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Apostila - Tratamento de Esgotos PDF
Apostila - Tratamento de Esgotos PDF
Tabela 1: Características físico-químicas dos esgotos. Fonte: Metcalf & Eddy (1991)
No Brasil, mesmo que não se tenha informação segura com base local, costuma-se adotar
contribuições “per capita” de 54 e 100 g/habitante.dia para a DBO de cinco dias e para a
DQO, respectivamente.
Em termos de vazão, pode-se afirmar que os esgotos estão sujeitos às mesmas variações
relativas ao consumo de água, variando de região para região, dependendo
principalmente do poder aquisitivo da população. Apenas a título de referência, pode-se
considerar a contribuição típica de 160 L/habitante.dia, referente ao consumo “per capita”
de água de 200 L/habitante.dia e um coeficiente de retorno água/esgoto igual a 0,8. Para a
determinação das vazões máximas de esgotos, costuma-se introduzir os coeficientes k1 =
1,2 (relativo ao dia de maior produção) e k2 = 1,5 (relativo à hora de maior produção de
esgotos). Consequentemente, a vazão de esgotos do dia e hora de maior produção é 1,8
vezes, ou praticamente o dobro da vazão média diária.
Deve ser lembrado que as características dos esgotos são afetadas também pela infiltração
de água subterrânea na rede coletora e pela possível presença de contribuições
específicas, como indústrias com efluentes líquidos ligados à rede pública de coleta de
esgotos.
Os esgotos sanitários possuem excesso de nitrogênio e fósforo. Isto faz com que, ao ser
submetido a tratamento biológico, haverá incorporação desses macronutrientes nas
células que tomam parte do sistema, mas o excesso deverá ser ainda grande. Esta é uma
importante preocupação em termos de tratamento de esgotos, exigindo tratamento
2
Tanto a legislação do Estado de São Paulo, o Decreto 8468 que regulamenta a lei 997 de
1976 como a legislação federal, a resolução 20 do CONAMA (Conselho Nacional de
Meio Ambiente), passam por processo de revisão. Apresentam-se, em seguida, alguns
padrões de emissão de esgotos em águas naturais de ambas as legislações:
• pH: entre 5 e 9
• Temperatura: inferior a 40oC
• Sólidos Sedimentáveis: inferior a 1,0 mL/L
• DBO5,20: inferior a 60 mg/L ou 80% de redução
• pH: entre 5 e 9
• Temperatura: inferior a 40oC
• Sólidos Sedimentáveis: inferior a 1,0 mL/L
• Amônia: inferior a 5,0 mg/L
Pode ser observado que o padrão de emissão de 5,0 mg/L para amônia não pode ser
atendido mediante a grande maioria dos processos de tratamento biológicos, exceto os
aeróbios com aeração prolongada (idade do lodo elevada).
Apresentam-se a seguir, a título de ilustração, alguns padrões de qualidade estabelecidos
nas legislações para uma água natural classe 2, que pode ser utilizada para abastecimento
público, após tratamento:
• pH: entre 6 e 9
• Oxigênio Dissolvido: não inferior a 5,0 mg/L
• DBO5,20: inferior a 5,0 mg/L
• Coliformes Totais: não superior a 5.000 / 100 mL
• Coliformes Fecais: não superior a 1.000 / 100 mL
• Amônia não ionizável: inferior a 0,02 mg/L
• Fosfato Total: inferior a 0,025 mgP/L
Não foram incluídas aqui as necessidades de remoção e tratamento do lodo separado das
lagoas de decantação.
As lagoas aeradas mecanicamente foram concebidas para resolver problemas de
sobrecargas em sistemas de lagoas de estabilização. Nestes as unidades centrais são as
lagoas facultativas, desprovidas de aeradores mecânicos, sendo a aeração obtida da
ventilação superficial e da fotossíntese de algas. São chamadas de facultativas por que
ocorre sedimentação de particulas no fundo que entram em decomposição anaeróbia. As
lagoas facultativas podem ou não ser precedidas de lagoas anaeróbias, que provocam um
alívio de carga, e sucedidas de lagoas de maturação, cujo principal objetivo é aumentar o
grau de desinfecção dos esgotos. O chamado sistema australiano de lagoas de
estabilização é composto de:
• Tratamento preliminar: gradeamento e desarenação
• Lagoas anaeróbias
• Lagoas facultativas fotossintéticas
• Lagoas de maturação
6
• Lodos ativados
• Lagoas aeradas mecanicamente
• Lagoas de estabilização
• Filtros biológicos aeróbios
• Tratamento físico-químico
• Processo de Lodos Ativados Convencional. A operação sob alta taxa ocorre com
idade do lodo (θc) inferior a três dias, sem que seja esperada a nitrificação dos
esgotos. Os esgotos tratados apresentam DBO5 e SS (sólidos em suspensão) inferiores
a 30 mg/L e concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) superior a 15 mg/L. O
excesso de lodo produzido é da ordem de 35 a 40 g SSS / Hab.dia, sendo estabilizado.
O custo de implantação é estimado entre R$ 100,00 e R$ 130,00 por habitante, para
populações entre 200 e 600 mil habitantes. O consumo de energia para aeração é
estimado em 12 kwh/hab.ano. A operação sob taxa convencional ocorre com idade
do lodo (θc) entre 4 e 7 dias, ocorrendo a nitrificação dos esgotos. Os esgotos tratados
apresentam DBO5 e SS (sólidos em suspensão) inferiores a 20 mg/L e concentração
de nitrogênio amoniacal (Namon) inferior à 5 mg/L. O excesso de lodo produzido é
da ordem de 30 a 35 g SS / Hab.dia, sendo estabilizado. O custo de implantação é
estimado entre R$ 120,00 e R$ 160,00 por habitante, para populações entre 200 e 600
mil habitantes. O consumo de energia para aeração é estimado em 20 kwh/hab.ano.
• Processo de Lodos Ativados com Aeração Prolongada. A operação sob alta taxa
ocorre com idade do lodo (θc) na faixa de 20 a 30 dias, com nitrificação dos esgotos.
Os esgotos tratados apresentam DBO5 inferior a 20 mg/L, SS (sólidos em suspensão)
inferior a 40 mg/L e concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) inferior à 5
mg/L. O excesso de lodo produzido é da ordem de 40 a 45 g SS / Hab.dia, sendo
estabilizado aerobiamente, mais difícil de desidratar. O custo de implantação é
estimado entre R$ 60,00 e R$ 80,00 por habitante, para populações entre 50 e 150 mil
habitantes. O consumo de energia para aeração é estimado em 35 kwh/hab.ano.
• Processo com reator UASB seguido de Filtro Biológico de Alta Taxa. Os esgotos
tratados apresentam DBO5 e SS (sólidos em suspensão) inferiores a 30 mg/L e
concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) superiores à 20 mg/L. O excesso de
lodo produzido é da ordem de 25 a 30 g SS / Hab.dia, sendo estabilizado. O custo de
implantação é estimado entre R$ 50,00 e R$ 80,00 por habitante, para populações
entre 20 e 200 mil habitantes.
• Processo com reator UASB seguido de Filtro Biológico Aerado Submerso. Os
esgotos tratados apresentam DBO5 inferior a 20 mg/L e SS (sólidos em suspensão)
inferior a 30 mg/L e concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) superior à 20
mg/L. O excesso de lodo produzido é da ordem de 25 a 30 g SS / Hab.dia, sendo
estabilizado. O custo de implantação é estimado entre R$ 80,00 e R$ 100,00 por
habitante, para populações entre 20 e 200 mil habitantes. Energia para aeração: 6
kwh/hab.ano.
• Processo de Lagoas Aeradas Aeróbias seguidas de Lagoas de Decantação. Os esgotos
tratados apresentam DBO5 inferior a 30 mg/L e SS (sólidos em suspensão) inferior a
40 mg/L e concentração de nitrogênio amoniacal (Namon) superior à 25 mg/L. O
excesso de lodo produzido é da ordem de 15 a 25 g SS / Hab.dia, sendo estabilizado e
removido a cada 4 a 5 anos. O custo de implantação é estimado entre R$ 50,00 e R$
70,00 por habitante, para populações entre 30 e 200 mil habitantes. Energia para
aeração: 22 kwh/hab.ano.
2. Tratamento Preliminar de Esgotos
2.1.Considerações Iniciais
O tratamento preliminar de esgotos visa, basicamente, a remoção de sólidos grosseiros.
Não há praticamente remoção de DBO, consiste em uma preparação dos esgotos para o
tratamento posterior, evitando obstruções e danificações em equipamentos eletro-
mecânicos.
O tratamento preliminar é constituído de gradeamento e desarenação. O gradeamento
objetiva a remoção de sólidos bastante grosseiros como materiais plásticos e de papelões
constituintes de embalagens e a desarenação a remoção de sólidos com características de
sedimentação semelhantes à da areia, que se introduz nos esgotos principalmente devido
`a infiltração de água subterrânea na rede coletora de esgotos.
2.2. Gradeamento
Os dispositivos de remoção de sólidos grosseiros (grades) são constituídos de barras de
ferro ou aço paralelas, posicionadas transversalmente no canal de chegada dos esgotos na
estação de tratamento, perpendiculares ou inclinadas, dependendo do dispositivo de
remoção do material retido. As grades devem permitir o escoamento dos esgotos sem
produzir grandes perdas de carga.
As barras das grades são construídas pelos fabricantes segundo dimensões padronizadas,
sendo que a menor dimensão da secção, que é posicionada frontalmente ao escoamento,
varia em média de 5 a 10 mm e a dimensão maior, paralela ao escoamento, varia entre 3,5
e 6,5 cm, aproximadamente.
As grades com dispositivo de remoção mecanizada de material retido são implantadas
com inclinações que variam de 70 a 90o, enquanto que as de remoção manual possuem
inclinações variando geralemnte na faixa de 45 a 60o (ângulo formado pela grade e o
2
fundo do canal a jusante. O projeto de Norma Brasileira PNB - 570 impõe que para
vazões de dimensionamento superiores a 250 L/s as grades deverão possuir dispositivo de
remoção mecanizada do material retido.
Dispositivos de Remoção
Nas estações de grande porte, as grades devem posuir dispositivo mecanizado de
remoção do material retido, que é constituído de um rastelo mecânico tipo pente cujos
dentes se entrepõem nos espaços entre barras da grade. O rastelo é acionado por um
sistema de correntes sendo que a remoção se dá no sentido ascendente e na parte superior
o material é depositado sobre esteira rolante que o descarrega em caçamba.
Nas grades manuais, o operador remove o material retido através de ancinho, quando a
secção obstruída atinge cerca de 50% do total. O material removido é depositado em
tambores ou caçambas possuindo orifícios no fundo para o escoamento da água.
A quantidade de material retido nas grades chega a atingir na prática cerca de 0,04 litros
por m3 de esgoto. Na tabela 5 relaciona-se a quantidade de material retido com o
espaçamento entre barras das grades:
Tabela 5: Quantidade de material retido nas grades. Fonte: Jordão e Pessoa (1995)
As grades são projetadas para que ocorra uma velocidade de passagem entre 0,6 e 1,0
m/s, tomando-se por referência a velocidade máxima horária de esgotos sanitários. A
obstrução máxima admitida é de 50% da área da grade, devendo-se adotar como perdas
de cargas mínimas os valores de 0,15 m para grades de limpeza manual e 0,10 m para
grades de limpeza mecanizada.
Para o cálculo da perda de carga nas grades, pode-se utilizar a fórmula de Metcalf &
Eddy:
S = Au . (a + t) /a , onde:
De acordo com a NB-570, as caixas de areia de sistemas com remoção manual, devem-se
ser projetados dois canais desarenadores paralelos, utilizando-se um deles enquanto que o
outro sofre remoção de areia. Na remoção mecanizada utilizam-se bandejas de aço
removidas por talha e carretilha, raspadores, sistemas de air lift, parafusos sem fim,
bombas, etc. A "areia" retida deve ser encaminhada para aterro ou ser lavada para outras
finalidades. Para redes de esgotos novas e não imersas no lençol freático a quantidade de
areia retida é estimada em 30 litros por 1000 m3 de esgotos. Para situações desfavoráveis
recomenda-se adotar 40L/1000m3.
Características Operacionais
As caixas de areia são projetadas para uma velocidade média dos esgotos de 0,30 m/s.
Esta velocidade é mantida aproximadamente constante apesar das variações de vazão,
através da instalação de uma calha Parshall a jusante. Velocidades baixas, notadamente as
inferiores a 0,15 m/s provocam depósito de matéria orgânica na caixa, indicado pelo
aumento da relação SSV/SST do material retido e que provoca exalação de maus odores
devido à decomposição. Velocidades superiores a 0,40 m/s provocam arraste de areia e
redução da quantidade retida.
Dimensionamento
Para que a partícula que passe sobre a caixa na linha de corrente mais alta atinja a câmara
de estocagem de areia, é preciso que percorra H na vertical enquanto percorre L na
horizontal:
v1 t1
v2, t2
L H
v1 = x v2 =
t1 t2
L H
t1 = t ⇒ = ⇒ v1 . H = v2 . L
v1 v2
HJ Y H
HM
Para se manter a mesma velocidade na caixa de areia tipo canal com velocidade constante
controlada por calha Parshall, para Qmín e Qmáx, tem-se:
Q mín H ' mín . − Z
=
Q máx . H máx . − Z
5
Exemplo do Dimensionamento
Dados:
41 , 67 0 ,189 − Z
= ⇒ Z = 0 ,1033 m
227 ,83 0 ,572 − Z
c) Cálculo da grade
6
. barras de ferro
• dados adotados . espessura (t ) = 5mm
. espaçamento (a ) = 15mm
2
v 2 − v0
∆H = 1,43
2g
(0,8) 2 − (0,6) 2
• Grade limpa : ∆H = 1,43 = 0,02m
2 x 9,81
(2 x 0,8) 2 − (0,6) 2
• Grade 50% obstruída : ∆H = 1,43 . = 0,16 m
2 x 9,81
Qmáx 0,22783
A= = = 0,7594 m 2
v 0,3
d.3) Verificação:
Para Qmín = 41,67 l / s ⇒ H mín = 0,189 m
H mín − Z = 0,189 − 0,1033 = 0,0857 m
A = 0,0857 x 1,62 = 0,1388 m 2
0,04167
∴v = = 0,3 m / s
0,1388
Para a taxa de 30l/1000m3 e para vazão média de final de plano, Q = 126,58 l/s, tem-se o
seguinte volume diário de areia retida na caixa:
V = 0,03 l/m3 x 126,58 l/s x 86,4 = 328 l
8
0,328
• altura diária de areia acumulada na caixa h = = 0,02 m
10,55 x 1,62
3. Decantadores de esgotos
decantadores das ETAs, também nos decantadores primários de esgotos onde a relativa e
elevada concentração de sólidos em suspensão permite tais interações. A partir deste
caso, não é mais válida a lei de Stokes, devendo-se proceder ensaios em colunas de
sedimentação para a obtenção de parâmetros para o projeto das unidades.
Aumentando-se ainda mais a concentração da suspensão, passa a prevalecer a
sedimentação do tipo III (também chamada de sedimentação por zona, retardada ou
impedida). Neste caso, a concentração de sólidos é muito elevada e passa a ocorrer
dificuldade de saída de água em contra-corrente para possibilitar a sedimentação dos
sólidos. Assim, a velocidade de sedimentação diminui ao longo da profundidade do
decantador, sendo bastante baixa no fundo onde a concentração de sólidos é muito
elevada. Este tipo de sedimentação predomina em decantadores secundários de processo
de lodos ativados, que é alimentado pelo lodo concentrado do tanque de aeração. Neste
caso é nítida a ocorrência de interface lodo/líquido sobrenadante. Quando o lodo é
colocado em proveta, o deslocamento desta interface pode ser cronometrado ao longo do
tempo e através de interpretação gráfica pode-se calcular a velocidade de sedimentação
por zona (VSZ) importante para a interpretação da condição operacional de um processo
de lodos ativados. O resultado final, após 30 minutos de sedimentação, é utilizado para o
cálculo do IVL.
A sedimentação do tipo IV, também chamada de sedimentação por compressão, ocorre
no fundo dos decantadores secundários e nos adensadores de lodo. Neste caso, a
suspensão é tão concentrada que a "sedimentação" dá-se pelo peso de uma partícula sobre
a outra, provocando a liberação de água intersticial.
De acordo com a NB-570, os decantadores primários devem ser dimensionados com base
na vazão máxima horária de esgotos sanitários e para vazões de dimensionamento
superiores a 250 L/s deve-se empregar mais de um decantador.
Para a determinação da área de decantação deve-se utilizar como parâmetro a taxa de
escoamento superficial. Na literatura internacional são recomendadas taxas na faixa de 30
a 60 m3/m2.dia
A NB-570 impõe três condições para a adoção da taxa de escoamento superficial para
decantadores primários de esgotos:
As profundidades dos decantadores variam de 2,0 a 4,5 m, sendo mais comuns na faixa
de 3,0 a 4,0 m. A NB-570 impõe que os decantadores devem possuir profundidade
superior a 2,0 m.
Um parâmetro importante a ser observado no dimensionamento de decantadores é a taxa
de escoamento nos vertedores de saída. A NB-570 recomenda valores inferiores a
720m3/m2.dia, mas na prática são usados valores bem inferiores, principalmente quando
são usados decantadores de seção circular.
No caso de decantadores retangulares, deve-se manter o comprimento de canaletas
vertedoras compatível com a taxa de escoamento, sem que as mesmas avancem além de
1/4 do comprimento do decantador.
g) Alternativa: 2 decantadores
328
4x
D= 2 = 14,5 m
Π
O tempo médio de residência celular, também conhecido por idade do lodo, é a relação
entre a massa de células no reator e a massa de células descarregadas por dia, ou seja:
Descarregando-se mais lodo do sistema por dia o tempo de residência celular será menor
e vice-versa. Esta é a principal manobra operacional visando a obtenção do equilíbrio do
processo.
V. X
θc =
Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe
V. X
θc =
Qd . Xr
V. X V
θc = ⇒ θc =
Qd . X Qd
Decantador
Secundário
(Q+Qr), Xr
Qr, Xr, Se
Retorno de Lodo
Qd, Xr, Se
Q . So + Qr . Se - (Q + Qr) . Se - V . δS/δt = 0
δS/δt
U = ⇒ δS/δt = U . X
X
∴ Q . So + Qr . Se - Q . Se + Qr . Se - V . U . X = 0 ⇒
Q . (So - Se)
U = ⇒
V.X
Q . So
(A/M) = ⇒
V.X
16
So
(A/M) =
td . X
( So - S e )
E = . 100
So
(A/M) . E
∴ U =
100
Q . So
f =
V . Xt
Pode-se deduzir que, quando o lodo encontra-se bem formado, os valores do IVL são
baixos e vice-versa.
Pode ser observado que existe uma faixa de relação alimento/microrganismos que conduz
a uma melhor floculação biológica e a valores mais baixos de IVL Corresponde à faixa
de operação dos sistemas de lodos ativados convencionais. Pode se observado também
que, reduzindo-se a relação alimento/microrganismos há prejuízo para a floculação
biológica pela maior incidência de fase endógena e os valores de IVL são mais elevados.
Ë a faixa operacional dos sistemas com aeração prolongada, em que ocorrem maior perda
de sólidos com o efluente final. Apesar disso, os sistemas com aeração prolongada
17
Q . Xo – [ Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe ] + V . δX/δt = 0
δX / δt = ( µ - kd ) . X
18
– [ Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe ] + V . X . ( µ - kd ) = 0
[ Qd . Xr + (Q - Qd) . Xe ]
µ - kd = ⇒ 1 / θc = µ - kd
V.X
µ = Y . U ⇒ 1 / θc = Y . U - kd
So - Se
1 / θc = Y . - kd
td . X
µmáx. . Se
µ =
Ks + Se
µmáx. . Se
Y . U =
Ks + Se
19
µmáx. . Se
U =
Y . ( Ks + Se )
E, conforme já definido:
So - Se
U =
td . X
Tem-se que:
So - Se k . Se
=
td . X ( Ks + S )
td . X Ks 1 1
= . +
So - Se k Se k
Esta equação permite a determinação dos coeficientes cinéticos k e Ks e, como µmáx= Y.k,
podem assim ser obtidos os cincos coeficientes cinéticos que governam o processo de
lodos ativados, Y, kd, µmáx, Ks e k. Na Tabela 7 são apresentados valores típicos dos
coeficientes cinéticos.
Tabela 7 : Valores típicos dos coeficientes cinéticos para o processo de lodos ativados
aplicado ao tratamento de esgoto sanitário. Fonte: Metcalf & Eddy (1991 )
Idade do lodo 2 4 6 8 10
θc (dias)
SSVTA 1.380 1.922 2.215 2.344 2.456
X (mg/L)
DBO5,20 (filtrada) 60 32 16 11 09
Se (mg/L)
20
Todos os reatores foram alimentados com o mesmo esgoto com DBO5,20 = 300 mg/L e
tempo de detenção hidráulico de 04 horas. Variou-se a idade do lodo de um sistema para
o outro, através do descarte de diferentes quantidades médias de lodo por dia. Determinar
os valores dos coeficientes cinéticos Y, kd, Ks, k e µmáx e analisar os resultados obtidos.
Caso sejam usados apenas três tanques, o esquema operacional do ciclo de seis horas de
duração total pode ser alterado para:
Pode ser observado que em ambos os esquemas ocorre perfeito sincronismo, terminando-
se a descarga do esgoto tratado exatamente quando deverá ocorrer o início da
alimentação de um dado tanque, controlando-se o sistema pelo tempo reservado para
cada etapa, independentemente do volume recebido naquele ciclo.
Além das operações descritas, há também a necessidade de remoção do excesso de lodo,
controlada pelo tempo de residência celular desejado.
Na maioria dos sistemas implantados, opera-se na faixa com aeração prolongada
utilizando-se aeradores superficiais ou, preferivelmente, ar difuso. Considera-se que o
processo é bem adequado para as situações em que ocorrem grandes variações de carga,
pois é possível variar os ciclos operacionais e o número de tanques na alta e na baixa
estações. O resultado do tratamento é um efluente bastante clarificado, apto a receber
desinfecção final, caso seja necessária. Estudos têm sido conduzidos no sentido de se
modificar a operação destes sistemas, objetivando maximização na remoção de
22
nutrientes, como é o caso do estudo com enchimento anóxico (sem aeração) proposto por
Samudio (1998).
Existem várias outras modificações dos sistemas de lodos ativados, visando benefícios
específicos. Nos sistemas com alimentação escalonada, o esgoto afluente é distribuído ao
longo de um reator que tenha tendência a fluxo de pistão, de forma a manter-se uma
relação alimento/microrganismos mais constante ao longo do tanque de aeração. Nos
sistemas com aeração proporcional, a quantidade de ar é introduzida de forma
decrescente ao longo do tanque de aeração, procurando-se acompanhar a curva de
remoção de DBO e com isso racionalizar o uso de energia. Nos sistemas de estabilização
por contato, o tanque de aeração é dividido em dois; o primeiro tanque é dimensionado de
forma bastante forçada ocorrendo apenas a floculação. No segundo, ocorre a aeração
apenas do excesso de lodo, para aumentar seu grau de mineralização. Com isso, ocorre
ganho substancial no volume necessário de tanques de aeração. No processo Krauss,
recirculam-se sobrenadantes de digestores anaeróbios de lodo para o tanque de aeração,
objetivando a recuperação de nutrientes, especialmente para efluentes industriais
deficientes em nitrogênio ou fósforo.
Os sistemas de aeração mais comuns em sistemas de lodos ativados são os que recorrem
aos aeradores superficiais e os sistemas com ar difuso. Em ambos os casos, a
transferência de oxigênio é dificultada pela presença de sólidos e pela salinidade dos
esgotos, além de que, nas condições críticas de campo, as temperaturas acima de 20oC e
altitudes acima do nível médio do mar fazem com que, no conjunto, sejam obtidas
reduções da ordem de 40% nos valores resultantes de testes de transferência de oxigênio
em água limpa.
3) Sistema de aeração:
• Necessidade de oxigênio
Potência necessária:
Comprimento: 81,0 m
Largura: 13,5 m
Profundidade útil: 4,0 m
Profundidade total: 5,0 m
A vazão de retorno de lodo será estimada considerando-se que o lodo estará sedimentado
no fundo do decantador secundário a uma concentração de 8,0 kg/m3 (dado típico).
Fazendo-se um balanço de massa de sólidos em suspensão no decantador secundário,
desprezando-se a perda com o efluente final, tem-se:
25
( Q + Qr ) . X = Qr . Xr
( 1 + r ) . X = r . Xr
Para X = 3,2 kg/m3 e Xr = 8,0 kg/m3, tem-se r = 0,67e Qr = 0,67x 660 = 440 L/s ou
110 L/s por módulo, na segunda etapa.
∆X = 0,65 kg SS / Kg DBO
Para lodo com 8,0 kgSS/m3 e massa específica 1010 kg/m3, a vazão de excesso de lodo
será:
7.743
Qlodo = = 958 m3/d
0,008 x 1010
7) Decantadores secundários:
( Q + Qr ) . X
GA =
As
( Q + Qr ) . X
As =
GA
1, 67x57000x3,2
As = = 3.173 m2 ou 3.173 / 4 = 793 m2 por decantador.
4,0 x 24
1, 67x57000x3,2
GA = = 3,95 kg SS / m2 x hora
3.217 x 24
Q
qA = = 57.000 / 3.217 = 17,7 m3/m2.d
As
1, 67x53482x3,2
GA = = 4,9 kg SS / m2 x hora
3 x 804,25 x 24
Taxa de escoamento superficial:
Q
qA = = 53482 / 3 x 804,25 = 22,2 m3/m2.d
As
Dados:
2) Necessidade de oxigênio
Considerando-se que o sistema de aeração deverá funcionar 24 horas por dia, tem-se:
PNEC = 385 / 0,9 = 427 CV ou 427 / 4 = 107 CV por tanque (foram considerados
quatro tanques de aeração)
Comprimento: 54,0 m
Largura: 13,5 m
Profundidade útil: 4,0 m
Profundidade total: 5,0 m
A vazão de retorno de lodo será estimada considerando-se que o lodo estará sedimentado
no fundo do decantador secundário a uma concentração de 8,0 kg/m3 (dado típico).
Fazendo-se um balanço de massa de sólidos em suspensão no decantador secundário,
desprezando-se a perda com o efluente final, tem-se:
( Q + Qr ) . X = Qr . Xr
( 1 + r ) . X = r . Xr
5) Decantadores secundários
• Área superficial:
( Q + Qr ) . X
GA =
As
( Q + Qr ) . X
As =
GA
2x126,6x3,6x4,0
As = = 911,5 m2
4,0
Para lodo com 8,0 kgSS/m3 e massa específica 1010 kg/m3, a vazão de excesso de lodo
será:
2.215
Qlodo = = 274 m3/d
0,008 x 1010
Dados:
O volume necessário de tanques de aeração pode ser calculado pela soma do volume
ocupado pelo lodo sedimentado com o volume necessário para receber e tratar os esgotos.
3.691
V. X = = 46.138 kg SSTA
0,08
Será considerado um ciclo com 06 (seis) horas de duração total, obedecendo ao seguinte
esquema operacional:
Conclui-se que cada tanque de aeração deverá possuir volume útil de 1.442 + 1.230 =
2.672 m3. Além disso, costuma-se reservar uma altura adicional de 0,60 m para que a
retirada do esgoto decantado não ocorra até a superfície do lodo sedimentado.
2) Necessidade de oxigênio
Considerando-se que o sistema de aeração deverá funcionar 16 horas por dia, tem-se:
PNEC = 577 / 0,9 = 641 CV ou 641 / 4 = 160 CV por tanque (foram considerados
quatro tanques de aeração)
Para lodo com 8,0 kgSS/m3 e massa específica 1010 kg/m3, a vazão de excesso de lodo
será:
31
2.215
Qlodo = = 274 m3/d
0,008 x 1010
5.1.Considerações Iniciais
sólidos nas lagoas de decantação. A nitrificação dos esgotos ocorre muito pouco, bem
como a eficiência na remoção de coliformes fecais dos esgotos é igualmente baixa.
Os custos do tratamento podem ser reduzidos pela introdução de reator anaeróbio antes
da lagoa aerada. Também é possível a interrupção do sistema de aeração durante três
horas por dia, que deverá coincidir com o período de ponta de consumo de energia. Neste
caso a potência ser instalada deverá ser acrescida do fator 24/21 e recomenda-se, por
precaução, que neste período não haja descarga da lagoa aerada, devendo-se prever a
elevação de alguns centímetros da lâmina líquida (Said, 1998).
Na Tabela 9 são apresentadas as principais características dos sistemas de lagoas aeradas
mecanicamente seguidas de lagoas de decantação (Alem Sobrinho, 1998).
Tabela 9: características dos sistemas de lagoas aeradas. Fonte: (Alem Sobrinho, 1998).
δS / δt = (So - Se).Q/V
Mas δS / δt = K.X.Se / (Ks + Se) (Modelo de Monod), onde K representa a máxima taxa
de utilização de substrato por unidade de massa de microrganismos e de tempo ( em
tempo-1) e Ks é a constante de saturação, isto é, a concentração de substrato para a qual a
taxa de utilização de substrato por unidade de massa de microrganismos é a metade de K
(massa/volume).
So - Se K.Se
=
td . X Ks + Se
So - Se K.Se
=
td . X Ks
So - Se
= k.Se ou:
td . X
So - Se
= k.X.Se
td
So - Se
= k′.Se
td
Y.(So - Se)
∴ X =
1 + kd.t
So - Se
= k.Se , tem-se:
td . X
1 + kd.t
Se = ou
Y.k.t
1
t =
Y.k.Se - kd
Tabela 10: Valores típicos dos coeficientes cinéticos para lagoas aeradas tratando esgoto
doméstico a 20oC (Alem Sobrinho, 1998).
Autor k k′ = k.Xv Y kd
(L/mg.dia) (dia-1) (kgSSV/kgDBOremov.) (dia-1)
Necessidade de oxigênio
A temperatura do líquido da lagoa aerada pode ser estimada em função das suas
dimensões, da temperatura dos esgotos e da temperatura do ar, através de:
A.f.Ta + Q.T
TL = , onde:
A.f + Q
35
As estimativas devem ser feitas para o mês mais frio do ano em que, no Estado de São
Paulo, a temperatura dos esgotos é da ordem de 20oC.
Sistema de Aeração
Potência Necessária:
Comprimento: 78,50 m
Largura: 52,30 m
Borda livre: 0,60 m
Inclinação dos taludes: 1(V) / 2(H)
Comprimento: 79,00 m
Largura: 39,50 m
São escavações com profundidade útil na faixa de 3 a 5 metros, recebendo carga contínua
de esgoto de modo a manter condições de anaerobiose. A matéria orgânica é convertida
primeiramente por bactérias facultativas a ácidos voláteis, como o ácido acético, e depois
é definitivamente oxidada a metano e gás carbônico por bactérias anaeróbias estritas. O
nitrogênio orgânico é oxidado a nitrogênio amoniacal e o nitrato pode ser reduzido a
nitrogênio molecular, N2 gasoso. Os fosfatos orgânicos são oxidados a ortofosfatos. A
38
As lagoas facultativas são escavações com profundidades úteis na faixa de 1,5 a 2,0
metros, permitindo a penetração de luz e a produção de oxigênio via fotossíntese em
quase toda sua extensão, utilizado pelos microrganismos heterotróficos na decomposição
de matéria orgânica. Parte dos sólidos dos esgotos se sedimenta e entra em decomposição
anaeróbia no fundo da lagoa, o que a torna facultativa. A ação de ventos sobre a
superfície das lagoas também é importante para a oxigenação, o que torna desejável a
manutenção de uma área livre em torno das lagoas. Na figura a seguir representam-se os
principais mecanismos que ocorrem nas lagoas facultativas fotossintéticas.
λL = 20 x T - 60
λL = 14 x T - 40
N = No / ( 1 + kb x t ), onde:
4 . a . e1/2d
N / No = , onde:
( 1 + a )2 . ea/2d - ( 1 - a )2 . e-a/2d
Uma das proposições para o cálculo do fator de dispersão foi feita por Yánez (1993):
(L/B)
d = , onde:
- 0,261 + 0,254 .(L/B) + 1,014.(L/B)2
L: comprimento da lagoa
B: largura da lagoa
Para a remoção de DBO em lagoas facultativas têm-se proposto k variando entre 0,13 e
0,17 d-1 a 20oC, propondo-se para a correção de k em função da temperatura:
Para a remoção de coliformes, recomenda-se k variando entre 0,2 e 0,4 d-1 para lagoas
facultativas e entre 0,3 e 0,8 d-1 para lagoas de maturação. Para outras temperaturas,
corrigir o valor de k através de:
Dados:
Adotando-se o tempo de detenção hidráulico, com base na vazão média de esgotos, igual
a 4 dias, tem-se o seguinte volume útil necessário de lagoas anaeróbias:
λL = 14 . T - 40
Adotando-se o tempo de detenção hidráulico de 7,0 dias, tem-se o seguinte volume útil
necessário de lagoas de maturação:
A1/2Prof = 25.523 m2
Comprimento: 357,5 m
Largura: 71,5 m
Borda livre: 0,60 m
Inclinação dos taludes: 1(V) / 2(H)
λL = 20.T – 60
Para T = 15oC ⇒ λL = 240 kg DBO/ha.dia
Área superficial mínima necessária:
Largura: 130,70 m
Borda livre: 0,60 m
Inclinação dos taludes: 1(V) / 2(H)
Os filtros biológicos aeróbios podem ser classificados como reatores de leito fixo e com
retenção de biomassa. São preenchidos com um meio inerte, geralmente pedra ou
material plástico, sobre a superfície dos quais a biomassa responsável pela depuração do
esgoto cresce aderida. Desta forma, garante-se a diferenciação entre o tempo de retenção
hidráulica, que é de apenas algumas horas, do tempo de residência celular, mantido na
ordem de dias.
O esgoto é recalcado para a superfície dos filtros, onde se posiciona o distribuidor
rotativo, cuja função é garantir o umedecimento uniforme de toda a área do filtro. Em
seguida, percola sobre o material de enchimento, sem provocar afogamento. Utiliza-se
brita No 4 ou material plástico, que pode ser na forma de blocos estruturados ou de anéis
lançados aleatoriamente nos filtros. A matéria orgânica dos esgotos pode penetrar na
película biológica (ou biofilme) que se forma em torno do enchimento, conjuntamente
com o ar que circula em contra-corrente a partir de janelas para a ventilação posicionadas
na parte inferior do filtro. O material de enchimento apóia-se sobre um fundo falso,
constituído de lajotas perfuradas, que garante a drenagem do esgoto tratado. Há a
necessidade de separação de sólidos que se desprendem do biofilme, mediante a
passagem dos efluentes do filtro por decantadores secundários. Não há necessidade de
retorno de lodo e sim de efluente tratado para a entrada dos filtros, evitando a
proliferação de moscas (Psychoda Alternata) e que o biofilme perca excessivamente a
umidade nos períodos noturnos de baixa vazão.
A concepção tradicional envolvendo o emprego de filtros biológicos aeróbios é
semelhante à do processo de lodos ativados convencional. O sistema é constituído do
tratamento preliminar, grade e caixa de areia, decantadores primários, filtros biológicos
substituindo os tanques de aeração, decantadores secundários e a linha de tratamento de
lodo, adensamento digestão e secagem. Após o advento dos reatores anaeróbios de fluxo
ascendente e manto de lodo (reatores UASB), estas unidades passaram a constituir-se em
opção importante em substituição aos decantadores primários, podendo também receber o
excesso de lodo dos filtros biológicos para complementar a mineralização, dispensando
os digestores de lodo.
Recentemente foram desenvolvidas novas modalidades de filtros, os chamados biofiltros
aerados de leito submerso. Estes filtros diferem dos tradicionais principalmente pela
manutenção do leito afogado e pela inclusão de sistema de aeração por meio de soprador
e difusores de bolha grossa ou tubos perfurados. Além de eficiência elevada na remoção
da matéria orgânica carbonácea dos esgotos, as unidades podem ser dimensionadas de
44
À medida que o esgoto percola pelo filtro, ocorre a penetração do substrato e do oxigênio
no biofilme, onde ocorrem as reações de decomposição de matéria orgânica, sendo os
subprodutos lançados em contra-corrente. Em função do alimento consumido, dá-se o
crescimento celular e o da espessura da película biológica, o que faz com que os
microrganismos mais internos sofram limitações no suprimento de alimento ou de
oxigênio, entrando em fase endógena ou anaerobiose. Assim, perdem a capacidade de
aderência ao meio suporte, de forma a provocar o desprendimento de pedaços de
biofilme, gerando o excesso de lodo biológico e mantendo o equilíbrio da película.
O processo é essencialmente aeróbio e a reação de decomposição da matéria orgânica
pode ser simplificadamente expressa por::
Sh / So = 10-k.h.(A/Q)^n
Onde:
A constante da velocidade de remoção de substrato (k) varia entre 0,12 e 0,2 d-1 para
esgoto sanitário a 20oC. Para outras temperaturas corrige-se k através de:
So / Sh = 10k.h.(A/Q)^n
Portanto, lançando-se em gráfico log (So / Sh) contra h.(A/Q)n tem-se uma reta cujo
coeficiente angular corresponde ao valor de k.
Sh / So = 10-K.h.(Sa^m).(A/Q)^n
Onde:
Onde:
b) Com recirculação:
Onde:
F = ( 1 + r ) / ( 1 + 0,1*r2 ) onde r = Qr / Q
EDBO (%) = Eficiência na remoção de DBO, em porcentagem
W = Carga de DBO aplicada ao filtro, em kg/dia
V = Volume do filtro, em m3
Tabela 11: Classificação dos filtros biológicos aeróbios. Fonte: Alem Sobrinho (1986).
Os filtros de alta taxa são os que apresentam maior oportunidade de uso, sendo
competitivos com os sistemas de lodos ativados. Quando preenchidos com pedras, tem-se
procurado manter taxas de aplicação volumétrica da ordem de 0,8 kgDBO/m3/dia e taxas
47
Tabela 11: Características do material de enchimento. Fonte: Metcalf & Eddy (1991)
Visando a uniformização da carga hidráulica afluentes aos filtros biológicos de alta taxa,
deve-se proceder a recirculação de parte da vazão de esgoto tratado para a entrada dos
filtros. Em estudos realizados pela CETESB, concluiu-se que o fator de recirculação a ser
utilizado é aquele que conduza a uma DBO de entrada nos filtros da ordem de 100 mg/L.
Q * So + Qr * Se = ( Q + Qr ) * Si
Onde:
So + r * Se = Si * ( 1 + r )
Si = ( So + r * Se ) / ( 1 + r )
Para esgotos com DBO em torno de 300 mg/L, após o decantador primário a DBO será
um pouco superior a 200 mg/L e, para que seja diluído a 100 mg/L com o efluente final
que possui DBO na faixa de 20 a 30 mg/L, o fator de recirculação será da ordem de 1, ou
seja, a vazão de recirculação é aproximadamente igual à vazão média de esgotos.
48
Deve ser observado que, quando os filtros biológicos são precedidos de tratamento
anaeróbio como, por exemplo, por reator UASB, a DBO dos esgotos à entrada dos filtros
biológicos já é da ordem de 100 mg/L e, segundo este critério, deve-se dispensar a vazão
de recirculação de efluente final.
Dados:
• População atendida: 38.900 hab
• Carga de DBO dos esgotos: 2100 kg/dia
• Vazão média de esgotos: 101,7 L/s = 366m3/h = 8789 m3/dia
Admitindo-se a DBO dos esgotos à entrada dos filtros, após a mistura com o fluxo de
recirculação, Si = 100 mg/L e a DBO dos efluentes finais, Se = 20 mg/L, tem-se:
Si = ( So + r * Se ) / ( 1 + r )
100 = ( So + r * 20 ) / ( 1 + r )
entre bactérias do tipo cocus com as do tipo bastonete eram responsáveis pela formação
dos grânulos em reatores UASB.
O caminho bioquímico tradicional pelo qual bactérias facultativas transformam os
compostos orgânicos dos esgotos em compostos intermediários conhecidos como ácidos
orgânicos voláteis, para subsequente conversão destes em metano e gás carbônico pelas
bactérias metanogênicas, foi alterada, incorporando-se principalmente uma fase inicial de
hidrólise de baixa velocidade e o conhecimento de que o metano é produzido em boa
parte a partir de CO2 e H2 e não com grande predominância da fonte a partir da quebra
direta do ácido acético, o mais importante dos ácidos voláteis.
Um reator estável apresenta concentração baixa de ácidos voláteis, pois os mesmos são
imediatamente consumidos à medida que são produzidos. Quando o reator se
desequilibra, ocorre consumo de alcalinidade para a neutralização dos ácidos voláteis
acumulados. Assim, a relação alcalinidade de bicarbonatos/ácidos voláteis constitui
conceitualmente, a principal forma de avaliação da estabilidade do processo anaeróbio.
Um reator estável, chega a apresentar concentração de ácidos voláteis tão baixa quanto
100 mgCaCO3/L e uma alcalinidade de bicarbonatos superior a 1.000 mgCaCO3/L, ou
seja, relação superior a 10/1. Quando este valor tende a diminuir, a correção artificial é
necessária, pois se reduzir-se excessivamente, chegando próximo a 1/1, o reator tenderá
ao colapso e a nova partida poderá ser complicada.
A presença dos principais nutrientes nos despejos deve ser garantida para o equilíbrio do
processo anaeróbio. Costuma-se indicar a relação mínima DQO/N/P de 350/7/1, embora
esse valor possa ser alterado em função das características dos despejos que influenciam
na configuração do sistema biológico. Os autores consideram que o enxofre é necessário
em quantidades tão grandes quanto o fósforo. Por outro lado, se na forma de sulfato, este
reduz-se a sulfeto no meio anaeróbio, que é tóxico às metanobactérias. Este fato
demonstra a importância do controle desse elemento em sistemas anaeróbios.
Além dos macronutrientes, elementos exigidos em menores quantidades pelas células
podem limitar o tratamento anaeróbio, conforme indicado na literatura. O ferro é
excelente estruturador de flocos, grânulos ou biofilmes; as necessidades de níquel e de
cobalto também são reconhecidas. Metais alcalinos e alcalino-terrosos também são
necessários, embora em concentrações excessivas inibam o processo.
Dentre os elementos tóxicos ao processo, destacam-se os metais pesados que, presentes
em frações de mg/L podem inibir o processo. Apesar disso, a ausência completa destes
pode também representar insuficiência nutricional no meio. O íon sulfeto é inibidor da
metanogênese, sendo necessárias concentrações de pelo menos dezenas de mg/L de
sulfato nos efluentes para que esse efeito ocorra significativamente. Além da ação tóxica,
as bactérias redutoras de sulfato competem com as metanogênicas pelo substrato, os
ácidos voláteis. Metais pesados e sulfeto são contaminantes antagônicos, uma vez que se
precipitam mutuamente.
A ausência de oxigênio é necessária para a metanogênese, o que faz com que os reatores
anaeróbios sejam fechados ou que se force a carga orgânica para que ocorra rápido
esgotamento do oxigênio presente nos efluentes.
A amônia também traz inibição ao processo, mas são necessárias concentrações bastante
elevadas. Diversos compostos orgânicos são listados como tóxicos, principalmente os de
estrutura molecular mais complexa.
Como os esgotos sanitários são relativamente diluídos, os reatores UASB têm o seu
limite de capacidade definido pela taxa de aplicação hidráulica, que resulta em
determinada velocidade que poderá ou não ser suficiente para provocar o arraste de parte
do manto de lodo, descontrolando o processo. No tratamento de efluentes industriais mais
concentrados, os reatores UASB são limitados pela aplicação de matéria orgânica, em
geral na faixa de 5 a 10 kg DQO/m3.dia, embora tenham sido registradas taxas de até 20
kg/m3.dia com bons resultados no tratamento.
Lodos bem granulados resistem ao arraste com velocidades de passagem de até 10 m/h.
Mas como ocorrem situações em que o lodo não granula, apenas flocula e mesmo assim o
reator mantém boa eficiência na remoção de DQO, recomenda-se limitar a velocidade
ascensional à 4 m/h.
A parte superior do reator UASB, externa ao “chapéu” coletor de gás, funciona como
decantador, permitindo a recuperação de grânulos escapados da zona de manto de lodo.
Recomendam-se taxas de escoamento superficial inferiores à 1,25 m3/m2.dia para a
garantia do retorno de parte significativa do lodo para a zona de manto. A inclinação das
abas do chapéu (ângulo com a horizontal), deverá ser superior a 55º.
Produção de gás
Ainda de acordo com os estudos da CETESB, deve ser esperada uma produção de 0,12
Nm3 gás / kg DQO aplicada. O gás deverá possuir cerca de 65 a 75% de metano.
8.6. Critérios para a partida e operação dos reatores UASB vazão de esgotos de projeto
Lodo de inóculo
O reator deverá ser alimentado com os efluentes segundo uma vazão que resulte na
aplicação de 0,1 kg DQO / kg SSV . dia. Essa vazão deverá ser aumentada quando
ocorrer estabilização da eficiência na remoção de DQO e demais características
operacionais do processo. Eventuais desequilíbrios poderão ser enfrentados mediante a
introdução de barrilha no reator, sempre que o pH em seu interior tenda a cair abaixo de
6,5.
Dados:
Deverão ser utilizados 04 (quatro) reatores UASB de 525,7 m3 cada, com 14,80 m de
comprimento, 7,40 m de largura e 4,80 m de profundidade útil total (zona de manto +
zona de decantação).
- Sistema de alimentação
-Produção de lodo
- Carga DQO = 1,85 Carga DBO ⇒ Carga DQO = 1,85 x 1502 = 2.779 kg DQO/dia
- Produção de gás:
Prod. Gás = 0,12 x 2.779 = 333,5 Nm3 / dia (gás com 75% CH4)
- Eficiência do reator:
56
65% em DBO.
9. Tratamento de Lodo
O tratamento de lodo pode ser subdivido em três etapas principais, embora dependendo
do sistema de tratamento de esgotos adotado, algumas delas podem ser suprimidas. É o
caso, por exemplo, do sistema de lodos ativados com aeração prolongada, onde o
processo opera em uma faixa em que a digestão do excesso de lodo pode ser dispensada.
Os lodos descartados de reatores UASB também dispensam adensamento e digestão
complementar. O adensamento de lodo pode não ser obrigatório em sistemas de lodos
ativados ou filtros biológicos aeróbios mas, exceto em sistemas de pequeno porte, sua
inclusão se viabiliza pelos benefícios trazidos às unidades posteriores de tratamento de
lodo. Quando o tratamento de esgotos é feito por processos de lagoas, aí o sistema opera
de forma que os lodos adensam e digerem nos próprios fundos das lagoas de estabilização
ou de decantação, no caso dos sistemas de lagoas aeradas mecanicamente. O problema
passa a ser como produzir mecanismos de remoção de lodo e para a desidratação final
antes de ser enviado para disposição.
Dependendo do uso a ser feito do lodo a ser retirado da estação de tratamento de esgotos,
outras etapas de tratamento podem ser necessárias, como a sua desinfecção para
aplicação em solo agrícola.
O Objetivo do adensamento de lodo é reduzir o seu teor de umidade, remover água e
assim reduzir volume e aumentar o teor de sólidos. Os lodos descartados de decantadores
“secundários” de sistemas de lodos ativados com aeração prolonga possuem teor de
sólidos inferior a 1% e quando um adensador o eleva para 2%, tem-se uma redução de
volume de lodo de 100% a ser desidratado. Em um sistema de lodos ativados
convencional ou de filtros biológicos aeróbios, o lodo é misto, primário e secundário, é
gerado com teor de sólidos entre 1,0 e 1,5% e sua elevação para cerca de 4% permite uma
57
O adensamento de lodo pode ser feito por três processos principais alternativos. O
adensamento por gravidade, é aplicável tanto para lodos de decantadores primários como
para lodos de decantadores secundários, ou seja, excesso de lodos biológicos, bem como
para lodos mistos primários e secundários. O adensamento por flotação com ar dissolvido
pode ser uma alternativa interessante para o adensamento de excesso de lodos biológicos.
Resultam em teores de sólidos superiores aos dos lodos adensados por gravidade e podem
ser aplicadas maiores cargas de lodo por área superficial de adensadores, resultando na
necessidade de menores áreas de adensadores. A estrutura, no entanto, é bem mais
complexa. Parte do efluente final da ETE, isto é, do esgoto tratado, alimenta o tanque de
pressurização onde o ar é injetado e, à pressão da ordem de 4,0 kgf/cm2, dissolve-se no
líquido na forma de micro-bolhas. Em seguida, é misturado com o lodo à entrada pelo
fundo da câmara de flotação, com remoção por raspagem do lodo adensado na parte
superior e do líquido subnadante para retornar à entrada da ETE. Recentemente, têm-se
desenvolvido máquinas para o adensamento mecânico de lodos. São máquinas projetadas
para providenciar apenas uma desidratação parcial do lodo, em torno de 4 a 5 %, para
posterior desidratação final que também poderá ser mecanizada. Pesquisas recentes têm
demonstrado a possibilidade de se obter vantagens interessantes mediante o
condicionamento químico de lodos previamente ao seu adensamento. Neste texto, será
dada maior ênfase ao adensamento por gravidade.
Tabela 12: Taxa de aplicação de sólidos em função do tipo de lodo. Fonte: Hespanhol
(1986)
Tipo de Lodo Taxa de Aplicação de Teor de Sólidos no Lodo
Sólidos Adensado
(kgSS/m2.dia) (%)
Primário 100 – 150 6 – 12
Filtro Biológico 40 – 50 4 – 10
Lodos Ativados 20 – 40 1,5 – 4,0
Primário + Filtro Biológico 60 – 100 4 – 10
Primário + Lodos Ativados 40 - 80 3 - 10
A taxa de aplicação de sólidos deverá ser o fator mais restritivo na determinação da área
superficial dos adensadores porém, a taxa de escoamento superficial, vazão de lodo
aplicada por unidade de área superficial dos adensadores, deverá ser mantida dentro de
certos, ou seja, qA = Q / As < 16 m3/m2.dia.
A NB – 570 da ABNT faz recomendações adicionais, tais como profundidade útil
mínima dos adensadores igual a 3,0 m , tempo de detenção hidráulico máximo de 24
horas e obrigatoriedade de remoção mecanizada de lodo quando se utilizam diâmetros
superiores a 3,0 m. O limite máximo de tempo de detenção do lodo no adensador deve-se
à possibilidade de entrar em decomposição anaeróbia e exalar maus odores. Quando
resulta do dimensionamento tempos de detenção superiores a 24 horas, pode-se recircular
uma parcela do esgoto tratado, o efluente final da ETE, com vazão calculada para garantir
o atendimento ao valor limite.
Exemplo de Dimensionamento
Dados:
• Tipo de lodo: Primário + Lodos Ativados
• Produção de lodo: ∆X = 2254 kg SS / dia
• Massa específica do lodo: 1020 kg/m3
• Teor de sólidos do lodo: 1%
• Vazão de lodo: Q = 2254 / (0,01 x 1020) = 221 m3/dia
Podem ser usados digestores de segundo estágio, para armazenamento do lodo e remoção
de sobrenadante. O volume do digestor de segundo estágio é de cerca de 1/3 do volume
de primeiro estágio, determinado pelos critérios apresentados.
60
Dados:
Deverão ser adotados três digestores de 1.200 m3 cada, perfazendo um volume útil total
de 3.600 m3.
Os leitos de secagem de lodo são estruturas compostas de tijolos, dispostos dois a dois e
com juntas preenchidas com areia grossa. Sob os tijolos, são dispostas camadas de areia
grossa e britas de granulometrias crescentes em direção ao fundo, uma laje impermeável
de onde o líquido que infiltra é drenado e retornado à entrada da ETE. O lodo é disposto
sobre os tijolos, secando por infiltração de água no leito e por evaporação ao sol. Os
leitos são alimentados sob a forma de rodízio, a partir de canais com comportas. Um ciclo
típico de operação de leitos de secagem, comumente adotado em projetos em nossa
região, é de 30 dias de duração total, sendo 20 dias reservados para a desidratação do
61
lodo e 10 dias para a remoção do lodo seco e para rearranjo do leito. Podem ser esperados
teores de sólidos no lodo desidratado superiores a 30%.
Para a determinação da área necessária de leitos de secagem, a NB – 570 da ABNT
preconiza como critério a taxa de aplicação de sólidos, que não poderá ultrapassar a 15 kg
SS / m2 x ciclo. Em nossa região são utilizadas taxas da ordem de 10 a 12 kg SS / m2 x
ciclo. Determinada a área total de leitos, a mesma é subdivida em um certo número de
leitos que não deverão ser muito grandes para diminuir as dificuldades operacionais.
Dados:
V = 100 (SS) / N . P . ρ
62
Dados:
∆X = 6825 kg SS / dia
N=4
P = 30%
ρ = 1,06
Volume do filtro-prensa:
Dados:
• ∆X = 8212 kg SS / dia
• ρ = 1030 kg / m3
• Teor de sólidos: 5%
• Vazão de lodo: QLODO = 8212 / (0,05 x 1030) = 160 m3/dia
Consumo de polieletrólito:
Médio: 6 kg / 1000 kg SS
Máximo: 8 kg / 1000 kg SS