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(Papirus, 2001)
Lucia Moysés
“...informações que vamos colhendo aqui e ali, a nosso respeito, fruto de opiniões alheias,
formam, possivelmente, os primeiros rudimentos do nosso autoconceito. A essas
informações vão se somando aquelas originarias das avaliações que nós próprios fazemos
dos nossos desempenhos, das nossas ações, das nossas habilidades e características
pessoais. Vão formando, na nossa estrutura cognitiva, uma área de conhecimento acerca de
nós próprios.” (p. 18)
“Uma vez que a construção da identidade é uma construção histórica e social, mediada
pelos mais diferentes tipos de linguagem, ela está sujeita a uma imensa gama de
interpretações e reações”. (p. 21)
Oliveira (1994) citado por Moysés (p.21) – livro preconceito e autoconceito alunos de 3
série fundamental negras de colégio da periferia “Observamos, nas enunciações dessas
alunas explicitamente discriminadas, ao falarem de si próprias indícios de algumas vozes
que circulam pela sala e, em meio a essas vozes, da voz que fala da perspectiva da
discriminação”. (p. 109)
“...é algo que passa pelo próprio grupo, pela família e pelas interações existentes interpares,
até chegar na organização da classe como grupo”. (p. 22)
Nos tornamos os que os outros enxergam de nós. Por isso o zelo acentuado que os
professores devem ter com suas falas referente aos alunos neste período de suas vidas
(meu).
“Há, de fato, ‘muitas vozes’ ao nosso redor que vão plasmando nosso conceito sem que
percebamos. Surgem nas mais diferentes situações. Em meio a uma briga, uma brincadeira
ou a um simples comentário, essas vozes dizem coisas que nos calam no fundo do coração.
Internalizadas, transformam-se, mais adiante, na nossa própria voz...crueldade de certas
brincadeiras que tem o poder de ir minando, pouco a pouco, a auto-estima...passando a
servir de ponto de referencia para o seu autoconceito”. (p.22)
“É lenta e gradual a aprendizagem que a criança faz sobre as referencias a seu respeito. As
mais fáceis de ter seu sentido apreendido são as que nascem de comentários ao seu
comportamento”. (p.23)
Exemplo:
Filho: “Eu sou uma peste. O demo em figura de gente. Comigo ninguém agüenta!”.
Mãe:“Esse menino não presta! É o demo em figura de gente! Pode meter a mão na cara
dele se for preciso! Ele é uma peste! Ninguém agüenta com ele!”. (p.24)
Segundo Moysés, ainda, se o processo de aprovação pode dar origem a um auto conceito
positivo, o contrário também é verdadeiro. “A criança permanentemente desaprovada em
suas ações pode, pelo mesmo processo, reagir negativamente, como forma de defesa ou
retaliação, não só aos pais, como também a si mesma”.(p. 26)
“...é por meio desse jogo de premio ou castigo, aprovação e reprovação, que estas figuras
vão influindo sobre a estruturação inicial do seu autoconceito”. (p.26)
Nesse aspecto é melhor sem escola que com escola para aqueles como maior dificuldade ou
mais sujeitos a discriminação”. (meu)
Aspectos internos:
“Os aspectos internos derivam da forma como todas essas informações foram elaboradas na
intimidade da pessoa...como cada ser humano tem sua própria história, os caminhos que
essas informações trilham no interior de cada um obedecem a imperativos próprios. E é isso
o que explica porque certas situações afetam mais profundamente – positiva ou
negativamente – a auto-estima de algumas pessoas do que de outras; porque determinadas
ações voltadas para o aumento da auto-estima funcionam bem com uns e deixam de
funcionar com outros”. (p.27)
“É urgente entender que o aluno que ali está traz consigo o selo da sua origem e da sua
história com ser social. Ser que vive e convive em determinado ambiente sociocultural ao
qual influencia e pelo qual é influenciado”. (p.27) Ver Vygotsky – formação social da
mente.
Experiências bem vividas em qualquer área “acabam oferecendo pontos de apoio reais para
a auto-estima”. (p.28)
Deveria ser realizado um trabalho especial com os alunos repetentes que, embora se
esforçando, não conseguiram a aprovação. Reprovação implica em fracasso. E esse fracasso
deve ser trabalhado para que não se transforme em perda da auto-estima. (meu)
Tudo depende dela; Tudo depende do ambiente. Fatores variáveis e fatores invariáveis.
Segundo Moysés a teoria explica o seguinte: “os alunos familiarizados com o sucesso
assumem seus próprios desempenhos e aceitam a responsabilidade pelos seus próprios
fracassos”. (p.41)
Assim, quando esses alunos não conseguem êxito eles se esforçam mais, até conseguir, ao
passo que os outros, quando não conseguem, desistem, pois é devido um fator externo que
está acima da capacidade deles. (meu)
“[Os alunos] que alimentam expectativas positivas a respeito do seu desempenho (...)estão
mais propícios ao êxito”. (p.41)
Explicações:
Tem medo de tentar pois temem se deparar com a própria capacidade. “pode parecer
absurdo, mas esses alunos sabotam o próprio êxito quando estão a ponto de atingi-lo”. (p.
43)
Cada um tem seu ritmo de aprendizagem que não é respeitado pela escola, ou por falta de
vontade, ou por falta de estrutura. (meu)
Evasão
Walz e Bleur (1992) auto-estima dos alunos que evadiram da escola comparada aos que
ficaram. Os evadidos tinham níveis bem mais baixos.
(Kaplan 1975) “A delinquencia foi a forma encontrada por muitos deles para aumentar a
auto-estima”...a baixa auto-estima pode se tornar uma força poderosa na personalidade do
jovem. Marcada pela raiva e pela hostilidade, se transforma, não raro, em violencia”. (p. 46
citação indireta)
(Lopes 1992) “Os jovens sentem-se atraídos para as guagues porque essas lhes propiciam
identidade e reconhecimento...todos estes fatores estão relacionados com a auto-estima”.
(p.47)
Soluções:
“privilegiar atividades que vão atingir outras facetas do autoconceito, que não as
academicas”. (p.48)
Inteligências Multiplas (Howard Gardner 1983) “A escola deveria dar oportunidade para
que todos os alunos pudessem desenvolver seus multiplos talentos e seus pontos fortes.
Pais e filhos:
“o filho encontra nos pais o alimento necessário à nutrição de seus sentimentos positivos
em relação a si mesmo – a chave para o sucesso”.
O interesse dos pais pode dar resultado oposto: “Em certas circunstancias a criança pode
chegar a sentir que os pais estão somente interessados em sua situação escolar e não nela,
como pessoa”. (p.57)
Empatia entre pais e filhos: Obra classica “quando eu voltar a ser criança” – Janusz
Korczak. “...ele não discursa sobre uma criança, mas se torna porta voz dela, voltando a ser
criança e revivendo um mundo através dos olhos, sensações, tristezas e desencantos que
toda criança vive”. (p.58)
“Quando o assunto é auto-estima, observo nas minhas conversas com professores um certo
paradoxo: aparentemente, mantêm níveis baixos de auto-estima, mas mostram-se
interessados em melhorar a auto-estima dos seus alunos”. (p.59)
Ou seja, as pessoas pensam que o mundo delas é o mundo real, e não o mundo que foi por
elas construido.
Socialmente falando, os professores são o que eles mesmos dizem acerca de alguns de seus
alunos: “esse é fraquinho mesmo”. E a sua resposta a tudo isso é muitas vezes o isolamento
ou a crítica gratuita. (meu – achar citação)
Projetos:
Fim do livro: