Você está na página 1de 42

DUE

1.Etapas Da Integração Europeia

Filosofia – Integração dos povos europeus (Aristide Brian, William Penn)

Várias Guerras

II Guerra Mundial

Acordos de Yalta (divisão da europa)

Algumas instituições iniciais:

a) A UEO – União da Europa Ocidental (plano militar)


b) A OCDE – organização Europeia de Cooperação Económica (plano económico)
c) O Conselho da Europa – plano político (Convenção Europeia dos Direitos do Homem).

2. O congresso da Haia de 7 a 10 de maio de 1948. Reunião de movimentos europeus.


Várias personalidades de todos os países. Winston Churchill.

Este congresso preconiza maior integração: criação de uma assembleia europeia, de um


conselho europeu, a adoção de uma carta dos direitos humanos, a criação de um tribunal.

3. A declaração Schuman e a CECA

Declaração Schuman de 9 de maio de 1950: «a união da europa só se fará com realizações


concretas e uma solidariedade de facto». Nos inícios da guerra fria, a Alemanha torna-se país
charneira entre os dois blocos. Os EUA defendem o reforço económico da Alemanha. Os
franceses suspeitam (estávamos a 5 anos do fim da IIª guerra).

Seguindo um plano de Jean Monet (funcionário francês) o ministro francês dos negócios
estrangeiros propõe colocar toda a produção do ferro e do carvão franco-alemã sob o controlo
de alta autoridade comum, numa organização supranacional aberta à participação de outros
países.

Em 18 de Abril de 1951 foi criada a CECA (Alemanha, Bélgica, Países-Baixos, França, Itália e
Luxemburgo). Prevista para durar 50 anos a CECA extinguiu-se em 23 de julho de 2002.

A CECA foi o embrião da CEE – repousava sobre uma estrutura institucional inovadora: uma Alta
Autoridade (equivalente à Comissão), composta de pessoas independentes indicadas pelos
Estados-membros, sob o controlo político de uma assembleia parlamentar e o controlo
jurisdicional de um Tribunal de Justiça. O órgão intergovernamental (o Conselho) tem um papel
de codecisão e de moderação.

4. A Comunidade Europeia de Defesa

A 25 de julho de 1950 inicia-se a guerra da Coreia e a tensão entre os dois blocos aumenta.
Os EUA propõem o rearmamento da Europa e, em especial, da Alemanha.

A França propõe a adoção do modelo da CECA à defesa: a criação de um exército europeu sob
um controlo comum e integrando unidades alemãs. Os estados da CECA criam então, em 27 de
maio de 1952, a CED.

Porém, em 30 de agosto de 1954 o parlamento francês recusou a ratificação do Tratado CED e


este não entrou, assim, em vigor: temia-se o rearmamento alemão, a Inglaterra não integrava a
CED e a França temia perder a sua independência na defesa.

O rearmamento alemão ocorreu, todavia, no âmbito da OTAN, da qual este país passou a fazer
parte e da União da Europa Ocidental (braço europeu da OTAN)

[Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN — em francês: Organisation du


Traité de l'Atlantique Nord; em inglês: North Atlantic Treaty Organization - NATO[2]), por
vezes chamada Aliança Atlântica, é uma aliança militar intergovernamental baseada
no Tratado do Atlântico Norte, que foi assinado em 4 de abril de 1949. A organização
constitui um sistema de defesa coletiva através do qual seus Estados-membros concordam
com a defesa mútua em resposta a um ataque por qualquer entidade externa à organização.
A sede da OTAN localiza-se em Bruxelas, na Bélgica, um dos 28 países membros em toda
a América do Norte e Europa].

A União da Europa Ocidental (UEO).

Não deve ser confundida com a União Europeia (UE), (em inglês: Western European
Union - WEU) foi uma organização de defesa europeia.

Foi estabelecida pelo Tratado de Bruxelas em 1954, que modificou o Tratado de Bruxelas
de 1948, que instituiu a União Ocidental, e formada pelos Estados membros da NATO e da
União Europeia (exceto a Dinamarca).

A União da Europa Ocidental (ou Western European Union) foi criada pelos Acordos de Paris de
23 de Outubro de 1954, celebrados pelos signatários do Tratado.

A peculiaridade que a distinguiu e conduziu a sua evolução foi o compromisso de defesa num
plano político-militar subjacente às conjunturas que o momento exigia.

Após a decisão do Reino Unido de abandonar esta Aliança ocidental, a maioria dos restantes
Estados membros acordaram na extinção da mesma.

A justificação por parte daqueles países que igualmente são parte integrante da União Europeia
é a de que, com a aplicação do Tratado de Lisboa o Parlamento Europeu adquire competências
mais alargadas em matérias de defesa e segurança.

Num contexto pós–Segunda Guerra Mundial, registava-se a necessidade de um reforço na


defesa e segurança dos países que só seria possível com união: os “Estados Unidos da Europa”
de que falava Churchill, o Movimento Europeu decorrente do Congresso de Haia, etc.

Porém, com as necessidades atuais, a força de que carece a UEO e o Tratado de Lisboa,
acentuou-se a ideia de que a sua existência não tinha significado.
Em Março de 2010 anunciou a sua dissolução após a entrada em vigor do Tratado de Lisboa
em 2009. A sua dissolução aconteceu no dia 30 de Junho de 2011.

5. A CEE

Os seis países fundadores da CECA decidiram aprofundar a construção europeia alargando


a sua integração a outros domínios económicos.

Encarregam Paul-Henri Spaak de chefiar um comité para apresentar propostas: este propõe
a criação da Euratom e a CEE.

Estes tratados são assinados em Roma em 25 de março de 1957 e entram em vigor em 1


de janeiro de 1958.

A estrutura institucional destas «Comunidades» é idêntica á da CECA, mas com um pendor


intergovernamental acrescido. Todavia, as competências das comunidades são mais
vastas.

Em 1967 as instituições das três comunidades fundem-se.

Houve várias tentativas de aprofundar os tratados CEE, no sentido de criar uma União… o
paralelo com os EUA foi sempre grande. Contudo, o passo seguinte apenas se deu com o
Ato Único Europeu, em 1986.

6. Ato Único Europeu

O objetivo é a Criação do Mercado Único Europeu… um verdadeiro Mercado Interno e não


apenas um Mercado Comum.

Havia ainda fronteiras físicas, regulamentações técnicas nacionais protecionistas, impostos


indiretos variados que oneravam a livre circulação de mercadorias, etc.

Havia, ainda, a preocupação de aprofundar a cooperação em matéria de segurança comum


e de política externa.

A ideia de Mercado Interno é a ideia chave. O papel de Jacques Delors.

Novidade: a maioria qualificada no seio do Conselho e primeiras competências legislativas


efetivas do PE.

Consagra novas políticas: investigação e desenvolvimento, coesão económica e social e


proteção do ambiente.

Desde então os Tratados têm sido continuamente revistos: há quem diga que estes últimos
20 anos formam um único processo de revisão dos Tratados de Roma, até chegarmos aos
Tratados de Lisboa.
7. A União Europeia

O relatório do grupo de trabalho presidido por Jacques Delors com os governadores dos
bancos centrais propôs 3 etapas para a instituição da União Económica e Monetária. Junho
de 1988.

Porém, vários acontecimentos políticos ocorreram desde essa data até ao início dos anos
90: queda do muro Berlim, fim dos regimes comunistas, unificação alemã.

Por isso, os EM compreenderam que necessitavam de cooperar profundamente nas áreas


da política externa, por um lado, e da justiça e dos assuntos internos (polícia, estrangeiros,
circulação de pessoas) por outro.

Nasce assim a «União Europeia» no Tratado de Maastricht em 7 de fevereiro de 1992

Se os EM estavam de acordo em institucionalizar a sua cooperação naquelas matérias,


porém, não queriam aplicar a estes assuntos o «método comunitário», ou seja, permitir que
estas competências passassem para a EU, uma vez que tocavam, de perto, a soberania
nacional.

Estrutura-se a União em 3 pilares (como um templo, com um frontispício comum: os


princípios e as instituições, e 3 pilares: as Comunidades (CEE, CECA e Euratom); a PESC
8política externa e de segurança comum), e a cooperação em matéria de justiça e de
assuntos internos (tem por objetivo assegurar a segurança do cidadãos europeus face aos
desafios de circulação de um espaço sem fronteiras internas).

Apesar de as instituições serem as mesmas, nas matérias relativas ao segundo e terceiro


pilares, ou seja PESC e Justiça e Segurança, a intergovernamentalização é maior: o
Conselho decide por unanimidade. Por outro lado, no âmbito deste tratado (Maastricht) o
TJCE não aprecia processos relativos ao 2.º e 3.º pilares.

Neste tratado a CEE passa a ser CE (cai o pendor económico, fruto do alargamento a outras
competências não económicas, cultura, saúde pública, educação).

São introduzidas disposições sobre a cidadania, com possibilidade de controlo pelo TJCE.

Finalmente, estabelece-se o calendário para a criação de uma UEM (União Económica e


Monetária) e para a consagração de uma moeda única… o mais tardar em janeiro de 1999
(só aconteceu em janeiro de 2002).

Verificaram-se algumas reformas institucionais para a Comunidade funcionar mais


eficazmente: extensão da maioria qualificada, reforço dos poderes do PE.

Este Tratado foi ratificado na sequência de um longo e complicado processo, revelador de


um progressivo afastamento das populações em relação ás elites europeias.

Na Dinamarca, só após um segundo referendo (1.º em 1992 e o 2.º em 1993, curta vitória
do Sim, por 51%) é que o Tratado de Maastricht foi ratificado. O RU colocou muitos entraves
mas acabou por ratificar em 1993, Na Alemanha o Tribunal Constitucional foi chamado a
apreciar o Tratado e colocou várias limitações à ratificação.
8. O Tratado de Amsterdão – 1997 –

O principal contributo foi o de criar um «Espaço de liberdade, segurança e justiça»


(conhecido como «Espaço Schengen».

Procedeu a uma comunitarização de matérias relativas à circulação de pessoas e à


imigração.

Procurou melhorar a política externa e de segurança comum instituindo a figura do Alto


Representante para a Política Externa e de Segurança Comum.

Deu-se uma simplificação e uma ampliação do campo de aplicação do processo de


codecisão (Conselho e PE).

Contudo não melhorou o funcionamento da Comissão nem institui regras sobre a


composição da Comissão numa altura em que se aguardava um alargamento grande dos
EM.

9. Tratado de Nice – 2001

Essencialmente visou uma adaptação institucional face ao alargamento, que incidiu sobre a
dimensão da Comissão, sobre um novo cálculo da maioria qualificada no Conselho e sobre
uma limitada ampliação das temáticas sujeitas ao voto por maioria qualificada no Conselho.

Reorganiza o sistema jurisdicional.

O PE, a Comissão e o Conselho assinam e proclama a Carta dos Direitos Fundamentais da


União Europeia, em 7 de dezembro de 2000.

10. Uma Constituição Europeia

Logo na assinatura do Tratado de Nice fica prevista (na declaração n.º 23) a criação de uma
conferência intergovernamental para rever os Tratados em 4 áreas: simplificação dos
Tratados; delimitação precisa das competências entre os EM e a EU; o estatuto da carta dos
direitos fundamentais e o papel dos parlamentos nacionais.

Este novo Tratado que se previa pretendia chamar-se «Constituição». Ora, esta palavra tem
um significado político muito importante. Só os Estados têm soberania para instituir uma
Constituição.

De tal forma que alguns EM decidiram submeter a ratificação a um referendo: este foi
negativo nos Países-Baixos e em França. Assim, este projeto foi congelado.

11. Tratado de Lisboa: assinado em 13 de dezembro de 2007.

II. A geografia da União Europeia

1. De seis a nove
O Reino-Unido e os diferendos iniciais. Recusou-se a integrar a CECA e a CED. Procurou
uma alternativa à CEE lançando a AECL – EFTA (associação europeia de comércio livre).

Contudo, o sucesso da CEE levou o RU a pedir a adesão em 1961, seguido da Irlanda,


Noruega e Dinamarca.

E janeiro de 1963 o general De Gaulle rompe as negociações e o RU retira a candidatura,


tal como os demais países candidatos. De novo em 1967 estes estados apresentam
candidaturas. De novo de Gaulle veta o início das negociações de adesão.

Com a substituição de de Gaulle por Pompidou as negociações são retomadas e os


Tratados de Adesão são assinados em 22 de janeiro de 1972 (a Noruega, após referendo,
acaba por não ratificar o Tratado de Adesão e fica de fora).

2. De nove a doze.

Após a queda das ditaduras. A Grécia pediu a adesão em 1975 e aderiu em 1980. Portugal
e Grécia pediram a adesão em 1977 e aderiram em 1986 (as negociações atrasaram-se
porque o RU quis discutir a sua participação no orçamento comunitário).

3. De doze a quinze

No fim dos anos 80 nasce a ideia da criação de um espaço económico europeu (EEE) que
reúna os EM da CE com os da AECL/EFTA (Áustria, Finlândia, Islândia, Liechtenstein,
Noruega Suécia e Suíça). Em 1992 é assinado o acordo do Porto.

Porém, paralelamente, a maioria desses Estados (Áustria, Finlândia, Suécia, Noruega e


Suíça) pedem a adesão à CE. Por referendo, os suíços recuam a participação no EEE e,e
m consequência, a candidatura à CE é retirada.

As negociações foram rápidas – até porque as aproximações jurídicas, económicas e


políticas resultavam já da adesão ao EEE.

Porém, começam a fazer-se sentir as inadequações da estrutura institucional pensada para


6.

A Noruega volta a votar contra a adesão.

4. De 15 a 28

Em 1993, o CE de Copenhaga reconheceu o direito de adesão dos países da Europa de


Leste (Polónia, Hungria, Roménia, Eslovénia, Eslováquia, República Checa, Estónia,
Letónia, Lituânia, Bulgária de aderirem (bem como Chipre e Malta).

O que são os critérios de Copenhaga?

Os novos EM devem poder respeitar as obrigações que decorrem da adesão,


designadamente condições económicas e políticas
a) Condições políticas: instituições estáveis que garantam a democracia, o primado do
Estado de Direito, os direitos do Homem, o respeito pelas minorias e a sua proteção.
b) Condições económicas: economia de mercado viável e capacidade de concorrer no
mercado interno;
c) Respeito pelo acervo comunitário: capacidade de assumir as obrigações de adesão,
nomeadamente respeitar os objetivos da União Política, económica e Monetária.
O CE de Madrid acrescentou a «necessidade de estruturas de administrativas que
permitam criar condições de integração progressiva e harmoniosa».

A croácia foi o último Estado a aderir em 1 de julho de 2013

PRINCÍPIOS E VALORES FUNDAMENTAIS

Dois aspetos importantes:

a) O Tratado de Lisboa incluiu no artigo 2.º TUE um catálogo de «valores da União»,


que são considerados «valores universais» (2.º considerando do preâmbulo).
b) O TL incluiu – por força do artigo 6.º, n.º 1, TUE, a Carta dos Direitos Fundamentais
da União Europeia no TUE.

São valores que coordenam a ação da EU em todas as suas vertentes.

Muitos destes princípios agora expressamente consagrados são já Princípios Gerais de


Direito (comuns a todos os EM da EU).

O artigo 2.º TUE.

LER

Considerando 2.º do preâmbulo do TUE

LER

O artigo 3.º TUE

LER

O artigo 7.º, n.ºs 1 e 2 TUE – violação dos valores da União (ou risco de violação) acarreta
sanções.

LER

Os artigos 3.º, n.º 5, 21.º, n.º 2, al. a) e 32.º, par 1, TUE – os valores na ação da UE na
cena internacional.

LER

A força jurídica dos valores da UE – a ação da EU deve ser condicionada por esses valores
– mesmo os aspetos económicos devem submeter-se aos valores da União.
A força jurídica dos valores da EU impõe-se também às próprias ordens jurídicas internas
dos EM que ficam obrigados a, internamente, respeitarem esses valores.

A questão é a de saber se esses princípios jurídicos – muitos deles qualificados de valores


jurídicos essenciais da União – com o sentido que os textos do Direito da União e a
interpretação que deles faça o TJUE – podem ser invocados por cidadãos dos EM em seu
benefício, nos tribunais dos EM. (efeito direito….).

A – princípio da integração

A União

Ler considerandos 1.º e 15.º do preâmbulo TUE;

Artigo 1.º TUE

(princípio da solidariedade, da efetividade e da uniformidade jurídica)

B – Princípio do respeito pela identidade nacional dos EM

Artigo 4.º, n.º 2, TUE –

Respeito pela identidade política, jurídica e cultural de cada EM

A jurisprudência do Tribunal Constitucional Alemão (Solange I e II e Lisboa) – núcleo mínimo


da democracia e do Estado de Direito e dos direitos sociais (parece óbvio, mas pode querer
significar que a pertença da Alemanha à União não pode implicar um abaixamento dos níveis
de proteção social e das garantias jurídicas conferidas pelo próprio direito alemão).

A tensão entre os dois princípios (A e B) e a sua necessária conjugação (o exemplo do


federalismo alemão).

C – Princípio do respeito pela diversidade cultural dos povos europeus

6.º considerando do preâmbulo TUE;

Artigo 3.º, n.º 3, par 4 TUE

Artigo 2.º TUE

Artigo 6.º, n.º 3, TUE «tradições constitucionais»

Artigo 13.º TFUE

É um desafio cultural mas também político, porque diferentes valor e culturas podem ter
implicações jurídicas (veja-se o islamismo, como religião e as suas implicações políticas e
equacione-se uma potencial adesão da Turquia e a existência de minorias étnicas
marcantes nos novos EM)
D – princípio da preservação do património cultural, religioso e humanista da Europa

2.º Considerando do preâmbulo TUE

Artigo 2.º TUE.

LER

E – princípio do respeito pela dignidade da pessoa humana

Artigo 2.º TUE

Constituições dos vários EM.

Direitos fundamentais

F – Princípio da solidariedade

Preâmbulo, 6.º considerando

Artigo 2.º, 2.º parte;

Artigo 3.º, n.º 3.

Solidariedade entre gerações (ambiente, património, segurança social)

Solidariedade entre EM

Solidariedade entre povos.

24.º, n.º 2 TUE (a propósito da PESC)

Os contributos para o Orçamento da União:

As ajudas às economias em dificuldades.

Etc.

G – Princípio da lealdade

Artigo 4.º, n.º 3, par 1, UE «cooperação leal»

Obrigação negativa. Abstenção de adoção de qualquer medida que ponha em perigo a


realização dos objetivos do tratado
Obrigação positiva. Obrigação de tomarem todas as medidas gerais ou específicas
adequadas para garantir a execução das obrigações decorrentes dos tratados

O artigo 346.º TFUE é, porém, um exemplo expresso de autorização para a não-


cooperação… caso os interesses nacionais sobrelevem.

Todo o domínio das exceções às quatro liberdades – artigo 36.º TFUE - é um domínio de
não cooperação dentro do Capítulo 2 do Título III – cooperação aduaneira.

Referência, também a um outro tipo de cooperação. A «cooperação administrativa».

H – Princípio do Gradualismo

Por exemplo, na área económica evoluiu-se de uma zona de comércio livre (Benelux) para
uma união aduaneira, para um mercado comum, um mercado interno e uma união
monetária.

O gradualismo na integração política. Rumo ao federalismo?

Preâmbulo TUE, considerandos 1 e 3, 13.º e 14.º e artigo 1.º União «cada vez mais estreita».

I – Princípio do respeito pelo «acervo comunitário».

Decorre do princípio da lealdade.

É um princípio essencial nos Tratados de Adesão – Critérios de Copenhaga.

Toda a evolução política e, especialmente, jurídica, passa a fazer parte da ordem jurídica
dos novos EM’s.

Artigo 349.º, n.º 4, TFUE –

Este princípio significa que a evolução se vai cristalizando e é irreversível para os EM que
fazem parte ou venham a fazer parte da UE

É um corolário do princípio pacta sunt servanda.

Se não é possível cumprir, passa a ser possível sair.

As exceções: períodos de transição (nas adesões) e cláusulas de salvaguarda ou proteção


(opting out).

J – Princípio da democracia

2.º considerando do preâmbulo

Artigo 3,º, n.º 1, TUE e 3.º, n.º 5. TUE

Considerando 7.º do preâmbulo. Caráter democrático do funcionamento das instituições.

Democracia e Estado de Direito.


A democracia como princípio fundamental para adesão à EU e para permanência nela.

L- Princípio da subsidiariedade

Importante na matéria da distribuição das competências entre união e EM

Ver Protocolo anexo ao Tratado

O que é: prevalência a adoção e execução de medidas nacionais quando se demonstre que


é mais eficiente para alcançar as finalidades dos Tratados.

Os EM podem reter as competências concorrentes na medida em que demonstrem maior


eficácia na realização das finalidade subjacentes… este princípio carrega em si uma carga
contrária ao princípio da integração…

V. artigo 5.º, n.º 3, TUE

M – Princípio da proporcionalidade

Artigo 5.º, n.º 4, par 1

LER

Protocolo de participação dos Parlamentos nacionais

N – Princípio da integração diferenciada

O – princípio do equilíbrio institucional

Lembrar o processo legislativo ordinário e especial (a co-decisão e a intervenção do PE nas


decisões orçamentais).

P – princípio da transparência.

Artigos 10.º e 11.º TUE

Artigo 10.º … direito de participar….. princípio da tomada de decisões abertura e


proximidade.

Analisar os vários n.ºs do artigo 11.º

Analisar artigo 15.º TUE


Q – Princípio da economia social de mercado

Artigo 3.º, n.º 3, TUE: «Economia Social de mercado».

A recuperação da europa: o modelo alemão: as preocupações sociais sempre presentes: os


mecanismos de regulação e de garantia da concorrência.

A economia social de mercado como um dos critérios de Copenhaga.

R – princípio da não-discriminação

Artigo 9.º, n.º 1, TUE –

Artigo 10.º

Igualdade e não-discriminação: conteúdos diferentes: a igualdade como pressuposto de


não-discriminação; a nacionalidade e a cidadania europeia como elementos de igualdade.

Pressuposto do mercado único

A CIDADANIA DA UNIÃO

Já incluída no Tratado de Maastricht

Natureza jurídica da cidadania da União: uma nova cidadania, autónoma.


Artigo 20.º TFUE – é cidadão da União qualquer cidadão de um EM.

A cidadania como conjunto de direitos e deveres de um povo.

Não há um povo europeu; não há um Estado europeu, nem há uma federação de estados
que pudesse implicar uma dualidade de cidadanias.

Assim, os nacionais dos EM têm uma cidadania comum com os portugueses: a cidadania
europeia; isso distingue-os dos estrangeiros, que não tê cidadania comum com os
portugueses.

Os direitos de cidadania:

a) Direito de circular e permanecer livremente no território dos estados membros.


20.º, n. 2, al a) e 21.º TFUE

Limitações: admitidas pelos Tratados (ordem pública, segurança pública, saúde


pública) ou pelo direito derivado (posse de documento de identificação válido –
Diretiva 2004/38/CE

b) Direito de eleger e de ser eleito

22.º TFUE
Limitações aí previstas.

c) Direito de proteção por qualquer autoridade diplomática e consular.


23.º TFUE

d) Direito de iniciativa popular


Artigo 11.º, n.º 4, TUE;
Artigo 24.º, par. 1, TFUE

e) Direito de petição
Artigo 20.º, n.º 2, al. d) TFUE e artigo 24.º, par 4, TFUE.

(órgãos e instituições: artigo 13.º TUE)

A – Petição ao PE – 20.º, n.º 2., al) d) 1º parte e 227.º TFUE


B – queixa ao provedor - 20.º, n.º 2., al) d) 2º parte e 228.º TFUE

Uma nota sobre o âmbito subjetivo dos direitos para dizer que alguns deles se estendem
aos familiares dos nacionais dos EM (reagrupamento familiar) – Leia-se o artigo 45.º, n.º 2
da Carta e também os artigos 43.º e 44.º (extensão subjetiva).

Análise do artigo 25.º: aprovação, pelo Conselho, de disposições destinadas a «aprofundar


os direitos» previstos nos artigos antecedentes e criar novos direitos» que derivem
diretamente daqueles (extensão objetiva).
Deveres: artigo 20.º «estão sujeitos aos deveres previstos nos Tratados»

(os deveres que sejam contraponto dos direitos concedidos nos Tratados e na Carta).

OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA UE

1 - Reconhecimento de vários direitos fundamentais logo nos Tratados iniciais: livre


iniciativa privada; não descriminação em razão da nacionalidade, direito de petição.

2 - A jurisprudência do TJCE na deteção e defesa de direitos fundamentais ao longo do


processo de consolidação do Direito da União:

1969: acórdão Stauer: «respeito pelos direitos fundamentais como princípio geral de
direito.
1970: acórdão Internationale Handelgesellschaft: «a salvaguarda dos direitos
fundamentais, inspirando-se nas tradições constitucionais comuns aos Estados-
Membros, deve ser assegurada no quadro da estrutura e dos direitos objetivos da
Comunidade».

1974: acórdão Nold

Declaração Comum do PE, do Conselho e da Comissão em que as instituições se


comprometem a respeitar os direitos fundamentais no exercício dos seus poderes»
tal como resultam das Constituições dos EM e da CEDH».

Acórdão Waschau 1989: «os direitos fundamentais fazem parte dos princípios gerais
de Direito, cujo respeito cabe ao TJCE assegurar. O Tribunal está obrigado a
inspirar-se nas (a) tradições constitucionais comuns aos EM. (b) Os instrumentos
internacionais relativos à proteção dos Direitos do Homem aos quais os EM
aderiram… podem fornecer indicações que convém tomar em conta no quadro do
Direito da [União].»

(Hoje, sobre as tradições constitucionais dos EM veja-se artigo 6.º, n.º 3 EU)

1989: Acórdão Hoechst: a CEDH como fonte muito importante no âmbito do Direito
da União.

1998: Acórdão Bausthalgewebe: a CEDH é uma fonte autónoma de direito da EU.

3 - Os direitos fundamentais no Direito da UE como uma exigência dos próprios EM.

A jurisprudência Solange I do Bundesverfassungsgericht: exigência de um grau de proteção


dos direitos fundamentais não inferior ao grau conferido pelos sistemas jurídicos nacionais.

Só no Tratado de Maastricht surge a primeira norma sobre salvaguarda dos DF: «A UE


respeitará dos DF’s tal como os garante a CEDH …) e tal como resultam das tradições
constitucionais comuns aos EM, enquanto princípios gerais do direito [da UE]»

Porém, o mesmo Tratado não conferia ao TJUE competência para fiscalizar diretamente o
respeito por este preceito… o que significava que a remissão continuava a ser feita para os
princípios gerais, para as tradições dos EM e para a CEDH ... diretamente…

Na discussão antes do Tratado de Maastricht questionou-se como entraria a CEDH no DUE:


entendeu-se que o conteúdo da CEDH entra no DUE como, na qualidade de, princípios
gerais de direito…fica excluída a adesão da UE à CEDH

4 - O Tratado de Amsterdão reforçou a proteção dos DF’s.

O novo artigo 6.º, n.º 1, do TUE «A União assenta nos princípios da liberdade, da
democracia, do respeito pelos direitos do Homem e pelas liberdades fundamentais, bem
como do estado de Direito, princípios que são comuns aos Estados-Membros»

O artigo 46.º TUE passou a admitir a fiscalização pelo TJUE do respeito pelo n.º2 do artigo
6.º TUE.
É claro que não foi – até hoje – criada qualquer via de ação que permita aos cidadãos
da UE recorrerem para o TJUE contra o que considerem serem violações de direitos
fundamentais.

O Tratado de Amsterdão veio prever, no artigo 49.º, n.º 1, do TUE, que o respeito pelos DF’s
é condição de adesão.

Por outro lado o T. de Amsterdão veio permitir que o Conselho aplicasse a pena de
suspensão a um EM que em caso de violação grave e persistente dos princípios enunciados
no artigo 6.º, n.º 1, TUE (ou seja, … do respeito pelos direitos fundamentais).

Este preceito foi incluído… prevendo o alargamento a leste…

O Tratado de Nice veio alterar a redação do artigo 7.º TUE prevendo a suspensão em caso
de risco manifesto de violação grave.

Finalmente, a revisão dos tratados que culminou no Tratado de Amsterdão acolheu direitos
sociais: remissão para a Carta Social Europeia (1961) e «Carta comunitária dos direitos
sociais fundamentais dos trabalhadores» (1989).

Contudo, a não referência a esses atos internacionais no artigo 6.º, n.º 2, impedia a sua
utilização direta na fiscalização do TJUE.

O Tratado de Amsterdão veio reforçar o 3.º pilar da União: cooperação no domínio da justiça
e dos assuntos internos: criação de um espaço de liberdade, de segurança e de justiça:
artigo 29.º TUE.

O Tratado de Lisboa e os direitos fundamentais

1 - Artigo 2.º - o respeito pelos direito fundamentais é um valor da União (vide supra).

Acrescido de outros valores, como vimos: Estado-de-Direito, liberdade, igualdade,


pluralismo, justiça.

O respeito pelos direitos fundamentais como valor da União projeta-se na ação externa da
União, uma vez que comanda a ação da União. (E daí?, embargos, sanções económicas a
países violadores dos direitos humanos, prioridades e preferências na política externa)

2 - Alarga, substancialmente, o catálogo dos direitos fundamentais protegidos na UE.

Estes passam a ter as seguintes fontes:

1) Carta dos Direitos Fundamentais da UE – artigo 6.º, n.º 1, TUE;

2) CEDH e tradições constitucionais comuns aos EM (6.º, n.º 3, TUE). Porém, no


confronto com a Carta prevalece o nível mais elevado de proteção – artigo 53.º da
Carta. (4 fontes: Carta, Dto Internacional, CEDH, tradições constitucionais dos
EM’s).
3) Vários direitos fundamentais avulsos nos Tratados: direitos da criança – 3.º, n.º 3 –
direitos sociais – 9.º TFUE – direito à não-discriminação – 10.º - direito ao ambiente
e a desenvolvimento sustentável (11.º TFUE), defesa dos consumidores (12-º),
proteção de dados (16.º) direitos religiosos (17.º).

O espaço de liberdade, segurança e justiça e os direitos fundamentais.

O artigo 3.º, n.º 1 e 2, TUE e o artigo 67.º do TFUE e o equilíbrio entre a segurança e a
liberdade. O problema das limitações dos direitos: o artigo 61.º, n.ºs 2 a 4 (a proteção dos
nacionais de estados terceiros e os apátridas).

Importância da Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia – Regulamento CE n.º


168/2007 http://fra.europa.eu/pt

A Carta dos Direitos Fundamentais da UE

A Carta não está incluída formalmente nos Tratados, mas o artigo 6.º TUE diz que esta «tem
o mesmo valor jurídico que os Tratados».

As anotações à carta. Ler

O artigo 6.º, n.º 2, diz que a UE irá aderir à CEDH … o que não aconteceu… e se afigura
difícil (processo complicado de ratificações e acordo de todos os Estados partes da CEDH
e de todos os EM da UE).

Referência ao Protocolo de prevalência dos direitos nacionais sobre a Carta aplicável ao RU


e à Polónia.

Referência ao Protocolo anexo ao Tratado de Lisboa aplicável à República Checa.

A - O conteúdo da Carta

a) Catálogo moderno de direitos: sociais, políticos, económicos, culturais


b) O valor simbólico e normativo dos Títulos: dignidade, liberdades, igualdade,
solidariedade, cidadania e justiça.
c) Análise do parágrafo 5 do preâmbulo e função codificadora da Carta.

B - Os direitos reconhecidos pela Carta. (ler)


C – O valor jurídico da Carta.

Tem o mesmo valor jurídico do Tratado – 6.º, n.º 1.

D - Destinatários da carta: artigo 51.º, n.º 1, da Carta:

a) «todos os órgãos, instituições e organismos da UE», no respeito pelo princípio da


subsidiariedade – este princípio é aqui aplicável ao âmbito de aplicação subjetivo da
Carta (já não à distribuição de competências entre os EM e a UE).

Ou seja, a Carta só é aplicável na medida em que seja ela que confere o mais alto nível de
proteção ao direito em causa.

b) Também se aplica aos EM, mas apenas quando estes apliquem o Direito da União
(não há interferência da Carta no direito nacional… contudo, o direito nacional é cada
vez mais direito da União).

d) Todas as pessoas que estiverem sob a jurisdição dos EM. Âmbito subjetivo: a carta
reconhece direitos a todas as pessoas sujeitas à sua jurisdição e não apenas a
cidadãos da União (salvo aqueles casos em que expressamente os direitos são
reservados a cidadãos da União: 39.º, 40.º e 46.º da Carta.

E – Análise do artigo 52.º (com muita atenção)

Importância das Anotações à Carta (v. moodle): N.º 5 do preâmbulo, artigo 52.º, n.º 7 da
Carta e artigo 6.º, nºs 1 e 3 TUE.

Também as Anotações à carta tem o valor jurídico equivalente aos Tratados, por força da
remissão entre estes artigos.

Trata-se de interpretação autêntica daqueles preceitos… tem valor normativo…

F – O princípio do nível mais lato de proteção: artigo 53.º da Carta e também o 52.º, n.º 3,
em relação à CEDH e o n.º 4, em relação às tradições constitucionais dos EM

(o princípio da subsidiariedade na aplicação da carta).

H - A questão da adesão da UE à CEDH

Contra:

Sujeitar a UE à dupla jurisdição do TJUE e do TEDH

A aplicação, na União, do princípio da exaustão prévia dos meios internos (antes de recorrer
para o TEDH).
Teoria da absorção da CEDH pelo direito da União.

A CEDH como fonte formal de direito da União em matéria de direitos fundamentais…

E, a competência jurisdicional do TJUE para se pronunciar, a título prejudicial, sobre a


interpretação da CEDH nos casos de aplicação de direito da UE.

Assim, estes argumentos seriam contra a adesão por considerarem que não é necessária
a adesão.

A favor:

Permite maior aceso à justiça pelos cidadãos; de facto, os particulares, no quadro do direito
processual da União, apenas têm o recurso de anulação dos atos das instituições (263.º
TFUE) ao qual apenas muito restritamente podem aceder. A adesão à CEDH permitia
conferir aos cidadãos maior possibilidade de atacar os atos das Instituições da União.

(são legítimas dúvidas quanto a este argumento, pois a questão dos problemas da sujeição
da EU a uma dupla jurisdição, coma possibilidade de o próprio TEDH revogar acórdãos do
TJUE parece muito complicada…)

Outro argumento seria o de a UE se defender no âmbito de uma participação como


interveniente num processo no TEDH em que fosse demandado um EM por causa de
violação da CEDH resultante da aplicação de um ato de direito da EU (e. nos casos em que
o poder do Estado não é discricionário, a UE é responsável…acórdão Mathews).

Finalmente, o argumento de que o recurso ao TEDH exige o esgotamento dos meios do


direito da União não colheria porquanto não haveria, as mais das vezes, quaisquer meios a
esgotar, uma vez que a legitimidade processual ativa dos particulares é, no seio da União,
definida em termos bastante restritivos.

ATRIBUIÇÕES DA UNIÃO EUROPEIA

Atribuições da UE: matéria em que esta pode agir.

Como repartem os Tratados as atribuições entre os EM e a UE?


No Tratado de Lisboa procedeu-se a uma repartição expressamente:

3.º TFUE – atribuições exclusivas da EU

4.º TFUE – atribuições concorrentes ou partilhadas

6.º TFUE – atribuições complementares (de apoio, coordenação ou completamento da


ação)

Ler: Declaração n.º 18 anexa ao Tratado de Lisboa

Princípio da especialidade das atribuições (ou princípio da atribuição): artigo 5.º, n.º 1, 1ª
parte.

Artigo 7.º TFUE

Artigo 13.º TFUE (limitação atribuições de cada instituição…)

Atenção: antes da referência expressa às atribuições da UE no TFUE era a jurisprudência


do TJUE e as orientações da Comissão que valiam… e aí valiam os seguintes argumentos:

a) a existência expressa de uma obrigação clara e precisa de agir da parte da UE e

b) absorção dos poderes soberanos dos EM pela UE.

Referência expressa no TFUE

Artigo 3.º

Competências exclusivas internas:

a) União aduaneira;
b) Regras de concorrência;
c) Política monetária: euro:
d) Conservação dos recursos biológicos;
e) Política comercial comum;
(a PAC há muito que é considerada uma atribuição exclusiva, apesar de hoje não
ter consagração expressa)

Atribuições exclusivas externas: 3.º, n.º 2 TFUE: celebração de acordos internacionais


necessários para exercer as atribuições internas.

Referência ao princípio das atribuições implícitas: ou seja, se a UE tem competências


exclusivas numa matéria, a nível interno, também tem atribuições nessa matéria a nível
externo ainda que tal não seja expressamente referido (acórdão AETR).

Hoje: 207.º, n.º 1, TFUE


Atribuições concorrentes: áreas de ação em que podem exercer os seus poderes quer a
UE, quer os EM, mas com preferência para estes (subsidiariedade). Art. 5.º TUE

Art. 4.º TFUE: por exclusão: são concorrentes todas as atribuições que não sejam exclusivas
nem complementares

Ver Protocolo relativo às competências partilhadas

Ver Declaração n.º 18 anexa ao Tratado de Lisboa

Ler, de novo, neste contexto, o artigo 5.º TUE – remissão para Protocolo sobre
Subsidiariedade e Proporcionalidade

Atribuições complementares

a) De orientação e coordenação: artigo 2.º, n.º 5, TFUE e artigo 5.º TFUE

Política económica – 121.º TFUE

Política monetária – 136.º TFUE (Protocolo sobre o Eurogrupo)

Política de emprego – 148.º TFUE

Políticas sociais – 151.º e 156.º TFUE

b) De apoio, coordenação e completamento: artigo 6.º TFUE

Também os n.ºs 3 e 4 do artigo 4.º, pela sua redação, parece instituírem verdadeiras
competências concorrentes.

O princípio da subsidiariedade no exercício da ação da UE em matérias em que a suas


atribuições são não exclusivas ou seja concorrentes ou complementares.

Ter em conta o Protocolo sobre a subsidiariedade.

Requisitos: 5.º, n.º 3, TUE:

a) Só atribuições concorrentes e complementares;


b) Insuficiência da ação estadual;
c) Maior eficácia da União
d) A União tem o ónus da prova da necessidade da sua intervenção;
e) A necessidade tem de ser avaliada ao nível da toda a União, e não apenas de
alguns EM’s

Atribuições exclusivas dos EM’s

Ex: segurança nacional: artigo 4.º, n.º 2 TUE


As Instituições
Artigo 13.º TUE

Parlamento Europeu

BASE JURÍDICA

Artigos n.ºs 223.º, 224.°, 226.º, 229.º, 231.º e 232.º do TFUE

O Parlamento Europeu tem agora 751 deputados, distribuídos pelos Estados-Membros da


seguinte forma: Alemanha — 96; França — 74; Itália e Reino Unido — 73 cada; Espanha —
54; Polónia — 51; Roménia — 32; Países Baixos — 26; Bélgica, Grécia, Hungria, Portugal e
República Checa — 21 cada; Suécia — 20; Áustria — 18; Bulgária — 17; Finlândia, Dinamarca
e Eslováquia — 13 cada; Irlanda, Lituânia e Croácia — 11 cada; Letónia e a Eslovénia — 8
cada; Chipre, Estónia, Luxemburgo e Malta — 6 cada.

o PE tem a sua sede em Estrasburgo, onde se realizam os 12 períodos de sessão mensais,


incluindo a sessão em que é tomada a decisão sobre o orçamento anual da UE;

os períodos de sessão adicionais têm lugar em Bruxelas;

as comissões parlamentares reúnem em Bruxelas;

o Secretariado do Parlamento e os seus serviços de apoio continuam instalados no


Luxemburgo.

PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO LEGISLATIVO

O Parlamento Europeu participa, em diferentes graus, na aprovação da legislação da UE,


em função da base jurídica pertinente.

O seu papel tem evoluído progressivamente, de uma participação exclusivamente


consultiva para uma codecisão, em pé de igualdade com o Conselho.

A. Processo legislativo ordinário


Desde a entrada em vigor do Tratado de Nice, o processo de codecisão colocou o
Parlamento em pé de igualdade com o Conselho. Se as duas instituições estivessem de
acordo, o ato era aprovado na primeira ou na segunda leitura, se não houvesse acordo,
o ato só poderia ser aprovado mediante conciliação.

Com o Tratado de Lisboa, o processo de codecisão tornou-se o processo legislativo


ordinário (artigo 294.º do TFUE).

Na sequência deste Tratado, mais de 40 novas políticas ficaram sujeitas a este


procedimento pela primeira vez, por exemplo nos domínios da liberdade, da segurança
e da justiça, do comércio externo, da política ambiental e da PAC.

Processo legislativo ordinário (artigos 289.º e 294.º do TFUE)

Âmbito de aplicação

O processo legislativo ordinário prevê a votação por maioria qualificada (VMQ) no


Conselho (artigo 294.ª do TFUE). Não se aplica, contudo, a diversos domínios importantes,
tais como a política fiscal relativa à tributação direta ou os aspetos transnacionais do direito
da família, que requerem unanimidade no Conselho.

Processo

O processo legislativo ordinário segue os mesmos passos que o antigo processo de codecisão.
No entanto, a redação do TFUE sofreu alterações consideráveis, nomeadamente para salientar o papel
igual do Conselho e do Parlamento nesse processo.

a. Proposta da Comissão

b. Primeira leitura do Parlamento

O Parlamento adota a sua posição por maioria simples.

c. Primeira leitura do Conselho

O Conselho adota a sua posição por VMQ.

Nos domínios da segurança social e da cooperação policial e judiciária em matéria penal, a proposta pode
ser submetida à apreciação do Conselho Europeu a pedido de um Estado-Membro (artigo 48.º e 82.º do
TFUE), o que suspende o processo legislativo ordinário até que o Conselho Europeu remeta a proposta
novamente para o Conselho (o mais tardar, no prazo de quatro meses).

Se o Conselho aprovar a posição do Parlamento, o ato é adotado com a redação correspondente à posição
do Parlamento.

Se o Conselho não aprova, então:

d. Segunda leitura do Parlamento


A posição do Conselho é transmitida ao Parlamento que, após a sua receção, deverá pronunciar-se num
prazo de três meses, podendo:

aprovar a proposta na versão alterada pelo Conselho ou não tomar qualquer decisão; em ambos os
casos, o ato é adotado em conformidade com a redação que lhe foi dada pelo Conselho;

rejeitar a posição do Conselho por maioria absoluta dos seus deputados; o ato não é adotado e o
processo termina de imediato;

aprovar, por maioria absoluta dos seus deputados, alterações à posição do Conselho, que serão
submetidas à Comissão e ao Conselho, para parecer.

e. Segunda leitura do Conselho

O Conselho delibera por maioria qualificada sobre as alterações do Parlamento, ou por unanimidade no
caso de as alterações terem sido objeto de um parecer negativo por parte da Comissão, e o ato é adotado
se o Conselho aprovar todas as alterações do Parlamento, o mais tardar três meses após a sua receção.

Em caso contrário, é convocado o Comité de Conciliação num prazo de seis semanas.

f. Conciliação

O Comité de Conciliação, composto por um número igual de membros do Conselho e de representantes do


Parlamento Europeu e assistido pela Comissão, aprecia as posições do Parlamento e do Conselho e dispõe
de um prazo de seis semanas para chegar a acordo sobre um projeto comum apoiado por uma VMQ dos
representantes do Conselho e por uma maioria dos representantes do Parlamento.

O processo cessa e o ato não é aprovado se o Comité não chegar a acordo sobre um projeto comum
dentro deste prazo.

Se o comité chegar a acordo, o texto comum é transmitido ao Conselho e ao Parlamento para


aprovação.

g. Conclusão do processo (terceira leitura)

O Conselho e o Parlamento dispõem de um prazo de seis semanas para aprovar a proposta comum. O
Conselho delibera por maioria qualificada e o Parlamento por maioria dos votos expressos.

O ato é adotado se o Conselho e o Parlamento aprovarem a proposta.

Se uma das duas instituições não aprovar o projeto comum até ao final do prazo estabelecido, o processo
conclui-se com a não adoção do ato.

Nos últimos anos, o número de acordos em primeira leitura com base em negociações informais entre o
Conselho e o Parlamento aumentou significativamente .

B. Processo de consulta

Antes de deliberar, o Conselho deve tomar conhecimento do parecer do Parlamento


Europeu e, eventualmente, do Comité Económico e Social e do Comité das Regiões.
Este processo de consulta é obrigatório na medida em que, sem ele, o ato se torna ilegal,
podendo ser anulado pelo Tribunal de Justiça. O Conselho deve consultar novamente o
Parlamento, sempre que pretenda alterar substancialmente uma proposta de ato.

C. Processo de parecer favorável – NOVO processo de aprovação

Desde o Tratado de Maastricht, o procedimento de parecer favorável aplica-se aos poucos


domínios legislativos nos quais o Conselho delibera por unanimidade, que se circunscrevem,
desde o Tratado de Amesterdão, aos Fundos Estruturais e ao Fundo de Coesão.
Por força do Tratado de Lisboa, foram submetidos a este processo, doravante designado por
processo de aprovação, alguns novos temas, tais como as medidas que devem ser
aprovadas pelo Conselho se for considerada necessária uma ação da União e os Tratados
não tenham previsto os poderes de ação necessários para o efeito (artigo 352.º do TFUE).

D. Direito de iniciativa
O Tratado confere igualmente ao Parlamento um direito de iniciativa legislativa, que se
limita, contudo, à faculdade de solicitar à Comissão a apresentação de uma proposta. (artigo
225.º do TFUE).

PODERES ORÇAMENTAIS
O Tratado de Lisboa colocou o Parlamento em pé de igualdade com o Conselho no que
respeita ao processo orçamental anual, que, após esta revisão, se assemelha ao processo
legislativo ordinário.

O Parlamento Europeu continua a ser um dos dois ramos da autoridade orçamental (artigo
314.ºdo TFUE).

O PE participa no processo orçamental desde a fase preparatória, nomeadamente, na


elaboração das orientações gerais e na categorização das despesas, aprovando o orçamento
e controlando a sua execução (artigo 318.º do TFUE). O Parlamento dá quitação quanto à
execução do orçamento (artigo 319.º do TFUE).

Por fim, o Parlamento tem de aprovar o quadro financeiro plurianual (artigo 312.º do TFUE).
O primeiro quadro deste género nos termos do Tratado de Lisboa foi aprovado em
dezembro de 2013.

PODERES DE CONTROLO SOBRE O EXECUTIVO

O Parlamento tem poderes de controlo sobre vários aspetos do executivo, nomeadamente,


o de discussão do relatório geral anual (artigo 233.º do TFUE) e o de fiscalização, juntamente
com o Conselho, de atos de execução e atos delegados da Comissão (artigos 290.º e 291.º
do TFUE).
A. Investidura da Comissão

O Parlamento começou a aprovar informalmente a investidura da Comissão em


1981,examinando e aprovando o seu programa.

Contudo, foi apenas o Tratado de Maastricht, que entrou em vigor em 1992, que subordinou
à aprovação do Parlamento a nomeação pelos Estados-Membros do Presidente e demais
membros da Comissão, enquanto órgão colegial.

O Tratado de Amesterdão foi mais longe e condicionou especificamente à aprovação do


Parlamento a designação do Presidente da Comissão, previamente à dos demais
comissários.
O Parlamento introduziu igualmente, em 1994, as audições dos comissários indigitados.

Nos termos do Tratado de Lisboa, o candidato a Presidente da Comissão deve ser escolhido
tendo em consideração os resultados das eleições europeias.

B. Moção de censura

Existem disposições para moções de censura sobre as atividades da Comissão (nos termos
do agora artigo 234.º do TFUE) já desde o Tratado de Roma.

Uma moção desse género requer uma maioria de dois terços dos votos expressos,
representando uma maioria dos deputados que compõem o Parlamento.

Se for aprovada, a Comissão tem de se demitir em bloco.

Apenas existiram oito moções de censura desde o início: nenhuma foi aprovada, mas o
número de votos a favor da moção de censura tem aumentado de forma consistente.

C. Perguntas parlamentares

Incluem as perguntas escritas e orais, com ou sem debate (artigo 230.º do TFUE), bem como
as perguntas destinadas ao Período de Perguntas das sessões plenárias. A Comissão e o
Conselho são obrigados a dar resposta.

D. Comissões de inquérito

O Parlamento tem o poder de constituir uma comissão de inquérito temporária para


investigar alegações de infração ou de má administração na aplicação do direito comunitário
(artigo 226.ºdo TFUE).

E. Poderes de controlo sobre a política externa e de segurança comum


Nestes domínios, o Parlamento Europeu tem o direito de ser regularmente informado e
pode dirigir perguntas ou formular recomendações ao Conselho.

O Parlamento tem de ser consultado sobre os principais aspetos e as opções fundamentais


da política externa e de segurança comum (artigo 36.º do TFUE).

A criação do novo Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política


de Segurança reforça a influência do Parlamento Europeu, porquanto o/a titular desse cargo
é igualmente Vice-Presidente da Comissão.

RECURSO PARA O TRIBUNAL DE JUSTIÇA (remissão para o direito processual da união)

O Parlamento tem o direito de intentar uma ação junto do Tribunal de Justiça em caso de violação do Tratado por outra
instituição.
O Parlamento tem o direito de intervenção, ou seja, de apoiar uma das partes de um processo do Tribunal.

Este direito foi exercido no conhecido processo Isoglucose (acórdão de 29 de outubro de 1980 nos processos 138 e 139/79). No
seu acórdão, o Tribunal de Justiça anulou um regulamento do Conselho por violação da obrigação de consulta ao Parlamento.

No âmbito do recurso por omissão (artigo 265.º do TFUE), o PE pode intentar uma ação contra uma instituição no Tribunal de Justiça
por violação do Tratado.

Quanto ao recurso de anulação de um ato de outra instituição o Parlamento já não precisa de ser especificamente afetado, podendo
agora interpor um recurso nas mesmas condições que o Conselho, a Comissão e os Estados-Membros.

O Parlamento pode constituir-se parte defensora num recurso contra um ato aprovado segundo o processo de codecisão ou quando
um dos seus atos se destine a produzir efeitos jurídicos em relação a terceiros. (artigo 263.º do TFUE)

O Parlamento pode pedir o parecer prévio do Tribunal de Justiça sobre a compatibilidade de um acordo internacional com as
disposições do Tratado (artigo 218.º do TFUE).

PETIÇÕES

No exercício do seu direito de petição, os cidadãos da União dirigem as suas petições ao


Presidente do Parlamento Europeu (artigo 227.º do TFUE).

NOMEAÇÃO DO PROVEDOR DE JUSTIÇA


Nos termos do Tratado de Lisboa, o Parlamento elege o Provedor de Justiça Europeu
(artigo228.º do TFUE)

O CONSELHO EUROPEU

BASE JURÍDICA
Artigos 15.º, 26.º, 27.º e 42.º, n.º 2, do TUE
ANTECEDENTES
O Conselho Europeu é o herdeiro das conferências cimeiras que reuniam os chefes de
Estado ou de Governo dos Estados-Membros da União Europeia.

A primeira destas «cimeiras europeias» teve lugar em Paris, em 1961, tendo as mesmas
começado a ser realizadas com maior frequência a partir de 1969.

Foi na Cimeira Europeia de Paris, realizada em fevereiro de 1974, que se decidiu que estas
reuniões de chefes de Estado ou de Governo passariam a realizar-se periodicamente e se
intitulariam «Conselho Europeu», a fim de permitir uma abordagem global dos problemas
inerentes à construção europeia e de garantir a coesão do conjunto das atividades
comunitárias.

O Ato Único Europeu (1986) inseriu, pela primeira vez, o Conselho Europeu no dispositivo
dos Tratados comunitários, ao fixar a sua composição e a periodicidade semestral das suas
reuniões.

O Tratado de Lisboa tornou o Conselho Europeu uma instituição de pleno direito da União
Europeia (artigo 13.º do TUE).

Segundo o Tratado, o Conselho Europeu «dá à União os impulsos necessários ao seu


desenvolvimento e define as orientações e prioridades políticas gerais da União» (artigo
15.º do TUE).

ORGANIZAÇÃO

Convocado pelo seu Presidente, o Conselho Europeu reúne os chefes de Estado ou de


Governo dos Estados-Membros e o Presidente da Comissão (artigo 15.º, n.º 2, do TUE).

O Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança participa nos


trabalhos do Conselho Europeu.

O Presidente do Parlamento Europeu é geralmente convidado para ser ouvido pelo


Conselho Europeu no início da reunião (artigo 235.º, n.º 2, do TFUE).

Desde a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, o Conselho Europeu reúne-se, no mínimo,


duas vezes por semestre.

O seu Presidente tem um mandato de trinta meses, renovável uma vez.

As suas decisões são normalmente tomadas por unanimidade; porém, as decisões relativas
a várias nomeações são tomadas por maioria qualificada (nomeadamente as do seu
Presidente, do candidato às funções de Presidente da Comissão, do Alto Representante para
os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e do Presidente do Banco Central
Europeu).

PAPEL

A. Lugar no sistema institucional da União


Nos termos do artigo 13.º do TUE, o Conselho Europeu faz parte do «quadro institucional
único» da União.

No entanto, o seu papel consiste mais em impulsionar a política geral do que propriamente
em agir enquanto instância de decisão, na aceção jurídica do termo: só a título excecional é
que toma decisões com consequências jurídicas para a União, mas adquiriu alguns poderes
de decisão de natureza institucional.

O Tratado da União Europeia (artigo 7.º, n.º 2) confere ao Conselho o poder de, após
aprovação do Parlamento Europeu, acionar o processo de suspensão dos direitos de um
Estado-Membro, ao verificar a existência de uma violação grave dos princípios da União.

B. Relações com as outras instituições

O Conselho Europeu toma as suas decisões com total independência e as suas decisões não
requerem geralmente a iniciativa da Comissão nem a participação do Parlamento Europeu.

O Tratado de Lisboa prevê, todavia, um vínculo orgânico à Comissão, uma vez que o seu
Presidente é membro sem direito de voto do Conselho Europeu e que o Alto Representante
para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança participa nos debates.

O artigo 15.º, n.º 6, alínea d), do TUE determina que o Presidente do Conselho Europeu deve
apresentar um relatório ao Parlamento Europeu após cada uma das reuniões do Conselho
Europeu.

O Presidente do Conselho Europeu tem igualmente reuniões mensais com o Presidente do


Parlamento, bem como com os líderes dos grupos políticos.

O Parlamento Europeu pode também exercer uma certa influência de caráter informal
através da presença do seu Presidente nas reuniões do Conselho Europeu, da realização de
reuniões dos líderes dos partidos nas suas respetivas famílias políticas europeias para
preparar o Conselho Europeu e da adoção de resoluções sobre os pontos da ordem do dia
das reuniões, os resultados dos trabalhos e os relatórios que lhe são formalmente
transmitidos pelo Conselho.

Com a adoção do Tratado de Lisboa, o novo Alto Representante da União para os Negócios
Estrangeiros e a Política de Segurança tornar-se-á um elemento adicional a propor e
executar política externa em nome do Conselho Europeu.
Todavia, o Presidente do Conselho Europeu assegura a representação externa da União nas
matérias do âmbito da política externa e de segurança comum ao seu nível, sem prejuízo
das atribuições do Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política
de Segurança

C. Poderes

1.No plano institucional:

O Conselho Europeu dá à União os «impulsos necessários ao seu desenvolvimento» e


«define as orientações e prioridades políticas gerais» (artigo 15.º, n.º 1, do TUE). Decide
igualmente, por maioria qualificada, sobre as formações do Conselho e o calendário das
presidências rotativas.

2.Política externa e de segurança comum

O Conselho Europeu define os princípios e as orientações gerais da política externa e de


segurança comum (PESC) e decide sobre as estratégias comuns com vista à sua execução
(artigo 26.º do TUE).

Se um Estado-Membro tencionar opor-se à adoção de uma decisão por motivos importantes


de política nacional, o Conselho poderá decidir, deliberando por maioria qualificada,
reenviar o assunto ao Conselho Europeu a fim de ser tomada uma decisão por unanimidade
(artigo 31.º, n.º2, do TUE).

Pode aplicar-se o mesmo procedimento se os Estados-Membros decidirem instituir entre si


uma cooperação reforçada nesta matéria (artigo 20.º do TUE).

3.Governação económica e Quadro Financeiro Plurianual

Desde 2009, a crise da dívida soberana fez com que o Conselho Europeu e as cimeiras Euro
se tornassem os principais atores na luta contra os efeitos da crise bancária mundial.

Vários Estados-Membros receberam pacotes de ajuda financeira mediante acordos ad hoc


ou temporários decididos pelos chefes de Estado ou de Governo e, posteriormente,
ratificados nos Estados-Membros.

No futuro, a ajuda financeira será fornecida através do Mecanismo Europeu de Estabilidade permanente. Os governos dos Estados-
Membros, com a participação ativa da Comissão, do Parlamento e do BCE, elaboraram um tratado internacional — Tratado sobre
Estabilidade, Coordenação e Governação (também chamado «Pacto Orçamental») — que permite um controlo mais rigoroso das
políticas orçamentais e socioeconómicas dos Estados-Membros.

CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA


É a instituição que, juntamente com o Parlamento Europeu, aprova a legislação da UE através
de regulamentos e diretivas, e que elabora decisões e recomendações não vinculativas.

Nas suas áreas de competência, toma decisões deliberando por maioria simples, maioria
qualificada ou unanimidade, de acordo com a base jurídica do ato que requer a sua aprovação.

BASE JURÍDICA
No quadro institucional único da União Europeia, o Conselho exerce as atribuições que lhe foram
cometidas pelo artigo 16.º do Tratado da União Europeia (TUE) e pelos artigos 237.º a 243.º do
Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE).

A. Legislação
Com base em propostas apresentadas pela Comissão, o Conselho adota legislação da União soba
forma de regulamentos e diretivas, quer em conjunto com o Parlamento, em conformidade com
o artigo 294.º do TFUE (processo legislativo ordinário), quer por si só, após consulta do
Parlamento. (processo legislativo especial)

O Conselho também adota decisões próprias e recomendações não vinculativas (artigo 288.º do
TFUE) e emite resoluções.

O Conselho e o Parlamento estabelecem as regras gerais do exercício das competências de


execução atribuídas à Comissão ou reservadas ao próprio Conselho (artigo 291.º, n.º 3, do TFUE).

B. Orçamento

O Conselho é um dos dois ramos (o outro é o Parlamento) da autoridade orçamental que aprova
o orçamento da União.

C. Outras atribuições

1. Acordos internacionais

O Conselho celebra os acordos internacionais da União, que são negociados pela Comissão
e que, na maioria dos casos, requerem o parecer favorável do Parlamento (artigo 218.º, n.º
6, do TFUE).

2. Política económica

O Conselho assegura a coordenação das políticas económicas dos Estados-Membros


(artigo121.º do TFUE) e, sem prejuízo das competências do Banco Central Europeu, toma as
decisões políticas no domínio monetário.

São aplicáveis medidas específicas aos membros do Eurogrupo, que elegem um presidente
para um mandato de dois anos e meio (artigos 136.º e 137.º do TFUE).
Por norma, os ministros das finanças do Eurogrupo reúnem-se na véspera da reunião do
Conselho «Assuntos Económicos e Financeiros».

O artigo 136.º do TFUE foi alterado pela Decisão 2011/199/UE do Conselho Europeu e
entrou em vigor em 1 de maio de 2013, após a ratificação de todos os Estados-Membros.
Presentemente, constitui a base jurídica para mecanismos de estabilidade como o MEE

3. Política externa e de segurança comum

Com o Tratado de Lisboa a justiça e os assuntos internos converteram-se num domínio de


ação totalmente integrado da UE, a que se aplica geralmente o processo legislativo
ordinário.

Todavia, em matéria de política externa e de segurança, o Conselho continua a agir com


base em regras especiais quando adota posições comuns e ações conjuntas ou quando
elabora convenções.

Sob a presidência permanente do Alto Representante da União para os Negócios


Estrangeiros e a Política de Segurança, o Conselho «Negócios Estrangeiros» colabora agora
estreitamente com a Comissão, sendo assistido pelo Secretariado-Geral do Conselho e pelo
Serviço Europeu para a Ação Externa.

ORGANIZAÇÃO

A. Composição

1.Membros

O Conselho é composto por um representante de cada Estado-Membro a nível ministerial,


«com poderes para vincular o Governo desse Estado-Membro» (artigo 16.º, n.º 2, do TUE).
2. Presidência

Com exceção do Conselho «Negócios Estrangeiros», o Conselho é presidido pelo


representante do Estado-Membro que ocupa a Presidência da União: esta muda de seis em
seis meses, pela ordem estabelecida pelo Conselho, deliberando por unanimidade (artigo
16.º, n.º 9, do TUE).

A presidência do Conselho, com exceção da formação «Negócios Estrangeiros», é


assegurada por grupos pré-determinados de três Estados-Membros por períodos de 18
meses, sendo a presidência sucessivamente assumida por cada um dos membros por
períodos de 6 meses.

A ordem das presidências nos próximos seis anos é a seguinte: a Itália a partir de julho de
2014,a Letónia e o Luxemburgo em 2015, os Países Baixos e a Eslováquia em 2016, Malta e
o Reino Unido em 2017, a Estónia e a Bulgária em 2018, a Áustria e a Roménia em 2019 e a
Finlândia no primeiro semestre de 2020.
O Conselho Europeu pode alterar a ordem das presidências (artigo 236.º, alínea b), do
TFUE).
B. Funcionamento

Consoante a matéria em causa, o Conselho delibera por maioria simples, por maioria
qualificada ou por unanimidade.

Atualmente, quando o Conselho delibera sobre um projeto de ato legislativo, as suas


reuniões são abertas ao público (artigo 16.º, n.º 8, do TUE).

1.Maioria simples

Este tipo de maioria significa que, para que uma decisão seja tomada, basta que recolha
mais votos a favor do que contra. Cada membro do Conselho dispõe de um voto. A regra da
maioria simples aplica-se sempre que o Tratado não disponha em contrário (artigo 238.º,
n.º 1, do TFUE).

Por conseguinte, este é o processo de tomada de decisão pré-definido. Na prática, porém,


só se aplica a um número reduzido de decisões: o regulamento interno do Conselho, a
organização do secretariado do Conselho e as regras aplicáveis aos comités previstos no
Tratado.

2.Maioria qualificada

a. Mecanismo

Em muitos casos, o Tratado exige que as decisões sejam tomadas por maioria qualificada, o
que requer mais votos do que uma maioria simples. Não existe, nestes casos, igualdade no
direito de voto. Cada país dispõe de um determinado número de votos atribuído de acordo
com a respetiva população (artigo 238.º do TFUE). Em 1 de janeiro de 2007 foi introduzida
uma nova ponderação de votos nos termos da qual a maioria qualificada só é atingida se a
decisão:

- Recolher, pelo menos, 260 votos de um total de 352 (73,86%);

- For aprovada por uma maioria dos Estados-Membros;

- For aprovada por, no mínimo, 62 % da população da UE (qualquer verificação do


cumprimento deste critério tem de ser solicitada por um Estado-Membro).

Se uma proposta não tiver sido apresentada pela Comissão ou pelo Alto Representante, a
maioria qualificada corresponde a, pelo menos, 72 % dos membros do Conselho,
representando Estados-Membros que reúnam, no mínimo, 65 % da população da União.

O Tratado de Lisboa abandona o sistema de ponderação dos votos e segue uma simples
regra de dupla maioria (55 % dos membros do Conselho, percentagem que deve incluir,
pelo menos, quinze desses membros, os quais devem representar, pelo menos, 65 % da
população da União).
Este novo sistema só entrará em vigor em 1 de novembro de 2014. No entanto, qualquer
membro do Conselho pode solicitar que o sistema em vigor seja prorrogado até 31 de março
de 2017. [VER PROTOCOLO DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS]

b. Âmbito de aplicação

O Tratado de Lisboa ampliou mais uma vez o âmbito de aplicação do processo de decisão
com base na votação por maioria qualificada (VMQ).

A nomeação do Presidente e dos membros da Comissão, dos membros do Tribunal de


Contas, do Comité Económico e Social Europeu e do Comité das Regiões processa-se
igualmente por maioria qualificada.

3.Unanimidade

O Tratado só exige a unanimidade para decisões relativas a um número reduzido de


domínios.
Estes domínios encontram-se, contudo, entre os mais importantes (impostos, política social,
etc.).

O artigo 48.º, n.º 7, do TUE prevê uma cláusula «ponte» que permite ao Conselho substituir
a regra da unanimidade pela da maioria qualificada quando delibera sobre domínios
específicos.

Além disso, para certas políticas, o Conselho pode decidir (por unanimidade) alargar o
recurso à VMQ (por exemplo, artigo 81.º, n.º 3, do TFUE, sobre as medidas relativas ao
direito da família que tenham incidência transfronteiriça).

De um modo geral, o Conselho procura alcançar a unanimidade, mesmo quando ela não é
exigida.

Esta tendência remonta ao «Compromisso do Luxemburgo» de 1966, que pôs termo ao


conflito entre a França e os demais Estados-Membros, pelo qual a França quis impedir a
transição da regra da unanimidade para a da maioria qualificada em determinados
domínios.

O compromisso dizia o seguinte: «Quando, nos casos de decisões suscetíveis de serem


tomadas por maioria sob proposta da Comissão, estiverem em causa interesses muito
importantes de um ou vários parceiros, os membros do Conselho esforçar-se-ão por chegar
a soluções que possam ser adotadas, num prazo razoável, por todos os membros do
Conselho, em cumprimento dos seus interesses mútuos e dos da Comunidade».

Uma solução idêntica foi encontrada em 1994. O chamado «Compromisso de Ioannina»


protegia Estados-Membros próximos da minoria de bloqueio estabelecendo que, caso estes
manifestassem a intenção de se oporem à decisão do Conselho tomada por maioria
qualificada, o Conselho devia fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para, num prazo
razoável, encontrar uma solução satisfatória para uma ampla maioria de Estados.
No mesmo sentido vai a decisão recentemente tomada, que prevê a possibilidade de
prorrogar de 2014 para 2017 a entrada em vigor do novo sistema de dupla maioria.

COREPER

Um comité composto pelos representantes permanentes dos Estados-Membros prepara os


trabalhos do Conselho desempenha as tarefas que este lhe atribui (artigo 240.º do TFUE).

É presidido por um representante do Estado-Membro que exerce a presidência do Conselho


«Assuntos Gerais», ou seja, a presidência rotativa.

No entanto, o Comité Político e de Segurança, que acompanha a evolução da situação


internacional no domínio da política externa e de segurança comum, é presidido por um
representante do Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de
Segurança.

Cada EM tem uma representação permanente – em ligação direta com o Governo nacional.

O ALTO REPRESENTANTES PARA OS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E A POLÍTICA DE SEGURANÇA

Artigo 18.º - UE

Competência: 18.º, n.º 1; 26.º, n.º 3 e 27.º, n.º 1

O Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança é


responsável pela coordenação e condução da Política Externa e de Segurança
Comum (PESC) e da Política Comum de Segurança e Defesa da União Europeia (UE).

O Alto Representante é também um dos vice-presidentes da Comissão Europeia e, nessa


qualidade, garante a consistência da ação externa geral da UE.

Conduz a política externa e de segurança comum da União.

A definição das linhas gerais dessa política pertence ao Conselho.

O cargo de Alto Representante baseia-se nos artigos 18.o e 27.o do Tratado da União
Europeia. O Tratado de Amesterdão de 1999 criou o cargo, apesar de as
responsabilidades em questões de políticas externas serem partilhadas com o
comissário europeu para as relações externas.

O Tratado de Lisboa de 2009 alargou as responsabilidades do Alto Representante e fez


do detentor do cargo um dos vice-presidentes da Comissão, para permitir que o Alto
Representante represente melhor a UE nos seus objetivos de política externa

O Alto Representante é nomeado para um mandato de cinco anos pelo Conselho


Europeu por maioria qualificada (após acordo do Presidente da Comissão Europeia).
A nomeação do Alto Representante está também sujeita ao voto de aprovação
do Parlamento Europeu, em conformidade com o artigo 17.o do Tratado da União
Europeia uma vez que o Alto Representante é também um dos vice-presidentes da
Comissão Europeia e de a nomeação deste órgão, como um todo, requerer a aprovação
do Parlamento Europeu.

Competência
O Alto Representante contribui para o desenvolvimento da PESC apresentando
propostas ao Conselho da União Europeia e ao Conselho Europeu.

Como vice-presidente da Comissão, o Alto Representante garante que a ação externa


geral da UE nas áreas da ajuda ao desenvolvimento, comércio, ajuda humanitária e
resposta a crises é consistente e eficaz.

O Alto Representante preside à reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros no


Conselho da União Europeia.

O Alto Representante também representa a UE em questões relacionadas com a PESC.

Outras funções incluem a direção da Agência Europeia de Defesa e do Instituto de


Estudos de Segurança da União Europeia

O Alto Representante é apoiado na condução das suas funções pelo Serviço Europeu
para a Ação Externa (SEAE). O SEAE foi criado pelo Tratado de Lisboa e baseia-se no
artigo 27.o do Tratado da União Europeia. É composto por funcionários do Secretariado-
Geral do Conselho e da Comissão, assim como por pessoal destacado pelos serviços
diplomáticos dos países da UE.

Remissão para as Fichas relativamente aos demais órgãos


(FT-8 a FT-14)

Notas sobre o alargamento da competência dos órgãos da União

Poderes implícitos: regra de que «quem pode o mais pode o menos» ou seja, numa
competência expressa estão incluídos implicitamente os poderes instrumentais para o
desenvolvimento dos poderes principais. São poderes necessários para o
desenvolvimento das competências atribuídas expressamente.

Poderes novos criados ao abrigo do artigo 352.º TFUE: não se trata de criar novas
atribuições (outras áreas de atuação) nem novos objetivos (de atuação) mas apenas
novos poderes.

Condições: necessidade para atingir objetivos já determinados no Tratado e falta ou


insuficiência desses poderes no Tratado.
Análise do artigo 352.º

As fontes do direito da União Europeia

As fontes do direito da União Europeia são três:

a) fontes primárias,

b) fontes derivadas

c) fontes de direito subsidiário.

As fontes primárias, ou direito primário, incluem essencialmente os tratados


constitutivos da União Europeia.

Resultam principalmente dos tratados “fundadores”, ou seja,

o Tratado da UE e

o Tratado sobre o Funcionamento da EU e os respetivos protocolos (existem 37


protocolos, 2 anexos e 65 declarações, anexados aos tratados com o objetivo de
introduzir pormenores, sem que sejam integrados no corpo do texto jurídico);
a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia;

(tal como os dois tratados principais, o Tratado que institui a Comunidade Europeia da
Energia Atómica (Euratom) continua em vigor enquanto tratado distinto).

Como vimos, estes tratados enunciam a repartição de competências entre a União e os


Estados-Membros e estabelecem os poderes das instituições europeias. Determinam
assim o quadro jurídico no âmbito do qual as instituições da UE aplicam as políticas
europeias.

Para além disso, o direito primário inclui também

a) os tratados modificativos da UE

b) os protocolos anexados aos tratados fundadores e aos tratados modificativos;

c) os tratados de adesão dos Estados-Membros da UE.

As fontes derivadas são constituídas por elementos do direito baseado nos tratados.

Tanto o direito derivado unilateral como o direito convencional fazem parte do direito
derivado.

O direito derivado inclui, pois, atos unilaterais e os atos convencionais.

Os atos unilaterais podem ser classificados em duas categorias:


 atos que constam da nomenclatura do artigo 288.º do Tratado sobre o
Funcionamento da UE: regulamentos, diretivas, decisões, pareceres e
recomendações;
 atos que não constam da nomenclatura do artigo 288.º do Tratado sobre o
Funcionamento da UE. São atos ditos atípicos como as comunicações, os Livros
Brancos e os Livros Verdes.
Os atos convencionais abrangem:
 acordos internacionais assinados entre a UE, por um lado, e organizações ou países
terceiros, por outro;
 acordos entre Estados-Membros;
 acordos interinstitucionais, isto é, entre as instituições da UE.

As fontes subsidiárias são formadas por elementos do direito que os tratados não
prevêem.
a) jurisprudência do Tribunal de Justiça

b) direito internacional e

c) princípios gerais de direito.

O direito internacional e os princípios gerais de direito têm permitido ao Tribunal de


Justiça colmatar as lacunas do direito primário e/ou do direito derivado.

O direito internacional é uma fonte de inspiração para o Tribunal de Justiça na redação


da sua jurisprudência, que se refere a ele reenviando para o direito escrito, os usos e os
costumes.

Os princípios gerais de direito são fontes não escritas que permitiram que o Tribunal de
Justiça fixasse regras em diversos domínios relativamente aos quais os tratados nada
prevêem.

Hierarquia das fontes

Os Tratados, bem como os princípios gerais, ocupam a primeira posição na hierarquia


das normas (direito primário);

Com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, em 1 de dezembro de 2009, foi


reconhecido valor idêntico à Carta dos Direitos Fundamentais.

Os acordos internacionais celebrados pela União Europeia estão-lhes subordinados.

Segue-se, a um nível inferior, o direito derivado, cuja validade depende da


compatibilidade com as normas hierarquicamente superiores.

Dentro do direito derivado – que é o campo mais vasto do direito da EU – também se


estabelece uma hierarquia:

Os artigos 289.º, 290.º e 291.º do TFUE estabelecem uma hierarquia das normas de
direito derivado, entre atos legislativos, atos delegados e atos de execução.

São definidos como atos legislativos todos os atos jurídicos adotados através de um
processo legislativo, ordinário ou especial. (Ler artigo 289.º)

Em contrapartida, os atos delegados são atos não legislativos de âmbito geral que
completam ou alteram certos elementos não essenciais do ato legislativo.
(Ler artigo 290.º TFUE)
O ato legislativo define os objetivos, o conteúdo, o âmbito de aplicação e o período de
vigência da delegação de poderes e, se for caso disso, os processos de urgência.

Além disso, o legislador (PE e Conselho) estabelece as condições a que a delegação fica
sujeita, que podem consistir, por um lado, no direito de revogação da delegação e, por
outro, no direito de formular objeções.

Os atos de execução são geralmente adotados pela Comissão, a qual está habilitada
para o efeito nos casos em que os atos juridicamente vinculativos requeiram condições
uniformes de execução. (Ler artigo 291.º)

Somente em casos especiais devidamente justificados e nos domínios da política


externa e de segurança comum, os atos de execução são da competência do Conselho.

Os diversos instrumentos jurídicos no domínio do direito derivado da UE

1 - Regulamento

O regulamento tem caráter geral, é vinculativo em todos os seus elementos e


diretamente aplicável, devendo ser integralmente respeitado por todas as entidades às
quais é aplicável (particulares, Estados-Membros, instituições da União).

É diretamente aplicável por todos os Estados-Membros desde a sua entrada em vigor


(na data por ele estabelecida ou, à falta dela, no vigésimo dia que se segue à sua
publicação no Jornal Oficial da União Europeia) sem que deva ser objeto de um ato
nacional de transposição.

O regulamento visa garantir a aplicação uniforme do direito da União em todos os


Estados-Membros.

Simultaneamente, torna não aplicáveis quaisquer normas nacionais que sejam


incompatíveis com as disposições materiais nele contidas.

2 - Diretiva

A diretiva vincula os Estados-Membros destinatários (um, vários ou o conjunto dos


mesmos) quanto ao resultado a alcançar, mas deixa às instâncias nacionais a
competência quanto à forma e aos meios.
O legislador nacional deve adotar um ato de transposição ou «medida nacional de
execução» para o direito interno, que adapte o direito nacional aos objetivos fixados na
diretiva.

O cidadão só adquire direitos e obrigações depois de adotado o ato de transposição.

Os Estados-Membros dispõem, para a transposição, de uma margem de manobra que


lhes permite ter em conta as especificidades nacionais.

A transposição deve ser efetuada dentro do prazo fixado na diretiva.

Ao transpor as diretivas, os Estados-Membros têm de assegurar o efeito útil do direito


da UE, segundo o princípio de cooperação leal consagrado no artigo 4.º, n.º 3, do TUE.

Em princípio, as diretivas não são diretamente aplicáveis, mas o Tribunal de Justiça da


União Europeia decidiu que determinadas disposições podiam, a título excecional,
produzir efeitos diretos num Estado-Membro mesmo que este não tenha adotado um
ato de transposição, sempre que:

a) a transposição para o direito interno não tenha sido efetuada ou o tenha sido
incorretamente;

b) as disposições da diretiva sejam imperativas e suficientemente claras e precisas; e

c) as disposições da diretiva confiram direitos aos particulares.

Sempre que estiverem reunidas estas condições, os particulares podem invocar as


disposições em causa junto das autoridades públicas.

Mesmo que o disposto na diretiva em questão não confira direitos aos particulares e
que, em consequência, apenas estejam reunidas a primeira e segunda condições, as
autoridades dos Estados-Membros têm de ter em conta as disposições da diretiva não
transposta.

Aquela jurisprudência apoia-se sobretudo nos argumentos do efeito útil, da repressão


dos comportamentos contrários ao Tratado e da proteção jurisdicional.

Em contrapartida, um particular não pode invocar contra outro particular (efeito dito
«horizontal») o efeito direto de uma diretiva não transposta (vide processo Faccini Dori,
C-91/92, Coletânea da Jurisprudência, p. I-3325 et seq., ponto 25).
A não transposição (ou transposição deficiente) das diretivas e a responsabilidade
extracontratual dos EM:

Segundo a jurisprudência do Tribunal de Justiça (vide processo Francovich, processos


apensos C-6/90 e C-9/90), um particular tem o direito de exigir a reparação de um dano
sofrido num Estado-Membro que não respeite o direito da União.

Sempre que se tratar de uma diretiva não transposta ou insuficientemente transposta,


é possível interpor recurso desde que:

a) a diretiva vise conferir direitos aos particulares;

b) o conteúdo dos direitos possa ser identificado com base nas disposições da diretiva;

c) exista um nexo de causalidade entre o não respeito da obrigação de transposição da


diretiva que incumbe ao Estado-Membro e o prejuízo sofrido pelo lesado.

Não é, pois, necessário demonstrar que o Estado-Membro cometeu uma infração para
que exista responsabilidade.

3 - Decisões, recomendações e pareceres

A decisão é obrigatória em todos os seus elementos. Quando designa destinatários


(Estados-Membros, pessoas singulares ou pessoas coletivas), só é obrigatória para estes.

A decisão destina-se a regular questões concretas, que dizem respeito a esses


destinatários específicos.

Um particular só pode invocar direitos concedidos por uma decisão dirigida a um Estado-
Membro se este tiver adotado um ato de transposição.

As decisões podem ser diretamente aplicáveis nas mesmas condições que as diretivas.

As recomendações e os pareceres não criam quaisquer direitos ou obrigações para os


destinatários, mas podem fornecer indicações sobre a interpretação e o conteúdo do
direito da União.

Você também pode gostar