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Módulo 22 Neurologia

Aula 2
Transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH)
Milton Genes

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Introdução
O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um
transtorno neurobiológico de provável causa genética que
aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo
por toda a vida.

Caracteriza-se por sintomas de:


• Desatenção.
• Hiperatividade.
• Impulsividade.

Apresenta os seguintes subtipos:


• Com predominância de desatenção 20-30%.
• Com predominância de Hiperatividade/impulsividade 15%.
• Combinado 50-75%.

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É um transtorno novo?

• 1854: primeira descrição.


• 1930: dano cerebral mínimo.
• 1960: disfunção cerebral mínima (DCM).
• 1968: reação hipercinética infantil.
• 1980: síndrome do déficit de atenção com ou sem
hiperatividade e residual.
• 1987: distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade
(DDAH).
• 1994: TDAH.

Prevalência
• Queixas escolares de desatenção e “agitação” atingem 20 a
25% das crianças.
• Afeta 3-7% das crianças em idade escolar:
• A taxa é similar em todo o mundo.
• Porto Alegre: 5,8% (Rohde).
• Até 50% dos pacientes diagnosticados na infância continuam
apresentando sintomas na idade adulta.
• Diagnóstico em meninos é 3 a 4 vezes mais frequente do que
em meninas.
• TDAH ocorre em mulheres:
– Mulheres são subdiagnosticadas e subtratadas.

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Mitos
• Doença inventada.
• Restrita a crianças e adolescentes.
• Tratada só por terapeutas.
• Só ocorre em meninos.
• Precisa ter alteração no eletroencefalograma.
• As crianças são sempre hiperativas e decorre de má
criação.
• Todas as crianças têm comportamento parecido.
• Remédios são perigosos e causam dependência.
• Só pode ser diagnosticado pelo neuropediatra.

Impacto no desenvolvimento pelo TDAH


Fracasso ocupacional
Problemas acadêmicos
Baixa autoestima
Distúrbio Dificuldade na interação social
Problemas de relacionamento
comportamental Baixa autoestima
Acidentes
Abuso de substâncias e
Abuso de substâncias
acidentes

Pré-escolar Pré-adolescente Adulto


Escolar Adolescente

Fracasso escolar
Distúrbio de comportamento Dificuldades ocupacionais
Problemas acadêmicos Baixa autoestima
Dificuldade de interação social Abuso de substâncias
Baixa autoestima Acidentes

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Diagnóstico

Anamnese:
• Caracterizar e quantificar os sintomas do TDAH e
eventuais comorbidades, problemas familiares.
• Rendimento e dificuldades escolares, repetições,
mudanças de escolas.
• História familiar: quadro semelhante de TDAH, distúrbios
psiquiátricos, uso de drogas, tiques.

Diagnóstico clínico

• Anamnese .
• Informações dos pais, cuidadores e da escola.
• Avaliação no consultório.
• Exame físico e neurológico.

• Na maioria dos quadros, não necessita de exames


complementares como eletroencefalograma, mapeamento
cerebral, tomografia computadorizada, ressonância
magnética e testagem neuropsicológica.

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Diagnóstico
• Presença de seis ou mais sintomas de desatenção e/ou
hiperatividade/impulsividade, por no mínimo 6 meses em maior
intensidade do que em crianças de mesma faixa etária e nível de
desenvolvimento.
• Alguns dos sintomas de desatenção ou
hiperatividade/impulsividade já estavam presentes e causando
prejuízo antes dos 12 anos.
• Algum prejuízo causado pelos sintomas deve estar presente em
dois ambientes de convívio (p. ex., escola e casa)
• Evidência de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento
acadêmico, social ou ocupacional.
• Exclusão de qualquer outra doença que explique melhor que o
TDAH os sintomas da criança.

Sintomas de desatenção
1. Deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros
por falta de atenção nas tarefas escolares.
2. Tem dificuldades para manter a atenção no que esta
fazendo, como um trabalho, dever de casa ou jogo.
3. Parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.
4. Não segue instruções e não termina o que começa,
deixa seus deveres escolares, tarefas domésticas ou
deveres profissionais inacabados.

Adaptados de: www.abda.org.br

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Sintomas de desatenção
5. Tem dificuldades para organizar tarefas e atividades.
6. Evita atividades que exijam esforço mental constante
(como tarefas escolares ou deveres de casa).
7. Perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (p.
ex., brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou
outros materiais).
8. É facilmente distraído por estímulos alheios às tarefas
em curso.
9. Apresenta esquecimento em atividades diárias.

Adaptados de: www.abda.org.br

Sintomas de hiperatividade/impulsividade

1. Agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.


2. Abandona sua cadeira em sala de aula ou outras
situações nas quais se espera que permaneça sentado.
3. Corre ou escala em demasia, em situações que deveria
estar quieto
4. Tem dificuldade para brincar ou se envolver
silenciosamente em atividades de lazer.

Adaptados de: www.abda.org.br

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Sintomas de hiperatividade/impulsividade
5. Está “a mil por hora” ou muitas vezes age como se
estivesse “a todo o vapor”.
6. Fala em demasia.
7. Dá respostas antes de as perguntas terem sido
completadas.
8. Tem dificuldade para aguardar a sua vez.
9. Interrompe os outros ou se intromete em conversas de
outros.

Adaptados de: www.abda.org.br

Comorbidades

• Associada ao TDAH: mais comum do que exceção.


• Seu reconhecimento é importante.
• Necessidade de tratamentos independentes e
diferentes.

transtorno opositivo desafiador (TOD)


distúrbio de conduta, distúrbio bipolar
depressão, ansiedade, fobia social
distúrbio de aprendizado
tics, síndrome de Tourette
distúrbios de personalidade, distúrbios alimentares

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Comorbidades em crianças (n = 579)

Transtorno
TDAH opositivo desafiador
Tiques 40%
isolado
11%
31%
Transt.
T. de ansiosos
conduta 34%
14%

Transtorno do
humor 4% MTA Cooperative Group. Arch Gen
Psychiatry. 1999;56:1088-96.

Diagnóstico diferencial

• Ansiedade. • Deficiência visual.


• Transtorno obsessivo • Deficiência auditiva.
compulsivo. • Epilepsia – ausência.
• Retardo mental – X frágil. • Efeito colateral de drogas.
• Depressão. • D. de Linguagem.
• Disfunção tireoidiana. • Transtorno de personalidade.
• Doença crônica. • Retardo mental.
• Sequelas de encefalite, • Autismo.
AVE, TCE. • Asperger.
• Distúrbio de sono, insônia,
apneia obstrutiva.

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Tratamento

• O Tratamento do TDAH deve ser multimodal, ou


seja, uma combinação de medicamentos,
orientação aos pais e professores, além de técnicas
específicas que são ensinadas ao portador. A
medicação é parte muito importante do tratamento.

Tratamento – efeitos colaterais


• Metilfenidato (ação imediatiata, LA ,OROS): insônia,
diminuição do apetite, cefaleia, dor abdominal e taquicardia.

• Lisdexanfetamina: insônia, diminuição do apetite, cefaleia, dor


abdominal e taquicardia.

• Imipramina: boca seca e sonolência.

• Bupropiona: insônia, cefaleia e crise convulsiva.

• Clonidina: sonolência e hipotenção.

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Conclusões

O pediatra, como o primeiro médico que examina as


crianças com sintomas de TDAH, desempenha um
papel importante para diagnóstico, orientação e
tratamento, podendo melhorar o desempenho das
crianças e a qualidade de vida, diminuindo os
prejuízos acadêmicos e sociais.

Referência Bibliográfica

• Araújo APQC, Pastura GMC. Transtorno do déficit de atenção e


hiperatividade (TDAH). In: Campos Jr. D, Burns DAR, Lopez FA
(eds.). Tratado de Pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria. 3.ed.
Barueri: Manole: 2014. pp. 1959-61.

• Mattos P. No Mundo da Lua. Casa Leitura Médica: 2008.

• Rohde LAP, Benczik EBP. Transtorno de Déficit de


Atenção/Hiperatividade – O que é? Como Ajudar? Artmed; 1999.

• www.tdah.org.br

• www.abda.org.br

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Encerramento

Obrigado!

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