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LuKAcs: O GAMINHO: PARA A ONTOLOGIA Celso Frederico’ | Resume A inflesio onroldgics no pensament de Luks data de inicios da década de 30, petfodo em que 0 autor, exlado em Moscow, teve sceso a08 originals dos Maruscriosecombmie-ibxéfice de Marx. [Nese instante, Lukes ompe com as tse fundamentais de Histra consiéncia de clase inicia uma refoemulasio de seu pensamento Obra relevance dessa inflexdo oncoldgica seri a Béic e, depois, a Ontolegia do ser secah, Ambas tssinalam com clareza a nova orientasio que, contudo, convive ainda com as categoriasIipicas Iaegelinas Palavraschaves: Disltca. Matrialsmo, Exéica. Oncologia. Hegel. Abstrat ‘The ontological inflection in Lukes chought comes from the eatly 30s, when the author, exiled in Moscon, could have acces to the original writings af Marx’ Eemmomic and Philesophicel Manwcrizpo af 1844. At this time, Lukacs broke the Fundamental theses of History and Clas Contcousnen and started reformlating his thought (One work that is relevant from sis ontological inflection is Aeuhevcs and another is The Ontology of Social Being. Both highligh clearly the new orientation, which sil ves with che Hegelian. logical categories Keywords: Dialectcs, Materialism, Aesthetics, Ontology, Hege! Lukées, no prélogo da Esrética lembra com aprovagio uma carta que Ihe foi enviada por Max Weber co- rentando os seus primeitos ensaios juvenis: “Max Weber me escreveu pensamento dialético. © comego, na dialética, € sempre obscuro por con- ter tendéncias ainda nio explicitadas, 36 se torna plenamente compreen- sivel no final, quando © “desenlace” certa ver, a propésito de meus pri jf se cumpriu. meiros ¢ muito deficientes intentos Lu] que tinham o efeito de dramas ibsenianos, cujo comeco no se en- tende sendo quando jé se conhece 0 desenlace.” Quem passou pela leitura da Gitncia da ligica, de Hegel, €°0 ca- pital, de Marx, deve lembrar-se da prplexidade suscitada pelos parégra fos iniciais: a abstrata, pois ainda no Esse comentitio, lembrado tan- determinada, discussio sobre qual tas décadas depois, certamente agra deve ser 0 comego na ciéncia, que dou Lukécs por rer evidenciado os percalgos dose faz seguir de enunciados solenes ¢ obscuros como, por exemplo, “somente a narureza do con- teido pode set a que se move no conhecimento cien- Professor da Universidade de Sio Paulo © pesquisador do “0 one i tifico, posto que é ao mesmo tempo a prépria refle- Novos Rumos @ Awo 22 + 10-48 + 2007 xio do conteide, a que finda ¢ cria a ‘sua pripria determinagdo” = ‘Ou, entio, a afiemagio genéri- a de Marx segundo “a riqueza das sociedades em que impera 0 regime capitalista se nos aparece como um imenso arsenal de mercadorias ¢ a mercancia como sua forma elemen- tar Esses pardgrafos obscuros ¢ in- ‘tigantes, mas que condensam a idéia essencial dessas duas obras iluminam- se paulatinamente quando 6 leitor se aproxima do final do texto. Conhecer 0 “desenlace” da obra lukacsiana, com todos os acertos ¢ erros de um projeto inaca- bado, nao é tarefa fécil: 0 nosso autor, nos anos finais de vida, ainda se debatia com a tarefa jamais concluida de promover um renascimento do mat- xismo por meio de uma grandiosa ontologia do ser social © método de pesquisa deve sempre prvilegiar as obras finais de um autor para compreender ple- namente o sentido, ainda néo explicitado, das obras iniciais. No caso de Lukécs, as dificuldades so enormes. A questio que nos interessa é quando omega a inflexo ontoldgica na obra de Lukics? E, principalmente, Lukes conseguiu efetivamente re- alizar 0 seu projeto de construir uma ontologia ma- terialista? Convém lembrar que Lukies, durante varias ddécadas, evitou utilizar a palavra “ontologia” e, qua: do a empregou, foi de modo negativo. Em seu livro Existencialismo ou marxismo, publicado em 1948, Lukics entendia a ontologia como um “tetceito ca rminho", uma pista falsa para superar a oposicéo entre materialismo e idealismo, A ontologia, dizia Luks, inlina-se para entidades que dependem exclusivamente dds conscigncia, mas para proclamar de uma mancira absolutamente dogmitica © sem © menor comego de prova, que os “objetos” asim revelados sf0 objetva ‘mente reas até que constituem o fundamento mesmo a relidade abjsiva Posteriormente, Lukécs defender a ontologia Mas, essa defesa, como veremos, nao 0 deixara isento- das influéncias gnosiolégicas que perturbaram- 0 curso. da ‘oncologia. Os methores intérpretes de nos- s0 autor divergem sobre a avaliacio final dos resultados efetivamente con- seguidos em sua obra. Para alguns, ‘como o romeno Nicolas Tertulian, hé ‘uma intengéo ontolégica presente em toda a trajetdria de nosso autor, que se teria realizado de mancira exem- lar na Eitétca € na Oncologia do ser social? Jé0 brasileto José Chasin afir- Mee ‘ma que Lukées $6 conseguiu romper ‘ainda que de forma incompleta, com 0

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