuacáo da terra ou vice-versa. Mas assim como a pedra é o centro do mundo,
há lugares no céu, como o que é ocupado pelo sol, considerados o «tronco
do céu».
Entre os Taulipang, o seu he.roi Konéwo, emérito inimigo das oncas,
convenceu urna destas a ir buscar para ele o fogo e apontou na direcáo de
urna pedra branca, que brilhava no fundo de um poco. A onca morreu afogada.
Através de fundas, as pedras foram usadas, pelos guerreiros tart1nos de
Buopé, para a matanca dos Uanana (rio Negro).
Numa serra gerou-se o heroi Porinominare, que niasoeu já feito hornero,
rodeado de g.randes animais, beija-flóres e borboletas.
Os einviadqs de Tupana para fazerem o Dilúvio, que liquidou com os
primieiros povos Macuxi (rio Branco), desce.ram na serra de Ururoym13.. Cha·
mavam-se Papá e Piá.
E havia aquele tocador de m.e mbí (frauta), que nascera cego, mas gracas
a um sonho, voltou 1a enxergar, estregando "Olhos de canea. Como sua mae
revelasse 6 segredo, voltou a cegar e atirou-se no rio. Mas ressuscitou na
cachoeira de Taiacu.
Convém assinalar que os he.róis feiticeiros e míticos sao sempre imortais.
Ressuscitam por artes próprias ou manipuladas por pajé.s de g,randes fólegos,
que os assistem. As formas de ressuscitar sáo varias. Os que morrem quei-
mados ressuscitam das cinzas ou dáo lugar ao aparecimento de plantas. Os
que morrem na água reaparecem nas cachoeiras.
Um móco da nacáo U.r ubu roubara a mulher do feiticeiro Uanare. O
marido veio buscar a mulher, decepou-lhe a cabeca, que rolou, bateu num
pau e virou pedra. Com o sangue da mulher, o moco fez manding¡a contra
Uanare. Urna pedra molhada nesse sangue foi atirada contra Uanare, que
virou serra.
Porque lhe assusktssem o filho, Amao ~ez urna defumacáo que fez virar
pedra todos os bichos que viviam no rip. Os que escaparam, po.r estar comendo
nas cachoeiras, f oram perseguidos e transformados em pedra com a fumaca
das .resinas empregack1s por Amao. Assim os Camanao explicam a abundancia
das pedras nos seus ríos.
E · há o caso de um machado-falante : o Koierré, que foi abandonado, após
ter sido seu dono mo.rto por um Kraó. .Recolhido pelo matado.r, o Koie,r é ficou
na casa da p.rimeira mulher daquele, po.r ter o assassino casado outra vez.
Entáo o machado comecou a falar, a cantar e a ensinar cantigas a mulher.
Quando o sol quis fazer urna ro~a pós a seu servi~o o Pioapau e o Cara-
mujo. Depois chamou a pedra Klid que se juntou aos demais para os trabalhos
do sol. Está claro que a pedra Klid náo passa de um machado: o machado
do sol.

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Foí na Pedra da Lua que Kuri, com sua frauta, seduziu e fecundou as
as mulheres que o procuravam. Isto ¡aconteceu depois que lavou sua frauta
na água acumulada num buraco onde haviam caido tres estrelas (meteoritos).
Perto da cachoeira do Iuauaraté está a Pediia onde morou Tupana e sua
mulher Massaricado. Esta foi conquistada por um pajé que quis se vingar,
porque sua mulhe.r se apaixonara por Tup¡ana. Massaricado, logo depois do
primeiro encontro com o pajé disfarcado em Arara, rolou para o lado, morreu
e virou pedra.
Curiosa é a lenda de Maiso, a Máe·de-Tudo, entre os Parecí. Ela exercia
atividades humanas, mas era feita de pedra. E fez Darucavaitere, o primeiro
hornero.
Papá, depois do Dilúvio que assolou os Macuxi, recebeu ordens para
fazer, de barro, os animais, assim como, de bar,ro, Tupana fez a primeira
figura de gente.
Os Ometanimpe ou transformados, sáo povos descendentes dos Airuba,
na bóca do río Wá,ipa, no extremo norte paraense, que, 1após ter sumido o
sol e voltado a noite ete,rna, choraram muitos días e foram mudados em
· pedra. Os .lagedos ainda Iá estáo, para quem os quer ver e fo.raro recente-
mente estudados, nos seus aspectos míticos e folclóricos, por Protásio Frikel,
do Museu Goeldi.
De um bloco de tabatinga molhada Tupana fez a sua primeira mulher.
Para tomar forma ficou secando ao sol.
Contrastando com esta série de moldage.ns lítiaas, vemos a antropogenese
dos primitivos da Amazónia ser exercitada pelos mitos através da madeira.
É outro assunto, de capítulo próprio, mas bastante expressivo pana situar
náo só a ingenuidade, mas a versatilidade do mentalismo original indígena,
a respeito da etio.logia humana.
A Amazonia presta-se ao estudo dos vários estádios da pré-cultura ame-
rindia, pelas suas várias expressóes fisiográficas, desde o sistema varzeano,
ao de peneplanos e de conformac;;6es serranas.
As cachoeiras oferecem constantes apreciacóes ao fabulário, como iaquele
morcego Tumehi que fazia casas nas cachoeiras e aguardava que alguém
aparecesse para ser aconsel,hado como fazer as coisas. Quando póde ensinar
ao primeiro homem que o procurou a maneira de fazie.r casas, pescar e preparar
o peixe, Tumehi deu como cumprida a sua missáo na terra e foi para o céu.
Naturalmente, 1as estrelas sáo as casas que Tumehi ar:ida fazendo por lá.
Mas as próprias cachoeiras náo deixam de ser encaradas etiológicamente.
Fugindo da fúria dos peixes Tucunaré os índios do .rio Surumu jogavam nas
águas suas cordas, estacas, bolas de caruru ( ervas preparadas para extrair
o sal), pedras de amolar, arcos e flexas que logo se transformavam em
cachoeiras.
A lage de M'bói-Acanga é a cabe<;a da cobna Doé-Pinó, morta pelos Baré.
Ela tinha devorado a filha de Ualipera, um chefe poderoso.
Os relevos da crosta, na sua parte lítica, for¡am, assim, supinamente
aproveitados para compor outros relevos : o da imaginacáo prinlitiva da

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Amazónia, principalmente ·e ntre as tribos das ser.nas qo Norte, do Tumucu·
maque ou das cabeceiras dos grandes rios.
O .repositório é imenso e apenas cabe a esta introdu~ao oferecer um
panejamento sucinto da litofábula na Amazonia.
Assim como a litofábula, o homem primitivo da Amazónia também en-
controu na hidrofábula e na fitofábula, os elementos de composi~ao folclórica
que se ostentam nao só nas primeiras pesquisas de Barbosa Rodrigues, Couto
de Magalhaes, Stradelli e Brandao do Amorim, como nas mais recentemente
divulgadas, entre as quais sobressai o «Decameron Indígena» de Nunes Pereira.
No preparo do «Amazó!ll.ia : Tratado Geral e Ritos Folclóricos», de que
este capítulo é parte, vimos observando a densa e extraordinária sensibilidade
do homem primitivo em misturar poesía e engenho imaginativo nas suas
mais ousadas ou elementares composi~óes míticas.

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J aneiro, 1917. - 3° edi<;ao, enriquecida com notas de Alberto José de Sampaio,
Alvaro Ozorio de Almeida, Mello Leitao, Olympio da Fonscca Filho, Fabio
Wer.neck, Heloisa Alberto Torres e Raimundo Lopes. Sao Paulo, Co1npanhia
Editora Nacional, 1935. 401 pp. (Biblioteca Pedagogica Brasileira, Série V,
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STEIN. Karl Von Den. Entre os aborígenes do Brasil Central. P refácio .d e H'erbert
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sáua miri e seguidos de contos em lingua geral nheéngatú, poranduua. "Revista
do Instituto Historico e Geographico Brasileiro", t. 104, vol. 158. Rio .d e
Janeiro, 1929, pp. 5-768. - Vo cabulario Portuguez-Nheéngatu e Nheengatu-
P ortuguez. "Revista do Muscu Paulista", vol. IV. Sáo Paulo, 1950. (Nota :
.nao conseguí consultar esta revista) .
TAVARES DE LIMA, Rossini. O Folclore ina Obra dos Escritores Paulistas. Sao Paulo,
Conselho Estadual de Cultura (1962]. 85 pp.

Résumé
Amazonie : Introduction a la Lithofa.ble, par Abg;uar Ba-stos.
Le folklore de l' Amazonie est en grande partie un héritage indigene, m élangé, bien en-
tend u, surtout dans les cas d'intégration de groupes de tribus et dans la zone de l(;l
population vulga irement appelée «civilisée», a des éléments provena.nt de la culture
européenne et at'ricaine.
Abguar Bastos. dans cette travall, développe une étude particuliere éle quelques
mythes et rites liés a la lithofable, partie d 'un travail plus complet, encore inédlt,
«L' Amazonie : Traité Général de Rites Folkloriques ».
D'apres Abguar Bastos, la pierre est un des éléments les plus constants da.ns
la f a ble de l' A'mazonie ; elle y introdult ses mi tes et ses magies. Un abrégé général sur
cet élément lithlque, selon les recherches effectuées par les studieux de.s populatlons
indigenes dans les différentes tribus, représente un précieux matériel pour le trava!l
d'a.nalyse que l'auteur se propose de falre.
(

Summary
Amalzonla : Introduction to J,ithofabl·es, by Abguar Bastos.
Amazonian folklore is, to a great extent, an indtgenous inheritance mixed, above all
in cases of the !ntegration of tribal groups with the population fringe, commumly called
<i: civilized». with elements of European and African cultura.l origin.
In this work, Abguar Bastos pays special attentlon to the study of sorne myths
and rites, linked with Llthot'ables as part of a more comprehensive work, as yet
republlshed : «Amazonia : A General Treatise of Folkloric Rites». Abguar Bastos says
that the A'mazonic fables fln'd in stone one of its most permanent storehouses for the
development oí' its myths a nd magic. A general selection of these stone e lements, among
various tribes, in accordance with data collected by researchers and scholars of the
Indian population of the Amazon. prov!des the autor with a.bundant material for
study and analysis.

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