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Caso Clínico 1:
Sexo feminino, 36 anos, encaminhada após consulta para exame admissional devido a
alteração nos exames laboratoriais.
Assintomática.
Tabagista 15 anos/maço
Etilista social
Caso Clínico 2:
Sexo masculino, 46 anos, com quadro de aumento do volume abdominal, dor abdominal,
febre. Refere alteração do ciclo sono vigília e irritabilidade.
Tabagista 25 anos/maço
Se a primeira paciente tiver com TGP de 50 (normal até 40) e TGO normal, não posso falar que
é cirrose.
Devo investigar melhor esse “etilismo social”, transfusão e relação sexual sem uso de
preservativos, que são fatores de risco para hepatopatia por hepatites virais com o vírus C e B.
No segundo caso, temos um paciente que é etilista considerável, pois bebe 5 garrafas de
cerveja/dia. 1 garrafa de cerveja tem 25 g de álcool. Então esse paciente ingere 150 gramas de
álcool. O suficiente para causar lesão hepática na população geral seria no homem 80 gramas
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e na mulher 60 gramas durante 5 anos, sendo que a partir de 20 gramas temos um consumo
alcoólico significativo, não sendo necessariamente capaz de causar doença hepática.
CIRROSE HEPÁTICA
Injúria causada por medicação, vírus, processo auto-imune, gordura, etc. Qualquer
tipo de agressão ao fígado que vai fazer com que ele reaja, causando inflamação e
necrose.
Fibrose hepática
As causas mais frequentes são as hepatites virais, (B principalmente transmitida por via sexual
ou material pérfuro-cortante e C principalmente por transfusão de sangue, hoje menos
frequente por conta do controle dos bancos de sangue).
Doença de Wilson – Alteração do metabolismo do cobre, que vai se depositar nos gânglios da
base, gerando alterações neuropsiquiátricas com sintomas extrapiramidais. É uma doença
genética. Costuma dar uma deposição do cobre na membrana de Descemet do olho, formando
anéis de Kayser-Flescher.
Cirrose biliar primária (CBP) – Costuma acontecer em indivíduos em sexta década de vida, sexo
feminino. Primeira manifestação: prurido, elevação de enzimas colestáticas e o anticorpo que
marca a CBP é o anticorpo anti-mitocôndria.
A colangiteesclerosante primária (CEP) gera uma alteração dos ductos biliares tanto intra
quanto extra-hepáticos. Acomete principalmente sexo masculino (70% dos casos) e está
associada a doenças inflamatórias intestinais, principalmente a retocolite ulcerativa.
Tenho células estreladas e de Kupffer. Na cirrose hepática, tenho alteração dessas células
estreladas, começando a produzir uma série de marcadores inflamatórios, substâncias
vasoconstritoras, substâncias vasodilatadoras, que começam a ocupar o Espaço de Disse. Com
isso, temos a vasoconstrição do epitélio endotelial do hepatócito. Isso dificulta a
metabolização de uma série de substâncias.
Fisiopatologia
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Tenho a parte estrutural, que seria a fibrose. Não tenho como combater isso. Com a
associação de alterações estruturais e funcionais, o fígado se torna duro, há o aumento da
resistência hepática.
Quando temos a RVP diminuída, o nosso organismo faz vasoconstrição, ativando o sistema
renina-angiotensina-aldosterona. Com isso, tenho ativação do ADH (hormônio anti-diurético) e
ao reter água, também retemos sódio, que “puxa” mais líquido. Temos então muito líquido
dentro do organismo, uma hipervolemia. Por isso o Débito Cardíaco não está diminuído nos
momentos iniciais.
Nas fases tardias, tenho muita água e pouco sódio (hiponatremia). Chamamos de
hiponatremiadilucional, que acontece não porque tem pouco sódio, mas por causa do volume
aumentado de água. Isso vai se perpetuando com o tempo e vou ter vasoconstrição renal, o
que acontece em qualquer choque hipovolêmico, em que tento preservar a perfusão cerebral
e cardíaca. Essa vasocontrição renal, vai causar a Síndrome Hepatorrenal, uma outra
complicação do cirrótico.
Com a retenção de sódio e água, isso vai para o fluxo venoso portal, causando hipertensão
porta. Esse sódio e água vêm para a barriga. No início, o sistema linfático é capaz de absorver,
mas chega uma hora que começa a acumular, formando a ascite.
Exame físico
Laboratorial
Imagem
Histologia
Complicações
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Insuficiência hepática
Hipertensão porta
Sinais de Hiperestrogenismo
Eritema palmar
Telangiectasias ou spiders
Aumento de Parótidas, principalmente nas etiologias alcoólicas.
Ginecomastia
Atrofia testicular
Ascite
Varizes de esôfago e gástricas
Esplenomegalia congestiva
Circulação porta visível no abdome – colateral
Podemos ter ainda baqueteamento digital, principalmente na síndrome
hepatopulmonar, em que tenho vasodilatação das veia pulmonares e déficit na
oxigenação.
Diagnóstico laboratorial
Hemograma completo - sinais indiretos – Acontece por conta do hiperesplenismo
Leucopenia
Plaquetopenia
Livros citam também anemia, mas não é muito comum. Se o paciente não tiver
nada que justifique a anemia, pode ser por causa da doença hepática. Mas
devemos descartar todas as outras causas antes.
Albumina – Lembrar que se tiver albumina baixa, pode ser por perda de
albumina, não por doença hepática.
Tempo de protrombina
Bilirrubina
Enzimas colestáticas
Fosfatase alcalina
Gama-glutamiltransferase
TGO>TGP
Nas imagens, o fígado cirrótico é todo serrilhado, tem lobo caudado que envolve a veia cava
hipertrofiado.
A biópsia é o diagnóstico de certeza. Muitas das vezes, no cirrótico isso não é necessário, só
pela clínica conseguimos fazer o diagnóstico.
Na imagem acima, temos fibrose entre uma tríade portal e outra formando os nódulos de
regeneração, uma alteração arquitetural.
O MELD leva em consideração RNI, creatinina e bilirrubina. Vou calcular uma fórmula
logarítmica que vai variar de 6 a 40. Hoje em dia, coloco o paciente numa fila de transplante se
for um CHILD B. Mas quem irei transplantar primeiro é quem tem o MELT maior. Quanto maior
o MELT, menor a sobrevida. Mas tem uma série de coisas contra essa avaliação do MELT.
HD – Hemorragia digestiva
VE – varizes esofágicas
Ascite
Complicação mais comum da cirrose hepática
Devo encaminhar o paciente para um centro de transplante, o que não quer dizer que
ele irá transplantar.
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Cirrose é a causa mais comum, mas devemos lembrar das outras causas.
Classificação
Ascite não complicada
Ascite Complicada: Pode ser dividida em ascite com infecção, como peritonite
bacteriana espontânea ou ascite refratária.
Ascite refratária:
Diagnóstico
Anamnese
Ultra-sonografia
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Anamnese
Saciedade precoce
Sinal da macicez móvel – forma mais fidedigna de fazer o diagnóstico no exame físico da ascite.
Paracentese abdominal
Avaliarpresença de neoplasia
Geralmente a coloração é amarelo citrino, podendo se tornar turva ou quilosa quando tenho
um aumento de triglicérides no interior do líquido ascítico, que pode ser por ruptura de vasos
linfáticos peritoneais. A ascite hemorrágica pode ser somente um acidente de punção ou casos
de neoplasia, tuberculose peritoneal. Há um pior prognóstico dos pacientes com ascite
hemorrágica.
70% de pacientes cirróticos tem proteína total <2,5 , sendo 50% de albumina
Quando gradiente é < 1,1 97% acurácia para ausência de Hipertensão Portal
70% Linfócitos
2. Bioquímica:
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3. Bacterioscopia:
5. Citologia Oncótica:
Tratamento
MEDIDAS GERAIS
Dieta hipossódica
FUROSEMIDA – LASIX ®
Dose: 40 - 160 mg
Quando suspender?
Encefalopatia
Complicações:
Ascite refratária
Classificação:
Posso fazer paracenteses de repetição, vou retirando o líquido, sendo que em paracenteses
acima de 5 Litros, sou obrigada a reporalbumina, senão o indivíduo vai acabar tendo disfunção
circulatória pós-paracentese, evoluindo para síndrome hepatorrenal. Para cada litro de líquido
ascítico retirado, reponho 8g de albumina, após 5 litros. Se tiro 6 litros, vou repor 6*8= 48 g.
Reponho o volume total, mas isso é feito só a partir de 5 litros.
TIPS - Posso também fazer a inserção de um stent que vai desviar o fluxo da veia porta para o
sistema cava e com isso, vou diminuir a pressão no sistema portal. O problema é que o sangue
que vem da porta, vem com toda a “sujeira” do organismo, que deveria ser metabolizada pelo
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fígado. Se faço esse desvio, isso pode ir para a cabeça e o paciente pode desenvolver
encefalopatia. Também, tinha-se o risco de oclusão desse TIPS. Porém, hoje eles são
recobertos por substânciasangiocontrolantes.
Definição:
Infecção do liquido ascítico sem outra fonte intra-abdominal infecciosa contígua e ausência de
foco inflamatório intra-abdominal.
Diagnóstico:
Quadro clínico
Exames Laboratoriais
Diagnóstico Clínico:
Sinais e/ou sintomas locais de peritonite: dor abdominal, irritação peritoneal, vômito,
diarreia,íleo que não para de eliminar gases e fezes.
Encefalopatia hepática
Choque
Exames laboratoriais:
Hemograma – leucocitose? Leucopenia?
Função renal
Função hepática
Hemocultura – cultura do líquido ascítico é muito ruim no Brasil, por isso devo associar
à hemocultura, como falado anteriormente.
Cultura
Bacterioascite
As duas primeiras tem comportamento clínico igual: são graves e podem levar à morte e
síndrome hepatorrenal.
Quando o paciente tem sintomas clínicos, devo tratar como as duas primeiras. Se não, em 48
horas, você repete a paracentese. Se aumentou polimorfonucleares, devo tratar.
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Tratamento:
Cefotaxima 2g 8/8h DURAÇÃO 5 DIAS
Rocefin - Ceftriaxone 1g 12/12h – MAIS USADO
Hoje em dia, se faz quando o paciente tem doença hepática mais grave, com
RNI >1,5 , BT > 3 , Classificação de Child-Pugh>9 – Qualquer um desses você
usa.
Secundária
Antibióticos
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Síndrome Hepatorrenal
Insuficiência renal funcional – Meu rim está normal, mas tenho vasoconstrição.
Potencialmente reversível
Definição:
Cirrose com ascite / insuficiência hepática aguda
Ausência de choque
Tipos de SHR:
Tipo I
Tipo II
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Encefalopatia Hepática
Definição:
Conjunto de alterações neuropsiquiátricas, potencialmente reversíveis, observadas em
indivíduos com insuficiência hepática, após a exclusão de outras anormalidades neurológicas
e/ou metabólicas (Vienna, 1998).
Existem algumas teorias sobre a fisiopatologia. Substâncias tóxicas produzidas pelo intestino
são absorvidas e pelo fato de não serem metabolizadas de forma adequada no fígado e
seguirem caminhos alternativos pela circulação colateral, chegam ao cérebro, causando
alteração nos astrócitos, em neurotransmissores, alterando funções cognitivas,
comportamentais e causando déficits neurológicos focais.
A teoria mais aceita seria a teoria da amônia. A amônia seria produzida no intestino através da
ação da glutaminase na glutamina, formando glutamato e amônia. Então, é através da
produção pelos enterócitos ou metabolização de bactérias colônicas. Em menor quantidade
também é produzida pelo rim, assim como é excretada pelo rim. Há também uma menor
produção pela musculatura esquelética, que também tem a função de armazenar a amônia.
Isso tudo cai no sangue e a amônia vai ser transformada no fígado em ureia e amônia.
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A hepatite fulminante ocorre em um paciente que tem uma hepatite aguda grave, com
distúrbios de coagulação, aumento de bilirrubina, etc. A partir do momento que desenvolve
encefalopatia, é igual à hepatite fulminante.
Ex: Paciente do sexo F, fazendo uso de medicação para acne, começou com icterícia, fazendo
náuseas e vômitos. O dermatologista acha que deverá continuar tomando o remédio, que não
causa nada no fígado. Em outro atendimento, enzimas hepáticas de TGP 3000, TGO de 2000,
Bilirrubina de 5 e atividade de protrombina de 50%. A paciente está com hepatite aguda grave.
O que os médicos fizeram?? Internação. 24 a 48 horas depois, o médico colheu novamente o
sangue. Transaminases, TGP 400, TGO 600, Bilirrubina 30, Atividade de protrombina 20. As
pessoas acham que melhorou, já que as enzimas estão caindo. Então, pensam em dar alta para
a paciente, que está muito irritada por estar ficando no hospital, não está conseguindo dormir
à noite. Em casa, começa a brigar e bater na mãe, começa a falar palavrões e em 48 horas é
TRANSPLANTADA.
Às vezes, tem alterações discretas, que podemos atribuir à rotina de um hospital, como o
paciente dormir de dia (é muito ruim dormir à noite no hospital, porque toda hora vem a
enfermeira encher o saco). Devemos estar de olho em alterações sutis. A paciente do caso,
que por sinal é de um caso real, iria morrer.
Exame Físico
Flapping – Não é patognomônico de encefalopatia hepática!!
Isso tudo, dá o grau. Grau 0 é a encefalopatia mínima, que está sendo estudada cada vez mais,
o paciente por exemplo não pode dirigir, por causa da diminuição de reflexos.
Causas:
Hepatocarcinoma
Hemorragia Digestiva que ainda não exteriorizou.
Para usar qualquer benzodiazepínico no cirrótico, devo estar muito atento.
Isto porque uma das teorias da encefalopatia é a ocorrência de falsos
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Avaliação Laboratorial
Hemograma com plaquetas
Glicemia
Eletrólitos
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Gasometria arterial
Dosagem arterial de amônia – A dosagem venosa não tem valor nenhum. A dosagem
arterial tem que ser pela manhã e não correlaciona com a gravidade de encefalopatia
hepática.
Enzimas hepáticas – Mais para você ver no caso de uma hepatite fulminante.
Tratamento específico
Nada parece ser comprovado. Temos uma terapia comprovada, que não está disponível no
Brasil. O que mais usamos é a:
Lactulose – Açúcar não absorvível que vai atuar no pH fecal, tornando-o desfavorável ás
bactérias produtoras de amônia. Também tem efeito catártico, jogando um pouco de amônia
para fora.
Dose: 30-120ml VO/dia (dividido 2- 4 x) – Tenho que ter duas a quatro evacuações
pastosas.
Tratamento
Rifaximina– Está sendo a maravilha do momento. Tem efeito muito bom, com poucos
efeitos colaterais, mas ainda não foi liberada no Brasil.
Bromocriptina
Zinco
Dieta
É um erro muito grande fazer a dieta hipoprotéica.
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Encefalopatias Grau I a II
Posso fazer o tratamento ambulatorial.
Posso fazer então o tratamento específico, que é a lactulose, visando duas a quatro
evacuações por dia.
Posso fazer então o tratamento específico, que é a lactulose via oral ou enema, visando duas a
quatro evacuações por dia.
Posso usar também o flumazenil, que é um antídoto do diazepam, que atua nos receptores
benzodiazepino-likes. Não tendemos a usar, usa mais raramente.
Hepatocarcinoma
Cirrose é um fator precipitante de câncer hepático. A incidência depende da etiologia.
As outras etiologias são um pouco menos frequentes. Só irei rastrear se o paciente for
cirrótico.
O método mais usado é a ultrassonografia. Qualquer nódulo em cirrótico deve ser avaliado
com mais cuidado. A US deve ser feita a cada 6 meses para rastreio. O problema é que o US é
operador-dependente e não temos ultrassonografistas especializados a diagnóstico de
hepatocarcinoma.
Diagnóstico
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Deve ser feito um método dinâmico, um método em que se usa contraste, porque o
hepatocarcinoma tem um padrão de contraste típico, que me permite fazer o diagnóstico sem
biópsia.
Dosagem de um marcador tumoral – alfa-feto-proteína. Era muito utilizada, agora que caiu
por terra o seu uso no rastreamento, porque sabe-se que só está alterada em fases muito
avançadas da doença.
Padrão Típico
Tratamento
O melhor tratamento é a ressecção do tumor. É permitida num grupo muito limitado de
pacientes, para aqueles que não tem hipertensão portal e são Child A, sem complicações.
Para casos muito avançados, temos um quimioterápico oral, conhecido como Sorafenib ou
Nexavar ®, que pode aumentar a sobrevida do paciente de 2 a 8 meses.
Caso Clínico 1:
Sexo feminino, 36 anos, encaminhada após consulta para exame admissional devido a
alteração nos exames laboratoriais.
Assintomática.
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Etilista social
Caso Clínico 2:
Sexo masculino, 46 anos, com quadro de aumento do volume abdominal, dor abdominal,
febre. Refere alteração do ciclo sono vigília e irritabilidade.
Tabagista 25 anos/maço
Fatores etiológicos: HAS e DM, etilista, relação sexual sem uso de preservativos.
O que fazer?
Tem em comum a possibilidade de uma cirrose hepática.
No paciente 2, ele está complicado em ascite e pode ter peritonite bacteriana espontânea, por
conta dos sinais de infecção. A irritabilidade e alteração do ciclo sono vigília indicam fatores
precipitantes para a encefalopatia.
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