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AMICUS CURIAE,
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1. Da intervenção do IBDE como amicus curiae
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subjacente à própria controvérsia constitucional. A
intervenção do "amicus curiae", para legitimar-se, deve
apoiar-se em razões que tornem desejável e útil a sua
atuação processual na causa, em ordem a proporcionar
meios que viabilizem uma adequada resolução do litígio
constitucional. - A idéia nuclear que anima os propósitos
teleológicos que motivaram a formulação da norma legal
em causa, viabilizadora da intervenção do "amicus
curiae" no processo de fiscalização normativa abstrata,
tem por objetivo essencial pluralizar o debate
constitucional, permitindo, desse modo, que o Supremo
Tribunal Federal venha a dispor de todos os elementos
informativos possíveis e necessários à resolução da
controvérsia, visando-se, ainda, com tal abertura
procedimental, superar a grave questão pertinente à
legitimidade democrática das decisões emanadas desta
Suprema Corte, quando no desempenho de seu
extraordinário poder de efetuar, em abstrato, o controle
concentrado de constitucionalidade.”
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Frise-se aqui que, não obstante a norma se encontrar disposta no
Código de Processo Civil, sua aplicação também ao controle de
constitucionalidade das normas penais parece indubitável. É que,
não bastasse a possibilidade de aplicação subsidiária do Código
de Processo Civil ao processo penal, não se trata no caso de
norma processual civil ou processual penal, mas de visível
dispositivo de processo constitucional inserido no CPC.
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interesse da participação do IBDE como representante da
sociedade civil interessada na decisão sobre a
constitucionalidade da norma.
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Diretas de Inconstitucionalidade ADI-3869 e ADI-3880,
ambas relatadas pelo Exmo. Sr. Ministro Ricardo Lewandowski.
2. Da inconstitucionalidade do art.184 do CP
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TIPIFICAÇÃO desta ILICITUDE como CRIME em nosso
ordenamento jurídico.
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seleção para que o legislador limite-se a criminalizar aquelas de
maior lesividade social.
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uma lesão patrimonial a uma frustrada expectativa de lucro relativa
à venda hipotética da obra.
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Conclui-se, pois, que o bem jurídico tutelado pelo art.184 do CP não
é uma suposta propriedade intelectual, mas um direito autoral de
natureza patrimonial. Um, não! Dois: o direito patrimonial do
autor e o direito patrimonial da editora/gravadora que, por um
contrato de edição com o respectivo autor, também tem a
expectativa de ser remunerada pela obra.
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patrimonial – e de titulares diversos – ora do autor, ora do
editor/gravadora.
Note-se que esta lista não tem a pretensão de ser taxativa, pois
outros direitos morais do autor poderiam ser tutelados por este
art.184 do CP.
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2.3. Proibição de criminalização de dívidas
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Ora, se a Constituição veda a prisão civil por dívida, por óbvio
não permite também a prisão criminal por dívidas.
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não paga. Não é por outro motivo que o art.51 do Código Penal com
a redação que lhe deu a Lei 9.268/96 dispõe que:
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ia de uma criminalização do descumprimento de uma
obrigação civil, vedada expressamente pela Constituição
Federal.
(...)
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da intervenção penal mínima, mas também a vedação
constitucional às prisões por dívidas.”
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É importante notar que a FRAUDE não é elemento essencial ao tipo
do art.184 do CP.
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interpretado em nosso ordenamento constitucional como “deixar de
pagar direitos autorais”, sob pena de flagrante violação ao disposto
na Constituição da República e no “Pacto de San José de Costa
Rica”.
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por isso, esvanesce totalmente sua função de garantia,
contrariando o princípio constitucional da taxatividade.
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Insista-se: que violação seria essa? a violação de direitos morais do
autor? a violação de direitos patrimoniais do autor? a violação de
direitos patrimoniais da editora/gravadora? todas as violações
anteriores quando praticadas simultaneamente? quaisquer das
violações anteriores praticada isoladamente?
Vê-se, pois, que a expressão “violar direito de autor” é tão vaga que
não admite uma interpretação que possa ser considerada
minimamente pacífica mesmo entre os juristas. Destarte,
evidentemente, não satisfaz a clareza necessária para ser
considerada um crime DEFINIDO em lei que pudesse ser
compreendido por qualquer pessoa do povo alfabetizada, razão
porque o art.184 do CP também sob o prisma do princípio da
legalidade deve ser considerado inconstitucional.
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Nem se diga que a análise da política criminal não interessa ao
Judiciário, por não está devidamente positivada, pois é a própria
Constituição da República que estabelece que:
(...)”
Não são poucos os brasileiros que têm que optar todos os dias
entre uma refeição e um livro para completar seus estudos. É
fato também que o acesso a livros, músicas e filmes são bens
culturais que deveriam ser de amplo acesso por todas as camadas
sociais, pois somente através da cultura poderemos garantir o
desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e regionais.
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certa forma intangível. O amplo acesso ao conhecimento nas classes
privilegiadas em detrimento ao rigoroso combate à pirataria que
abastece as classes pobres, aumenta ainda mais o fosso cultural
existente em nosso país, em uma nítida rejeição dos valores
constitucionais estabelecidos no art.3º da Constituição da República.
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autorais, em um país onde a maioria do povo tem que optar entre
comer ou ler/ouvir um disco/assistir um filme.
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4. Pedido
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simples leitura, compreender a conduta a que está proibida. Trata-
se, pois de clara violação ao princípio constitucional da taxatividade
(art.5º, XXXIX, CR).
TÚLIO VIANNA
Professor Adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
OAB-MG 107.153
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